Copo de 3: Descubra as diferenças...

01 março 2006

Descubra as diferenças...

Esta semana comprei o guia de vinhos, lançado pela revista Evasões, com o título "200 Vinhos para 2006", da autoria de Aníbal Coutinho.

Está mais amplo nas escolhas, com mais vinhos escolhidos e separados pelas respectivas zonas, com uma breve introdução onde o provador diz que todo o vinho foi provado em prova cega e com destaque para as novidades que ainda vão ser lançadas durante este ano, o que é sempre ponto de interesse.

Tudo muito bem, até ao momento em que tive a sensação de déjà vu ao ler uma nota de prova. Achei estranho e segui a minha leitura quando noutra nota de prova tive novamente a mesma sensação. Fui ler o guia "101 Vinhos Portugueses para 2005", do mesmo autor, e foi então que me deparei com a situação de que a grande maioria dos vinhos que marcam presença no Guia 2006 têm as suas notas de prova ou iguais ou baseadas na nota de prova do ano passado, mudando em algum caso apenas um aroma (por exemplo em vez de aroma mineral aparece grafite). Claro está que me refiro a vinhos de diferentes anos.

Para uma prova de vinhos dita cega, mas com notas finais iguais para vinhos apesar da mesma marca mas com anos diferentes dá muito que pensar.
Como é possível escrever uma nota de prova de um vinho de 2002, no "101 Vinhos Portugueses para 2005" e exactamente a mesma nota para um vinho de 2003, no "200 Vinhos para 2006". Parece-me que um vinho do mesmo produtor, do ano 2002, dificilmente vai ser igual a um de 2003, falando claro de vinhos topos de gama, ricos em complexidade aromática, e em que tudo o que envolve a sua produção (clima, ligeira variação dos lotes, qualidade da uva...) varia de ano para ano, apesar do perfil de um vinho se manter.


Posso pensar que se tratou de uma lamentável erro, mas quando este se vai repetindo uma e outra vez , cada vez mais tenho dificuldade em aceitá-lo.
Mais uma questão que se levanta é com a semelhança da capa do guia deste ano com as capas do Guia de Vinhos da Revista dos Vinhos... a criatividade deixou muito a desejar.

A questão que ponho é esta: Até que ponto é correcto esta situação aqui relatada ?

Quem souber que me responda, até lá vou tentando descobrir as diferenças...
Adenda 1: No dia de hoje fui confrontado com a nota de prova do PAPE 2004 colocada no site Winept em que se pode ler:
"Ao terceiro Pape, uma substancial mudança de perfil! Que não podíamos deixar passar em claro, mais de 2 anos após termos apadrinhado o nascimento do rótulo (ver Selecção de Novembro 2003). Se bem se lembram, o "cruzamento" de uvas na origem do nome resultava da associação de um vinhedo arrendado por Álvaro Castro, da Casa Passarela (PA), com um talhão específico da Quinta da Pellada (PE). Pois bem, a proveniência da fruta é a mesma, mas daí para cá, desde o Pape 2002, muito mudou.
Primeiro, o produtor acabou por adquirir a vinha arrendada, no total uma propriedade com cerca de 20 hectares. O que aumentou substancialmente o peso desse vinhedo no conjunto e, por tabela, o leque de opções à disposição de Álvaro Castro. Se a isto juntarmos a evolução do produtor, e o inconformismo que o caracteriza, percebe-se que mantenha o carácter experimental do Pape. Aprofundando as pistas que o levaram à Passarela e que conduzem, no fundo, ao passado do próprio Dão. Ou seja, neste Pape, para emparceirar com a sua já famosa Touriga Nacional, Álvaro Castro substituiu uma casta "macia" como a Tinta Roriz por outra bastante mais "dura" como a... Baga! Tudo o resto mantem-se, da vindima manual às madeiras utilizadas para estágio, que, a exemplo das colheitas anteriores, foi de 12 meses em cascos François Frère e Vicard.
O resultado vai de encontro ao que os antigos diziam em relação às regiões do Dão e da Bairrada: um completa a outra. O todo supera cada uma das partes, Baga ou Touriga, tomadas em separado. Vai também de encontro à natureza do rótulo que nasceu como um vinho ao gosto do produtor e que ele próprio nunca acreditou que pudesse vingar comercialmente. Lembramos este aspecto porque a Baga confere ao Pape um carácter ainda mais masculino, duro, quase rústico. Quanto a nós, com grande potencial de envelhecimento. Mas falta saber se o consumidor, se o mercado saberá esperar por mais um vinho de guarda ou... será apenas outro vinho para homens de barba rija."
Segundo o que aqui se pode lêr, o PAPE 2004 muda de perfil mesmo com uma mudança de lote, ora como é possível que um vinho mude de lote de um ano para o outro e a nota de prova ainda por cima cega se mantenha ?

15 comentários:

Anónimo disse...

É um insulto bem à portuguesa. Conquista-se algum crédito, depois fica-se a viver de juros..., e da fama.
A ser verdade, espero mesmo que esse senhor seja exposto, seja obrigado a justificar o injustificável, e que se penitencie pela grave ofensa ao consumidor e - mais grave ainda - aos produtores. Até imagino que seja crime, mas os xerifes não andam virados para essas infracções.

Anónimo disse...

Ainda não tinha reparado, não fosse ler aqui no Copo de 3 e tinha passado ao lado... estive a confirmar e com o que aqui fui confrontado não é para todos... credibilidade onde andas tu ?

Paulo Pacheco disse...

muito bem observado!!!
Bravo

João de Carvalho disse...

Penso que no texto do Sr Filipe Sousa, quando diz João Portugal Ramos queria dizer João Paulo Martins...

Pois apesar de tudo o vinho pode manter o mesmo perfil, seguir a mesma linha da marca... mas não impede que tenha ligeiras diferenças ano após ano... ora anos como 2002, 2003 ou 2004 são anos com diferenças substanciais na qualidade da uva e consequentemente na qualidade do vinho.
O facto de se provar um vinho em prova cega e escrever tudo igual a um vinho de ano anterior é muito estranho e não apenas um erro.

NOG disse...

Na senda do comentário anterior:

Basta pensar na chuva de 2002 e no calor de 2003 para compreender que não existem coincidências!

Anónimo disse...

Ain~da não tinha reparado nestes "promenores". E eu que estava a gostar tanto do guia....

Anónimo disse...

Chamo-me Anibal Coutinho e sou o autor do Guia Copo & Alma. Este ano, ao contrário do ano passado, optei por seleccionar os vinhos em prova cega. Fiz 14 sessoes de prova, sempre servidas pelos técnicos da CVR Dão e, muitas delas acompanhadas por enólogos e enófilos, que também provaram as amostras codificadas. Cada sessão incluiu, em média, 40 vinhos, servidos em séries de dez, com intervalo de dez minutos. A duração média de cada sessão foi de duas horas e meia. Quer dizer que, tal como acontece em qualquer concurso internacional, o provador dedica, em média, três minutos para avaliar um vinho, pontua-lo e, no meu caso, retirar os descritores visuais, aromaticos e gustativos essenciais. A descrição em nota de prova mais extensa só ocorre a posteriori, após o conhecimento dos vinhos seleccionados. Em todos os vinhos cujas colheitas anteriores se encontravam no guia de 2005 (com notas de prova elaboradas numa data similar de envelhecimento do vinho) segui a nota de prova já elaborada, fazendo os necessarios ajustes em função dos descritores apontados na ficha de prova da mais recente prova cega. Se a nota de prova anterior já os incluia, não vi nenhum motivo para mudar a descrição do vinho. Fica este apontamento metodológico como contributo para uma tertúlia mais esclarecida.

Anónimo disse...

Caro Aníbal Coutinho, deixe-me dizer que é sempre louvável vir a público esclarecer os leitores, os enófilos.
De qualquer modo, devo-lhe dizer que a situação que descreve pode ser causadora de alguma confusão entre os mais inexperientes e em certa medida pouco esclarecedora.
O vinho é uma caixinha de surpresas!

Rui Miguel

Anónimo disse...

Tudo bem Sr. Eng. Anibal Coutinho, mas terá de compreender que quem compra, como eu, os dois guias, ficará um pouco perplexo ao ler notas de provas iguais para vinhos diferentes. Não ponho em dúvida que tenha tentado fazer um trabalho sério e honesto, mas a verdade é que me senti enganado e o seu apontamento metodológico como contributo para uma tertúlia mais esclarecida, infelizmente não me esclareceu.
Claro que continuo a aguardar as suas publicações.

E será que esta situação só cria confusão aos mais inexperientes, dr. Rui Miguel? Olhe que não.

Anónimo disse...

Caro Carlos Carvalho, obrigado pelo Dr.
Há muito que não me tratavam desse modo.

PAULO SOUSA disse...

Muito bem,vamos acabar com os impostores no mundo do vinho...

Anónimo disse...

Bem amigos... depois da adenda do copod3...
só há um comentário...
LOLOLOL
não gozem com o consumidor!
às tantas ainda vêm dizer que a baga é parecida com tinta roriz!
assumam os erros, não se desculpem

Anónimo disse...

copo de 3 parabéns.
o estilo é conhecido e louvável.
ainda estás off do às8? deixa lá que tu és um contributor.
Quanto ao Anibal Coutinho, ele é um profissional dedicado. Não se confunda (não querendo tirar mérito algum a outros porfissionais) com josnalistas, críticos, escnsões ou enólogos, este senhor é investigador.Apareceu aqui com uma justificação coerente do ponto de vista técnico.
Parabéns anibal e copo3

Anónimo disse...

É UM DUELO DE TITÃS!!!!!!!!

Anónimo disse...

nem pape nem papas essa coisa de vinhos e virem ca a terrinha comprovar e outra coisa os senhores da propaganda so anunciam coisa boa,,,,a quem lhes pagar mais anda ai muito pape espanhol

 
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