Copo de 3: Paydos 2008

04 julho 2012

Paydos 2008


Rumando a Espanha, ali para os lados de Zamora, fica a zona de Toro onde pelos solos cobertos de calhau nascem cepas centenárias em pagos míticos. O casal María del Yerro e Javier Alonso (Viñedos Alonso del Yerro) depois da Ribera del Duero resolveram apostar em Toro, compraram em Pagos de Miguel (Morales de Toro, Zamora) 8,80 ha de vinhedo com cepas plantadas entre 1930 e 1988. Este investimento deu frutos com a colheita de 2008, de nome Paydos que resulta das iniciais do filho do casal, Pedro, com o seu número favorito, o 2. De resto o vinho teve 15 meses de barrica, resultantes 3500 garrafas de um vinho com 15% Vol. com preço a rondar os 30€ por garrafa.

O vinho mostra um Toro menos bruto e mais sociável, tem menos nervura que por exemplo o San Román apesar da força do seu conjunto estar presente, a fruta essa muito limpa e com boa maturação, o trabalho de barrica é exemplar como já nos tem acostumado o produtor. Alia força com frescura e ao mesmo tempo uma grande elegância de conjunto, a barrica tem a marca da casa, presente mas a caminho da completa integração e a saber dar lugar de destaque à fruta do bosque bem madura e com frescura, tostados da madeira, leve sensação de cremosidade conferida por baunilha, toque floral, folha de tabaco seco, especiaria com pimenta preta e cacau. Vinho raçudo mas a mostrar-se ágil como um mestre da esgrima, nada pesado, solto e com uma frescura que tão bem nos sabe. Mesmo com alguma ponta doce (regaliz) no nariz não chega para incomodar. Na boca o vinho desdobra-se, procura ocupar todo o espaço, a fruta mais uma vez bem presente, rebola pela língua, depois vêm os tostados em plano médio, boa sensação de cremosidade esbatida no final com taninos à procura de cadeira, bálsamo, todo ele concentrado e estruturado num final largo e persistenteVou esperar um pouco mais por ele a ver como evolui em garrafeira.

É um Toro de perfil mais moderno em que acima de tudo se mostra elegante, torna-se por isso mais apelativo no imediato e sem o risco de se aberto mais cedo do que se deve nos arrancar a língua. Todo ele pede comida, fiz-lhe a vontade e enquanto se espreguiçava no copo fui apurando um estufado de javali. A ligação foi mais que boa, a boa acidez do vinho juntamente com toda a sua força ligou em grande com os sabores do tempero e da própria carne. 93 pts

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