Copo de 3: Herdade das Servas - Vinhas Velhas 2005

23 outubro 2008

Herdade das Servas - Vinhas Velhas 2005

As vinhas velhas são no mundo do vinho, um símbolo de respeito e admiração, são elas sem dúvida alguma as responsáveis pela maioria dos grandes vinhos a nível mundial.
Na grande maioria dos casos, a produção de uva é cada vez mais reduzida conforme a idade vai avançando e os anos passando, se até aqui a conversa pode não agradar, a coisa melhora ao saber-se que com a idade a produção que é mais reduzida, fica bem mais concentrada e com uma capacidade muito maior de exprimir o ''terroir'' onde se encontra. São estas uvas que aportam aos vinhos, uma maior complexidade a todos os níveis, e portanto são na sua vertente mais pura, a essência dos grandes vinhos.
Toda esta conversa surge no seguimento da apresentação do novo vinho proveniente da Herdade das Servas, propriedade da família Serrano Mira, e que deve o seu nome às vinhas plantadas na ''Vinha da Judia'', vinhas essas que como o nome indica, são velhas.
Obviamente que este não é o momento para discutir quantos anos são precisos para que uma determinada vinha seja considerada ''vinha velha'', neste caso são vinhas com mais de 60 anos??? e seria retirar as atenções a um vinho que arriscando a dizer, em estreia absoluta, aqui se dá a conhecer a todos vós:

Herdade das Servas - Vinhas Velhas 2005
Castas: Touriga Nacional (40%), Alicante Bouschet (30%) e Shyraz (30%) - Estágio: 12 meses em carvalho francês (80%) e americano (20%) - 15% Vol.

Tonalidade ruby bastante escuro, de concentração alta sem ser retinto.

Nariz mostra que temos um vinho ainda fechado, coeso mas não adormecido, apenas bastante sonolento. É com vagar e calma, não fosse de alma e coração Alentejano, que vai mostrando uma fruta muito madura e perceptível com recordações simples a lembrar uma torta saída do forno, recheada de geleia de ameixa e amora, com as sensações torradas leves bem integradas e sem queimar. Na profundidade que demonstra ter, ainda se vislumbram toques especiados, chocolate preto e ramo de cheiros, com toda a sua vertente balsâmica num caminho de terra húmida muito ténue mas que nos guia até ao final fresco e com relevo mineral.

Boca a dar mostras de um vinho amplo e estruturado, boa concentração capaz de mostrar a sua juventude com força mas sem ser bruto. A fruta é uma presença assegurada num perfil maduro e de muito boa qualidade, podendo dizer que quase se mastiga (atenção que disse quase). Aporta lote de especiarias, chocolate preto e tosta com toque de ligeira secura a surgir em jeito de abalada, tudo isto guiado por uma frescura muito presente e que dá a este vinho uma ligeireza peculiar face aos seus 15% Vol. que se notam apenas e só, quando a temperatura sobe para níveis a roçar a alarvidade (18ºC-20ºC). O final é longo e de boa persistência.

A pergunta que se pode fazer, é se o vinho se pode beber desde já ? Claro que pode, mas asseguradamente não se irá tirar todo o partido do que ele tem ainda para mostrar. É um vinho que precisa de tempo e paciência para crescer, afinar o que tem e para acordar do sono que ainda mostra, depois disso voltaremos à conversa com ele. São 11.000 garrafas com preço a rondar os 25€ (indicado pelo produtor)
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2 comentários:

Luis Prata disse...

Elá, um novo vinho das Servas. Espero que esteja à prova para a semana.

1 abraço

João de Carvalho disse...

Estará certamente em prova, como me foi confirmado pelo enólogo.

 
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