Copo de 3: A inocência própria da ignorância...

29 maio 2010

A inocência própria da ignorância...

Texto retirado da net: "Desde que a China despertou para os prazeres do vinho, e que o seu consumo começou a ser fortemente incentivado pelo governo, o negócio das falsificações começou a encarar o vinho como um produto merecedor de investimento. Num ápice, o mercado chinês ficou inundado de imitações baratas e ingénuas, com rótulos caricatos pela inocência própria da ignorância. Infelizmente, a indústria da cópia aprende depressa, e em breve seremos inundados por rótulos mais cuidados e difíceis de detectar. Até lá, podemos ver pérolas como este Château Lafitte, escrito assim mesmo, com duplo “t”, ao contrário da grafia original que se escreve Château Lafite. Mas também são engraçadas as referências a Premiéres Côtes de Bordeaux, imagino que a appellation imaginária deste Lafitte chinês…" Por Rui Falcão in Mesa Marcada

Ora digo eu, que um jornalista profissional da área dos vinhos tem obrigação de se informar antes de escrever sobre qualquer assunto que desconhece. Pessoalmente não admito qualquer tipo de erro a um profissional e muito menos quando é especializado numa determinada área. Neste caso vamos mais além pois a notícia pode ser vista como uma colagem de uma outra que já tinha aparecido na net: http://www.grapewallofchina.com/2009/11 ... -in-china/ e onde podemos verificar que não se metem os pés pelas mãos.

É verdade que as falsificação de grandes nomes de vinho do mundo é uma realidade, e que na China essas mesmas falsificações têm aparecido. Só que apelidar determinado rótulo, com ar de troça como uma pérola de imitação barata e ingénua é assustador, tão assustador e grave quando o mesmo rótulo existe e não vem da China mas sim de Bordéus, http://www.chateaulafitte.fr/, o link até vem colocado no próprio rótulo mas deve ter passado desapercebido. Como nota adicional informo que existe também um tal Chateau Lafitte na AOC de Jurançon, com link http://www.chateau-lafitte.com/.
Mas não se fica por aqui, o autor ainda acha engraçada a referência de uma suposta appellation imaginária do tal Bordéus Chinês. O facto é que essa mesma appellation existe e até tem site na net, http://www.premierescotesdebordeaux.com/, querem ver que os Chineses também forjaram uma appellation inteira em Bordéus ?

Como nota final, não conheço qualquer dos vinhos mencionados acima, tudo isto foi feito a partir de uma breve pesquisa que fiz na internet, coisa que pelos vistos o jornalista profissional na área dos vinhos Rui Falcão não fez, pensando saber sobre algo que afinal não sabia.

PS: A não aceitação de vários comentários, incluindo o meu, a alertar para os erros feitos no dito local é de estranhar.

4 comentários:

Paolo disse...

Quando se escreve ser imaginária e inventada pelos chineses uma appellation de Bordeaux com 50 Km de comprimento por 5 km de largura, a asneira e a ignorância tem pelo menos uma dimensão considerável.

A asneira é relevante porque o conhecimento sobre Bordeaux é obrigatório por se tratar da mais importante região produtora de vinhos do mundo, na qual as appellations, nem sequer são numerosas ou complexas.

É muito frequente por essa Europa fora encontrar nos supermercados vinhos oriundos da Premieres Cotes de Bordeaux. http://www.tesco.com/wine/product/details/default.aspx?id=255242081

E não é preciso ir há China para comprar umas caixas de legítimos Chateaux Lafittes com dois "tt". Basta ir à internet, telefonar para França e encomendar. http://www.chateaulafitte.fr/vignoble.html.

E sendo especialista talvez fosse bom ter acesso a alguma reimpressão do clássico do século XIX , Bordeaux et Ses Vins de Charles Cocks e Michel-Édouard Féret (1846) ou na versão inglesa Bordeaux, its Wines and the Claret Country. É que o agora pretenso imaginário Chateau Lafitte, com dois "tt" JÁ VINHA REFERENCIADO na biblía clássica de Bordeaux do SÉC. XIX.....

Todo o teclado inútil que se pode conferir e ler no blog Mesa Marcada do dia 26 de Maio, http://mesamarcada.blogs.sapo.pt/, é especialmente grave quando vem de alguém que se auto-intitula jornalista profissional especializado na área dos vinhos. http://ruifalcao.com/?page_id=2

Talvez, escrever bem menos e estudar bem mais, ajude.

Pumadas disse...

João Pedro,

Acho muito deselegante e atroz este teu post.
Se querias corrigir o Rui Falcão, e fazias muito bem, acho que devias tê-lo feito em resposta ao seu próprio post, no seu próprio Blog. Receberias então uma resposta de assumido erro.
Ao contrário de ti, considero que errar é humano, seja vindo de um profissional ou não. Por vezes, a confiança na experiência acaba por trair um Jornalista, não vejo nenhum mal nisso.

Abraço,

João Rico

João de Carvalho disse...

João, antes de mais esclareço-te que dei resposta no próprio local bem antes de publicar aqui fosse o que fosse, respondi eu e responderam outras pessoas mas até à madrugada de Sábado passaram uns dias e pelo menos a minha chamada de atenção não apareceu. Surge sim um comentário que foi feito depois do meu, pelo que presumo que todos os outros tenham sido ignorados.
Ignorada foi também a chamada de atenção, visto que o post continua na mesma.

João, tens razão quando dizes que errar é humano... mas errar tanto num só sítio é mais que isso. O que seria da História se o historiador desse erros nas datas, ou nos locais dos acontecimentos ? o que seria se o manual da tua câmara fotográfica viesse com erros, será que ao leres aprendias alguma coisa ?

Se o Rui Falcão fosse um simples jornalista ainda dava de barato, agora quando se afirma como Jornalista profissional especializado em vinhos, ocupando lugares de destaque na imprensa, não pode errar, não pode passar informação que engana as pessoas menos atentas... foi o que aconteceu.

Zé Carlos disse...

Prezado João Rico

Tive conhecimento que desde quarta-feira várias pessoas, entre as quais o João Pedro, chamaram à atenção para o erro no Blog Mesa Marcada, mas essas intervenções não foram aceites e inseridas.

O erro chegou a aparecer num fórum de vinhos mas foi retirado.

Claro que qualquer pessoa pode errar, embora os erros aqui sejam de palmatória.

E não foram só dois erros. Houve displicência; no rótulo vem o website do produtor. Bastava ir ver.

O que caiu mal foi que o erro não tenha sido logo assumido apesar das intervenções; só o foi na madrugada de hoje.

O que como deves imaginar gerou muita conversa, desnecessária durante estes dias. Há que sermos humildes quando erramos.

Um grande abraço

Zé Carlos

 
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