Copo de 3: Quinta das Marias Cuvée TT 2005

03 dezembro 2008

Quinta das Marias Cuvée TT 2005

Este vinho não é uma novidade e quem estiver a ler irá dizer que já se encontra uma nova colheita no mercado. A razão que me levou a colocar apenas nesta altura a devida nota de prova, deve-se apenas e só ao que provando nesta altura, posso avaliar a evolução após ter passado quase um ano desde o seu lançamento. Podia ter colocado uma nota de prova muito antes, mas esse trabalho já tinha sido realizado, e bem, por outros blogs, aqui e aqui.
Assim sendo, tento desta forma criar dentro do possível uma harmonia entre os vários blogs que se vão mantendo actualizados, e que de certa forma se complementam uns aos outros, visto que sobre este vinho podem ser encontradas notas de prova desde o seu lançamento em 2007, prova em inícios de 2008 e agora aqui novamente em final do ano.

Quinta das Marias Cuvée TT 2005
Castas: Tinta Roriz (60%) e Touriga Nacional (40%) - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby bem escuro de concentração alta.

Nariz de intensidade média, mostrando desde logo umas notas de baunilha com tosta ligeira a acompanhar fruta vermelha (amora, morango) bem madura e fresca. Transmite claramente uma sensação de arredondamento em todo o seu conjunto, com notas florais (violetas) a marcar presença tal como algumas notas de coco, chocolate preto, caramelo de leite e especiaria doce (cravinho). No fundo tem parecer balsâmico em companhia de mineral, num conjunto onde se sente o perfeito entendimento das duas castas, juntamente com as notas derivadas da passagem por madeira.

Boca que nos indica um vinho de estrutura mediana, macio e bem afinado de corpo. Harmonia sentida entre fruta vermelha e a madeira (tosta, caramelo, especiaria, chocolate preto), em bom seguimento da prova de nariz e com uma frescura bem presente. O fundo mostra um ligeiro balsâmico que se dilui em notas de mineral, com final de boca de persistência média.

Pertence claramente à nova vaga de vinhos do Dão, mais moderno nos seus atributos e de certa forma a apresentar-se de uma maneira mais fácil de agradar a um alargado leque de consumidores. O preço ronda os 18€ e das 4320 garrafas coube a esta o nº0205.
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7 comentários:

Catenaccio disse...

Curioso...

Ontem passei pelo 'El Corte Inglés', para a habitual correria das prendas de Natal. Acabei por visitar a garrafeira do Club del Gourmet e estive uns longos minutos a observar os exemplares disponíveis.

Queria oferecer um Tinto ao meu Pai, mas porque a família é numerosa, os imperativos de orçamento impunham-me um limite máximo de 10€. Assim, face às opções, decidi-me por um vinho da região do Dão, curiosamente também Reserva de 2005.

O vinho é o seguinte: Quinta da Estorreira Dão Tinto Reserva 2005, produzido por Ana Inock Baptista Rodrigues. Conhece? E o que me diz desta combinação de Castas: Alfrocheiro, Touriga Nacional e Jaen?

Por outro lado, aproveitei para petiscar qualquer coisa no Méson de Tapas - aconselho os cogumelos gratinados com farinheira e maçã - e pedi um copo do vinho da semana. Por 2,90€ p/ 15cl, provei o Mayoral Syrah, ignorando qual o ano respectivo. Podem-me informar mais sobre este vinho, para além de saber que é da região de Múrcia?

Obrigado. Um abraço.

Ricardo.

João de Carvalho disse...

Caríssimo, não conheço o vinho Quinta da Estorreira Reserva 2005, quanto ao lote de castas, é um lote feito com castas tradicionais do Dão.


Sobre o Mayoral Syrah, embora já o tenha visto várias vezes à venda quando me desloco a Badajoz, nunca comprei ou provei o dito cujo.

Arnaud disse...

Olá João,

Provei a pouco e parece que gostei mais do que tu. Acho um vinho muito fino, muito elegante, não tanto "nova vaga do Dão".
(o Touriga já é outra história).
O estranho é que quando o provei há um ano e meio, parecia mesmo espesso, doce, guloso e com taninos gordos. Agora acho-o aristocrático.

Arnaud

João de Carvalho disse...

Quando digo que pertence à nova vaga do Dão, tem que ver com a condição de que é um dos produtores recentes na região, o vinho em causa é a primeira colheita no mercado se não estou em erro.

Grande parte da panóplia de aromas que nos transmite, todo aquele coco, e respectivos tiques derivados da madeira, fazem dele um vinho feito para agradar de imediato, como que a mostrar-se forçado a agradar, tudo muito no sítio, quase que feito a régua e esquadro.

Obviamente que gosto do vinho em causa, mas dentro das escolhas do Dão, sou da opinião que há bem melhores e capazes de exprimir melhor a zona onde nasceram, pelo que este nunca poderia ter nota superior.

Luis Prata disse...

Olá João,

Posso dizer que este é o Quinta das Marias que mais gosto. É de facto um vinho que marca pela diferença, daí compreender porque diz que não é o melhor a exprimir a região.

Sem questionar o 16, e ambos sabemos nestas andanças dos vinhos a subjectividade das notas, se eu tivesse que lhe atribuir uma nota, dar-lhe-ia de certeza mais um pontito :)

1 abraço

João de Carvalho disse...

Eu em breve irei provar o Touriga Nacional 2005, penso ter esperado o tempo suficiente para que aquela pujança que tinha se tenha acalmado.

A conversa sobre as avaliações de vinhos é sempre recorrente e boa de se ter, eu pelo menos estou à vontade para falar sobre ela pois todos os vinhos aqui colocados passaram na mesma tabela, foram avaliados sempre os mesmos parâmetros pelo que a partir de certa altura se pode reparar num fio condutor no que toca à classificação dos vinhos.

Posso dizer também que a questão do preço, da quantidade e outros detalhes contam apenas e só 0,1% na avaliação final.
É óbvio que factores avaliados como acidez, corpo, aroma... dependem de mim e como será óbvio do meu gosto pessoal e da forma como eu dou mais ou menos valor a cada um deles.

Este vinho quando provado pela primeira vez teria nota diferente, tinha mais vida e mais que mostrar, desta vez encontrei o vinho com um pouco menos que dizer, com um conjunto recorrente e que me dá a sensação de já ter provado semelhante noutros lados e noutras alturas, para mim isto não é bom, independentemente da sua qualidade que a tem e bastante, a nota 16 equivale a Muito Bom.

Se eu desse 17 começava a entrar num campo onde outros vinhos e outros valores se levantam. Dou um claro exemplo: se eu der 17 valores a este vinho quantos valores teria de dar ao Flor das Maias 2005 ? 18 ? e será que nessa altura os 18,5 atribuídos a um Chateau Montrose teriam sentido ?

Luis Prata disse...

Compreendo João, dentro dos seus critérios o 16 faz muito sentido e eu compreendo e concordo com ele assim como concordo o rigor que o João tem dado na classificação de vários vinhos neste espaço.

Quando escrevi que daria mais um pontito, disse-o apenas porque gosto muito deste vinho em particular, e não pelo facto que o vinho valha realmente mais. ;)

Fujo de classificar um vinho pois não tenho competência para tal, deixo essa tarefa para o João que o tem feito a meu ver muito bem ao longo dos últimos anos.

Abraço vínico

 
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