Copo de 3: agosto 2014

21 agosto 2014

D.Graça by ViniLourenço



A ViniLourenço (Douro) é uma pequena empresa familiar, onde se destaca a figura de Jorge Lourenço. Na totalidade conta com 40 ha de vinhas, de idades entre 1 e 80 anos, repartidas por muitas parcelas, a maior parte das cotas está entre os 500 e os 650 m de altitude, na zona da Mêda, mas há parcelas a 200 m, junto ao Pocinho. As castas principais são a Viosinho, Rabigato, Verdelho e Malvasia Fina (brancas), e a Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Franca, Sousão e Tinta Barroca (tintas). A viticultura é sustentável e, para além das castas tradicionais do Douro, há também várias parcelas de castas antigas, para recuperar e preservar sabores do passado. Um produtor que apenas conhecia de ver no papel e ocasionalmente em alguma prateleira, constata-se mais uma vez que não há nada melhor do que visitar as instalações e falar com os seus responsáveis para se ficar a conhecer e entender o que ali é feito e aproveitar para entrar em contacto com alguns dos seus vinhos. Diga-se de passagem que foram uma bela surpresa principalmente o Rabigato 2012 e o Tinto Cão Reserva 2009, vinhos que se mostram distintos sem aquele "mais do mesmo" tão fácil de encontrar nos dias de hoje, salutar a maneira fresca e airosa com grande domínio à mesa.

D.Graça Rabitago 2012
Mostra-se fresco e com ligeira austeridade, envolto em frescura com fruta sóbria e directa, marca vegetal com acompanhamento de ligeiro mineral, tudo comedido e sem exageros. Boca a confirmar o já descrito, melhor na boca do que no nariz, entra fresco e saboroso, boa presença quer no palato quer no final. Para o preço a rondar os 6€ mostra-se bastante tentador. 90 pts

D.Graça Tinto Cão Reserva 2009
Chama a atenção no imediato, conjunto muito bem conseguido com uma atractiva e graciosa rusticidade, marcadamente vegetal (rama de tomate) no início, fruta gorda com especiaria, suave tosta da madeira, tudo muito bem embrulhado e apetecível. Boca com prova cheia de fruta sumarenta, muito elegante de mediano porte mas vincado no palato, agradável e distinto. Preço a rondar os 15€. 91 pts

15 agosto 2014

Mapa - os vinhos de Pedro Garcias


Inserido na visita ao Festival do Vinho do Douro Superior, tive a oportunidade de conhecer mais de perto o projecto Mapa, cujo proprietário é o jornalista Pedro Garcias. O seu projecto nasceu vai para uma década, em 1999, com a compra das primeiras terras perto da aldeia de Muxagata (Vila Nova de Foz Côa), sendo que nos dias de hoje a exploração agrícola conta com duas quintas e cerca de 30 hectares. São vinhos ligados à terra como Pedro Garcias ia explicando à medida que se ia caminhando pelo vinhedo, dominado pelo xisto e com uma fantástica paisagem a servir de cenário. As primeiras colheitas vieram a público em 2009 com o tinto e 2010 com o branco onde predomina a casta Rabigato.

No total foram provados três vinhos, os brancos 2012 e 2013 e o tinto 2012, mostrando todos eles muita frescura com uma rusticidade muito própria que lhes assenta lindamente, nunca impedindo por sua vez uma muito boa prova nas duas versões. O branco cujo preço ronda os 8€, assenta num blend com destaque para a casta "local" Rabigato, sem passagem por madeira apenas com direito a battonnage. Já o tinto com preço a saltar para próximo dos 17€  mostra-se como Reserva, tem passagem durante 12 meses por carvalho francês. Todos eles a mostrarem ser uma aposta séria na qualidade e identidade, com boa margem de evolução em cave.


Mapa branco 2012
Com menos exuberância que o 2013, menos complexo e mais espaçado no que mostra, evidentes notas vegetais, perfume floral de flores de limoeiro, fruto tropical com invocações minerais em fundo. Boca com boa frescura, preenche o palato com presença de corpo mediano cheio de sabor com uma ligeira quebra no final. 90 pts

Mapa branco 2013
Melhor definição de aromas em relação ao 2012, mais sério e afinado com toques minerais acompanhados de aromas citrinos, tropicais envoltos num toque de calda, com folhas de limoeiro cheio de frescura. Boca a condizer, num vinho cheio de frescura, com nervo, ligeira austeridade no palato, a battonnage a que teve direito arredondou-lhe ligeiramente os cantos, fresco, harmonioso e em grande forma. 91 pts


Mapa Reserva 2012
Feliz surpresa este novo Reserva, cheio de fruta silvestre madura e fresca, raça com complexidade e aquele toque mais agreste a combinarem muito bem com uma harmonia e frescura que o envolve por completo. Boa profundidade de aromas, a barrica fez o seu trabalho sem deixar rasto, dando lugar para que a fruta brilhe como deve ser. Na boca replica o prazer da prova de nariz, fresco, arredondado mas com muita e generosa fruta a combinar com pimenta preta, toque mineral mais rude. Uma bela surpresa que acompanhou uma perna de cabrito no forno. 92 pts

13 agosto 2014

Coroa d´Ouro branco 2013

É vinho certo para este tempo incerto, bem feito e à medida de todos aqueles que lhe gostam de esticar a mão sem levar uma dentada do preço. O preço não estará longe da casa dos 3€ e como tal ajustado a uma qualidade muito presente, conjunto apetecível cheio de frutas tropicais e citrinos, fresco e de semblante Duriense. Não se espere pois então uma daquelas bocas avassaladoras pejadas de riqueza e forrada a cristais, beba-se tendo em conta o prazer que dá e não mais que isso. Rolou com uma generosa dose de conquilhas. 87 pts

10 agosto 2014

Vale da Mata Reserva 2010

Produzido a partir de uma vinha com o mesmo nome (Vale da Mata) na encosta da Serra de Aire (Leiria), este novo Reserva da colheita 2010 resulta do blend das castas Touriga Nacional, Aragonez e Syrah. Mostrou-se em comparação com o Reserva 2009 menos opulento e carregado, com mais espaço entre aromas e sabores, também menos madeira presente num vinho cheio de encanto com a qualidade a voltar a ser destaque numa referência que se começa a afirmar na zona de origem. Conjunto de boa frescura com muita harmonia, do princípio ao fim, provado e posteriormente servido em mesa bem composta por caras sorridentes que depressa se debruçaram sobre o precioso néctar. Aposta segura até para os quase 18€ que custa, copos largos e comida de bom tempero por perto que ele dá conta do recado. 92 pts

06 agosto 2014

Monte da Ravasqueira Rosé 2013

Revisitando o Rosé Monte da Ravasqueira (Arraiolos) agora na colheita 2013, mantém a boa prestação que já tinha dado na anterior colheita, mostrando que a qualidade neste tipo de vinhos deu um enorme salto nos últimos anos. De aroma fresco e muito focado na fruta vermelha, madura e gulosa, com uma bela harmonia bem acompanhada por um ligeiro travo vegetal (rama de tomate, hortelã pimenta), num conjunto cativante e com algum vigor. No palato começa com sensação de ligeiro arredondamento, aquele travo ligeiramente doce que cativa logo no princípio, terminando seco e prolongado. Gostei bastante e é claramente um passo em frente no que à qualidade diz respeito, acompanhou muito bem uma Salada de Frango com Romã. 90 pts 

04 agosto 2014

Adega Borba Premium branco 2013

Completa-se com este branco a gama Adega de Borba Premium, num vinho feito à base de Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Alvarinho. Não me deixou tão entusiasmado tendo em conta a restante gama, o rosé e acima de tudo o tinto, esperava aqui encontrar um vinho que tivesse alguma passagem por madeira, algo mais rechonchudo mas com muito boa frescura que o controlasse e desse a mesma vida que mostra ter. O vinho pelo contrário conheceu apenas o frio do inox, ficou estático e desenvolve pouca conversa apesar de toda a sua estrutura estar assente quer na fruta madura e precisa, quer na boa frescura que tem.. Custa 5,49€ na loja online da Adega de Borba. 88 pts

01 agosto 2014

Montes Claros Reserva branco 2013

Custa na loja da Adega de Borba 4,89€ este novo Montes Claros Reserva branco cujo lote resulta das castas Roupeiro, Antão Vaz, Arinto e Verdelho. Mantém o mesmo perfil sóbrio que vem sendo costume na marca, sem transmitir o entusiasmo que conseguiu o Reserva Rótulo de Cortiça ou sequer a genica que o mais recente Adega de Borba Premium branco mostrou ter. O que temos aqui é um vinho branco sereno, sem grandes exaltações mas que mostra um patamar de qualidade ajustado ao preço, algo que nesta Adega sabem fazer muito bem. O aroma fresco carregado de fruta tropical com citrinos misturados, ligeira baunilha que a passagem por madeira lhe ofereceu, depois é o toque verde das folhas e flores do limoeiro e da laranjeira. Na boca cheio de vida, ligeira untuosidade, fruta a marca o palato até final prolongado em corpo mediano. Bom companheiro de um Cação de Cebolada. 89 pts
 
Powered By Blogger Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-Noncommercial-No Derivative Works 2.5 Portugal License.