17 dezembro 2009

Quinta da Murta branco 2008

No seguimento da prova realizada durante a visita à Quinta da Murta (Bucelas), o próximo vinho de que irei falar é o Quinta da Murta branco, do qual tive a oportunidade de provar as colheitas de 2005, 2006, 2007 e 2008, em que apenas irei destacar 0 2008 e o 2005.
Este branco é um 100% Arinto, apenas com passagem por cuba de Inox, que é sem dúvida alguma a melhor maneira de sentir a pureza da casta sem as intromissões da madeira. Na verdade a casta Arinto não é uma casta muito expressiva, embora com elevada acidez e de acentuada mineralidade no seu perfil. É devido à sua alta acidez que muitas vezes a encontramos a fazer parte do lote de muito vinho branco, quer no Ribatejo ou no Alentejo onde faz par muitas das vezes com a Antão Vaz. Mas é em Bucelas que a casta Arinto tem fama e tem proveito, embora os brancos desta região andem meio esquecidos pelos consumidores que se dizem "mais atentos".

Quinta da Murta branco 2008
Castas: 100% Arinto - Estágio: n/t - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de baixa concentração com retoque esverdeado.

Nariz de perfil fresco, tem a fruta madura bem presente a lembrar citrinos (lima e limão) seguida de vegetal (talos frescos e ripados) e leve floral em fundo marcadamente mineral.

Boca de estrutura média/baixa, mas com acidez que se mostra com vivacidade e cítrica, sentindo-se a fruta fresca e que vai no sentido da prova de nariz. O vegetal marca novamente presença, a servir de acompanhamento à fruta, num vinho de perfil seco e com fundo mineral, em persistência final média.

É um claro exemplo de vinho branco para acompanhar peixe e marisco, servido à temperatura que merece e de preferência durante os tempos mais quentes. Tem a mais valia de que se aguenta bem em garrafa, tem matéria para tal, o que se vai poder constatar com a prova do 2005.
15,5 - 89 pts

Quinta da Murta branco 2005
Castas: 100% Arinto - Estágio: n/t - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve nuance dourada.

Nariz com aroma centrado nos citrinos, vegetal já não tão fresco e com alguns toques secos, sente-se um ligeiro rebuçadinho de limão, desperta certa untuosidade com fruto seco pelo meio e a tal mineralidade que lhe fica tão bem no fundo. Refinou muito ligeiramente com o tempo em garrafa, perdeu em fulgor e mostra agora tudo um pouco mais cansado de estar ali, a fruta começa a perder frescura e ganha leve doçura, entram frutos secos, o vegetal perde frescura... a idade tem destas coisas.

Boca com acidez presente, fruta a mostrar boa frescura com limão e lima, mineralidade sentida, algum arredondamento de conjunto a meio palato. Boa intensidade, final de boca de boa persistência com leve limonado.

Não há duvidas que se aguentou bastante bem com a passagem de 4 anos em garrafa, apesar de se notar já o curvar da idade, mas como na altura da prova se discutiu, a casta não dá para muitas complexidades ou exuberâncias, tem acidez suficiente para evoluir durante algum tempo em garrafa, ganhando algumas nuances e perdendo outras. Um vinho a passar a fase adulta , a dar desde já uma prova bem prazenteira. 15 - 87 pts

3 comentários:

  1. João,
    Uma das preocupações é de facto, aumentar a longevidade do vinho, minimizando a evolução oxidativa. É um trabalho demorado, mas divertido! Pelo menos temos a oportunidade de quando em vez, abrir uma série de garrafas de anos diferentes e comparar os resultados!
    Abraço!

    ResponderEliminar
  2. Já sabes que sempre que fores comparar resultados podes contar comigo para anotar os ditos cujos.

    ResponderEliminar