Copo de 3: Adegaborba.pt Reserva 2005

29 novembro 2008

Adegaborba.pt Reserva 2005

Situando a conversa no Alentejo, as cinquentenárias Cooperativas foram durante anos a fio (salvo um ou outro produtor), o garante de vinhos com qualidade acima da média, que durante anos se colocou na mesa dos consumidores. Vinhos esses que ainda nos dias de hoje, se encontram em boa forma e capazes de proporcionar autênticos momentos de prazer enófilo.
O que outrora fora sinal de qualidade, rapidamente se viu em queda, em parte por culpa de novos produtores que acompanhados nas tecnologias mais avançadas colocavam os seus vinhos mais apelativos no mercado, remetendo as Cooperativas para um marasmo do qual algumas ainda não conseguiram sair.
Mas se da parte das Cooperativas assistimos a um esforço de inovação e renovação, no que toca à sua imagem e dos seus respectivos vinhos, onde algumas marcas mais conhecidas viram o seu perfil ligeiramente retocado, o mesmo não se pode dizer do consumidor em geral, que vive preso ao preconceito e ao olhar de lado para o vinho de Cooperativa.
Em prova o mais recente lançamento do Adegaborba.pt Reserva, colheita 2005, um vinho que não fica atrás de outros tantos, mas que para muitos nunca vai deixar de ser visto como um vinho de Cooperativa.

Adegaborba.pt Reserva 2005
Castas: Trincadeira (75%), Alicante Bouschet (10%) e Cabernet Sauvignon (15%) - Estágio: - 12 meses em barricas novas de carvalho francês, americano e castanho e estágio final em cave de 12 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração alta

Nariz a mostrar um vinho de boa intensidade, a pedir mais um tempo de garrafa necessário para uma maior harmonia, que já a tem, das suas componentes. Mostra desde já, uma fruta vermelha muito madura claramente amparada por um vegetal fresco, num perfil que denota boa presença a tosta e chocolate negro, com fundo bem fresco, mais fresco que a anterior colheita, mas ao mesmo tempo mais coeso.

Boca a mostrar um vinho de entrada ampla, ligeiro arredondamento na passagem de boca, com fruta vermelha a marcar boa presença ao lado de torrados, especiaria, café, vegetal fresco e chocolate negro. Acidez presente a proporcionar uma boa dose de frescura durante toda a prova, uma bela harmonia de conjunto com ligeira secura vegetal no final de boca a mostrar boa persistência e travo de recordação balsâmica.

Vem no seguimento da boa colheita anterior (2004), apesar de se mostrar com uma ponta de austeridade que deverá ser ultrapassada com mais algum tempo de cave. São 24.000 garrafas de um vinho que ronda os 9€ e o transforma numa grande relação preço/qualidade. O rótulo talvez não seja o seu ponto forte, mas já se costuma dizer que ''Quem vê caras não vê corações''.
16,5

2 comentários:

Pedro Sousa P.T. disse...

Realmente este rótulo, não faz lambrar a ninguém.
Agora, pena é este vinho não se encontrar com facilidade, pelo menos na grande Lisboa. Eu bem gostava de o comprar, mas já corri seca e meca, e até agora nada. E ainda por cima, no último número da RV é dado como um dos grandes do Alentejo. Só a 9€, quem o não queria comprar?

Abraço

João de Carvalho disse...

Sou da opinião que este vinho com um rótulo mais bem conseguido, seria algo mais no panorama nacional. A qualidade está bem presente durante toda a prova, só o rótulo é que não combina lá muito bem.

Não convém esquecer que este vinho já na sua versão de 2004 obteve também uma prestação muito positiva (17 valores) no painel de vinhos do alentejo, realizado pela Revista de Vinhos.

Mas mais uma vez são os vinhos com outros nomes e outros preços que são mais procurados, mesmo que a nota de apreciação seja inferior e o vinho mais caro, que este da Cooperativa aqui referido.

 
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