Copo de 3: julho 2005

31 julho 2005

PROVA Castas do Sol Reserva 2003

Este vinho tinto Regional Alentejano, foi comprado no Lidl, e custou cerca de 3 euros.
Elaborado com Trincadeira e Alicante Bouschet, mostrou uma côr ruby escuro.
No nariz, notas verdes da Trincadeira, uns toques mais químicos com notas de estágio em madeira, onde aparece a baunilha e os amanteigados. Um cacau muito tímido, juntamente com notas de fruta vermelha madura, em compota.
Na boca mostra-se adstrigente, um pouco de mais para o meu gosto, com uma boa entrada e um final um pouco prolongado mas não muito.
Este vinho apesar de se mostrar disfarçado pela marca do Lidl, pois onde foi produzido não é indicado, mostrou alguma qualidade, mas nada de mais. Custou cerca de 2 euros.
13

PROVA Quinta dos Grilos 2003

Este vinho da região do Dão, venceu uma recente prova na Revista dos Vinhos, e tem tido alguma conversa a seu respeito por algumas pessoas nos últimos tempos.
Vamos então desvendar o que tem este Quinta dos Grilos 2003, elaborado com Touriga Nacional e Alfrocheiro e que se apresenta com 13%.
Estágio em barricas de carvalho Francês durante 6 meses, e pelo que diz na garrafa aguenta na garrafeira 6 anos.
Pois bem, o dito apresenta no copo uma cor granada, no nariz mostra tem um ataque frutado (fruta negra em compota, marmelada) , toque floral, cacau muito leve, caramelo e um pouco de baunilha da madeira onde estagiou, alguns toques mais verdes, esteva, e um aroma a lembrar after eight.
Na boca é de médio corpo, com uma leve adstringência que talvez desapareça com o tempo, mas neste momento eu gosto do vinho assim, tem um final fresco e prolongado agradável. Encontramos na boca a harmonia do nariz, com a fruta em compota e o tal mentolado do after eight, tudo muito bem para este vinho da Quinta dos Grilos, com um pouco mais de corpo, e de equilíbrio este vinho teria outra nota... mesmo assim para um vinho que se fica nos 3 euros...
16

Adenda: Destacar que este vinho obteve 87 pontos atribuidos por Kim Marcus na Wine Spectator

28 julho 2005

O País do faz de conta... onde rir é o melhor remédio.

É normal que um Apreciador de vinho, tenha uma maior liberdade de dizer o que pensa disto e daquilo, o que por vezes custa a muitas pessoas dentro do meio, não sei porquê, mas parece que não gostam muito que as suas ideologias sejam tocadas... tal como em muita coisa neste Portugal.

Neste nosso Portugal, onde ainda se vai aprendendo a fazer vinho, obviamente que não é caso geral pois temos Produtores com vinhos de alta qualidade , quando outros Países já estão mais que evoluídos, comparem a idade das vinhas entre um lado e outro, e quando se faz uma pergunta do tipo, Qual a razão dos vinhos serem melhores em Espanha do que em Portugal ? Fica tudo muito ofendido, mas as respostas são sempre poucas.
Para tais pessoas, ainda se vive com a ideia de que o nosso é que é bom e lá fora não se bebe nada de jeito.
Pois, talvez ainda não provaram o que se faz do outro lado da fronteira.
Ainda fazemos de conta que somos os melhores, e que não temos rival.

Mas atenção, temos vinhos de grande nível, isso é uma verdade que ninguém pode negar, e cada vez mais vamos entrando no mercado mundial, lá por fora já se olha para o nosso vinho, os brancos dão que falar, alguns tintos também, mas enquanto colocamos cinco ou seis vinhos no topo, de outros lados aparecem 15 ou 20.
Agora, dizer que temos os melhores vinhos do Mundo, então é de rir e chorar por mais. Como se dizia numa revista da especialidade, somos Campeões de Freguesia.
Principalmente quando se tenta comparar o nosso vinho com o Espanhol, eterno rival, é aí que a coisa dói. Não se pode dizer isto, porque é uma ofensa... mil e um argumentos aparecem logo em cima da mesa, desculpas e mais desculpas... Por alguma razão a Espanha é uma das actuais potências do vinho, e um dos Países que mais tem evoluído na Comunidade Europeia...será das uvas, dos solos, dos enólogos, das barricas, de um maior poder económico, dos malandros dos críticos que dão grandes notas aos vinhos e esquecem os nossos... enquanto eles gozam com o estrelato, nós por cá fazemos de conta que crescemos e que somos bons. Com vinhos de 25 euros que não valem nem 15... mas enfim.
Dói mas é para alguns, para aqueles que tem de defender a sua causa, que para além de triste não passam de Quixotes de La Portugália... Eu como cidadão do mundo não me posso deixar adormecer neste Matrix em que se vive.

Conquistámos um 96 do Sr Parker com um Crasto Touriga Nacional 2001, que neste momento é vendido a 90 euros... o meu argumento pode ser sempre o mesmo dizem vocês, mas quando um Finca Allende 2001 tem 95 pontos do mesmo Sr. e custa 15 euros, não preciso dizer mais nada, neste momento só é enganado quem quer, não que o produtor tenha a culpa, não senhor, mas alguém a tem.

Nesta nossa terra onde se continua em algumas partes a insistir em castas que pouco ou nada melhoram, e em que muitas das vezes os vinhos servem apenas para satisfazer o gosto de um produtor. Esses vinho fazem falta, mas talvez com uma identidade própria e não com uma tentativa de fazer como se faz lá no outro lado.
Como apreciador de vinho acho que muitos dos varietais de castas estrangeiras, passam o limite de caro e que em qualidade pouco ou nada tem comparando com o preço que pedem...
Mas é claro que alguns ainda vão tendo qualidade, mas penso que uma aposta nas nossas castas seria bem melhor, pois ia permitir uma maior evolução das mesmas, e consequente qualidade dos nossos vinhos, mas sem nunca deixar as outras de lado, como é óbvio.

Por outro lado temos umas constantes tentativas de colagem de produtores, a famosas zonas mundiais de produção de vinho. É claro que é sempre bom ter vinhos de qualidade, mas procuro vinhos que tenham a marca da Região onde são produzidos como Douro, Dão... e não quero comprar um vinho de um Bordéus B ou de um Rhones B etc etc... Por que raio temos de comprar um vinho tinto do Alentejo que lembra um Australiano, ou um branco da Estremadura que lembra um Francês ?
Será que eles em Bordéus, ou na Rioja também fazem um tinto a lembrar o Dão ou um branco a lembrar o Douro ? Pois esta é a pequena diferença entre os GRANDES e os pequenos. Se bem que os produtores devem procurar seguir os gostos dos consumidores, não devem ao mesmo tempo esquecer uma imagem e uma identidade que os faz ser diferentes dos restantes.

Mas o pior vem depois, os preços a que os novos vinhos são vendidos, é de loucos. A qualidade está claramente a aumentar nos nossos vinhos, mas atenção que não em todos, e temos muitos vinhos a custar mais do que aquilo que valem... lá está a tal filosofia, se o do meu vizinho custa 30 euros o meu também não é pior.
Produzem 5 mil garrafas e o preço é o mesmo do que se fossem 100 mil, lá estou eu com o exemplo do Alion da Ribera del Duero, mas enfim, o vinho tem 95 Pontos do Parker custa 25 euros e fazem 300 mil garrafas, se quisermos comparar por cá , então o melhor é nem tentar.
É óbvio que o que falha por cá é o pouco volume produzido dos vinhos de gama alta, temos de aumentar este volume para que mais pessoas no estrangeiro os possam provar, não é com produções de 5 mil garrafas ou menos que vamos lá.
Um aumento da qualidade da gama média alta e gama média , seria a meu ver bom para a nossa imagem, pois os episódios que acontecem lá por fora não são nada dignificantes do nosso vinho e do nosso País.

No meio de tudo isto aparecem os críticos, aqueles senhores que passam a vida a provar vinho.
Uns mais profissionais que outros, lá vão ditando suas sentenças sobre este e aquele, o pior é quando dizem: Este não é um vinho consensual pois tanto pode agradar a muitos como ser detestado por outros.
A pergunta a fazer é logo esta: Se eu não gostar do vinho em questão, então não entendo nada disto ?
Engraçado pois a nota, depois é coisa mesmo de grande vinho, pois o crítico mais uma vez, não se separa do seu gosto pessoal (eles bem tentam...)
É neste momento que pensamos, afinal quem tem razão ? O Crítico que prova o vinho e sim senhor, ou o apreciador que paga por vezes uma pequena fortuna pela garrafa e depois diz, «Epa não gosto nada disto».

É este o nosso lindo Portugal, que vai fazendo de conta que tem o que não tem, e que faz falta um grande empurrão para tal evoluir, mas parece que enquanto tal não acontece, rir vai sendo o melhor remédio.

PS: Se alguém por algum motivo não gostou do que leu, então fico feliz porque atingi o meu objectivo...

27 julho 2005

E o vinho é de..... ??? Não diz.

Quando compro um vinho de um produtor que não conheço, gosto sempre de vêr de onde vem e onde fica o dito produtor... Estremoz, Borba, Serpa, etc quem sabe para uma futura visita.
Acontece que hoje comprei uma garrafa (não vou divulgar o nome) que pela informação é vinho do Alentejo, que apenas diz o nome da herdade onde é produzido, as castas, graduação... Alentejo mas de que zona do Alentejo
Onde fica essa herdade ???
Se não fosse pela morada da internet ficaria no escuro, e tanto poderia sêr em Moura como em Portalegre.
Não seria bom, colocarem a origem do vinho à frente do nome da herdade ?? Vergonha, esquecimento, simplesmente não interessa divulgar... não entendo, mas quem fica a perder é o consumidor.

26 julho 2005

Grande Escolha em Borba

Mais uma vez, o vinho caro é o que tem mais procura, muitas pessoas pensam que o vinho por ser caro tem de ser bom, neste caso não que o vinho em questão seja mau, porque não é, e os prémios que já tem, revelam bem a sua qualidade.
Por um preço de quase 26 euros na Wine Shop, o vinho Cinquentenário Grande Escolha 2003 da Coop Borba, parece ser mais um caso de verdadeiro sucesso, depois do Syrah 2003, agora este novo vinho que vem comemorar os 50 anos da Coop do qual foram feitas 18.000 garrafas, está a ter uma enorme procura.
Resta saber em quanto tempo vai esgotar.

PS: Destaque especial para a bonita caixa preta de madeira, em que o vinho vem colocado.

21 julho 2005

PROVA Moinho de Vento 2004 leve branco

Moinho de Vento 2004 leve branco, é um vinho da Cooperativa de Bombarral, comprado no Lidl.
Este vinho apresenta-se com 9.5% , côr muito leve, no nariz mostra um aroma frutado (pêra, maracujá, melão, limão) com leve toque floral, na boca tem bem presente a chamada agulha, com fruta a marcar presença. Este vinho mostrou-se muito fresco e leve, com boa persistência final


Ao que parece estes vinho, são característicos da Estremadura com alguma presença também no Ribatejo. Temos como referência o branco, mas também encontramos tinto e rosé ( a provar em breve)

Para beber no fim de uma tarde de praia, em grande descontração, sozinho ou com os amigos, este vinho por 0,79€ é uma excelente compra.
penso que este vinho vai muito muito bem com sardinhas, conquilhas ou mesmo um bife de atum.

Não o deixe é voltar de novo ao frigorífico, pois perde todo o encanto que tem...

20 julho 2005

A galinha da vizinha é mais gorda que a minha.

Enquanto algumas pessoas por cá vão fazendo uma festinha de bairro, com os tais 96 pontos dados ao Quinta do Crasto Touriga Nacional 2001, que neste momento se vende a cerca de 80 euros a garrafa ou mesmo mais...
Pois é, bem bom que a nossa casta Touriga Nacional, ficou bem vista pelo Sr Parker, e que o vinho Português ficou bem visto, com a primeira nota de 96 para vinho de mesa vinda para Portugal. Tudo muito bonito, mas não chega, pois do outro lado da fronteira a festa é a nível Nacional mais uma vez...
Impressionante no mínimo as notas atribuidas aos novos vinhos Espanhóis por R.Parker...
E pelo que deu para lêr, Parker considera as provas deste ano como as mais excitantes em 26 anos. Pois a verdade é que Espanha neste momento do campeonato faz parte dos melhores produtores do mundo, e no segmento dos vinhos não muito caros, então a alegria é mais que muita.
Então aqui ficam algumas amostras, preparem-se e agarrem-se bem... já agora coloco alguns preços médios sempre que possível para comparar... com alguns dos pequenos atentados que são os preços dos nossos vinhos ditos de topo...

-Bodegas Vega Sicilia:
Vega Sicilia Unico 1994: 98+
Vega Sicilia Reserva Especial: 95
Valbuena 2000: 92 65€
Alión 2001: 95 30€
Pintia 2002: 94 25€

- Finca Allende:
Aurus 2001: 95 90€
Paisajes I 2001: 95 20€
Calvario 2002: 93 60€
Allende 2001: 93 13€

- Mariano Garcia:
Terreus 2001: 96 75€
Mauro Vendimia Seleccionada 2001: 96
Vendimia Seleccionada 2000: 94 - 55€
Mauro 2002: 88 - 20€


-Descendiente de J. Palacios
Corullón 2003: 93+
Petalos del Bierzo 2003: 92 - 12€
Petalos del Bierzo 2004: (90-93)

- Muga:
Aro 2001: 98 120€
Torre Muga 2001: 95 50€
Prado Enea 1996: 92 30€
Muga Reserva 2001: 92 25€
Muga Rosado: 89 -

- Celler Mas Doix:
Costers de Viñas Viejas 2003: 98+
Salanques 2003: 95 24€

- Dominio de Atauta Valdegatiles 2003: 96 60€
Dominio de AtautaAtauta 2003: 92 25€

Señorio de Barahonda (Yecla):
Bellum Providencia 2003 (100% monastrell de viñas viejas) 93
Bellum El Remate 2003 (tinto dulce hecho con Monastrell) 93

- Bodegas Juan Manuel Burgos:
Avan Cepas centenarias 2003 : 96
Avan Concentración 92 20€

-Viñedos Alonso del Yerro
Viñedos Alonso del Yerro Maria 2003: 94 ,
Alonso del Yerro 2001: 91 enológo S. Derenoncourt.

- Bodegas El Nido (Jumilla):
El Nido 2002: 96 ,
Clio 2002: 93+ Monastrell 60 anos e Cabernet Sauvignon de 25 anos.

- Bodegas Alto Moncayo:
Aquilon 2002 (96)
Alto Moncayo 2002 (93)

- Dos 2003: 90; Uno 2003: 89+
- Vins del Comtat: Montcabrer 2002: 90
- Penya Cadiella Selecció 2002: 88
- Finca Villacreces Nebro 2001: 98 125€
- Pingus 2003: (96-100)
- L'Ermita 2003: (94-97 )
- Bodegas Uvaguilera Palomero 2001: 96

El Contador
- Contador 2002: 96 180€
- La Cueva del Contador 2002: 94 50€

- Piñol Mistela Blanca 2004: 95
- Gran Elias Mora 2001: 95
- Telmo Rodriguez Matallana 2001 : 95
- Altos de Lanzaga 2002: 93
- Remirez de Ganuza 2001: 94
- Celler Marti Fabra Masia Carreras 2001: 94 "great value"
- Cervoles 2003: 94
- Abel Mendoza Jarrarte 2001: 94
- Thermantia 2002: 94 125€
- Luberri Finca Los Merinos cepas viejas 2001: 94
- Tilenus Pagos de Posada 2001: 93 25€
- Val de Calas 2001: 93
- Maduresa 2003: 93
- Les Alcusses 2003: 92
- Finca Sandoval 2003: 93
- Finca Sandoval Cuvée TNS 2003 Touriga Nacional y Syrah 95
- Mas d’en Compte blanc 2003: 92
- Bodegas Estefania Crianza 2001 (89) "great value"

- Luna Beberide:
Daniel 2003 (92)
Mencía 2004 (89) "great value"

- Paixar 2002 (90) 45€
- Peique Selección Familiar 2001 (92)
- Peique Selección de viñedos viejos 2002 (87)

Em actualização constante...

17 julho 2005

CLASSIFICAÇÃO QUALITATIVA

inferior a 10 valores: Não interessa, com defeito.

10 - 13,5 (75-84): Vinho simples e sem grandes pretensões, pouco interesse.

14 - 15,5 (85-89): Bom vinho, correcto e bem feito, mostra um pouco de carácter.

16 - 17,5 (90-94): Muito Bom, identidade marcada, dá muito prazer a beber, altamente recomendado.

18 - 19,5 (95-99): Excelente, o apogeu da carreira de um produtor, são os ícones que representam uma região e nivelam todos os outros, compra obrigatória.

20 (100): Perfeito.

16 julho 2005

Críticos de Vinhos para quê ???

Neste mundo da prova de vinhos, temos um grupo de pessoas que são os Críticos... os ditos profissionais da prova, que passam a maior parte do tempo a provar vinhos e a dar a sua opinião sobre os mesmos, com lançamento de livros, participação em revistas, jornais, debates e conferências, alguns até são formadores...
Algo que eu sempre defendi desde muito cedo, e que acho fundamental no mundo da prova, como em todo o lado, é uma pessoa ter a sua própria opinião, neste caso dos vinhos que prova, e poder dar a mesma sem medos.
Ao principio é muito difícil senão mesmo impossível ter essa opinião, surgindo então a necessidade de um ponto de referência, pois que vinho é que vamos escolher para dar a um amigo que gosta de vinho ? Nada melhor que consultar as opiniões desses Críticos.
Mas com o tempo, as coisas ficam diferentes e vamos adquirindo aquilo que nos é essencial, o desenvolvimento do nosso gosto pessoal.
Porque se perde identidade quando seguimos cegamente os gostos dos outros como muitas vezes acontece por este mundo fora.
Claro está que nos podemos identificar mais com um ou outro, mas sempre dentro no nosso próprio padrão.
Temos um exemplo de um critico x dá 17 a um vinho e o critico y dá 15 a esse mesmo vinho... tal coisa apenas se deve ao tal gosto pessoal, que por mais que se diga e teime não se pode colocar de parte.
Por isso em vez de ir comprar um vinho porque o tal Senhor diz que é muito bom e depois quando o prova afinal não é tão bom como se dizia... quantas vezes isso acontece ??? Algumas e não são poucas, pois o fundamental é saber encontrar os vinhos que nós apreciamos e não os vinhos que os outros dizem serem os melhores, claro está, temos vinhos que todos nós gostamos.
É que um vinho pode ter tido um 15 e para nós ser um vinho de 17, porque um critico pode provar muito vinho e saber muito de vinho, mas nunca vai saber mais que o nosso próprio gosto.
Se num principio temos de dar o devido valor, já que servem como guias de entrada ao mundo do vinho apresentando as maravilhas que estão ao nosso dispor, passado um tempo servem apenas como folheto informativo das novidades que vão saindo , e mesmo por vezes nem esse serviço sabem fazer.(agentes de publicidade de vinhos que lhes são oferecidos com um mesmo objectivo, provar e dar nota) . E claro está, servem muito bem para aumentar o preço de um vinho e para ajudar um produtor amigo a vender a nova produção.
Enquanto se continuar a ter medo de dar a opinião e não se assumir um gosto próprio estes senhores continuam a pensar que têm o rei na barriga, então a pergunta a fazer é apenas esta...

Se o caro leitor é uma pessoa minimamante informada, que tem mais que definido o seu próprio gosto , que vai aos Encontros, vai a provas de apresentação, faz provas com os amigos... então precisa de Críticos para quê ???

Um Copo de 3 com Antoliano Dávila

E mais uma entrevista do Copo de 3, desta vez o convidado é um conhecido participante do site Verema, um dos sites mais vistos a nível mundial sobre vinhos. Com mais de 1300 provas afixadas, Antoliano Dávila de Tena, da Estremadura Espanhola tem 52 anos, Empresário, dedica todo o seu tempo livre ao vinho, a visitar adegas, ir a encontros de enófilos e a debates...
Começando com esta apresentação, seguiram-se as perguntas, e óbviamente que as respostas são em Espanhol...

Copo de 3 - Como entraste no mundo do vinho ? E o teu gosto pela prova ?
Antoliano - Entre en el mundo del vino, hace 10 años al tomar un Vega-Sicilia, empece a catar y cada vez me gustaban los vinos mejores.

Copo de 3 - O que te levou a escrever para Verema ?
Antoliano - Conocí un buen entendido, de los mejores de España (Juan Ferrer), y el me animo a participar en el foro.

Copo de 3 - Como te vez mais Critico ou Provador/Apreciador ?
Antoliano - Hasta hace 1 año o dos, era mucho más critico, ahora soy más probador/apreciador, ya que he comprobado a pie de bodega, el inmenso trabajo y el merito que tiene, hacer cualquier tipo de vino.

Copo de 3 - É melhor provar sozinho ou em grupo ?
Antoliano - Es infinitamente mejor catar en grupo, a solas puedes cometer algunos errores, fáciles en el mundo de la cata, que si escuchas otra opinión, seguramente los corriges.

Copo de 3 - Que opinião tens dos críticos ? Identificas-te com algum ?
Antoliano - Antes creia en los críticos, ahora cada vez menos, creo que Parker es el más afín a mis gustos, pero se por Bodegueros que algunos se venden, y eso desmonta todo.

Copo de 3 - Que vinho escolhias para beber agora ?
Antoliano - No entiendo bien la pregunta, si te refieres a blanco o tinto, lógicamente ahora blanco, pero si te refieres a que vino emblemático, el Dolium Escolha, El Redoma blanco en esta época del año. El Chivite y el Molmanda, también son muy buenos.

Copo de 3 - Com que tipo de vinho te identificas mais ??
Antoliano - Me identifico y me gustan los vinos de Touriga Nacional y también de Syrah, mi favorito hasta ahora, y he probado Vega-Sicilia, L´Ermita, Mauro, ect. es Homenagem a Antonio Carquejeiro 99.

Copo de 3 - Existe o vinho perfeito??
Antoliano - Espero que no lo hayan hecho tadavia, para seguir disfrutando hasta que lo encuentren, ya que una vez hecho, ya no habría nada más. Yo por eso nunca he puntuado con más de 9,7.

Copo de 3 - Como ves os vinhos de Portugal ? Qual é a ideia do vinho de Portugal em Espanha ?
Antoliano - El vino de Portugal lo veo en plena expansión, sobre todo la zona del Alentejo, se estan haciendo grandes cosas, yo desde verema doy toda la publicidad (datos veridicos) que puedo. En Extremadura se cree que en Portugal se hace mal vino, y en el resto de España, mucha gente solo identifica a este bello pais con el Oporto. Por supuesto qie los entendidos saben que existe el Douro y el Alentejo y los vinhos verdes y poco más.

Copo de 3 - Achas que o vinho está a ficar todo igual ? O que fazer para mudar ?
Antoliano - A mi me encanta como esta el vino actualmente, he probado en el Bierzo, el P-3 y se nota la pizarra del terruño, hace dos días probe Pago del Ama Syrah de Toledo y se notaba la mineralidad, ademas de la fruta y las flores. Creo que se debe seguir por el camino de la viña.

Copo de 3 - O vinho está caro ?
Antoliano - El vino esta caro muy caro, el Pago del Ama que acabo de comentar, cuesta 60 €, eso es una verdadera burrada.

Copo de 3 - Enólogo de referência ?
Antoliano - En España sin duda Mariano Garcia (Vega-Sicilia, Mauro, Leda, etc.), en Portugal, hay unos cuantos que son muy buenos, Paulo Laureano, Domingo Soares, Luis Duarte, etc.

Copo de 3 - Melhor e pior vinho provado ?
Antoliano - El mejor vino catado Homenagem a Antonio Carquejeiro 99 y el peor que recuerde a bote pronto, un Borsao del Campo de Borja.

Copo de 3 - Qual o vinho mais caro que compraste ?
Antoliano - La botella más cara fué un L´Ermita por 200 €, luego he comprado Vega-Sicilia a 180 €.

Copo de 3 - Quantas garrafas tens em casa ?
Antoliano - Tengo en casa más de 300 botellas de vino Español y Portugues, entre las referencias por supuesto Homenagem a Antonio Carquejeiro (siempre presente), Vega-Sicilia, Cirsión, Viña el Pisón, Marques de Riscal Gran Reserva 82, Prado Enea Gran Reserva 82, Conde de los Andes Gran Reserva 64, Fondillón del 64, etc. etc.

Copo de 3 - Que castas escolhias para fazer um vinho ?
Antoliano - Para mi ya lo he dicho, la mejor casta la Touriga Nacional, luego la Syrah y luego la Merlot y la Tempranillo, la Touriga en el sur del Alentejo hace grandes vinos. En blanco la mejor sin duda la Antao Vaz.

Copo de 3 - Como ves as Regioes de Espanha , e de Portugal ? Quais as tuas favoritas ?
Antoliano - Las regiones de España que más me gustan en vino son Ribera del Duero, Rioja, Priorato y Toro. En Portual Douro y Alentejo, con mucha diferencia sobre las demas.

Copo de 3 - Quem tem melhores vinhos, Portugal ou Espanha ?
Antoliano - La pregunta de quien hace mejores vinos, si Portugal o España, es muy dificil, allí se estan haciendo grandes vinos. Amancio, Dalmau, Fernando Remirez de Ganuza, Pesus, Nebro, etc., pero en Portugal son una maravilla, ademas de los ya comentado, el Vinha da Ponte, el Quinta de Vale Meao, el Sol Lewit, el Charme, el Redoma, Marques de Borba Reserva, Mouchao Tonel, etc. etc.

Copo de 3 - Um conselho para alguém que está a começar neste mundo do vinho ?
Antoliano - Yo aconsejaria a los recien entrados en este maravilloso mundo del vino, que vayan muy despacio, hay que ir catando poco a poco y con intensidad, al principio no se detectan los aromas, se necesitan muchas botellas y mucha práctica. Y mi mejor consejo es que se limiten en la barrera de los 10-20 € máximo, donde hay una extensa gama de vinos buenísimos para disfrutar.

Copo de 3 - Muchas Gracias...
Antoliano - Un saludo a todos.

12 julho 2005

Um vinho de morrer...

Andando pela Net encontramos as mais esquisitas e bizarras coisas, mas esta garrafa de vinho dos Estados Unidos, terra onde o pudor é mais que muito, chamou-me a atenção.
Nunca pensei ver tal coisa, e se uma verdade é que acho bastante original, não posso deixar de pensar num pequeno mau gosto do mesmo desenho... mas parece que com isto o objectivo foi conseguido, chamar a atenção.
Pessoalmente até gostava de ter uma na garrafeira, mas sempre com o cuidado de não assustar convidados ou confundir com qualquer produto venenoso...

O vinho em questão é o 2003 PoiZin, um Reserva de Zinfandel com edição limitada da caixa que curiosamente é um caixão de madeira, e claro a pintura é toda ela manual.
O preço parece ser de +-50€.
E parece que do mesmo produtor temos um "The Antidote" 2004 Pinot Gris.
Para mais info consultar a página do produtor
http://www.armida.com/wines/

Nesta foto podemos ver a original caixa, juntamente com a garrafa e os seus produtores.

PROVA Ramos Pinto 10 anos - engarrafado em 1977

Mais uma prova de um Porto 10 anos , desta vez da casa Ramos Pinto engarrafado em 1977.

De côr âmbar, glicérico, brilhante com toques tijolo no bordo.

No primeiro impacto no nariz ainda se notava um pouco o álcool e um pouco de pólvora seca. Com o tempo vai abrindo e ganhando um bouquet fantástico, com frutos secos , amêndoa torrada, mais um pouco e vai ganhando notas de mel, ligeiro toque caixa de charuto (madeira), compota e figos em passa, ligeiro toque floral. Tudo isto vai aparecendo com o tempo no copo, cada vez melhor, que prazer cheirar este vinho.

Na boca inicialmente como o nariz, com algum álcool, com o tempo fica com notas de amêndoa, frutos secos, mel, lembra uma bagaceira... Final de boca bastante prolongado e elegante, com uma leve acidez que lhe dá um toque de frescura bem interessante juntamente com um toque adocicado no final.

Muito bom vinho, dentro dos Porto 10 anos o melhor que provei até hoje. Certamente as provas de Vinho do Porto vão continuar...

11 julho 2005

PROVA Mateus Rosé

Desta vez foi altura de provar um verdadeiro campeão de vendas, aquele vinho que se encontra em todo o mundo... e que muita gente famosa bebe e gosta.
Vamos lá ver então como se porta o dito:

MATEUS ROSÉ Vinho de Mesa 11%

Apresentou-se com uma bonita côr rosa salmão, muito leve.
No nariz com destaque da fruta vermelha (morango, amora, groselha) e ligeiro toque floral. Tudo muito resumido e pouco concentrado comparando com outros Rosés que por aí andam.

Na boca mostrou a presença da fruta vermelha, com uma leve acidez que lhe dá um toque de frescura agradável. Final de boca médio.

Simples, directo e refrescante... deve ser este o segredo pelo qual este Mateus é conhecido em todo o mundo e já passou dos mil milhões de garrafas vendidas.
Próximo objectivo o Mateus Branco e o novo Mateus Tempranillo...
14

10 julho 2005

PROVA Gran Feudo 2004 Rosado

Gran Feudo 2004 Rosado 12,5%

Vamos inaugurar as provas de vinhos Rosados com este Gran Feudo, vindo de Navarra das Bodegas Julian Chivite, feito com 100% Garnacha

Mostrou uma bonita côr a morango, no nariz destaque para a fruta vermelha (morango, amora), algumas notas de gomas, e um ligeiro toque floral (rosa).

Na boca mostrou-se bastante vivo, com acidez a dar uma frescura, presença das notas de morango e goma, vinho bastante equilibrado, direi mesmo um vinho simpático, com um final de boca médio. Nada aqui é feito para impressionar, jogando na base do equílibrio. Tem um preço de 3,20 € o que é muito bom para a qualidade apresentada. 15,5

08 julho 2005

Rolhas sintéticas não evitam o TCA

O medo de muitos, o temível cheiro a rolha, é frequentemente associado a uma falta de qualidade da rolha de cortiça.
Este dito cheiro a rolha, tem como origem um composto chamado Tricloroanisol ou TCA, composto este que se desenvolve reunindo um abiente favorável ao seu aparecimento:

-Microorganismos que devido à falta de higiene promovem o aparecimento do TCA.
-Compostos fenólicos tais como caixas, madeiras das paletes...
-Presença de cloro em produtos de limpeza.

Quando se ouve dizer, abri ontem duas garrafas e tinham rolha...
Pois, é normal que tenham rolha hehe, mas o tal cheiro a rolha não é apenas encontrado no vinho.
Está presente em tudo o que se pode chamar de bebida engarrafada, desde a simples água ao refrigerante ou mesmo na Cerveja.
E a contaminação pode mesmo vir da própria garrafa.
Portanto como vê não é por ter cortiça que deixa de ser pior.
Essa das rolhas sintéticas foi uma excelente invenção, para todos aqueles que andam sempre com medo do dito TCA.

Qual a viabilidade das sintéticas com o passar dos anos, alguém testou em vinhos com 10-20-30 anos ???

Será que um vinho contaminado com TCA, a rolha sintética vai prevenir o aparecimento ??

E não são ecológicas nem biodegradáveis como as de cortiça.

Vale a pena pensar no assunto...

07 julho 2005

As 11 razões secretas do aumento do preço dos vinhos.

Este artigo já com algum tempo, não deixa de estar bem actual... aqui fica:
«As subidas de preços de alguns vinhos, são hoje motivo de conversa entre consumidores e profissionais. Vinhos que custavam cerca de 10-20 euros agora custam 40 ou ainda mais, ou multiplicaram por dois ou três num breve espaço de tempo.
No segmento dos grandes vinhos de qualidade internacional, para surpresa dos bons aficionados, um grande número de novos e ambiciosos vinhos superam de forma folgada o preço dos grandes Chateau de Bordéus, mas ao contrario destes, que contam com mais de 200 colheitas às suas costas e uma reputação que já vem desde 1855, estes novos e caríssimos vinhos são apenas isto... novos, e só contam no melhor dos casos com um par de colheitas.
Resultados que explicam de forma clara e surpreendente o porquê dos preços dos novos vinhos de elite.
O estudo analisa em profundidade todas as alternativas possíveis no mercado destinado a oferecer um vinho da máxima qualidade e avalia todos os factores que têm um papel determinante no custo produção de um vinho, incluindo o aumento por garrafa que supõe para adegas pequenas os custos financeiros dos investimentos para o começo da adega ou melhora das instalações.
Se se tiver em conta que alguns destes vinhos vem de vinhas muito velhas que apenas dão um cacho por cepa, o que encarece o produto final. Também que muitos destes vinhos são o resultado de um selecção rigorosíssima tanto na vinha como na adega e ainda se aplica um alto cuidado posto no processo de elaboração desde a cepa atá à loja, já que não se mete de lado os vindimadores mais experientes, as barricas mais caras de carvalho francês renovadas em cada colheita, nem nas melhores rolhas, nem no desenho, nem em qualquer outro aspecto que possa pôr em causa a grandeza destes vinhos.
E como algumas obras de arte contemporânea, para as apreciar temos de estar dentro do assunto e saber o que são, pois se se faz uma prova cega, corremos o risco de não ser capaz de perceber uma parte importante do seu encanto. Pode resultar surpreendente mas a maioria destes novos e caríssimos vinhos estrela, cumprem quase todos os motivos, mas os autores do estudo dizem que basta apenas um destes motivos e seria suficiente para disparar o preço do vinho para os níveis que conhecemos.
As 11 razões secretas:

1 O vinho chama-se Petrus, Romanée Conti ou Vega Sicilia.

2 A mãe do produtor disse que o vinho era melhor que os outros todos juntos.

3 Numa prova cega na adega, todos gostaram mais do seu vinho do que Châteux Margaux e logicamente pensaram que o mesmo aconteceria com os consumidores.

4 O produtor vizinho colocou o seu vinho mais caro que Châteux Margaux assim que ele também não ia ser inferior.

5 A garrafa é mais alta, mais pesada e mais larga que a de Châteux Margaux.

6 Uma talha do melhor Carvalho sempre foi mais cara que uma garrafa de Châteux Margaux.

7 Robert Parker deu entre 95 a 100 ponto, como ao Châteux Margaux, quando nao esperavam mais de 90.

8 O produtor foi a um médico naturista que lhe recomendou elevar o nível de testosterona sem recorrer a medicamentos.

9 O Produtor tem um transtorno paranóico que o faz acreditar que toda a gente o persegue a ele e ao seu vinho, em especial no estrangeiro.

10 A metade da produção de uma colheita perdeu-se quando o produtor tropeçou quando ia a meter uma caixa de vinho no carro.

11 A adega quer calar o protesto dos consumidores que se queixavam que o vinho não se encontrava nas garrafeiras.

Na conclusão do estudo, os autores afirmam que estas razões são causadoras de um certo número de vinhos que antes andavam pelos 10-15 euros e se esgotavam rapidamente, agora que superam os 30, 40 ou 100 , encontram-se em todas as estantes das melhores garrafeiras do mundo. »


Este artigo foi retirado do site:
http://elmundovino.elmundo.es

06 julho 2005

Biodinâmica e o Vinho dos Astros...

Não se pode ler um artigo sobre Agricultura Biodinâmica e ficar-se indiferente...
Enterrar cornos de vaca cheios de estrume conforme o ciclo lunar é um pouco estranho.
Dentro dos estilos de Agricultura Biológica e Ecológica esta prática é a mais ousada e extrema de todas, definida como uma «ciência espiritual», está ligada à Antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um organismo e defender o equilíbrio do seu ecossistema, proibindo compostos químicos. Rege-se por um calendário astrológico biodinâmico, em que se utilizam preparados biodinâmicos aplicados no solo, com o objectivo de renovar as energias do solo, tal como a actividade bacteriana no mesmo, em conformidade com a disposição dos astros e ciclos lunares.

Foi um cientista e filósofo Austríaco chamado Rudolf Steiner (1861-1925) que deu origem a este movimento, com um trabalho publicado a partir das suas notas, chamado «Agriculture» e que é a bíblia da Biodinâmica.
Segundo Steiner a terra é um ser vivo, que tem de ser tratada como tal, dando principal importância à harmonia entre minerais, animais, plantas e o ser humano com a actividade dos astros.
Uma sua discípula de nome Maria Thun, desenvolve um calendário anual, resultado das aplicações práticas das teorias de Steiner, pelo qual os agricultores se seguem.

Preparados Biodinâmicos

Os preparados biodinâmicos são divididos em dois grupos; os que são pulverizados no solo e nas plantas, e os que são inoculados em composto ou outras formas de adubos orgânicos como biofertilizantes. Os Preparados tem uma numeração que vai de 500 a 508 que surgiu primeiramente como um código e nos dias de hoje facilita a comunicação internacional, entretanto é melhor utilizar o nome próprio de cada um quando nos referirmos a eles. Os preparados chifre-esterco são elaborados a partir de plantas medicinais, esterco e silício (quartzo), que são envoltos em órgãos animais, enterrados no solo e submetidos às influências da Terra e de seus ritmos anuais. O preparado chifre-esterco direciona-se ao solo e às raízes proporcionando maior atividade biológica e vitalidade favorecendo o desenvolvimento vegetativo da planta e as relações de simbiose da rizosfera.


Os preparados podem ser considerados como remédios homeopáticos no que diz respeito às substâncias naturais utilizadas, aos processos de dinamização e a atuação através de forças e não de substâncias e por serem utilizados em quantidades mínimas, entretanto eles não se prendem a teoria ou a prática da homeopatia médica. O preparado chifre-sílica é o “preparado da Luz” que actua trazendo forças da periferia cósmica e intensificando a actuação da luz solar. Este preparado é essencial para a estruturação interna das plantas e seu desenvolvimento assim como para a qualidade nutritiva das plantas e para a resistência a doenças.


Preparados para Compostagem


Os seis preparados elaborados a partir das plantas medicinais mil-folhas (502), camomila (503), urtiga (504), casca de carvalho (505), dente de leão (506) e valeriana (507), servem como suplemento ao composto, esterco, e biofertilizante; conduzindo e organizando os processos de fermentação e decomposição. Por meio do composto preparado, eles colocam as plantas numa condição na qual as forças do Cosmo sejam mais actuantes.

Fladen

Outra forma de uso dos preparados de composto é através do Fladen. Este “preparado acessório” foi elaborado posteriormente a Rudolf Steiner inspirado numa prática a muito utilizada pelos agricultores europeus. Este preparado é elaborado com esterco fresco consistente e bem formado misturado a pó de basalto e cascas de ovos trituradas e aplicam-se os preparados 502 ao 507. Tem como objectivo “compostagem laminar” trazendo as forças dos preparados para compostagem no local de aplicação.
Dinamização

É um movimento rítmico que transfere as forças contidas nos Preparados (pequenas substâncias) para a água. Faz-se um movimento circular de modo a formar um vortex/ “funil”, ou redemoinho, na mistura, proporcionando uma certa ordem; e assim inverte-se o sentido do movimento desfazendo-se esta ordem e criando-se um caos. Este procedimento gera maior contato entre as moléculas de água e do Preparado, o que permitirá melhor permeação da energia na água. A dinamização, este movimento rítmico de ordem e caos, é uma imitação dos processos da vida. Por isto é algo essencialmente importante no que diz respeito aos Preparados .

Mas que relação tem tudo isto com o vinho ??
Se bem que Steiner pouco fala sobre o vinho no seu livro, a verdade é que insere a produção de vinho na Agricultura.
O que vai dar, em que tal é compatível com a produção de vinho...
Após uma pequena pesquisa na Internet, produtores como Domaines Leroy
y Lefaivle, Romanee Conti, Château Falfas, Château La Grave , Château Pavie-Macquin, Mark Kreydenweiss ,Millton...
Em Espanha e Itália também alguns produtores de renome começam a entrar neste mundo da Biodinâmica, por Portugal também já temos um vinho ,Casa de Mouraz 2003, em que a Biodinâmica é tida em conta.

A visão que nos escapa... ou talvez não.

Nos últimos tempos os nossos vinhos têm sido apreciados pelos nossos vizinhos Espanhóis.
Muitos são famosos e conhecidos, devido a que participam em eventos e provas para a crítica e imprensa... mas então e os restantes ?
Falando apenas nos vinhos do Alentejo, parece que os conseguimos conquistar aos poucos, e cada vez são mais os nossos vizinhos rendidos às nossas pingas.
Que razões levam um Espanhol, vir comprar vinho a Portugal ??
Curiosidade ? Sim também, mas a principal razão que muitos dizem, é que estão fartos dos vinhos de Espanha, e que pouco conhecem de Portugal, como fica ao lado toca de experimentar, e parece que depois não querem outra coisa.
Uma razão que muito se aponta é que os bons vinhos em Espanha estão cada vez mais caros, enquanto que por estes lados se compra barato, diferente e com grande qualidade.
Castas como a Touriga Nacional, Trincadeira, Castelão e mesmo a Antão Vaz, estão a fazer as delícias de quem as prova.
Aqui pela zona, parece que as compras de vinho por parte de Espanhóis tem vindo a aumentar, o que de certa forma, mostra que o nosso vinho se consegue vender para fora, esse factor que tanta falta faz para aliviar os stocks...
Estamos então de parabéns Alentejo - Portugal.
Parece que estamos no bom caminho... visto Espanha ser um mercado muito forte, e onde se demonstra que a procura de novidades em termos de estilo de vinho é uma realidade muito forte.

02 julho 2005

Copo de 3 no 2º Dão e Douro em Lisboa

Pois é, o 2º Dão e Douro em Lisboa já foi, e desta vez situado no maravilhoso Pestana Palace Hotel, um lugar magnífico... e claro o Copo de 3 esteve presente.
Mas falando deste dia, muito tenho a contar, pois foi cheio de boas surpresas este Encontro.
Encontrei o COV o Núcleo Duro,e pela primeira vez lá encontrei o Zé Tomaz, e que simpatia de pessoa, bem disposto e sempre pronto para mais uma aventura em ir provar este e aquele... amigo Tomaz, o 4 Ventos tem que se lhe diga.
Este ano a sala estava muito melhor, com AC e uma temperatura mais simpática, a simpatia era geral, por parte de provadores e produtores.
Destaque para as duas ilhas de presunto e enchidos que davam um toque bem agradável, tal como as simpáticas senhoras do Cacau, que me fez as delícias em prova com os late harvest e vintage 2003.

Mas falando dos vinho com um pouco mais de atenção:

Comecei com a prova de Brancos:
Quinta das Maias -... inox, mt mineral não gostei muito do final de boca um pouco adstrigente. Foi o vinho que menos gostei dos brancos.

Quinta dos Roques Encruzado 2004 - Boa entrada no nariz com notas da madeira, baunilha, manteiga e tosta, e um final com notas minerais do inox, na boca é um vinho redondo com uma frescura que agradou e com bom final... Bom vinho. Quarto vinho branco da noite.

Gouvyas Reserva 2003 - Boa entrada de nariz, notas florais, mineralidade, vinho equilibrado e fresco... algumas notas de resina no fim de boca. Segundo branco da noite

Quinta do Crasto Branco - Bom nariz, notas de madeira bem ligada com os aromas, fruta tropical, erva, mineral... acidez equilibrada com um toque fresco na boca. Terceiro branco da noite.

Redoma Reserva 2004 - Elegância dentro de um copo de branco, simplesmente o que mais gostei, mineral no ponto, longo final, equilibrado, notas de fruta e flores que vão evoluindo no copo, uma maravilha... Foi o branco da noite.

Tiara 2004 - Tem Riesling... que se nota o pouco que tem. É um vinho fresco e agradável, e muito bem trabalhado, com a presença de uma casta que não é normal aparecer por Portugal... Quinto vinho branco da noite.

Lavradores Feitoria 3 Bagos 2004 - Este ano não vamos ter sauvignon como em 2003, temos este onde também encontramos sauvignon blanc, bem presente o xixi de gato, não gostei muito do final do vinho...Sexto vinho branco da noite

Em reparo aos brancos provados, tenho um estilo mais marcado pela casta Antão Vaz e como tal aos vinhos do Alentejo, o que não impede de gostar de alguns vinhos do Douro e Dão.

Passando aos vinhos que de certa maneira começam a aparecer, vamos ter uma moda nova ?? Sim são os Rosé:

Quinta da Pellada Rose Touriga Nacional 2004- Menos exuberante que o 2003, não muito carregado na côr, no nariz mostrou-se com notas da casta, mas na boca perdeu muito... e como tal penso que é apenas um rosé interessante para o meu gosto.

Passando para os tintos, a oferta era mais que muita, com grandes tentações a chamarem por nós, aqui deixo um pequeno comentário sobre cada um dos provados...

Pape 2003 - Considero este um dos melhores Dão até agora provados pela minha pessoa, a par de uns Touriga Nacional Quinta da Pellada 1999, 2000 e até um PAPE 2002, este acho diferente do 2002, mas não deixa de ser um vinho muito bom, tendo em atenção a região Dão.

Carrossel 2003 - Este vinho está super concentrado, com muita madeira, mas mesmo muita madeira, e fruta em conjunto com a dita madeira. Na boca mostra-se muito agreste, parece que ainda está verde, com os taninos muito vivos e com adstrigência muito marcada. A precisar de descanso e muito.

Meruge Lavradores de Feitoria 2003 - Segundo vinho da noite, sugerido pelo amigo Zé Tomaz, que bela surpresa sim senhor, ficou muito parecido com o Lordelo mas num ponto pequeno. Apesar de tudo não deixou de ser um bom vinho, que me deixou vontade de repetir.
Nota para a boa imagem do conjunto garrafa/rótulo.

Poeira 2004 - Amostra, mais uma entre tantas... esta menos carregada que as restantes, mas estava interessante.
Poeira 2003 - Bastante elegante na prova, melhor na boca que no nariz, penso que o melhor tenha sido o 2001 e que se perdeu muito. Mas apesar de tudo não deixa de ser um bom vinho.
Poeira 2002 - Em nada se compara com um Poeira 2001, bastante diferente, perdeu um pouco a graça e o equilibrio.

Quinta do Vale Meão Touriga Nacional 2004 amostra - Mais uma surpresa, como está em amostra pouco se pode dizer, os aromas muito bem presentes da casta... tem muito boa matéria prima e fruta de grande qualidade... vou esperar por ele.

Kolheita 2002 - Estando ofuscado com o Lordelo e o Meruge... este vinho não conseguiu transmitir uma imagem de grande vinho... a ver pelo preço pedido a coisa também não ajuda muito.

Foi feita esta prova para averiguar a consistência da nova conheita 2002.
Quinta dos 4 Ventos Reserva 2001 - Este para mim é um dos melhores vinhos feitos no ano de 2001, simplesmente maravilhoso em que tudo é muito equilibrado e cheio de finesse... Classe pura que merece uma prova sempre muito atenta, melhorou ainda mais.

Quinta dos 4 Ventos Reserva 2002 - Mudou de garrafa, para uma mais leve e menos grossa, parece que perdeu em termos visuais a imponência que o 2001 tinha... Mas provando este novo 2002 notou-se que a estrutura é muito parecida com o 2001 mas ainda em fase de acabamento... Seguramente não vai ser igual ao 2001 mas vai estar muito próximo. Se a questão de garrafas foi uma questão de promover o vinho, resta saber se o novo vinho segue os mesmo passos.

Quinta dos 4 ventos 2004 - Provado em amostra, muito boa fruta presente no conjunto, seguramente vai sair daqui um bom vinho.

Terras de Tavares Reserva 97 - Mostrou-se fechado de iníco, mas abriu passado um pouco, com a casta Touriga Nacional em destaque, fruta presente, mas não acabou muito bem no final de boca, com alguma secura.

Quinta do Crasto Reserva 2003 - Este vinho achei interessante, na linha dos vinhas velhas... mas não me deu grande alegria em provar. Talvez mereça ser provado melhor em outra altura.

Quinta do Crasto Reserva amostra 2004 - Nota-se o estilo do 2003, talvez o estilo dos Crasto. Ainda temos de esperar por ele.

Quinta Vale da Rapousa Touriga Nacional 2003- Mais macio em prova do que da ultima vez, tem a casta presente, começou a afinar... mas falta tempo. O de 2001 está óptimo.

Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2003 - Posso dizer que uma das razões que estive presente foi para provar este Vinho. Provado no último Dão Douro, este pequeno monstro na altura tinha 16,3% mostrava uma côr impressionante, e ainda lhe faltava mais um tempo de madeira e garrafa, mesmo com a garrafa gentilmente oferecida pelo Tiago, que foi aberta no ano passado o vinho mostrou a sua nobre evolução e bem, mas nesta prova simplesmente era outro com a mesma base, tudo nele é enorme, grande prova de nariz, nunca mais acaba, e que prazer cheirar uma e outra vez, apanhando cada vez mais aromas diferentes da sua evolução em copo. De início seria apenas madeira, mas depois passou para a fruta, chocolate, café, tabaco... as vinhas velhas com mais de 80 anos. Estupendo. Na boca os 15% não se notam, está tudo perfeitamente ligado, sem falhas aparentes, com um grande grande final de boca, mas que ainda tem uma pontinha de álcool que se vai com o tempo. Vinho da noite sem mais comentários. Vão ser poucas garrafas, cerca de 2700, com um custo elevado, 50 euros. Como se disse noutro site, e confirmo, o melhor vinho de 2003... e em prova cega vai ser um caso muito sério...
Sinto-me honrado em ter seguido o nascimento de um dos melhores vinhos que provei de Portugal...

Charme 2004 - Amostra de barrica, segue a mesma linha do 2002, pois 2003 não há. Tudo muito em bruto, mas lá no fundo deu para ver que a linha Charme está presente. A elegância mais uma vez volta a aparecer, com os seus aromas finos e ultra bem colocados.

Batuta 2004 - Amostra de barrica, vai ser um belo Batuta, lembrou-me a prova do 2000, mas isso sou eu a dizer. Com a atenção simpática do Enólogo deu para fazer uma mini-prova onde deu para descobrir as diferentes linhas entre Batuta e Charme...

Quinta da Leda 2001 - Com novo desenho de garrafa, eu nao gosto, mas no que toca ao vinho achei mais interessante que os Leda 2000 ou 1999. Sinceramente achei este mais equilibrado em aromas e mais conquistador na boca e no nariz... é tudo uma questão de gostos.

Quinta da Leda 2004 ou talvez não... Este vinho ainda não se sabe o que vai ser, talvez um Leda Especial com muito poucas garrafas, será que a moda Espanhola dos vinhos de Pago vai pegar por cá ?? Nariz ainda muito forte com muita fruta e barrica, boca explosiva, ainda muito álcool, tudo muito em bruto...ficamos à espera.

Passando para uma prova em que se tentou fazer a ligação dos Colheita Tardia com os Chocolates, deu para notar diferenças conforme as concentrações de Cacau... Fantástico.

Quinta da Pellada: Aroma um pouco sumido, que aparece com o tempo, mas fora do normal nestes vinhos, mais floral... gostei mas não é de perder a cabeça, caiu muito bem em prova com os chocolates. Branco e Leite
Casa de Santar - Outono de Santar 2001 - O que mais apreciei, na boca e nariz é muito mais exuberante que o Quinta da Pellada... caiu lindamente com os chocolates. Preto 76% , Leite e Trufas de Chocolate.

Vinho do Porto: Está tudo em força bruta, mas deu para entender que vamos ter vintages muito sérios, palavra dos produtores...
Pintas Vintage 2003 - segundo melhor
Alves Sousa Vintage 2003 - foi o que mais gostei apesar de amostra
Poças Vintage 2003 -terceiro melhor

01 julho 2005

Um Copo de 3 com o Rui Miguel do Núcleo Duro

Desta vez, fomos tomar um Copo de 3 com o Sr Rui Miguel Moreira Massa que é a cara mais visível do grupo de prova Núcleo Duro, com 34 anos, Professor de matemática vive oficialmente em Alcochete mas com raizes bem fundas no Dão.

-Copo de 3: Como entraste no mundo do vinho? E o gosto pela prova quando foi?
-Rui Miguel: Acho que já nasci nele. Tenho raízes profundas no Dão e no Douro. A cultura do vinho esteve sempre presente. Vivi e lembro-me das vindimas, do cheiro das adegas dos avós, das cores, dos cheiros. Sinto às vezes muitas saudades desses tempos.

-Copo de 3: Já alguma vez bebeste um copo de 3 ?
-Rui Miguel: Nos meus tempos de Universidade, era uma constante beber um copo de 3, branquinho e fresquinho, acompanhado por uma chouriça assada, uma entremeada…Velhos tempos!

-Copo de 3: O que te levou a formar o grupo de prova Núcleo Duro ?
-Rui Miguel: Dificuldade em aprender, em partilhar com alguém. Dividir custos na aquisição de vinhos mais caros e difíceis de encontrar. Partilhar opiniões, perguntar, ouvir. Aliás, o nosso grupo, não é bem um verdadeiro grupo de prova. Eu e o Jorge, temos a politica de convidar outros enófilos para participar nas nossas provas, sendo que os temas são na maioria das vezes escolhidos por nós !

-Copo de 3: Como te vez mais Critico ou Provador/Apreciador ?
-Rui Miguel: Critico? Nada disso, aliás seria muita presunção da minha parte sentir-me como tal. Sou, sem dúvida um apreciador que tenta perceber um pouco mais destas coisas. Com um caminho longo pela frente.

-Copo de 3: É melhor provar sozinho ou em grupo?
-Rui Miguel: Depende dos momentos, sou sincero. Depende das pessoas que estiverem ao pé de mim. Como tudo na vida, temos que estar identificados com alguém. É que às vezes vale mais só do que mal acompanhado…

-Copo de 3: Que opinião tens dos críticos nacionais ? E estrangeiros ? Identificas-te com algum ? Porquê ?
-Rui Miguel: Dos estrangeiros não conheço nenhum. Nos nacionais durante muito tempo segui o trajecto do José António Salvador. Sei que é um outsider, não é muito bem visto. Se calhar por essa razão é que também ninguém me leva a sério…ehehe. De resto olho para eles todos como indivíduos que andam longe da realidade. Muito longe mesmo…

-Copo de 3: Achas a crítica de vinhos isenta e imparcial ? Porquê ?
-Rui Miguel: Só posso pensar que é imparcial, de outro modo seria muito mau para todos os consumidores que assim não fosse. Isto lembra-me as histórias do futebol. Contam-se umas coisas, mas certezas, ninguém tem. Vocês sabem o que eu digo!

-Copo de 3: Que vinho escolhias para beber agora ?
-Rui Miguel: Moscatel 1971, nem pensava em mais nada…

-Copo de 3: Com que tipo de vinho te identificas mais ?
-Rui Miguel: É difícil de dizer. Assim sem mais nada diria: Um vinho elegante! Mas por diversas vezes preferi um vinho mais robusto.

-Copo de 3: Existe o vinho perfeito ?
-Rui Miguel: Hum! Como diz o produtor Álvaro Castro, quando um dia fizer um vinho perfeito não o vendo. Sinceramente, não sei. Mas deve ser o objectivo de todos os enólogos. Chegar à perfeição…

-Copo de 3: O nosso é que é bom ou lá fora também há bom vinho?
-Rui Miguel: Olha não sei responder a essa questão, pois não sou um conhecedor dos vinhos estrangeiros. Bebi poucas coisas, alguns australianos, austríacos, alemães, mas não dá para ter uma visão global, por essa razão não posso ter uma opinião avalizada! Eu nem os “portugas” conheço todos…quanto mais os de fora. Além do mais a carteira não dá para tudo, não é? Pelo o que tenho lido, dá-me a ideia que lá fora existe maior consistência nas colheitas.

-Copo de 3: Achas que o vinho está a ficar todo igual ? O que fazer para mudar ?
-Rui Miguel: Todo igual, parece que descobriram uma receita e agora é só aplicar! Seria interessante que os produtores arriscassem mais um pouco no caminho da diferença, pois os consumidores ganhariam mais!

-Copo de 3: O vinho está caro ?
-Rui Miguel: Caro é favor! Cada vez mais é difícil encontrar um vinho bom ou muito bom a preços aceitáveis. Parece que é factor fundamental o vinho ser caro para ser bom. Às vezes acho que existe muito snobismo! Não existe justificação possível.

-Copo de 3: Enólogo que mais gostas?
-Rui Miguel: Assim, a frio, sem pensar muito, talvez o Magalhães Coelho, por ter contribuído para a melhoria dos Vinhos do Dão nos últimos anos. Foi uma grande perda para a região o desaparecimento dele.

-Copo de 3: Melhor e pior vinho provado ?
-Rui Miguel: Hum, vou ser expulso deste mundo, mas foi um Pêra Manca 98, um Batuta 99, os piores vinhos que provei. Principalmente porque os bebi em prova cega e pelo preço estupidamente elevado que têm, não correspondendo às minhas expectativas! Não tem justificação possível. Assumo, no entanto, que a minha inexperiência possa ser a razão dessa má apreciação. O melhor, hum…Talvez o Alambre 20 anos! Talvez…

-Copo de 3: Qual a garrafa mais cara que compraste ?
-Rui Miguel: Um Charme.

-Copo de 3: Quantas garrafas tens em casa ?
-Rui Miguel: A minha garrafeira, se é que posso dizer isso, é constituída por 40 a 50 garrafas. Principalmente são de gama média! Sabes que num apartamento, não existem grandes condições de armazenamento.

-Copo de 3: Que castas escolhias para fazer um vinho, que região e que nome lhe davas ?
-Rui Miguel: Epá não sei. No início disto, se calhar fazia um “mixit” entre o Dão e o Douro. Agora se calhar punha um pouco de cada região portuguesa e chamava-lhe Plenitude! Existe por este país fora um número grande castas muito interessantes.

-Copo de 3: Como vês as Regiões de Portugal uma a uma?
-Rui Miguel: Minho, a frescura,
Douro o Top,
Alentejo a consistência,
Dão um mistério e uma paixão,
Estremadura, Ribatejo bons na relação preço qualidade,
Terras do Sado poderá tornar-se numa estrela,
Bairrada só para homens de barba rija.
Algarve é para férias,
Madeira gostava de visitar,
Açores fica lá muito longe.
Mais a sério, pessoalmente não consigo dizer que esta ou aquela é a melhor, acho mesmo que é muito errado termos essa postura. Agora preocupo-me mais com os produtores do que com as regiões.

-Copo de 3: Um conselho para alguém que agora entra neste mundo...
-Rui Miguel: Começar por baixo, pelo mais simples, desligar-se de todos os preconceitos, assumir que tem um longo caminho para fazer, perguntar, pois neste mundo todas as opiniões são válidas, dada a grande subjectividade que existe!

-Copo de 3: Foi um prazer...
-Rui Miguel: Igualmente.

PROVA Companhia das Lezirias Fernao Pires 2004

Depois da surpresa que foi para mim o 2003, é altura de provar o 2004. Estágio em INOX, mostrou-se da seguinte forma:

Cor: Leve côr citrina.

Nariz: Mostrou-se com grande impacto de aromas florais, erva fresca, fruta (banana, abacaxi, lima), mineral, e uma ponta de mel. Vinho com uma acidez bem presente, de aromas muito frescos.

Boca: Na boca tem uma entrada muito fresca, com uma acidez que faz com que seja um vinho bem colocado no palato, tem os toques de fruta e flores que encontramos na boca, juntamente com um toque mineral com uma ligeira ponta de mel no final que a juntar à acidez deixa um final de boca muito agradável.

Observação: Vinho que agradou bastante com uma relação preço/qualidade muito boa, cerca de 3 €, o que faz um bom companheiro para este Verão.

16

NOVO ESPAÇO ABERTO... APAIXONADOS DO VINHO

A paixão que move estes homens e mulheres pelo vinho é enorme...
Presentes em mais que um evento, em mais que uma prova, frequentadores das mais famosas garrafeiras de Portugal e quem sabe do estrangeiro, nas suas garrafeiras dormem os melhores vinhos feitos por Portugal e mais além, alguns até com sites sobre o tema, com grupos de prova mais ou menos famosos, gente que aparece nos jornais, pessoas diferentes mas unidas por um gosto comum, O VINHO.
São estes apaixonados do vinho que agora vêm tomar um Copo de 3 e responder a algumas perguntas, fiquem atentos porque esta gente sabe do que fala... e andam por aí.

O primeiro convidado do Copo de 3 é o Sr Pedro Brandão natural da Cova da Piedade-Almada, 32 anos e trabalha em Telecomunicações Móveis.
Falar nele é o mesmo que falar no Clube Óptimus Vinhos ( COV ), sugiro uma atenta leitura do seu site, colocado nos links do Blog.
Reunidos na boa de uma esplanada, a conversa ditou o seguinte:

-Copo de 3: Então pronto para umas perguntas ?
-Pedro Brandão : Vamos a isso...

-Copo de 3: Como entraste no mundo do vinho? E o gosto pela prova quando foi ?
-Pedro Brandão: Desde cedo que o meu Pai me incutiu o gosto, o respeito e a moderação nas apreciações do vinho. Foi ele quem me foi incitando a provar com atenção à refeição os vinhos que ia tendo. Era incentivada a atenção e apreciaçãodos aromas (bouquet era o termo usado) e dos sabores. Lembro-me de ser um miudo de 12 ou 13 anos e já poder provar um pouco a cada refeição. Sempre fui levando essa lição comigo, e sempre fui gostando de ler umas coisas. Entretanto, a vida vai dando passos largos e escolhem-se caminhos a cada um. Por conversa com alguns amigos, acabámos por ir descobrindo que tínhamos situações semelhantes, em que sentíamos o mesmo gosto, mas nunca tínhamos dado mais atenção ao passatempo das provas. Por altura de 2003 decidimos fazer um grupo para fazer compras de vinhos para as nossas casas todos os finais de mês, e ir trocando mails entre nós onde tentávamos descrever a prova dos vinhos que vamos abrindo, para servir de conselho uns para os outros.

-Copo de 3: Já alguma vez bebeste um copo de 3 ?
-Pedro Brandão: Já, copo de 3 e copinho de "branco velho" como lhe chamávamos quando eramos mais jovens e íamos ali às tascas da Cova da Piedade e Cacilhas. Ou quando fazíamos esse caminho a pé, passando por Almada e parando em cada porta para virar mais um...

-Copo de 3: O que te levou a formar o teu grupo de prova ??
-Pedro Brandão: Depois de começarmos nas trocas de mails sobre os vinhos que íamos bebendo,começámos a lêr também mais coisas, e acabámos por encontrar o site d'Os5as8,um grupo de prova já formado e com actividades engraçadas, que na altura considerei um projecto super interessante. Eram pessoal que curtia o vinho e se disponibilizava para ajudar e aconselhar quem precisasse. Via ali um grupo depessoas que vivia o vinho como consumidores atentos e cheios de garra para fazer provas e dizer de sua justiça, comentar preços e os "organismos oficiais" (os críticos dos vinhos). E foi nessa onda que acabámos por pegar em nós os 4 e aprendemos a fazer as provas cegas. Foi das coisas mais didácticas que poderia haver neste gosto que temos. Começamos primeiro por nos juntar à mesa e com umc opo cada, ir provando um a seguir ao outro, depois arranjámos mais copos e provávamos com os vinhos todos ao lado uns dos outros, etc. Lemos muito,perguntamos muito, aprendemos muito. E não demos o primeiro passo ainda.

- Copo de 3: Como te vez mais, Critico ou Provador ?
-Pedro Brandão: Apreciador. Cada vez mais como apreciador. Nunca como crítico. Acho que o crítico tem uma tarefa pesada em cima dos ombros: prova por obrigação e trabalho (mesmo que tenha gosto pelo que faz, claro), tem de se abstrair dos seus gostos pessoais para classificar os vinhos numa escala qualitativa, tem a complexa missão dedizer que um vinho é mau, médio, bom, muito bom...No meu caso, provo pelo puro prazer da prova, daqueles momentos em que nos libertamos de tudo, falamos com os copos, fechamos os olhos e abrimos o espírito e os sentidos. Só escrevo sobre o que provo porque sempre gostei deescrever sobre o que vivo. É quase como um diário, mas aberto a todos na Internet. E tenho sempre o cuidado de nunca dizer "Este vinho é muito bom" ou "Este vinho é mau", porque não tenho ambições nem pretensões de ser crítico e ter de classificar os vinhos numa escala de qualidade. As minhas ambições são de partilhar com quem quiser, ler todas as sensações que vou recolhendo. Acho que a grafia é um suporte que pode ser eterno, talvez o mais parecido com as nossas memórias. Gostava também de ter parte mais activa na divulgação dos vinhos e das provas que faço, ou seja, gostava que houvesse mais partilha das experiências que cada um vai tendo. Falta um elo de ligação, que faça a ponte entre o consumidor geral e a classe crítica. Não há meio-termo. Não há um espaço para que se fale abertamente dos vinhos, em que se diga sem complexos "Gostei, não gostei", ou em que se prove vinhos para os enquadrar numa escala de apreciadores. Acho que este meio termo faz muita falta, há muito consumidor que por exemplo, nunca viu notas de prova de vinhos que compra, como o Duque de Viseu, o Periquita, o Convento da Vila. Alguém que se cole mais aos segmentos Premium e Super Premium do Porter (- de 10€ e de 10€ a 15€), e que fale muito dos abaixo dos 5€ também. Que use uma linguagem acessível e desmistificadora, no entanto, completa e esclarecedora, e que permita que quem lê se identifique com quem escreve.

- Copo de 3: É melhor provar sozinho ou em grupo ?
-Pedro Brandão: É bom provar ponto final. Mas em grupo é bem melhor. Sozinho e sem ninguém com quem conversar acaba por ser um acto egoísta. Dizer "É pá, gostei mesmo deste vinho!" mas não poder compartilhar é egoísta. Ou dizer "Eu não percebo nada disto, mas não gostei nada..." e não ter quem nos apoie ou contradiga é mau. Em grupo, sempre que der, e com gente faladora e interessada (não interesseira, hein?)

- Copo de 3: Que opinião tens dos críticos nacionais ? E estrangeiros ? Identificas-te com algum ? Porquê ?
-Pedro Brandão: Estrangeiros não conheço nada porque nunca li nada. Nacionais não posso dizer que me identifico com algum. Posso dizer que gosto mais da escrita e do método de prova de um João Afonso. No entanto, e como já referi antes, acho-os a todos muito distantes do consumidor. Tanto a nível do tipo da linguagem utilizada (com muitos termos assustadores para o apreciador mais normal), como da complexidade da mesma. Dificilmente um consumidor quererá provar um vinho do qual tenha lido algo quase incompreensível, ou com uns descritivos tais e em tal número que dizem "Foge, eu nunca vou conseguir encontrar tanta coisa num vinho, que antes de tudo, me cheira a vinho."

- Copo de 3: Achas a crítica de vinhos isenta e imparcial ? Porquê ?
-Pedro Brandão: Em primeiro lugar acho que a crítica prova aquilo que os produtores mandam para provar. Logo não pode haver alguma manipulação à partida. Depois, como em tudo, é um mundo que movimenta muitas coisas, muito dinheiro, muitas influências. No entanto, confio na isenção de quem prova. Não conheço o suficiente para fazer qualquer julgamento, e considero que todos são inocentes até prova em contrário. Mas sentir-me ia muito mais confiante se a crítica provasse garrafas distribuídas na normal cadeia de revenda. E não era complicado! Bastava que os produtores "subsidiassem" as notas de prova, com valores que permitiriam a compra dos seus vinhos em qualquer ponto do país. Gastavam o mesmo que gastam oferecendo as garrafas. Ou então que houvesse um "protocolo" entre a crítica e a distribuição ou garrafeiras, e que trocassem as garrafas que os produtores mandam. Soluções haverá de certeza, estas são 2 possibilidades...

-Copo de 3: Que vinho escolhias para beber agora ?
-Pedro Brandão: Antes de mais bebia água que de tanto falar fiquei com sede. Não há nada melhor que água, logo a seguir ao vinho.... Depois, e como diria um ilustre compadre, não queria armar-me em Pintas e começar a levantar Poeira. Podia gerar para aí uma Chryse e pensarem que eu ponho alguns vinhos dentro de uma Redoma. Sigo assim a minha própria Batuta do pensar livre e opto por uma Vertente do Meandro mais veraneante desta altura do ano. Escolhia um rosé, é o ideal para estar à conversa assim na esplanada a apanhar ar fresco. Bebia o Peceguina, mas gostava que trouxesses o Redoma rosé e o Pellada também, porque sei que ias arranjar baratinho...

- Copo de 3: Com que tipo de vinho te identificas mais ?
-Pedro Brandão: Nenhum. Sou completamente democrático, provo de tudo e de todos. Tenho muito prazer com brancos, tintos, generosos, espumantes, etc. Cada um tem os seus encantos e ocasiões.

-Copo de 3: Existe o vinho perfeito ?
-Pedro Brandão: Se a perfeição existir em alguma coisa, é no sorriso de uma criança e no seu carinho dado sem esperar qualquer retorno. Isso sim, é pureza e perfeição.Tudo o resto tem defeitos, maiores ou menores...

- Copo de 3: O nosso é que é bom ou lá fora também há bom vinho ?
-Pedro Brandão: O nosso pode ser muito bom. Sempre que se quiser. E em tudo. É preciso acreditar, e trabalhar. lá fora conheço pouco, alguns Australianos e pouco mais. Gostava de conhecer melhor vinho de Francês, mas acho que é muito complicado começar e ainda para mais, em arranjar por cá.

-Copo de 3: Achas que o vinho está a ficar todo igual ? O que fazer para mudar ?
-Pedro Brandão: Não, acho é que cada vez há mais produtores a apostar num estilo mais directo, de consumo mais fácil e rápido. Eles têm de vender, certo? Hoje em dia é fácil encontrar mais vinhos com o tal perfil internacional (que ainda não tenho a certeza se o sei identificar). Para isso terão de haver alguma homogeneização dos vinhos, mas por cá, com o património que temos de castas (variantes de uvas), podemos viver bem sem nunca cair na monotonia.

-Copo de 3: O vinho está caro ?
-Pedro Brandão: Está, sem dúvida. Sofre-se do complexo de que se sair um vinho, mas abaixo dos 15€ sería sempre um vinho mediano. É uma das barreiras a deitar abaixo. Acho que se devia de acreditar mais no que diz o relatório Porter...

-Copo de 3: Enólogo que mais gostas ?
-Pedro Brandão: Pergunta difícil, mas direi o Jaime Quendera. Por todo o trabalho que tem feito na Península de Setúbal, uma região que muito prezo, por ser o mago do Castelão, uma casta que muito prezo, e por ser um enólogo que me parece que privilegia a relação qualidade-preço, uma característica que muito prezo.

- Copo de 3: Melhor e pior vinho provado ?
-Pedro Brandão: Por motivos que já expliquei antes, não respondo a essa pergunta. Agora se me perguntares qual o vinho que mais gostei e menos gostei posso dizer. O que menos gostei até hoje foi um espumante, o Lancers Bruto. Depois um Chardonnay (Companhia das Vinhas de S. Domingos) e um DFJ Tinta Roriz e Merlot. O que mais gostei até hoje, nos tintos, foi o Leo d'Honor 99, o Quinta dos Quatro Ventos Reserva 2001, o Pape 2002. Nos generosos, o Moscatel Alambre 20 anos, o Bastardinho de Azeitão e um impressionante Kracher nº2 Muskat Ottonel Trockenbeeren Ausleseaustríaco.

- Copo de 3: Qual a garrafa mais cara que compraste ?
-Pedro Brandão: Marquês de Borba Reserva 2000 para o meu aniversário.

- Copo de 3: Quantas garrafas tens em casa ?
-Pedro Brandão: Se não contar com a Água do Luso, tenho cento e poucas.

- Copo de 3: Que castas escolhias para fazer um vinho, que região e que nome lhe davas ?
-Pedro Brandão: Castelão de vinhas velhas do Sado, Touriga Nacional do Dão, Tinta Roriz (Aragonês) do Alentejo e Douro, tudo em partes iguais. Ficaria Vinho de Mesa, sem direito a região, seria um Vinho Portugal. Chamava-lhe Mescla.

- Copo de 3: Como vês as Regiões de Portugal ?
-Pedro Brandão: Trás-os-Montes: uma pérola no meio do oceano Douro: caro, muito bons vinhos, caro, diversidade, caro, personalidade.
Minho: pátria dos Verdes, e de brancos muito surpreendentes.
Dão: a evolução positiva, vinhos de guarda e que exponencial com a idade.
Beiras: uma outra pérola, que falta polir, mas que dará uma bela jóia.
Bairrada: a mal amada, mãe da Baga, que quer muito carinho, cuidado e tempo para dar grandes momentos de prazer.
Estremadura: potencial, boa relação qualidade/preço.
Ribatejo: concorrente da Estremadura, vai um passo à frente.
Terras do Sado: incompreendida, tem Castelão capaz do melhor e do pior, tem Moscatel inesquecível, tem a Arrábida capaz de dar vinhos com muita personalidade.
Alentejo: vinhos conquistadores, cada vez mais parecidos com os Douros (estão mais caros hehe ).
Algarve: não vejo...
Madeira: uma desconhecida para mim.
Açores: uma curiosidade que pouco tem agradado.
Não falta nada pois não ?

-Copo de 3: Um conselho para alguém que agora entra neste mundo...
-Pedro Brandão: Vão ao Fórum do COV em http://cov.myfreebb.com. Queremos que seja o melhor sítio para começar e depois partir para voos mais altos. Provem muito em variedade, de preferência com companhia para conversar sobre o tema. Não comecem por coisa muito cara, eduquem primeiro o nariz, a boca e a mente, edepois comecem a subir de nível.

-Copo de 3: Foi um prazer meu caro amigo...
-Pedro Brandão: Foi todo meu!
 
Powered By Blogger Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.