Copo de 3: outubro 2007

28 outubro 2007

Quinta de Saes Reserva 2005

Uma referência obrigatória nos vinhos do Dão, é sem dúvida a Quinta da Pellada, onde brilha com grande mérito Álvaro de Castro. Num patamar de diferente qualidade temos do mesmo produtor os vinhos Quinta de Saes, também eles provenientes do Dão, mas propriamente de Pinhanços.

Quinta de Saes Reserva branco 2005
12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de rebordo esverdeado
Nariz com aroma de média intensidade, fruta fresca (citrinos, tropical) com vegetal presente (herbáceo), mostra um fundo mineral com sensação de fumo.
Boca de entrada fresca e mediana estrutura, ressalta a boa acidez que dá boa frescura ao vinho durante toda a passagem de boca. A fruta marca presença com ligeiro toque mineral em fundo. Arredondamento ligeiro, muito equilibrado e a dar uma prova bem estruturada.

Um branco do Dão a mostrar-se muito acertado e bem feito, se bem que pode evoluir um pouco em garrafa é vinho que ganha claramente se bebido assim que seja colocado à venda. O Reserva 2006 já se encontra no mercado.
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27 outubro 2007

Quinta de Saes Rosé 2005

No seguimento da prova do Quinta de Saes Reserva Branco 2005 temos desta vez em prova o Quinta de Saes Rosé da colheita de 2005

Quinta de Saes Rosé da colheita de 2005
12,5% Vol.

Tonalidade rosa salmão.
Nariz de fraca intensidade, fruta vermelha diluida em brisa floral, sente-se um leve adocicado no fundo com toque de vegetal seco.
Boca com entrada suave, fino, floral e fruta presente em sintonia, redondo e de parca frescura na boca. Curto em complexidade e presença de boca.

Um vinho delgado e de poucos atributos, mostrando-se franzino. Na boca lembra um fantasma, pois dizem que está presente mas não se dá por ele, mas não assusta nem alegra.
13,5

26 outubro 2007

Gato Negro Chardonnay 2006

Vem do Chile este Gato Negro, um vinho que pelo nome sugestivo podia ser inserido na época do Halloween.
A adega foi fundada em 1865 pelos irmãos Correa Albano, sendo a Viña San Pedro a segunda maior exportadora de vinho do Chile, com base sediada no Valle de Curicó. Em prova dois vinhos deste produtor, um Chardonnay e um Merlot.

Gato Negro Chardonnay 2006
Castas: 100% Chardonnay - 13% Vol.

Tonalidade amarelo pálido de rebordo esverdeado e baixa concentração.
Nariz a revelar aroma jovem e frutado, com média intensidade a dar destaque a banana madura, citrino e leve ananás. Dá a sensação de ligeira untuosidade mas nada mais que isto, vegetal em fundo, tudo muito directo e de parca complexidade.
Boca com entrada de estrutura algo simples, fruta presente com toque vegetal, acidez a dar toque de ligeira frescura. O álcool parece querer saltar do copo, num conjunto modesto e com uma presença de boca algo modesta.

Um vinho que custou cerca de 3,50€ muito correcto, talvez até demais, mas deixou algo a desejar. Por este preço temos vinhos em Portugal que dão bastante mais prazer. Um vinho que cumpre o que se pede se o objectivo não for muito alto, e como o Halloween está próximo a nota fica-lhe associada.
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25 outubro 2007

Gato Negro Merlot 2006

É o segundo vinho provado da gama Gato Negro do produtor Chileno, Viña San Pedro.

Gato Negro Merlot 2006
Castas: 90% Merlot e 10% Cabernet Sauvignon - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz com aroma dominado por vegetal (rama) com sensação de fumo, a fruta vermelha (morango e amora) anda meio perdida no segundo plano com um toque apimentado, chocolate preto, café e alguma compota.
Boca com estrutura fina, presença vegetal ao lado de fruta, toque especiado de baixa complexidade. Um conjunto que se mostra fácil e sem grandes pretensões, para consumo diário com alguma qualidade.

É mais um vinho deste produtor que se mostrou abaixo do que se poderia esperar, não agradando não deixa por isso de ser um vinho bem feito e do qual se vendem anualmente milhões de garrafas. Não desmerece mas também não convence de todo, podendo-se afirmar que se vir um Gato Negro não fuja mas também não morra de amores.
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19 outubro 2007

Baltasar Gracian Garnacha Vinas Viejas 2003

Foi no ano de 1962 que se fundaram as Bodegas San Alejandro en Miedes, município situado a 96km de Zaragoza, sendo englobados na comarca de Calatayud.
Contando com mais de 300 associados, são aproximadamente 1.100 hectares de vinha, variando entre os 750 e 900 metros de altitude, onde castas como Garnacha, Tempranillo, Macabeo, Merlot, Syrah e Cabernet marcam presença.
A salientar que um 85% da produção é para exportação, onde o nome que mais brilha nos produtos desta Cooperativa, é sem dúvida o vinho que foi baptizado com o nome de um famoso escritor oriundo da região no séc XVII: Baltasar Gracián.
Neste caso temos um varietal Garnacha de vinhas velhas, vinhas estas com mais de 75 anos situadas a 900 metros de altitude.

Baltasar Gracian Garnacha Vinas Viejas 2003
Castas: 100% Garnacha - Estágio: 10 meses barrica - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média/alta concentração

Nariz a mostrar uma complexidade média, bem estruturado com notas de fruta (frutos do bosque) bem madura, alguma frescura com ligeira compota a acompanhar. É com algum tempo que o toque floral aparece, completando com algum requinte o conjunto que já de si mostra qualidade. O envolvimento com a madeira parece ser sóbrio e elegante, sem exageros ou exaltações, bem integradas as notas de chocolate de leite, especiarias (pimenta negra e rosa), caramelo e ligeira baunilha. Num segundo plano mostra a faceta floral com violetas e um fundo de ligeira sensação mineral.

Boca com boa entrada, equilibrado e de corpo médio, com a fruta a marcar presença de início, frescura presente com toque de caramelo, compota, especiado e vegetal seco no final. Bem delineado, arredondamento sentido com taninos bem interligados, madeira mais uma vez a mostrar-se em sintonia com a fruta. Num todo muito apelativo e que apetece beber, final de boca de média persistência.

Nitidamente uns furos abaixo do 2001, mas mesmo assim não deixa de ser um belo Garnacha.
O preço ronda o escandaloso 5,75€ remetendo para uma das grandes relações preço/qualidade, aqui provadas no Copo de 3.
Um vinho que vale a pena comprar para ir bebendo e mesmo guardar, porque se dá bem com a passagem do tempo. Este 2003 pela prova dada pode ser guardado mais um tempo, mas o melhor mesmo é beber e comprar a nova colheita. Outras colheitas provadas: 2001
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Pago del Vicário Penta 2004

Em 2000 nasceu das mãos dos irmãos Antonio e Ignacio Barco, o projecto Pago del Vicário. O nome é fruto da fusão entre o nome do embalse situado perto da adega, e também pelo facto que um dos antepassados da família foi vicário de Ciudad Real.

A adega encontra-se a 9km do centro de Ciudad Real, a 600 metros de altitude, flanqueada pelo rio Guadiana e os primeiros afloramentos dos Montes de Toledo. Contando com 130ha de vinha, com sete castas, nas tintas: Tempranillo, Garnacha, Graciano, Merlot, Syrah, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot e para as brancas, Verdejo, Chardonnay e Sauvignon Blanc.

O vinho em prova é um Vino de la Tierra de Castilla, de nome Penta 2004, é a primeira colheita e assenta numa filosofia muito própria, sendo elaborado a partir de 5 castas (Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Petit Verdot), 5 meses de estágio em carvalho francês e aos 5 sentido que pretende estimular. Processos como vindima nocturna ou estágio em barrica individualizado para cada uma das 5 castas, fazem parte deste Penta 2004 aqui em prova:


Pago del Vicário - Penta 2004

Castas: 48%Tempranillo, 30% Cabernet Sauvignon, 10% Merlot, 10% Syrah e 2% Petit Verdot - Estágio: 5 meses barrica carvalho francês - 14,5% Vol.


Tonalidade ruby escuro com laivos granadas tudo em concentração média.

Nariz a mostrar um vinho de intensidade média, algo fechado e cheio de torrados, caramelo, tabaco com toque de cereal torrado. Faz lembrar pão muito torrado, em que com o tempo liberta-se um pouco mais e dá lugar a fruta negra bem madura e fresca, toque floral com rosmaninho muito interessante em final balsâmico. Um vinho que mostra uma complexidade interessante, apesar de não deslumbrar quem prova consegue de alguma maneira dar o toque da sua graça.

Boca de entrada, bom corpo e estrutura média com toque fresco, fruta negra presente, corresponde em igual modo à prova de nariz, pão muito torrado a marcar a entrada de boca, restando um bom arredondamento, com ligeiro vegetal no final de boca, que se mistura entre especiaria e frutos secos torrados. Final de boca de boa persistência.


Um vinho a destacar-se pela diferença, boa qualidade para o preço e com uma vistosa produção de 52.800 garrafas a rondar os 5-6€ comprado no El Corte Ingles de Badajoz.

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17 outubro 2007

II Encontro de Eno-Blogs

Caros amigos, apesar de tudo indicar e ir a bom ritmo para que se fosse realizar o II Encontro de Eno-Blogs, pelos motivos que apresentarei de seguida o mesmo foi cancelado.
Não deixa de ser verdade que estas iniciativas fazem falta, porque nós precisamos e gostamos delas, acima de tudo porque é sempre bom juntar amigos à volta do vinho.
A verdade é que o Encontro de Eno-blogs quer-se com Blogs, e parece que muitos deles não podem estar presentes por muita pena minha, as razões têm sido apresentadas e são todas elas mais que válidas.
Como tal gostaria de deixar no ar que este II Encontro pode e deve ser realizado com a participação de todos, repito mais uma vez, com a participação de todos os eno-blogs. Deixo em aberto a discussão para que se pense numa data mais propícia.

Queria deixar uma nota de especial agradecimento ao estimado Zé Tomaz Mello Breyner que colocou à disposição a York House para nos acolher, e que continua a ser o local de eleição para realizar este Encontro.

José Pariente Verdejo 2006

Quando se fala em vinhos de Rueda, a maior probabilidade é pensar-se imediatamente na uva branca que ali reina, a Verdejo. O facto é que nesta D.O. líder de mercado no que toca a vinho branco em Espanha, e a bem dizer tem feito por isso. O chamar à realidade dos produtores para melhorarem as suas técnicas e a utilização das mais modernas tecnologias, aliadas a uma constante investigação e tentativas de inovar (vejamos os novos Verdejo fermentados em barrica que começam a aparecer), tem mostrado os seus frutos, e claro está o consumidor agradece.
Em prova temos nada mais nada menos como um dos melhores exemplares de Rueda, um vinho que ano após ano faz as delícias dos consumidores dos vinhos desta D.O.
As Bodega Dos Victorias tem produção de vinhos em Toro com a gama Elias Mora, e tem em Rueda os José Pariente, com versão inox e mais recentemente o José Pariente Fermentado em Barrica.

José Pariente Verdejo 2006
Castas: 100% Verdejo - 13% Vol.

Tonalidade amarelo dourado vivo com rebordo citrino de média concentração
Nariz com um aroma de belo impacto, uma bela intensidade com muita fruta madura com toque verdasco/vegetal em bela sintonia. Mostra erva fresca com toques de lavanda no segundo plano, toque de rebuçado marca presença muito suave em final mineral. Tudo em conjunto sério e com bastante determinação na maneira como se mostra.
Boca com uma belíssima estrutura, corpo sólido, mostra uma presença e concentração de fruta durante toda a prova de belo efeito, vegetal marca também a sua presença. Acidez viva contrabalançada com fruta muito presente até mesmo algum amargo/verdor da fruta.
Final de belíssima persistência num vinho que parece não nos querer deixar sozinhos...

Um vinho que tem dado que falar... e porquê ? Porque mostra uma qualidade acima da média, mostrando um inegável traço varietal durante toda a sua prova, sem cair em enjoos de fruta ou geleias que outros vinhos teimam em mostrar. Mostra a essência da casta Verdejo, bem trabalhado com uma fruta de belíssima qualidade aliada a um toque verdasco. Um vinho que dá uma prova muito sólida, trabalha em bloco, sem quebras ou monotonia.
Com o aumento da temperatura a fruta madura marca mais presença, ganhando um pouco de adocicado bem agradável. Este é o Verdejo que invejamos em Rueda, e que por 9€ faz as delícias de quem o prova.
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16 outubro 2007

Domingos Soares Franco Colecção Privada Verdelho 2006

Em Espanha na D.O. de Rueda mora uma casta que deu fama aquela região, uma casta que tem vindo a ser trabalhada e melhorada, talvez tenha tido uma atenção merecida e hoje em dia dá mostras do merecido investimento.
Essa casta dá pelo nome de Verdejo, e pelo que apurei não tem nada que ver com a que temos em Portugal sobre o nome Verdelho, o tal Verdelho da Madeira e ao que parece anda um pouco escondido por terras Lusas (caso em prova). Se até aqui tudo bem, a confusão à Portuguesa chega no momento em que se tem outra casta de nome Gouveio que se lembraram de lhe chamar também Verdelho. Ou seja, o consumidor consegue ter numa prateleira dois vinhos varietais, ambos com o mesmo nome (Verdelho) mas que na sua essência são diferentes. Por exemplo este vinho aqui provado é o dito Verdelho, o original, o Verdelho do Esporão é o Gouveio camuflado.
Em prova temos até agora, o único varietal Verdelho de Portugal Continental que nos chega das Terras do Sado.

Domingos Soares Franco Colecção Privada Verdelho 2006
Casta: 100% Verdelho - Estágio: inox - 12% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com rebordo esverdeado de média/baixa concentração
Nariz com aroma a mostrar média/baixa intensidade, fruta presente tropical (ananás) e ligeiro citrino com suave verdor (vegetal) a dominar todo o segundo plano. Descritores presentes mas tudo bem superficial e sem grande convicção/concentração, mostra ainda um toque especiado em fundo.
Boca de entrada fresca a com fruta presente, singela complexidade. Mostra vegetal presente com acidez a dar uma frescura correcta mas estreita. Corpo delgado onde o final de boca se mostra sem grande persistência, num vinho que se acaba por esquecer pouco tempo depois de se beber.

Algures foi escrito (mal) que este era o Verdejo que invejamos em Rueda, após ter provado duas garrafas em que ambas se mostraram no mesmo nível a minha opinião não mudou, o vinho não lembra os Verdejo, apesar de aromas similares. Quando se compara devemos fazer com os melhores e não com os menos bons. O vinho aqui provado mostra que a casta não sendo a mesma, falta mais concentração quer a nível de nariz ou de boca, falta uma acidez mais viva... O preço a rondar os 9-10€ não ajuda muito.
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15 outubro 2007

Dorado Alvarinho Superior 2005

Que se tire da ideia que Alvarinho é vinho de Verão para se beber na esplanada, nada disso, o Alvarinho é um dos melhores exemplares no que toca a vinhos brancos feitos em Portugal, e o exemplar que se segue tem sabido marcar a sua posição desde que nasceu.
A adega foi construída no ano de 1995/96 mas não foi utilizada nem estreada até à aquisição da mesma em 2000 pela Quinta do Feital Sociedade Agrícola e Turismo, Lda. (empresa sede, proprietária de Quinta do Dorado).
Situada na aldeia de Paderne, em Melgaço no outro lado do Minho de Arbo em terras do Condado. A paisagem do vinhedo é dominada pela presença do antigo Mosteiro de paderne a sudoeste e pela própria adega a oeste. É daqui que sai o Dorado Alvarinho Superior aqui em prova:

Dorado Alvarinho Superior 2005
Castas: 100% Alvarinho - 13% Vol.

Tonalidade dourado, com reflexo citrino em média/baixa concentração.
Nariz de belo efeito, sente-se um vinho de aroma fresco com boa intensidade. Fruta branca bem madura com geleia de boa qualidade presente, por vezes lembra maçã assada com todo aquele açúcar por cima. Esse tal açúcar entre o tostado e o caramelizado que se sente muito suave, vagueando por entre toque citrino e algum chá preto, sem nunca colocar de lado a especiaria (pimenta branca). Tem um toque fumado no segundo plano desenvolvendo para um plano final uma presença notória de mineral.
Boca com entrada fresca e a mostrar um vinho bem estruturado, corpo elegante e de boa passagem de boca, fruta presente com leve melado/geleia. A especiaria marca também a sua presença, num todo afinado e sério, sente-se integro e sem falhas num final de recordação mineral com bela persistência.

É sem qualquer margem de erro um Alvarinho diferente, sério com personalidade própria e sem entrar em brincadeiras, um exemplar a provar com atenção devida e que tem corpo e presença para os mais altos requisitos gastronómicos. Pelo que mostra dá sinais de algum potencial de guarda (sim o Alvarinho desde que bem feito gosta de uma boa soneca). Preço a rondar os 13€
16,5

12 outubro 2007

Château Montrose 2001

De volta a França, mais propriamente a Bordéus, vamos desta vez até Médoc uma das sub-regiões de Bordéus, e dentro dela rumamos a Saint-Estèphe.
É aqui que encontramos o Château Montrose, um Deuxième grand cru classé segundo a classificação de Médoc, que surge nos inícios do séc XIX. Hoje em dia conta com cerca de 68ha com uma idade média de 40 anos, produz dois vinhos dos quais este Château Montrose é o topo de gama.

Château Montrose 2001
Castas: 62% Cabernet Sauvignon, 34% Merlot, 3% Petit Verdot, and 1% Cabernet Franc - Estágio: 19 meses em barricas (50% novas) - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz a mostrar inicialmente um vinho fechado, sólido e profundo, com um deslumbre de fruto negro bem maduro de alta qualidade (mirtilo, cereja). É com tempo que o vinho se mostra, especiarias com toque de couro, e toque de ligeiro floral. O vinho apresenta desde já uma invejável complexidade, que sustenta o vinho durante toda a prova, finesse com bouquet de gabarito mundial, a dar sensação de untuosidade presente ao lado de uma baunilha muito bem colocada e sem exageros, abraçada por um toque de fumo no final. Por entre toda esta complexidade, um toque vegetal espreita de fundo, algo encoberto e com jeito de despedida, algumas sensações terrosas. Um vinho que se mostra cheio de força e vontade de mostrar o seu enorme potencial de guarda. As voltas são tantas que parece remeter para uma mineralidade final.
Boca com estrutura muito requintada, entenda-se como estrutura o equilíbrio entre fruta, acidez, álcool, taninos e açúcar. Enquanto que o corpo do vinho é o peso e tamanho que este deixa na boca, neste caso temos um vinho de corpo muito elegante e fino. Muito polido com toque de vegetal presente acompanhado por bela frescura. O corpo apesar de não se mostrar com grande largura, ganha mais em comprimento, sendo bastante requintado e harmonioso, fruta fresca presente com toque especiado. No geral complementa a prova de boca com a prova de nariz, tosta e mineral também marcam presença. Final de enorme refinamento, frescura e persistência.

Este é o tipo de vinho que se fala a nível mundial, não sendo um dos grandes nomes é sem dúvida um dos que costuma andar ao lado dos mesmos. Inegável qualidade a todos os níveis, a mostrar uma capacidade de guarda muito elevada, à vontade uns bons 10 anos de cave. Se quando pensamos que naquele jantar provámos o melhor vinho da nossa vida... algures neste mundo do vinho temos sempre outro capaz de o superar. Consegue acompanhar uma refeição de início ao fim sempre com grande nível, os seus 12,5% não o tornam maçudo ou enjoativo.
Com o preço a rondar os 50-70€ não se pode dizer que seja um vinho barato, que não é... mas vale cada euro que se gasta nele. São vinhos como este que vale a pena partilhar com os amigos.
18,5

11 outubro 2007

Batuta 2004

É sabido que Dirk Niepoort tem uma maneira muito especial de interpretar as vinhas e de fazer os seus vinhos. Sempre numa procura de fazer melhor e afinar aquilo que muitos consideram perfeito, eis que surge o topo de gama dos vinhos de mesa desta casa. A primeira versão seria de enorme segredo e mal viu a luz do sol, seguiram-se mais colheitas com um perfil sempre e refinar e a mostrar porque razão é hoje em dia um dos melhores vinhos de Portugal.
O nome deste vinho (Batuta) é um nome que nos remete para o maestro, neste caso temos Dirk Niepoort como o grande maestro de uma das melhores orquestras sinfónicas que dá pelo nome de Niepoort. É esta Batuta que comanda toda a restante sinfonia, desde os ensaios ou Projectos até aquela sinfonia menos complexa a permitir o Diálogo aberto entre apreciadores, ou aquela que nos mostra uma outra Vertente com mais complexidade, o certo é que o ambiente saudável e de grande nível engloba toda a gama, qual Redoma, mesmo com a melhor das Reservas. E para que se goste e se fique um apreciador convicto e muito atento, nada melhor do que se apresentar com Charme em noite de gala.

Batuta 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional e outras - Estágio: 20 meses em barricas carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro e concentrado.
Nariz que cativa logo ao primeiro contacto, mostrando-s de bela intensidade e com complexidade de grande nível. A fruta negra bem madura (bagas, ameixa) dá boa conta de si e envolve bem toda a prova, em conjunto com ligeira compota. Uma brisa leve e fresca remete para um ligeiro floral (violetas) acompanhado de especiarias (pimenta preta, cravinho, noz moscada), cacau, café e baunilha que lhe confere uma sensação de cremosidade. Para finalizar a presença de tosta em bela harmonia com todo o conjunto, mostrando ainda um ligeiro balsâmico com toque mineral de fundo.
Boca com belíssima entrada e onde tudo está perfeitamente estruturado e arrumado. Fruta a marcar presença logo de início em companhia de uma boa dose de frescura e ligeiro toque mineral. A presença de compota e cacau tornam o vinho mais pecaminoso, fonte de prazer e cobiça, redondo e polido, goza de grande harmonia entre factores não tão comuns à grande maioria dos vinhos. Prova plena de complexidade, sério e com uma passagem de boca de realce, as especiarias fazem das suas em conjunto com baunilha e tabaco. No final, se é que o tem, ainda surgem notas de suave balsâmico carimbando uma persistência elevada.

É um vinho que não deixa ninguém indiferente, pela qualidade, pela excelência, por tudo aquilo que nos oferece e ainda pode vir a oferecer. Este é daqueles vinhos que nos leva a pecar, a Gula de querer beber todo, o Orgulho de se dizer que provou, a Inveja daqueles que tem mais que nós, a Preguiça de ter de abrir a garrafa, a Luxúria de poder comprar uma caixa, a Avareza de as querer só para nós e por final a Raiva de ir à garrafeira e ver que aquela que abrimos era a última. São no total 12.000 garrafas com o preço bem acima dos 50€
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09 outubro 2007

Dugat-Py Domaine Gevrey-Chambertin 'Coeur de Roy' 2004

De volta a França, chegamos à Borgonha, sub região Côtes de Nuits, appellation Gevrey-Chambertin, onde se encontra o Domaine Dugat-Py.
Considerado por muitos um génio dos Pinot Noir, Bernard Dugat-Py estabeleceu-se em 1973 quando começou a comprar várias parcelas naquela zona. Hoje em dia com pouco mais de 7 hectares, para ser exacto são 7,26 ha. de vinha, divididos em 14 denominações locais, o que em alguns casos é um tanto de quase nada, mas com resultados de excelência. Para se ter um exemplo, tem 0,06 hectares (600 metros quadrados) de Gevrey Grand Cru; 0,30 hectares de Charmes-Chambertin Grand Cru... até no total somar os 7,26 hectares. Os resultados nem sequer chegam a ser de garagem, de armário duvido, penso que sejam de gaveta, pois por exemplo o Chambertin está limitado a 250 garrafas por colheita.
No caso deste vinho, temos vinhas com idades que rondam entre os 50-90 anos de idade.
Devido à densidade e idade das vinhas, tudo é tratado à mão, sem poda em verde, as uvas são cuidadosamente escolhidas, no final não temos colagem ou filtração... afinal o que se pretende é dar lugar à expressão do terroir, intervindo o menos possível no resultado.

Dugat-Py Domaine Gevrey-Chambertin 'Coeur de Roy' 2004
Castas: 100% Pinot Noir - Estágio: estagia em 60% madeira nova - 13% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro, concentração alta.
Nariz a mostrar um vinho bastante fechado que vai abrindo com o tempo, bastante tempo até. Se por um lado mostra austeridade, por outro lado mostra todo o seu esplendor naquilo que dá para entender neste momento da vida do vinho. Bela concentração e complexidade, profundo e com boa frescura. O impacto inicial remete para um toque animal (caça) com alguma cinza e tabaco seco. A fruta (cassis, cereja, ameixa) entra em cena com toque de rama, fumo suave em fundo com ligeiro especiado que envolve todo o conjunto. O que tem de misterioso tem de complexo, a baunilha em conjunto com chocolate negro, espreita e diz presente ainda que a meia voz, rapidamente encostada por um mineral bem solto e agradável.
Boca de estrutura sólida e sem grandes oscilações, tudo o que tem está bem delineado e com capacidade para aguentar a passagem do tempo sem grandes problemas. Salienta-se uma belíssima frescura com que somos presenteados e que nos acompanha durante toda a passagem de boca. Fruta presente, café, tabaco seco, especiaria, chocolate negro, tudo muito fino e pleno de finesse, torrado de mão dada com o restante, arredondamento sentido com ligeira secura pelo meio, em final mineral de bela persistência.

Um vinho que ainda tem muito para mostrar, talvez abrir um vinho destes nesta altura não seja a melhor escolha. O refinamento, o balancear das suas componentes ao longo de toda a prova, a complexidade e profundidade que nos mostra levam a que a prova de um vinho como este se torne marcante. Convém dizer que estamos perante um vinho de gama média/alta e ainda bem longe do topo de gama desta casa (o tal das 250 garrafas). Nada como provar um exemplar destes para ter a noção do que é um belo Pinot Noir, o preço ronda os 70-80€.
17,5

04 outubro 2007

Chateau Troplong-Mondot 1994

O próximo vinho é uma entrada nos vinhos de Bordéus, mais propriamente nos vinhos de Saint-Émilion, localizada na margem direita do Rio Dordogne, 50 quilômetros a leste da cidade de Bordeaux, na costa oeste da França.
Para classificar os seus vinhos, três categorias básicas foram estabelecidas: Premier Grand Cru Classé, Grand Cru Classé e Grand Cru, sendo que pela nova classificação em vigor desde Setembro 2006 como 1er Grand Cru Classé B.
É dos 30 hectares de vinha deste Château, com uma idade média de 45 anos e chegando as mais velhas aos 90 anos, que sai este Château Troplong Mondot.

Château Troplong Mondot 1994
Castas: 10% Cabernet Sauvignon, 80% de Merlot e 10% de Cabernet Franc - Estágio: 75% em barrica nova com duração do estágio a depender da colheita, podendo chegar aos 20 meses. - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz que nos mostra um vinho de belo impacto inicial, que vale a pena seguir a sua evolução no copo, ao principio mais fechado vai desenvolvendo um bouquet de bela complexidade e harmonia. Aroma inicialmente terroso que dá lugar a fruta (cassis, cereja) de muito boa qualidade e presença, com toque especiado, em segundo plano surge couro, caça, floral tímido. Sensação de licor muito ténue em conjunto com tabaco seco, com um toque fumado de fundo.
Boca de bela entrada, seguro na sua estrutura, taninos presentes que quase não chegam a incomodar, imediatamente atendidos por uma acidez que vem dar um toque fresco à presença na boca. Complementa em grande harmonia a prova de nariz, com a presença da fruta, couro, terroso e leve tabaco, fumo também, e no final um toque vegetal. Um vinho com complexidade, sem ser de grandes euforias está tudo lá. Final de boca médio/longo.

Um vinho com 13 anos que mostra uma bela forma, apesar de um pouco prematuro na forma como se mostra (aromas algo evoluidos e fora de tempo), facto aliado a uma rolha um pouco suspeita. É um vinho que pela sua prova mostra que ainda precisa de tempo em garrafa, vai crescer ainda mais, vai afinar e refinar o seu bouquet. Neste momento pela prova que deu (principalmente na prova de boca), é um vinho entre a elegância e o austero. Aqui não se vai encontrar um vinho cheio de força ou de grandes extracções, apenas o refinamento e a elegância, que obviamente se vão instalando com a passagem do tempo. O preço ronda os 40-50€
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Conceito 2006 Branco

É uma novidade no mercado de vinhos brancos nacionais, onde mais uma vez se mostra que a qualidade dos nossos vinhos aumenta a olhos vistos. Neste caso temos um vinho do Douro assinado pela enóloga Rita Marques, proveniente de vinhas muito velhas, pré-filoxéricas, num planalto granítico perto de V. N. de Foz Côa. Breve nota para a arte de João Noutel, que concebeu toda a gama da marca a partir de quadros da sua série "The Invisible Soul", onde o autor se aproxima do universo iconográfico dos cartazes de cinema, publicidade e banda desenhada.

Conceito 2006 Branco
Castas: Códega (40%), Rabigato (40%), 20% mistura castas tradicionais, sobretudo Viosinho e Gouveio - Estágio: 10 meses, metade do vinho em barricas francesas 100% novas e a outra metade em barricas do Cáucaso igualmente novas. - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo palha de média/baixa intensidade com rebordo esverdeado.
Nariz de aroma que denota desde o início um grande equilíbrio entre os seus componentes. Um aroma frutado (pêra, ananás, damasco, anona), fresco e bastante agradável saúda quem inicia a prova, com toque de pimenta branca e tabaco muito ligeiro. A madeira (e que madeira) está presente mas muito bem embutida em todo o conjunto, as arestas deste trabalho não estão presentes. Toque de ligeira untuosidade/amanteigado no segundo plano com toque floral fresco no fundo. O final brinca entre o mineral e o fósforo com um sorvo de rebuçado de mel.
Boca de entrada muito aprumada, veste de gala este branco, a etiqueta não foi deixada ao acaso e aqui tudo o que mostra é uma conduta muito semelhante à da realeza. Fruta de grande qualidade com toque de leve untuosidade aprumado e ausente de qualquer aresta durante toda a passagem de boca. Sedoso, redondo e com frescura no seu ponto (está tão bem calibrado que não pende para excesso ou defeitos). Mostra-se complexo e discreto, desafiante e sedutor, com final de boca em leve mineral, um vinho de belo efeito pronto a conquistar.

Um vinho que dá um enorme prazer e que consegue ter uma invejável resistência ao tempo que passa no copo, nem mesmo com a variação de temperatura, manteve-se inabalável. Sempre fiel e sem cambalear, capaz de aguentar uma refeição do início ao fim, sem quedas ou tropeções pelo caminho.
São 3000 garrafas, esgotadas no produtor, de um vinho diferente do que temos em Portugal e que o pequeno senão se chama preço, ronda os 22,80€ no Clube de Vinhos WinePT.
Um vinho que foi provado mais recentemente e pela prova que deu merece subir mais um valor passado de 17,5 para 18 valores.
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03 outubro 2007

Niepoort Projectos Riesling 2003

O vinho que se segue faz parte de uma linha denominada "Projectos" criada por Dirk Niepoort, que começou em 2003 com o objectivo de mostrar à comunidade dos vinhos as experiências que desde à muito a Niepoort vem fazendo num processo de aprendizagem para a criação de novos vinhos.

Niepoort Projectos Riesling 2003

Tonalidade amarelo citrino pálido de concentração média/baixa.
Nariz que desperta de imediato a atenção, uma complexidade muito tímida mostra uma fruta de bela qualidade e bem madura com toque de untuosidade. No segundo plano mostra umas notas petroladas muito suaves e discretas em conjunto com floral, pimenta branca e mineral em fundo.
Boca com entrada de bela estrutura, doçura muito suave aliada a fruta bem madura, alguma geleia presente. Acidez muito ligeira mas suficiente para não deixar cair o vinho
Bem redondo na boca, com espacialidade e final de média persistência com ligeira mineralidade, apesar de tudo não consegue encher a boca mas dá uma prova muito interessante.

Um vinho «especial» onde o álcool quase não marca presença, quase dando a sensação de um sumo de fruta. É um vinho completamente diferente do que se pode esperar, tudo muito afinadinho e muito «inho». Podemos até chamar de «docinho» a este Riesling, pena que este vinho não se repita mas o prazer está garantido e acompanhou com grande classe uma Terrina de Javali com Frutos do Bosque ou mesmo um Queijo de Ovelha gratinado em azeite com doce de tomate. Outra colheita provada: 2004
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01 outubro 2007

Diga? 2006 branco

Hoje em dia ao falar de Bairrada um nome que está associado a qualidade, inovação e até mesmo revolução é Campolargo.
É sem dúvida alguma, um produtor irrequieto na constante procura e lançamento de novos vinhos para o mercado. Relembrando um bom exemplo da casa, o vinho tinto Diga? que se veio a afirmar como um belo exemplar de Petit Verdot em Portugal.
Em prova a recente versão Diga? branco, elaborado com a casta Viognier, que para os menos atentos a estas andanças leva mesmo a dizer, Diga?

Diga? 2006 branco
Castas: 100% Viognier - Estágio: carvalho francês - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo palha de média/baixa concentração.
Nariz a mostrar-se com boa entrada, frescura presente com boa intensidade, floral com fruta madura (pêra, pêssego, ananás). Um ligeiro toque vegetal contrabalança com anis, mineral de fundo. Suaves sensações de tosta e baunilha surgem no segundo plano dando alguma sensação de arredondamento e corpo ao vinho.
Boca com entrada vegetal, acidez presente a dar uma frescura agradável, toque floral com complexidade a não se aguentar durante toda a passagem de boca. O vinho tem uma quebra a meio palato e não mais se dá por ele, quase que nos deixa pendurados no meio da prova, com um final de persistência média/baixa e alguma lembrança de mineral.

Um vinho que claramente esquece de mostrar na boca aquilo que mostrou no nariz. Faltando largura e presença de boca para que o prazer seja bem maior. Dando o benefício da dúvida o vinho foi provado e acompanhado durante o aumento da temperatura e até se serviu em copos diferentes, o resultado acabou por ser o mesmo.
São 1350 garrafas já esgotadas no produtor que se podem comprar em garrafeira por cerca de 10-12€ , o que pelo resultado apresentado é caso de dizer Diga?
15,5

Vida Nova branco 2006

Falar em Algarve é sinónimo de férias, e poucos são aqueles que estão a par da nova vaga de produtores que começaram a lançar vinho de qualidade naquela região. Afinal o Algarve começou a acordar e os resultados não tardaram em surgir. Em prova temos um bom exemplo disso.
A Adega do Cantor fica situada na Guia, a escassos quilómetros a noroeste de Albufeira, no centro do Algarve. Foi construída para produzir vinho, principalmente o Vida Nova, a partir das três Quintas em redor: a Quinta do Moinho, a Quinta do Miradouro e a Quinta Vale do Sobreiro.
Sir Cliff Richard, conheceu e apaixonou-se pelo Algarve há mais de 40 anos. O seu sonho de plantar uma vinha nesta sua propriedade Quinta do Moinho, foi a inspiração para os vinhos Vida Nova, em cuja produção ele próprio está envolvido.

Vida Nova branco 2006
Castas: 75% Verdelho; 25% Viogner. - Estágio: 6 meses inox e 2 meses garrafa - 14% Vol.

Tonalidade amarelo palha com rebordo esverdeado
Nariz de aroma frutado e maduro (pêssego, limão, ananás) com ligeira geleia. Toque floral e ligeiro vegetal completam o conjunto que se mostra fresco e de boa intensidade.
Boca com entrada fresca, fruta presente na componente citrina em companhia de algum vegetal. Passagem de boca agradável, parco de complexidade mostra um final de boca médio/baixo.

Um vinho algo acanhado, melhor em nariz que em boca, no seu todo não marca a diferença nem mostra grande entusiasmo. A destacar uma sensação de gasoso que se mostra presente a quando da abertura do vinho. Custou cerca de 8€ o que mostra uma má relação preço/qualidade.
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