Copo de 3: outubro 2008

30 outubro 2008

Quinta do Soque Reserva 2005

Situada na margem esquerda do Rio Torto, no concelho de São João da Pesqueira, a Quinta do Soque, é propriedade da família Vicente há mais de 20 anos, contando com cerca de 20 hectares, dos quais, 17 são ocupados por vinhas.
Foi em 1990 que se tomou a decisão de modernizar a vinha, sendo que a primeira replantação teve lugar numa parcela de 5 hectares de meia encosta virada a sul e de conhecidas potencialidades, denominada ''Soque''. A vinha foi plantada no início de 1992 e, durante 5 anos tomou-se a decisão de não produzir quaisquer quantidades por forma a favorecer apenas o desenvolvimento vegetativo da planta.
Em 1996 procedeu-se à segunda fase de replantação da vinha em mais 12 hectares, ficando a Quinta do Soque com um total de 17 hectares de vinha. Em 2005 construiu-se o centro de vinificação. A enologia está a cargo da dupla Pedro Sequeira e António Rosas (2PR).

Quinta do Soque Reserva 2005
Castas: Touriga Nacional (60%), Touriga Franca (15%), Tinta Roriz (25%) - Estágio: barricas carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz a mostrar um aroma de frutos negros (amora, cereja) bem madura com toques de geleia em boa dose com algum melado. Deixando a gulodice de lado, o conjunto mostra-se harmonioso, e é com aromas vegetais e algum floral que nos remete para o segundo plano, onde se desdobra nos aromas resultantes da passagem por madeira. Chocolate preto, especiarias com pimenta jamaica e caramelo derretido. O fundo é forrado em tom mineral que de certa forma lhe dá uma despedida fresca e prazenteira.

Boca com frescura a ser sentida desde a entrada de boca até ao final. Em grande sintonia com a prova de nariz, revelando-se de estrutura média/alta, elegante e com toque de ligeira cremosidade. O vinho ganhou claramente desde a primeira vez que foi provado na sua apresentação, razão pela qual se dá a conhecer nesta fase de grande elegância, em que se mostra claramente mais afinado. A fruta marca presença, banhada pelas notas de tosta, cacau, especiaria e ligeira secura vegetal que se prolonga até ao final, de persistência média/alta.

Um vinho do Douro bastante bem conseguido e que acima de tudo dá prazer ao ser consumido desde já, mas não vira a cara a mais um tempinho em garrafa. Um projecto muito bem delineado, com vinhos agradáveis e de imagem cuidada. Já se encontra no mercado com um preço recomendado a apontar para os 19€.
16,5

Quinta do Soque 2004

Quinta do Soque 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca - Estágio: n/d - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz de média intensidade, bastante coeso, mas nunca sendo bruto ou agreste nos modos, a fruta negra e madura (cerejas) marca presença com alguma compota e toque vegetal que parece dominar todo o segundo plano e recorda a esteva em flor. Mostra algumas brincadeiras à volta de cacau, chocolate negro e algum balsâmico que se pode associar à esteva.

Boca a indicar um vinho de estrutura mediana, perfil com boa dose de harmonia e frescura, a fruta muito presente com toque vegetal seco a lembrar esteva, pois claro. Espacialidade mediana num vinho que mostra uma ligeira secura no final de boca, em persistência média.

Um vinho do Douro com preço a rondar os 5€, a mostrar-se um pouco introvertido inicialmente, é preciso puxar por ele na hora de servir, dando algum tempo no copo para que possa mostrar o que vale. Na sua essência é um vinho que poderei chamar de ''serrano'' pois nos seus aromas lembra um passeio pela serra em dia de chuva. Tem a sua personalidade, tem o seu ritmo e consegue cativar por isso mesmo.
15,5

Monte da Peceguina branco 2007

Monte da Peceguina branco 2007
Castas: Antão Vaz, Arinto e Verdelho - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino em rebordo de toque esverdeado

Nariz de boa intensidade, espalhando aromas de fruta madura e fresca, com toques de alperce, figo, melão, ananás e citrinos. Complementa-se com as correspondentes geleias que lhe dão um suave toque melado, floral ligeiro e alguma pimenta branca a fundir com ligeiro travo mineral em fundo.

Boca de entrada fresca e bem frutada, gentil no trato, sentido-se por vezes como que um certo arredondamento suave e com a frescura a marcar toda a passagem pela boca, de espacialidade mediana e final de boca fresco em ligeiro travo mineral, em boa persistência.

É um branco bastante aprumado, com a prova de boca a complementar a provar de nariz, revelando-se fresco e com certa dose de elegância. Transmite uma prova sólida e bastante coesa, num perfil que se torna muito apetecível nos tempos mais quentes. É um vinho que ganha bastante se consumido durante o seu primeiro ano de vida, foram produzidas 29,412 garrafas, com preço a rondar os 7€.
15,5

Monte da Peceguina tinto 2007

Monte da Peceguina tinto 2007
Castas: Aragonês (50%), Alicante Bouschet (25%), Touriga Nacional (9%), Cabernet Sauvignon (8%) e Tinta Caiada (8%) - Estágio: 7 meses em carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.

Nariz de boa intensidade, mão cheia de fruta (framboesas, morangos, ameixas) bem limpa e madura, com notas compotadas e frescas. Complementa-se o conjunto com notas de chocolate preto, café e algum caramelo de leite que lhe dá um ar de cremosidade muito leve, dando outra complexidade a todo o conjunto. O fundo é marcado por um toque balsâmico (menta) e ligeira mineralidade no final.

Boca bem estruturada de entrada frutada e com bastante frescura, é um vinho guloso no sentido em que dá bastante prazer durante a sua prova, em grande sintonia com a prova de nariz. Passagem de boca afinada, elegante com toques ligeiros de cremosidade, a lembrar por instantes um mocaccino, dando seguimento a toque balsâmico (menta) que termina com ligeiro mineral.

Um vinho que dá uma prova muito acima da média, onde a fruta e madeira se entendem bastante bem, deixando o brilho e destaque para a primeira, o que se agradece sempre. Está numa fase cheia plena de vivacidade, frescura e jovialidade, pelo que o seu consumo nesta fase é mais que recomendado. É para o meu gosto, a par do 2003, o melhor Monte da Peceguina feito até hoje. São 85.633 garrafas com preço a rondar os 8,50€.
16

28 outubro 2008

Altas Quintas 2005

Altas Quintas 2005
Castas: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet - Estágio: balseiros de madeira e barricas novas de carvalho francês durante 12 meses. - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de bela concentração

Nariz com a madeira ainda que por pouco tempo, em lugar de destaque, mas numa menor intensidade a quando da sua saída para o mercado. Médio de intensidade, com mediana complexidade a nível de aromas, que joga entre as iniciais notas de tosta, chocolate preto, café moído, e especiaria. A fruta (framboesa, amoras) bem madura e fresca, junta-se ao conjunto, com sensação ligeira de geleia, em fundo balsâmico (eucalipto) e toque mineral.

Boca onde se sente um vinho bem estruturado, com afinação sentida em toda a sua prova de boca. É um vinho com frescura bem presente, com fruta presente bem ao lado de notas derivadas da passagem por madeira. Chocolate preto, torrado, café e balsâmico, tudo em boa envolvência com bafo especiado (pimenta em grão) em fundo de persistência média/alta.

Vem claramente na linha do 2004, que por sinal se encontra num excelente momento de consumo, apesar de uma frescura um pouco mais sentida neste 2005, ao mesmo tempo que a barrica também se dá um pouco mais a notar. A apetência para uma guarda mais prolongada faz-se sentir, podendo também ser consumido desde já com bastante prazer assegurado.
16,5

23 outubro 2008

Herdade das Servas - Vinhas Velhas 2005

As vinhas velhas são no mundo do vinho, um símbolo de respeito e admiração, são elas sem dúvida alguma as responsáveis pela maioria dos grandes vinhos a nível mundial.
Na grande maioria dos casos, a produção de uva é cada vez mais reduzida conforme a idade vai avançando e os anos passando, se até aqui a conversa pode não agradar, a coisa melhora ao saber-se que com a idade a produção que é mais reduzida, fica bem mais concentrada e com uma capacidade muito maior de exprimir o ''terroir'' onde se encontra. São estas uvas que aportam aos vinhos, uma maior complexidade a todos os níveis, e portanto são na sua vertente mais pura, a essência dos grandes vinhos.
Toda esta conversa surge no seguimento da apresentação do novo vinho proveniente da Herdade das Servas, propriedade da família Serrano Mira, e que deve o seu nome às vinhas plantadas na ''Vinha da Judia'', vinhas essas que como o nome indica, são velhas.
Obviamente que este não é o momento para discutir quantos anos são precisos para que uma determinada vinha seja considerada ''vinha velha'', neste caso são vinhas com mais de 60 anos??? e seria retirar as atenções a um vinho que arriscando a dizer, em estreia absoluta, aqui se dá a conhecer a todos vós:

Herdade das Servas - Vinhas Velhas 2005
Castas: Touriga Nacional (40%), Alicante Bouschet (30%) e Shyraz (30%) - Estágio: 12 meses em carvalho francês (80%) e americano (20%) - 15% Vol.

Tonalidade ruby bastante escuro, de concentração alta sem ser retinto.

Nariz mostra que temos um vinho ainda fechado, coeso mas não adormecido, apenas bastante sonolento. É com vagar e calma, não fosse de alma e coração Alentejano, que vai mostrando uma fruta muito madura e perceptível com recordações simples a lembrar uma torta saída do forno, recheada de geleia de ameixa e amora, com as sensações torradas leves bem integradas e sem queimar. Na profundidade que demonstra ter, ainda se vislumbram toques especiados, chocolate preto e ramo de cheiros, com toda a sua vertente balsâmica num caminho de terra húmida muito ténue mas que nos guia até ao final fresco e com relevo mineral.

Boca a dar mostras de um vinho amplo e estruturado, boa concentração capaz de mostrar a sua juventude com força mas sem ser bruto. A fruta é uma presença assegurada num perfil maduro e de muito boa qualidade, podendo dizer que quase se mastiga (atenção que disse quase). Aporta lote de especiarias, chocolate preto e tosta com toque de ligeira secura a surgir em jeito de abalada, tudo isto guiado por uma frescura muito presente e que dá a este vinho uma ligeireza peculiar face aos seus 15% Vol. que se notam apenas e só, quando a temperatura sobe para níveis a roçar a alarvidade (18ºC-20ºC). O final é longo e de boa persistência.

A pergunta que se pode fazer, é se o vinho se pode beber desde já ? Claro que pode, mas asseguradamente não se irá tirar todo o partido do que ele tem ainda para mostrar. É um vinho que precisa de tempo e paciência para crescer, afinar o que tem e para acordar do sono que ainda mostra, depois disso voltaremos à conversa com ele. São 11.000 garrafas com preço a rondar os 25€ (indicado pelo produtor)
17

Coop. Borba Alicante Bouschet 2006

Coop. Borba Alicante Bouschet 2006
Castas: 100% Alicante Bouschet - Estágio: 4 meses em barricas novas de carvalho francês (80%) e húngaro (20%) e cerca de 5 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada de concentração média/alta.

Nariz a revelar um vinho maduro com bom entrosamento entre fruta e barricas. Sente-se ligeira fruta passificada (ameixa), alguma rusticidade com toque de azeitona verde, toque herbáceo na nuance balsâmica. Pimenta preta com toque de canela, cacau e tosta de fundo.

Boca reveladora de um vinho estruturado, bom corpo com alguma secura derivada dos taninos mais rebeldes que ainda por lá andam. De resto mostra suavidade na passagem de boca, na predominância de sensações mornas com cacau, tosta, ameixa, e vegetal seco com balsâmico de fundo.

Um vinho que parece estar numa fase de leve transição, onde tudo parece procurar o seu devido sítio, mas proporcionando mesmo assim uma prova bastante interessante e prazenteira. É sem dúvida mais um belo vinho produzido pela Coop. de Borba, onde foram produzidas 10.000 garrafas a um preço que ronda os 7€.
15,5

Coop. Borba Alfrocheiro 2006

Coop. Borba Alfrocheiro 2006
Castas: 100% Alfrocheiro - Estágio: 4 meses barricas novas de carvalho francês e 5 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de rebordo violáceo e boa concentração.

Nariz com aroma bem maduro com fruta silvestre a mostrar grande presença, juntamente com compota e travo de vegetal seco a recordar ramo de cheiros com a sua leve componente floral. O vinho desliza por uma onda morna e de aromas aconchegantes, entre cacau morno, canela e especiaria doce, sem esconder uma leve ponta de austeridade bem dissimulada no restante conjunto.

Boca com entrada bem estruturada, está numa boa fase de consumo, tem corpo mas ao mesmo tempo é suave na passagem, com acidez a transmitir uma boa dose de frescura. A passagem por madeira transmitiu-lhe os toques especiados, juntamente chocolate preto e a caixa de charutos que marca o fundo, ali mesmo ao lado de um ligeiro e leve balsâmico.

É um vinho que não disfarça minimamente a sua ponta de gulodice, mas raro é o exemplar de Alfrocheiro que se alheia disso mesmo.
Temos então um vinho bastante agradável, muito bem conseguido, com um preço que não assusta (ronda os 7€) e uma produção que ronda as 10.000 unidades.
15,5

21 outubro 2008

Coop. Borba Aragonez & Touriga Nacional 2006

Coop Borba Aragonez & Touriga Nacional 2006
Castas: Aragonez (50%) e Touriga Nacional (50%) - Estágio: 4 meses em carvalho francês (80%) e americano(20%) com estágio de 5 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.

Nariz revelador de boa intensidade, com ligeira austeridade a sentir-se num conjunto que fica claramente acima da mediania com bastante fruta madura e fresca em toque compotado presente. Fundo escuro e fresco, variando entre melaço, xarope de ameixa, torradas e apontamento balsâmico, cacau, caramelo de leite e brisa floral (violetas).

Boca com alguma frescura a envolver todo o conjunto, bem estruturado e de arestas já bem limadas e médio de espacialidade. Sente-se vigor e vivacidade, a fruta sente-se madura, com a gulodice da compota a animar ligeiramente. Completa-se com travo vegetal e ligeira especiaria em segundo plano, num final médio/longo.

Sente-se bem neste vinho o diálogo entre as das castas que dele fazem parte. A passagem que teve por barrica, deu-lhe um pouco mais de complexidade e ajudou a melhor encaixar todas as peças. Foram produzidas 10.000 garrafas com preço a rondar os 7€.
15,5

Coop. Borba Antão Vaz & Arinto 2006

Coop. Borba Antão Vaz & Arinto 2006
Castas: 50% Antão Vaz e 50% Arinto - Estágio: 3 meses garrafa após fermentação em carvalho americano e francês - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado presente.

Nariz com boa intensidade, as notas de madeira mostram-se presentes mas nada em excesso ou que torne o vinho enjoativo. Amparam o conjunto, toques de baunilha, ligeiro amanteigado, no plano da fruta não descuida em apresentar algum fruto seco com a fruta fresca a não ficar tapada surgindo imediatamente depois com sugestões tropicais (ananás), algum alperce e citrinos de boa qualidade e frescura.

Boca de boa entrada com fruto bem presente, redondo e envolvente, certa untuosidade com acidez a dar frescura ao conjunto apesar de ser mais intensa na recta final da prova, acompanhada de ligeiro vegetal, final de boca de persistência mediana.

É claramente um branco de Outono, pela forma como se mostra e dá a conhecer. Sem grandes exaltações ou complexidades, o que mostra é capaz de proporcionar uma prova bastante satisfatória. Vem na linha das anteriores colheitas, naquele que pelo preço praticado, a rondar os 3€ é um autêntico fruto de desejo. Da colheita 2006 foram produzidas 6.500 garrafas.
15,5

15 outubro 2008

Dona Maria Reserva 2004

Há mais de 130 anos que se produz vinho na Quinta do Carmo ou Quinta Dona Maria (Estremoz), que segundo conta a história o Rei D.João V, em meados do séc. XVIII ofereceu esta casa a uma cortesã (Dona Maria) por quem estava perdido de amores, mas somente a partir de 1988 é que o seu actual proprietário, Júlio Tassara Bastos, começa a comercialização a nível nacional e internacional dos vinhos Quinta do Carmo Garrafeira 1985, 1986 e 1987, reconhecidos pela sua grande qualidade. Em 1992, Júlio Bastos, pretendendo assegurar o seu crescimento e ao mesmo tempo o escoamento da produção, vende 50% da Sociedade Agrícola Quinta do Carmo a Domaines Barons de Rothschild (Lafite). É nessa altura que a antiga adega pára de funcionar e a sede é transferida da Quinta de Dona Maria ou Quinta do Carmo para a herdade das Carvalhas, propriedade que a partir dessa data passou a pertencer a essa empresa e onde se construiu uma nova adega.

Nunca tendo deixado de pensar em voltar a fazer o seu próprio vinho, foi na entrada do novo milénio que aparece essa oportunidade. Júlio Bastos decide então vender a sua participação na Sociedades Agrícola Quinta do Carmo, recomeçando um novo projecto.

A adega da Quinta é restaurada e ampliada dotando-a das melhores e mais modernas tecnologias, mas ao mesmo tempo mantendo os famosos lagares em mármore (ver foto), onde se continua a fazer a vinificação de grande parte dos vinhos usando a tradicional pisa das uvas.
Além da reconversão da adega, Júlio Bastos adquire em 2001 a propriedade que ele acha a mais adequada para plantação de novas vinhas e em 2002 compra uma vinha com mais de 40 anos que faz extrema com a propriedade já adquirida. Essa vinha tem a particularidade de manter praticamente as mesmas características, tanto de solos como de castas, daquela que outrora produzia as uvas utilizadas na vinificação dos antigos Quinta do Carmo “Garrafeira”.

Em 2003 faz-se a primeira vindima de uma nova etapa na longa vida desta Quinta.
(texto retirado do site do produtor)

Dona Maria Reserva 2004
Castas: Alicante Bouschet (50%), Aragonês, Syrah e Cabernet Sauvignon - Estágio: barricas novas de carvalho francês durante um ano - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de boa concentração.

Nariz inicial a mostrar um ligeiro toque químico a recordar tinta da china, é com algum tempo que o conjunto se amanha, dando lugar a uma tosta bem colocada ao lado de uma mão cheia de frutos silvestres e ameixa preta de grande qualidade e bem madura. Surgem notas de chocolate preto, moka, componente vegetal com ervas de cheiro (tomilho, alecrim) e especiaria doce (cravinho) alguma baunilha, tudo bem interligado e em plena harmonia, num conjunto coeso e ao mesmo tempo elegante, com fundo forrado por ligeiro balsâmico.

Boca a revelar um vinho de nobre estrutura, elegante e com bela espacialidade, mostra com 4 anos que está afinado, com certo polimento, e a dar prazer durante a prova, mas a dar indicações de que não vira cara a mais algum tempo deitado. A fruta surge madura e com alguma compota, marcando presença em companhia de tosta, chocolate preto, alguma especiaria e toque balsâmico de fundo com algum mineral, em final de boa persistência.

Um vinho que tal como a anterior colheita, tem vindo a evoluir nobremente desde que foi colocado no mercado. À segunda edição é já um valor bastante seguro no que toca a qualidade, preço e respectiva evolução em cave (pelo menos durante os primeiros anos). Um vinho do qual foram produzidas 15.800 garrafas a um preço que ronda os 30€.
17,5

09 outubro 2008

Encontro com o Vinho e Sabores 2008

As provas sempre um momento alto no Encontro com o Vinho / Encontro com os Sabores.
Trata-se daquele momento único em que poderá encontrar-se com grandes vinhos, autênticas raridades, numa degustação orientada pelos especialistas, enólogos ou proprietários das casas.
Deixo de seguida as provas especiais deste ano (carregar na foto para ampliar)

01 outubro 2008

José de Sousa - Tinto Velho 1998

A antiga casa agrícola José de Sousa Rosado Fernandes, situada em Reguengos de Monsaraz, tornou-se famosa pelo seu ''Tinto Velho'', que foi durante anos, uma referência obrigatória no Alentejo.
No ano de 1986 seria comprada pela firma José Maria da Fonseca, que daria continuidade aos vinhos, passando o nome para José de Sousa.
É na Herdade do Monte da Ribeira, com os seus 72 ha de vinha, que se foram plantando ao longo dos anos, as castas Trincadeira, Aragonez e Grand Noir.
São essas mesmas castas que deram origem a este José de Sousa - Tinto Velho, que talvez tenha sido o último exemplar de Tinto Velho a ser colocado no mercado, derivando a marca para o José de Sousa que conhecemos nos dias de hoje.

José de Sousa - Tinto Velho 1998
Castas: Trincadeira, Aragonez e Grand Noir - Estágio: fermentação parcial em talha de barro e estagia 8 meses em tonéis de madeira usada com mais um ano em garrafa - 12,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/baixa com rebordo atijolado.

Nariz a apresentar um vinho fresco e de fino bouquet, entre a boa fruta com ligeira passa (ameixa), o toque de madeira exótica e licorado é bem presente. Desperta para notas de cacau morno, folha de tabaco seca e caixa de especiarias, com um toque terroso/mineral presente num fundo que se dispersa por um ligeiro fumado.

Boca a apresentar um vinho ainda com bela dose de frescura, capaz de guiar quem prova durante grande parte da passagem de boca. Aqui estamos no lado oposto à opolência e às altas concentrações, falamos de um perfil fino e muito delicado, frio e com uma evolução de 10 anos. A fruta ainda presente, que parece estar em sintonia com todo o conjunto numa toada ligeira e harmoniosa. Especiaria com toque de alfarroba, esteva, cacau algo diluído, especiarias e uma ligeira sensação de argila em fundo. É delicado mas ao mesmo tempo consegue dar uma prova muito satisfatória e elegante, com um final de persistência bastante aceitável para um vinho já com 10 anos de vida.

É daqueles vinhos que fazem parte do passado e que é cada vez mais raro encontrar e revisitar no presente, um perfil cada vez menos visto, uma graduação cada vez mais procurada, e a mostrar que os vinhos do Alentejo sabem evoluir, contrariando o que muito se diz por outros lados. Será que os novos vinhos vão chegar a 10 anos de vida com a saúde deste ?
16,5
 
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