Copo de 3: dezembro 2015

30 dezembro 2015

Casa da Passarella, as Vindimas, as Vinhas Velhas e os Fugitivos

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Fomos visitar a histórica Casa da Passarella, no Dão, com a Serra da Estrela em pano de fundo e literalmente metemos as mãos nas vinhas mais velhas deste produtor. Em plena altura das vindimas o convite foi aceite para ir conhecer as fantásticas vinhas velhas que dão origem aos melhores vinhos desta Casa, num trabalho de campo com muita aprendizagem e um almoço bem descontraido onde brilharam dois novos lançamentos. No final ainda tivemos uma vertical do tinto Vinhas Velhas ao lado de duas novidades que em breve vão chegar ao mercado.

Foi chegar, pegar na tesoura e descer as ruas do pitoresco vilarejo da Passarela até chegar às vinhas. Um cenário fantástico com três pequenas parcelas de vinha cuja idade supera já os cem anos, dispersas em três pequenos patamares, assente em solo predominantemente granítico onde cepas de uvas brancas convivem lado a lado com cepas de uvas tintas. Castas com nomes que de tão estranhos correm o risco de ficar esquecidos no tempo e por mais que se queira apenas se consegue entender toda a magia e especificidade de uma vinha como esta estando no local e reparar na enorme variedade de castas que ali moram. Pena que durante largos anos as vinhas do Dão estiveram em decadência e com isso a qualidade dos vinhos a que davam origem. Foi preciso um forte investimento por parte dos produtores em plantar nova vinha, o que de certa maneira ajudou a um afastamento ou até mesmo o arranque do vinhedo mais velho.
O blend resultante destas vinhas velhas carrega a alma da região, o Dão tem nas suas vinhas mais velhas a sua maior riqueza e temos de agradecer a todos aqueles que com esforço e bastante dedicação, lutam para as preservar e conseguir vinhos que quando educados de forma correcta na adega, atingem patamares muito altos de qualidade. Portanto não é de estranhar a forma apaixonada como o enólogo Paulo Nunes fala destas suas “meninas” com quem, segundo palavras dele, tem aprendido muito. E com o que estas vinhas velhas lhe ensinam ele na sua parte de mestre criador tem conseguido interpretar de maneira tal que os resultados falam por si. Fora de modas, sabe criar e educar grandes vinhos, nota-se que à medida que as colheitas vão passando o seu estilo “Dão da Serra” afina num misto de tradição/modernidade com vinhos de fina exuberância, muita definição da fruta que combina raça, carácter, corpo e um natural aveludado que teima em dar sinais logo desde cedo.

Foi já à mesa servido por um tradicional prato de Rancho que me fiz acompanhar da mais recente novidade, o Enxertia Jaén 2012. Um vinho perigosamente apetecível que desapareceu do copo num ápice, a combinação entre estrutura/frescura/fruta sumarenta resulta num combo perfeito à mesa. Em momento de desfrute e amena cavaqueira, foi rei e senhor este Jaén que soube pela vida e marcou mais um belíssimo momento de convívio.

Mas foi ainda com as vinhas velhas na memória que se realizou a vertical desde o primeiro exemplar Vinhas Velhas 2008 até ao mais recente 2012. Notou-se a evolução do perfil, com o 2008 a mostrar uma maior presença de baunilha e tosta ao lado de fruta muito gorda e sumarenta. O que mostrou menor prestação e mesmo mais deslocado de toda a prova foi o 2010 cujos apontamentos mais adocicados destoam por completo dos restantes. O mais calado de momento é o 2011 que se encontra na fase de arrumação e ainda pouco quer mostrar embora esteja um belíssimo vinho em perspectiva. Vencedores da prova se é que se podem considerar assim, tanto o 2009, arriscando a ser o melhor até à data com o 2012. Vinhos compactos e sedutores, bom equilíbrio com corpo médio e um pouco de maior arredondamento dado pela barrica, tudo isto sempre com uma acidez/frescura habitual dos vinhos da região.


Por último ficou a apresentação oficial dos novos vinhos que já tinham sido dados a conhecer ainda que de forma envergonhada e agora sim foram dados a provar com a roupagem definitiva. Inseridos na gama O Fugitivo, surgem o Garrafeira branco 2013 e o tinto Vinhas Centenárias 2012. A produção de qualquer um deles não supera as 2000 garrafas, são dois grandes vinhos que espelham a terra que os viu nascer. Enquanto o tinto vai buscar como foi dito lá atrás a raça, carácter e corpo com uma acidez e travo de ligeiro vegetal que lhe confere uma bonita energia no palato. Complexo, profundo e ao mesmo tempo ainda muito novo, muito no perfil do Vinhas Velhas 2012 embora todo ele com um pouco mais de tudo. Já o Garrafeira branco é um vinho de estrondo, nada fácil e fora de modas, cheira a Dão de outros tempos, cheio de garra com taninos a marcarem o final cheio de secura, o vinho grita por descanso em garrafa. Eléctrico, nervoso, tudo ainda muito novo tanto no nariz como na boca, do melhor que a região me colocou no copo nos últimos anos.

29 dezembro 2015

Soalheiro TerraMatter 2014

Novidade recente este Soalheiro Terramatter, um Alvarinho da colheita 2014 que teve uma vindima mais precoce, sem filtração e sujeito a depósito cujo envelhecimento é feito, essencialmente, em barricas de castanho (pipas tradicionais da região do Minho). A tonalidade é ligeiramente mais carregada que o normal nos vinhos da casa, nota-se algo fechado e sem a espectável precisão aromática que o produtor nos tem acostumado em todos os seus vinhos. Denso, bom volume de boca com muita elegância e frescura, sensação de ligeira untuosidade. Travo mineral vincado em fundo numa passagem plena de sabor e frescura. Está a meu ver ainda muito novo e será bastante interessante acompanhar a sua evolução, haja garrafas que o permitam. Ronda os 17€ a garrafa e a produção é bastante reduzida. 93 pts

23 dezembro 2015

Votos de Feliz Natal



O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

22 dezembro 2015

Os Sabores da Nossa Terra


No vasto património que é a nossa gastronomia, muitas são as obras que lhe vão sendo dedicadas um pouco por todo o lado. Cabe neste caso realçar uma edição que acho deliciosa e que tal como a capa indica é uma viagem ao património gastronómico do Oeste, do Ribatejo, do Ribatejo Norte, da Charneca Ribatejana e da Península de Setúbal. Uma obra que nasceu da vontade de cinco Associações em divulgar a culinária e os produtos das respectivas regiões. Um trabalho que tem de ser louvado e dado a conhecer a todos os apaixonados pela nossa gastronomia.

Cada uma dessas associações levou a cabo uma apurada recolha da qual resultaram 20 receitas para cada uma das regiões em destaque, com direito a breve introdução às principais localidades e os seus produtos mais característicos, disponibilizando uma agenda gastronómica para os interessados. Há também, ainda que de pequeno formato um  destaque para o tipo de vinhos que são produzidos nas várias regiões.

O ponto alto do livro são as receitas, funcionais e carregadas daquela identidade que tantas vezes procuramos, bem ilustradas e com direito a uma nota introdutória onde no final é feita a sugestão de vinho para acompanhar o respectivo prato. Para os apaixonados fica a vontade de experimentar, de procurar aqueles ingredientes que por vezes de tão desconhecidos nos levam à procura dos mesmos. Esse mesmo efeito que de tão positivo leva por vezes a que produtos que estão esquecidos sejam salvos desse mesmo esquecimento. Este "Os Sabores da Nossa Terra" ao que parece foi editado mas por pena minha nunca me passou nenhum exemplar pelas mãos, uma pena, resta desfrutar e deixar-me guiar pela edição digital, também acessível pelo respectivo site, consultar AQUI.



21 dezembro 2015

Pêra Manca 2010

É o expoente máximo da Adega da Cartuxa (Alentejo), nascido pela primeira vez na colheita de 1990 e dá pelo nome de Pêra Manca. Sem comparações possíveis com o vinho que já foi no passado e apesar de durante alguns anos parecer ter andado meio perdido, mostrar-se agora nesta colheita de 2010 à altura daquilo a que me tinha acostumado. Obviamente que com todas as mudanças a enologia também mudou e o vinho sofreu os necessários ajustes que demoraram o seu tempo a assentar arraial, porém comanda a finesse e harmonia de componentes, tudo numa toada de pura classe com frescura e fruta de grande gabarito. Na boca enche o palato de sabor e com belíssima harmonia, estruturado com raça e energia, capaz de evoluir por largos anos. Diga-se que é dos que se bebem com imenso prazer, sem cansar e apetece sempre mais um copo e outro até que a garrafa fica vazia. É a todos os níveis um grande vinho, que se soube reencontrar no caminho da glória que conquistou nos anos 90. Mais que um Clássico é um Ícone dos vinhos de mesa em Portugal com um preço que na loja do produtor ronda os 100€ por garrafa. 95 pts

Graham´s Colheita 1972

Após a aquisição da Graham's pela familia Symington em 1970, Peter Symington, então enólogo principal da casa, escolheu este vinho oriundo das vinhas mais velhas da Quinta dos Malvedos e da Quinta das Lages. Acompanhando de perto ao longo da sua carreira o estágio deste Colheita 1972, Peter Symington passou esta responsabilidade para o seu filho Charles Symington quando se reformou. Provado por duas ocasiões, com preço a rondar os 225€, o vinho como seria de esperar após mais de 40 anos de estágio em madeira, apresenta-se complexo e profundo. Rico em detalhes dominado pelos aromas que invocam fruta desidratada com os alperces em destaque, geleia de laranja e cereja, frescura, caixa de charutos, fruto seco... Boca a condizer, amplo, frescura a contrabalançar com o toque de doçura numa elegância de conjunto notável. Enche o palato de sabor, muito boa presença e um final interminável, fantástico. 96 pts

20 dezembro 2015

Blackett Porto 30 Anos

Um nome perdido na História que foi resgatado pela Alchemy Wines, Port Wines & Vineyards, Lda e mostra neste caso um vinho marcado pelo poder do tempo, capaz de sobreviver e crescer ao longo de sucessivas gerações, tal como o propósito desta nova empresa. É no estilo Tawny que reside a alma e essência daquilo que é o Vinho do Porto, o lote é uma arte dominada pela figura do master blender que na sua genialidade trata por tu todas as velhas pipas que repousam nas imensas caves. É essa figura que quase sempre passa despercebida aos olhos do consumidor e que sabendo escolher por entre centenas de barricas as que considera melhores, como quem monta um puzzle, consegue criar verdadeiras obras de arte. Neste caso um Tawny 30 Anos com uma belíssima complexidade, muito fresco bem definido, tabaco, noz, alperce cristalizado, caramelo de leite, ligeira laca, sensação de untuosidade num conjunto amplo e profundo, com final de boca guloso. Tudo muito preciso na forma como conjuga a juventude e vigor dos vinhos mais novos com a complexidade e educação dos vinhos com mais idade que lhe complementam o lote. Vinhos destes são a recompensa ideal para nos acompanhar no final de um dia de trabalho. 95 pts

16 dezembro 2015

Soalheiro Alvarinho 2014

Ano após anos este Soalheiro Alvarinho (Vinhos Verdes) é provado e anotado como um dos melhores brancos a serem feitos em Portugal, a consistência da sua qualidade é invejável para uma marca que conta com mais de 25 anos no mercado. Peço preço em grande superfície comercial quase sempre a rondar os 9€ a compra é mais que aconselhada, direi obrigatória, para quem pretender um belíssimo vinho para momentos de festa ou impregnados de alguma importância, ou mesmo para quem quer ter um momento de prazer à mesa. Continuo também a abrir estes vinhos um ou dois anos após o seu lançamento, se repararem começa a entrar no mercado o novíssimo 2015. Por aqui é este 2014 que começa a abrir os olhos, pareceu-me mais afinado, menos exótico com rédea curta para o exotismo que se vinha abatendo sobre ele, com as flores e os citrinos a brilharem apesar de contido a qualidade e definição aromática faz o seu jogo de sedução, muita frescura com acidez a lavrar no palato, saboroso e bem persistente. 92 pts


11 dezembro 2015

Grandjó Late Harvest 2012


O Grandjó da Real Companhia Velha tem estatuto de lendário, o "Vintage das terras altas" como é conhecido, vai para mais de 100 anos a brilhar à mesa. Por agora vamos na colheita 2012 que marca a estreia a solo do enólogo Jorge Moreira, num vinho cujas uvas da casta Sémillon provenientes da Quinta do Casal da Granja (Alijó) permitem o desenvolvimento de botrytis cinerea, o fungo responsável pela podridão nobre, factor determinante no processo de elaboração deste vinho muito especial. Esse mesmo efeito da botrytis sente-se presente no nariz, em companhia de aromas limpos, frescos e com aquele adocicado quase que a lembrar fruta em calda com destaque para o alperce, toque melado, chá de limão, muito bonita complexidade num todo com muita harmonia e delicadeza. Na boca é doce mas fresco, muita finesse com sensação de untuosidade a meio do palato, final fresco e de apontamento guloso, para mim deveria ter um bocadinho mais de acidez mas da maneira como desaparece do copo uma pessoa até se esquece desses detalhes. Custa coisa de 19€ e vale cada gota, um belíssimo Late Harvest. 94 pts


Evel XXI Grande Reserva tinto 2012

Dando continuidade à edição comemorativa dos 100 anos da marca Evel da Real Companhia Velha, chega-nos agora o ‘Evel XXI Grande Reserva tinto 2012’. Um blend de Vinhas Velhas, Touriga Nacional e Touriga Franca, que dá origem a pouco mais de 3.000 garrafas a saírem para o mercado com preço a rondar os 40€. Diga-se que o vinho conquista no imediato, elegância e frescura num conjunto recheado de coisas boas e apetecíveis, frescas e muito bem definidas. Bonita complexidade com nota de baunilha, fruta negra madura, cacau, especiarias, o arredondamento da barrica torna a textura mais aveludada e como tem vindo a ser hábito por aqui o trabalho com as barricas tem sido notável. No fundo uma ligeira austeridade que suporta o conjunto, cheio de vida, muito prazer no palato, amplo e bem estruturado com a fruta a escorrer de sabor e complementada pelas notas de cacau, baunilha, geleia de frutos silvestres, em fundo com ligeira secura. Um belíssimo vinho, tentador e harmonioso que dará desde já muito prazer à mesa, por exemplo com uma perna de cabrito no forno. 95 pts


09 dezembro 2015

Quinta de Cidrô Marquis 2012


É uma novidade da Real Companhia Velha (Douro) lançada recentemente no mercado, na linha do ‘Quinta de Cidrô Celebration tinto 2010’, a Companhia lança agora o ‘Quinta de Cidrô Marquis’ para homenagear o Marquês de Soveral, nascido em São João da Pesqueira, em 1851, na própria Quinta de Cidrô, então propriedade da aristocrática família Soveral. Edição limitada a 3573 garrafas a rondar os 40€ cujo lote resulta da união das castas Touriga Nacional (60%) e Cabernet Sauvignon (40%). Ao primeiro contacto a impressão é de um vinho denso, ainda fechado e com ligeira austeridade a despontar, grãos de pimenta preta, chocolate preto, tabaco, fruta (cerejas, amoras, framboesa) bem limpa e madura. Muito bom o trabalho com a madeira,  ainda que presente pouco ou nada incomoda mas tudo parece pedir tempo. Na boca um Douro cheio de vigor e raça, encorpado e cheio de sabor mas a querer mostrar-se ao mesmo tempo elegante, profundo com sabor vincado e frescura bem presente. Um vinho que precisa de tempo para se acomodar, brilhará certamente daqui por um par de anos ou até mais. 93  pts


07 dezembro 2015

Real Companhia Velha - Vinhos do Porto


Com mais de 250 anos de existência e de actividade ininterrupta ao serviço do Vinho do Porto, a Real Companhia Velha é a mais antiga e uma das mais emblemáticas empresas de vinho de Portugal. Fundada em 1756 durante o reinado de D.José I, por iniciativa do Marquês de Pombal, a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro também referida como Real Companhia Velha tinha como objectivo limitar a preponderância dos ingleses no comércio dos vinhos do Alto Douro e resolver a crise que a região atravessava. As suas seculares caves encontram-se instaladas em Vila Nova de Gaia e foi por lá que se deu início a esta fantástica viagem pelo mundo da Real Companhia Velha. Visitar e ficar a conhecer as Caves de Vinho do Porto é algo único, cada uma delas respira uma identidade muito própria fruto dos tesouros que guardam ao longo do passar dos anos. O ar que se respira em cada uma é diferente, a luz, os cheiros, as pipas e até mesmo o chão que pisamos. Estas caves da Real Companhia Velha emanam um carisma muito especial e mesmo não ficando "coladas" ao rio, merecem uma visita muito atenta. 


Vagueando pelas caves uma das coisas que gosto de fazer quando visito estas catedrais do vinho é perder-me por entre os pipos à procura daqueles que surgem datados com o meu ano de nascimento, outra das aventuras é procurar qual o mais antigo. No decorrer desta visita fui dar com um verdadeiro tesouro, ali lado a lado estavam 1937, 1900 e 1867, que por sinal fazem parte do "Super Tawny" que a Real Companhia Velha lançou com o nome Carvalhas Memórias do Séc. XIX, numa edição de 500 garrafas a preço de 1.000€ a unidade. A base é a colheita 1867, um vinho denso, guloso e de enorme complexidade, ao mesmo tempo misterioso tal como a sua proveniência. A prova do 1900 revelou ser a mais equilibrada pela frescura/complexidade que apresenta e uma enorme presença de boca, já o 1934 algo mais rústico e com pontas soltas. Vinhos que nos fazem sonhar e em que por um breve momento dá a sensação que tudo fica parado à nossa volta, sem dúvida um momento que fica na memória. 
No campo das novidades e já no mercado e no que ao estilo Ruby diz respeito, foram dados a provar dois vinhos, o Quinta das Carvalhas LBV 2010 que se mostra muito fresco e convidativo. A fruta muito limpa, airosa e madura a fazer lembrar frutos do bosque, chocolate de leite, notas balsâmicas e ervas de cheiro que recordam o passei pela Quinta das Carvalhas. Um vinho bonito e que dá bastante prazer, com passagem de boca bem saborosa, fresca e onde a fruta se mostra carnuda e macia. Fácil de se gostar mas com o apontamento necessário de seriedade que o torna infalível à mesa. 90 pts
O outro vinho apresentado foi o Real Companhia Velha Vintage 2012, muito cheio de frutos do bosque maduros e sumarentos, ponta de canela com notas de chocolate preto e alguma pimenta preta, fundo com balsâmico e geleia, num conjunto que mostra bom equilíbrio entre a doçura e a frescura. Muito harmonioso e pronto a beber, sem taninos espigados ou austeridade a fazer-se sentir, um vinho que se torna ameno no palato ao mesmo tempo saboroso e com uma boa persistência final. Será sempre boa companhia com sobremesas que misturem chocolate com frutos silvestres, ou até um queijo amanteigado. 93 pts

06 dezembro 2015

Real Companhia Velha Séries Moscatel Ottonel branco 2014

Mais uma novidade da Real Companhia Velha, desta vez um novo ensaio que na Companhia se apelida de Séries e elaborado com a casta Moscatel Ottonel, que é familiar da Moscatel Galego embora menos intensa e muito mais elegante. O Muscat Ottonel resulta do cruzamento da casta Chasselas com Muscat de Somur feito em 1852 por Moro-Rober e tem-se espalhado pela Europa desde então, sendo frequente na Alsácia e na Áustria onde desponta por exemplo nos conhecidos Kracher ou nos Domaine Zind Humbrecht. Centrando neste exemplar, a Real Companhia Velha plantou 2 hectares em 2003 e colhe agora os frutos num vinho que mostra aromas delicados e com boa intensidade, onde desponta a fruta com tom tropical, flores brancas e pétalas de rosa, tudo muito fresco e limpo com um ligeiro arredondamento sentido no nariz. Na boca mostra boa frescura, tenso com sabores delicados a mostrar ligeira austeridade mineral em final com ligeira secura. Apenas com passagem pelo frio do inox, é a meu ver um vinho de consumo a médio/curto prazo perfeito para o Verão e de preferência como aperitivo ou em alternativa com cozinha de cariz mais exótico e rica em especiarias. 91 pts

05 dezembro 2015

Real Companhia Velha Espumante Chardonnay & Pinot Noir Bruto 2013

Este espumante da Real Companhia Velha é um caso sério, vai buscar as uvas à Quinta de Cidrô e junta as castas Chardonnay com Pinot Noir (mais presente nesta edição 2013). Acima de tudo prima pela elegância e harmonia de conjunto, pão torrado e manteiga dão a sensação de untuosidade, frutas presentes e elegantes (alperce, pêra, melão) a embalarem num conjunto com grande frescura, em fundo um toque de pederneira confere o retoque final na bela complexidade. Boca a mostrar-se com perfil vincado, cheio de sabor numa belíssima presença em tom cremoso acompanhado de muita frescura. Final de boca longo e persistente, num espumante de muita classe cujo preço ronda os 20€, onde a sua harmonia e elegância mostram-se capazes de ligar na perfeição com peixes de carne delicada ou o mais refinado marisco. 94 pts

02 dezembro 2015

Herdade do Esporão Verdelho 2004


Muito recentemente decidi resgatar um vinho que tinha na cave, o Esporão Verdelho 2004. Um branco com 11 anos de idade, um atrevimento ou até loucura dirão alguns, mas a verdade é que este Verdelho conseguiu a proeza de atingir aquele momento "wow" reservado para vinhos que de alguma maneira nos causam surpresa pela qualidade acima da média que mostram ter. Neste caso um vinho que bebi vezes sem conta na altura em que foi colocado à venda, gostava tanto que na altura resolvi guardar umas garrafas para ver como se iria comportar com algum tempo de guarda. Esta terá sido a última resistente deste Verdelho 2004 que mostrou ainda uma invejável frescura de boca e de nariz, toda a fruta que antes era fresca agora está envolta em calda e ligeiramente adocicada, toques vegetais com tisana, ramalhete de flores, tudo muito bem composto num vinho sério e adulto, com as ideias muito bem delineadas. Na boca frescura, ponta de untuosidade a enrolar a fruta no palato, mostra-se com consistência e muito boa presença, muito prazer a beber e a voltar a beber, sem cansar. É este um dos motivos que me leva a guardar vinho, acima de tudo a curiosidade mas também a satisfação de posteriormente os poder partilhar com gente que lhes sabe dar o respectivo valor. O único senão é quando a garrafa fica vazia e nos questionamos por que razões na altura não se guardaram mais. 94 pts 

Herdade do Rocim Alicante Bouschet 2013

Se a Herdade do Rocim (Alentejo) já nos tinha arrebatado com o seu Grande Rocim onde a casta Alicante Bouschet brilha bem alto, eis que agora lançam esta versão que quase apetece chamar irmão mais pequeno do Grande Rocim. Talvez chamar "pequeno" seja desajustado face ao que este vinho mostra no imediato, quanto a mim é mais um belíssimo exemplar da casta e que nesta versão se mostra um tanto ou nada bem mais opulento que no irmão mais velho. Temos então um belo vinho de aromas muito convidativos, apetecíveis, elegância e vivacidade. A austeridade é ligeira, mais redondo, mais guloso, com toque químico que desaparece com tempo de copo, chocolate, azeitona, longo e amplo. Boca a dar prova ampla, muito saborosa e bem estruturada com frescura e final especiado. 93 pts

01 dezembro 2015

Confraria dos Enófilos elege os “Melhores Vinhos do Alentejo”

 A Confraria dos Enófilos do Alentejo organizou, em colaboração com a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), a terceira edição do “Concurso Melhores Vinhos do Alentejo”, cujos premiados foram conhecidos este sábado, 21 de Novembro. A iniciativa pretende distinguir a qualidade da produção do Alentejo e dar a conhecer aos consumidores o que de melhor é produzido na região.

À semelhança daquilo que já é habitual, o Concurso era dirigido aos vinhos produzidos no Alentejo, certificados como Denominação de Origem Controlada Alentejo (DOC) ou Indicação Geográfica Alentejano (IG). Não houve restrições quanto ao número máximo de vinhos por produtor, tendo apenas de estar devidamente engarrafados e legalmente rotulados, com informação relativa ao ano de colheita e ostentando os correspondentes selos de certificação. Foram admitidos a concurso três tipos de vinho: branco, rosado ou rosé, e tinto.

Prémio de Excelência: 
Conventual Reserva Branco 2014 (Adega Cooperativa de Portalegre) 
Adega de Borba Premium Rosé 2014 (Adega Cooperativa de Borba) 
Pai Chão Reserva Tinto 2011 (Adega Mayor) 
 
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