Copo de 3: Quinta do Crasto 1999

10 novembro 2009

Quinta do Crasto 1999

Situada na margem direita do rio Douro, entre as localidades de Pinhão e Peso da Régua, a Sociedade Agrícola da Quinta do Crasto dispõe de 130 hectares, dos quais 70 são ocupados por vinha (com as mais antigas a passarem dos 70 anos). Tal como as grandes Quintas do Douro, a sua origem remonta a tempos longínquos (o nome CRASTO, deriva do latim castrum, que significa Forte Romano). As primeiras referências datam de 1615, aparecendo no mapa do Douro (séc XIX) feito pelo Barão de Forrester. Nessa altura apenas os melhores vinhos do Porto ostentavam o nome da Quinta, sendo a restante produção vendida a terceiros.
Logo no início do século XX, a Quinta do Crasto foi adquirida por Constantino de Almeida, fundador da casa de vinhos Constantino. Em 1923, após a morte de Constantino de Almeida foi o seu filho Fernando de Almeida que se manteve à frente da gestão da Quinta dando continuidade à produção de Vinho do Porto. Em 1981, Leonor Roquette (filha de Fernando de Almeida) e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade e com a ajuda dos seus filhos Miguel e Tomás deram início ao processo de remodelação e ampliação das vinhas bem como ao projecto de produção de vinhos de mesa pelos quais a Quinta do Crasto é hoje amplamente conhecida. O tinto Quinta do Crasto teve a assinatura de David Baverstock, que foi responsável desde a primeira colheita em 1994 até 1999, sendo esta última alvo de prova com o respectivo Quinta do Crasto 1999.

Quinta do Crasto 1999
Castas: Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Francesa - Estágio: n/d - 13% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.

Nariz de fina complexidade, a mostrar um vinho onde os 10 anos de vida já fizeram o seu trabalho, mais polido de aromas e sem a intensidade/concentração de outros tempos. Deixou-se de frescuras e ganhou em cordialidade, refinando-se a nível comportamental. O nariz ainda mostra alguma frescura com a fruta (amoras, bagas, cereja) presente mas com menos protagonismo, fruta passa e algum bombom de ginja em conjunto com vegetal seco (esteva), tabaco, grão de café e compota.

Boca bem harmoniosa e de mediana espacialidade, a mostrar um grande polimento de conjunto. A fruta fresca e delicada mostra-se presente mas sem grandes concentrações, entrelaçando-se numa subtil frescura, à qual se junta em segundo plano um travo vegetal seco, ligeiramente compotado, tudo isto em complemento do encontrado na prova de nariz.

É difícil encontrar um vinho tinto em Portugal que passados 10 anos consiga mostrar-se em melhor forma do que quando foi lançado para o mercado (ainda que precocemente em alguns casos). Muitos deles ficam pelo caminho, retorcidos pelas forças descontroladas que os dominam, ou de tão fechados que se mostram, acabam por morrer nessa mesma clausura sem nunca arranjarem maneira de conseguir abrir a porta. O vinho que aqui coloco faz parte daqueles que apesar de tudo, passados 10 anos consegue ser uma boa surpresa, não sendo melhor agora do que quando se mostrou ao mundo, não deixa de dar uma prova bastante agradável. Como alguns dizem, estamos perante um vinho feito, pronto a consumir sem ter muito em que pensar pelo que não vale a pena esperar muito mais tempo, é agora que o prazer está assegurado. 16 - 90 pts

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