Copo de 3: Convento do Paraíso, a reconquista do Algarve

10 novembro 2015

Convento do Paraíso, a reconquista do Algarve


O Algarve enquanto região produtora passou praticamente de inexistente para uma tímida e crescente vontade de se fazer ouvir. Os investimentos que têm sido feitos na última década têm sabido mostrar os seus frutos e hoje em dia o Algarve enquanto região produtora de vinho de qualidade é uma realidade. A região vive ainda órfã de uma identidade própria que consiga distinguir os vinhos ali produzidos das restantes regiões, algo que acontece por culpa própria e que depende dela própria para saber encontrar o melhor caminho. Têm esse dever os produtores que ali têm sabido fazer vingar com sucesso os seus projectos, como disto é exemplo o Convento do Paraíso (Silves). Tudo acontece na Quinta de Mata Mouros, propriedade do empresário Vasco Pereira Coutinho, localizada ao lado do rio Arade paredes meias com a cidade de Silves. O Convento de Nossa Senhora do Paraíso foi edificado no séc XII após conquista de Silves, de vinha são 12 hectares plantada de raiz no ano de 2000, onde despontam Cabernet Sauvignon e Sousão nas tintas e Alvarinho e Arinto nas brancas, sendo esta apenas a quarta vindima desta joint venture que começou em 2012 e que junta a família Pereira Coutinho com a família Soares (Herdade da Malhadinha Nova e Garrafeira Soares). Na adega juntam-se para o mesmo fim a vertente mais tradicional com os lagares e a faceta mais moderna com a tecnologia de ponta.


Poderiam optar por fazer vinhos previsíveis, felizmente não o fazem digo eu e serve isto de mote para o tinto Imprevisto 2014 num lote de Touriga Nacional/Aragonez. Desponta juventude com muita fruta carnuda e bem suculenta, muito vigor com balanço entre a doçura da fruta e a acidez, floral com toque de aconchego com alguma compota, bastante directo e apetecível desde o primeiro copo. O preço ronda os 5€ garrafa e está também num muito apetecível bag in box de 5 litros com preço de 9,95€.

Segue-se a gama Euphoria que nos invoca a sensação de bem-estar, satisfação e alegria, com versão rosado, branco e tinto. Três vinhos que seguem o mesmo diapasão, fruta bem limpa e madura com aromas muito presentes num conjunto a mostrar-se com energia e muito bem-disposto. O Euphoria branco 2014 centrado no duo Alvarinho/Arinto brilha pela sua frescura, alguma calda tropical a envolver os citrinos de bom-tom, floral num todo convidativo e muito atraente. Enquanto o Euphoria rosado 2014 com Touriga Nacional/Aragonez mostra os seus frutos vermelhos bem torneados envoltos num delicado perfume. Boa frescura no palato com passagem saborosa e ligeiramente seco no final de boa persistência. Por fim o Euphoria tinto 2013 que teve ainda direito a 6 meses de estágio em barricas de carvalho francês. Mostra-se num plano mais sério onde a fruta negra e vermelha muito centrada nas bagas e frutos silvestres se mistura com um toque vegetal muito presente. Ao conjunto juntam-se ainda notas terrosas e de alguma especiaria, em fundo a barrica aconchega todo o conjunto que ainda com sinais de juventude dá bastante prazer à mesa.
Finalmente o que se assume como topo de gama, o Convento do Paraíso 2012 que resulta do inusual lote de Cabernet Sauvignon e Sousão. Diferente, desafiante e ao mesmo tempo cativante quer a nível de aromas como de sabores. Da fruta muito sólida e fresca combina tons de vegetal maduro, alguma compota e especiaria com bonita envolvência da madeira. Vinhos de um projecto recente que merecem ser conhecidos e cujo cunho de qualidade conferido pela equipa da Herdade da Malhadinha promete muitas alegrias no futuro próximo.

Published in Blend All About Wine

7 comentários:

Anónimo disse...

Notas? Quais foram as notas que o resto não interessa para nada?

André Miguel disse...

Continuo a não compreender a plantação de cabernet sauvignon em Portugal. A sério que não. Temos tantas castas superiores. Eu até gosto da cabernet, mas do Chile ou África do Sul.

João de Carvalho disse...

A casta Cabernet Sauvignon mora em Portugal vai para mais de 100 anos, sendo que parte desse motivo foi dos estudos que os então "enólogos" iam fazer à região de Bordéus de onde posteriormente se traziam umas varas para tentar fazer um "vinho à imagem" daquela região. Aconteceu com a Alicante Bouschet ou com a Chardonnay.

André Miguel disse...

Oh Pedro por amor de Deus não compare a alicante bouschet com a cabernet! A primeiro mostrou tudo o que valia no Alentejo, já a cabernet acho que em Portugal está a mais, pois nós temos melhor e o mundo faz melhor com tal casta.

João de Carvalho disse...

Apenas coloquei a casta Alicante Bouschet no mero contexto de que alguém a foi buscar a França, quanto ao resto estou completamente de acordo. Mas temos alguns bons exemplos do que a Cabernet Sauvignon nos tem para dar, por exemplo os Quinta Poço do Lobo, os Tapada de Coelheiros onde a casta sempre teve um importante papel no lote ou o Quinta da Bacalhoa.

Anónimo disse...

No Quinta da Bacalhôa tem mais importância o Merlot do que o Cabernet.

João de Carvalho disse...

O vinho Quinta da Bacalhoa é 90% Cabernet Sauvignon e apenas 10% Merlot, lote que sem tem vindo a manter e que apenas na colheita de 1979, a primeira, viu esse valor alterado para 20% de Merlot. Como curiosidade, é reparar no rótulo e ver que lá surge em destaque a dita Cabernet Sauvignon.

 
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