Copo de 3: 2020

04 novembro 2020

Herdade do Rocim Verdelho 2019

Branco criado pela Herdade do Rocim a partir da casta Verdelho, num vinho que se mostra com uma grande frescura, complementada por sugestões de fruta tropical bem madura e limpa, que dá algum corpo ao manifesto. Mostra-se com nervo e energia, tom floral misturado com ramo de cheiros, tudo bem juntinho num branco muito agradável de se ter no copo e à mesa. O preço é de 11,75€ na loja do produtor, não admira que por lá já esteja esgotado. 91 pts

28 outubro 2020

Quinta de Pancas Special Selection Syrah 2017


O Special Selection da Quinta de Pancas foi durante os anos 90 um clássico das mesas e uma referência no que toca a varietais produzidos em Portugal. O Cabernet Sauvignon, Merlot ou o Syrah foram vinhos marcantes naqueles tempos, não só pela diferença mas também pela qualidade. Depois de um largo interregno, os Special Selection de Pancas voltaram à ribalta com o mesmo toque de classe que sempre os distinguiu e este Syrah é exemplo disso. Claramente num estilo mais Velho Mundo, fresco mas tenso, fruta em tons de amora preta envolto numa bonita capa de especiaria, algum cogumelo e toque fumado. Madeira bem integrada sem chatear, num vinho pleno de finsse com uma austeridade fina lá ao fundo. Boca cheia de sabor, a frescura combina com a fruta e o toque mais austero em fundo que dá indicação de que um tempo em garrafa só lhe vai fazer bem. O preço ronda os 22€ erm garrafeira. 94 pts

27 outubro 2020

Vidigueira Trincadeira 2019


Foi ali ao virar da esquina o tempo em que os varietais tintos nascidos no Alentejo eram dominados pelas castas tradicionais na região. Nomes como Trincadeira, Tinta Caiada, Castelão, Aragonês ou Alicante Bouschet eram costumeiras nos varietais. O tempo fez com que algumas fossem ficando esquecidas, enquanto outras vindas de fora ganharam espaço e cimentaram posição como a Syrah, Petit Verdot ou a Touriga Nacional. Este Trincadeira é um dos últimos moicanos a nascer em solo Alentejano, mais ali para os lados da Vidigueira. Criado na Adega da Vidigueira, preço em loja de 7,29€ é um tinto que mostra no imediato ao que vem, a casta mostra o lado vegetal tão característico com a fruta associada muito madurona com notas de compota, pessoalmente dispensava os 16% que conferem um tom mais morno que a boa frescura do conjunto se esforça em disfarçar. E com todo o seu vigor pede pratos com temperamento forte, qual ensopado de javali. 89 pts

26 outubro 2020

CARMIM Tarefa 2019


A CARMIM lança o seu vinho de talha de nome Tarefa em homenagem ao antigo recipiente de barro utilizado durante gerações para armazenar pequenas quantidades de produtos tradicionais, neste caso as tarefas eram onde nasciam os vinhos caseiros antigamente. Este tinto de 2019 é criado a partir de vinhas velhas onde despontam castas como Alicante Bouschet, Castelão ou Moreto. O preço é de 12,99€ na loja online do produtor. Mostra-se muito atraente de aromas com a fruta muito fresca e roliça a aparecer e a dominar no imediato, o barro faz-se notar em conjunto com algum vegetal/ervas de cheiro e tom mais terroso no fundo a encaixar muito bem. Destaco a acidez no palato com a fruta suculenta e muito limpa, muito prazer a beber e a acompanhar pratos de gastronomia regional como uma perna de borrego assada no forno. 92 pts

16 outubro 2020

Paço de Teixeiró branco 2019


Depois da Quinta do Côtto (Douro) o Paço de Teixeiró é a propriedade da família Montez Champalimaud na região dos Vinhos Verdes. A imagem foi recentemente alvo de uma renovação tal como os vinhos, como é o caso deste Paço de Teixeiró Branco elaborado com as castas Avesso e Loureiro, provenientes de vinhas com uma idade média de 40 anos. Muita frescura e vivacidade nos aromas de fruta, tom floral a perfumar o conjunto de muito bom nível, ideal para pratos de marisco e peixe. Um branco de muito fácil agrado com preço a rondar os 7,50€. 91 pts

15 outubro 2020

Herdade do Moinho Branco Antão Vaz 2018

É na Serra do Mendro, entre Portel e a Vidigueira, que nasce este novo topo de gama do produtor Ribafreixo. Um 100% Antão Vaz oriundo de vinhas velhas e criado pela mestria de Paulo Laureano, o vinho teve direito a todos os mimos necessários para se mostrar em grande. É uma edição muito limitada, apenas 3696 garrafas cada uma a 39,90€ na loja do produtor, num vinho com uma apresentação muito cuidada onde se destaca claramente a imponente garrafa.

A qualidade da fruta (citrino, tropical) destaca-se em grande plano pela pureza mas também pela frescura de todo o conjunto que se esbate numa ligeira untuosidade dada pela barrica. O fundo é tenso, mesmo com uma ligeira austeridade mineral num conjunto concentrado e que se vai desdobrando no copo. Dá um enorme prazer a beber, guloso mas ao mesmo tempo com uma frescura e elegância que cativa. Invejável combinação com uma Sopa de Cação. 95 pts


13 outubro 2020

Romano Cunha branco 2017

O nome Romano Cunha remete-nos para a zona Transmontana, em Vilar de Ouro de onde é oriundo este vinho. Aqui o seu produtor, Mário Cunha, tem uma filosofia muito própria e que não obedece às demandas do mercado, sai quando tiver que sair, ou como se costuma dizer, sai quando estiver no ponto. Porque manda a qualidade e acima de tudo o gosto de quem o faz. O preço esse foi ajustado e ronda os 22€ por garrafa. Quanto ao vinho é daqueles que não podemos deixar de ter umas garrafas de lado na garrafeira, o lote nascido de vinhas velhas é composto por Malvasia Fina, Côdega do Larinho, Gouveio e Moscatel Galego. Grande afinação, muito tenso e ainda alguma dureza a pedir tempo mas também muito saboroso, puro de aromas e sabores com notas de fruta de polpa amarela, floral, alguma pêra verde, ervas de cheiro, conjunto complexidade muito bonita. Saboroso e com uma frescura que o faz perdurar, ligeira untuosidade que parece colar tudo num grande equilibrio de boca. Um prazer à mesa. 94 pts

Monsaraz Espumante Bruto Natural 2017

A CARMIM tem vindo a ser alvo de uma renovação que vai mais além dos rótulos, por um lado não deixa cair o perfil mais clássico de alguns dos seus ícones, mas por outro consegue surpreender pela qualidade das suas novidades. Este espumante agora com nova imagem conquista pela frescura do conjunto, mas também pelo preço que ronda os 8€. É feito a partir de Arinto e Perrum, estagiando 9 meses antes do degorgement. Bonitas notas de biscoito de limão, tom de ligeira cremosidade esbatida na acidez que se vai afirmando no palato, a fruta vai deixando a sua nota bem limpa, tudo muito equilibrado que o torna muito apetecível para a mesa. 90 pts

12 outubro 2020

Vidigueira Antao Vaz 2019


Para todos aqueles que procuram um branco com preço acessível e com uma qualidade acima da média a escolha pode recair com toda a confiança neste Antão Vaz oriundo das terras da Vidigueira, mais propriamente da Adega da Vidigueira. Um branco com preço a rondar os 5€ e que se torna muito agradável de ter na mesa, uma e outra vez porque o preço assim o permite, mostrando-se sempre com uma frescura de boca que convida a bebericar mais um pouco, de aromas frescos tem aquela ligeira secura de fundo que o faz acompanhar tão bem uma sopa de cação. 90 pts

10 agosto 2020

Montes Claros ou como destruir um ícone...

São poucas as marcas de vinho de mesa em Portugal com mais de 70 anos de vida. Mas existem e uma delas é Montes Claros, o icónico vinho de Borba tal como o dizia no rótulo e que colocava a cidade no mapa de Portugal muito antes de existir a Adega de Borba. O seu rótulo carregava toda uma identidade, mas acima de tudo um orgulho em ser de onde era, mais do que Alentejo era de Borba. Um rótulo que como outros desde miúdo me acostumei a ver saltar para a mesa, era vinho bebido lá por casa, quando se ia comprar à adega do Sr. Mendonça ainda no tempo do seu criador. Os tempos passaram e a marca mudou de mãos mais vezes até chegar às mãos da Adega de Borba. Os vinhos perderam o perfil, perderam as vinhas que eram mesmo velhas, como perderam tantos outros de outras marcas que se tentaram sempre rebuscar na memória como eram mas nunca ficaram igual ao que foram. Os tempos modernos ditaram mudanças, no perfil e até no alargamento da gama com a consequente ajuste no rótulo, algo que sempre me deixa perplexo mas há que dar trabalho às agências que os desenham por isso o clássico lá mudou para algo mais ao dito "gosto" do consumidor. 

Passaram anos com aquele novo perfil onde se criou até um "novo" Garrafeira de grande qualidade, que neste caso não é o objectivo do que escrevo. Mas recentemente recebi as novidades, uma nova mudança foi anunciada. Pensei eu que num rasgo de bom gosto íamos assistir a um pomposo regresso às origens com o reposicionar da marca no mercado num patamar de topo, mas ninguém me mandou ser optimista. Ora a marca cujo rótulo já tinha sido descaracterizado, foi agora alvo de aquilo a que eu chamo o derradeiro acto da falta de gosto para não dizer puro amadorismo. 

Pensava eu que as marcas com história tentam, ou deveriam, preservar ao máximo a identidade do seu bem mais precioso, a imagem do seu rótulo. Neste caso foi literalmente tudo deitado para o lixo.



04 agosto 2020

Fresh from Amphora 2019


A Herdade do Rocim junta-se ao projecto Nat Cool criado pela Niepoort, com este puro tinto de talha,  onde o que se pretende são vinhos leves e fáceis de beber. As castas escolhidas foram as tradicionais Moreto, Tinta Grossa e Trincadeira. O vinho foi apenas vinificado em talhas de barro como manda a tradição e depois engarrafado. É daqueles vinhos que surpreende pela facilidade com que ficamos a gostar dele e a apetecer ter por perto, servido mais fresco a acompanhar uma boa mesa cheia de petiscos. Bem composto de aromas, cativa pela veia mais rústica que a talha confere sem mascarar os toque mais subtis de fruta ou o tom mais floral. Na boca tem uma acidez que surpreende, fruta ácida e suculenta capaz de revigorar o palato frente a uns lagartos de porco preto grelhados na brasa. Por 12€ é daqueles que dá um gozo tremendo a beber. 92 pts

Vidigueira Licoroso Tinto


Para comemorar os 60 anos de vida, a Adega da Vidigueira lançou este Licoroso Tinto, vendido a 15€ na loja da Adega. Este licoroso da colheita de 2013 feito com base nas castas Trincadeira e Tinta Grossa surpreende pela complexidade de frescura de aromas que debita no copo. Tem muita vida e muito por onde ir "pegando" à medida que se vai baldeando no copo e bebendo. Desde especiarias, frutos secos a notas mais de compota de frutos vermelhos, aromas e sabores dados pelo tempo que numa prova às escuras nos podia quem sabe levar a pensar em algo esquecido algures numa cave em Gaia. Mas este nasceu na Vidigueira e encanta pelo seu cante, com alma mas acima de tudo um grande prazer. 93 pts

Herdade do Rocim Espumante Brut Nature Rosé 2017


Pronto para refrescar as nossas mesas, acaba de sair a nova edição do Brut Nature Rosé da Herdade do Rocim. Um espumante feito a partir da casta Touriga Nacional com preço de mercado a rondar os 14€. Dá a impressão que da colheita anterior para esta ganhou alguma desenvoltura na maneira como se manifesta, o que é bom sinal. Afinado, com uma frescura muito presente, leve toque de biscoito a dar o tom mais cremoso e envolvente com compota de frutos vermelhos a mostrar o lado mais ácido e frutado. Ligação a pratos simples como foi o caso, uns mexilhões ao natural. 91 pts

03 agosto 2020

Dona Aninhas Reserva Rosé 2019


É novidade este rosé lançado pela Quinta de São Sebastião (Lisboa) situada em Arruda dos Vinhos, com preço de mercado a rondar os 15€. O vinho é homenagem à mãe do produtor, num lote composto por Touriga Nacional, Merlot e Castelão com passagem em barrica durante 6 meses. Gostei da maneira como se diferencia no imediato pelos aromas, cativa e desafia, é diferente não pela frescura que também a tem, mas pelo ramalhete de aromas distintos do que por regra costuma abundar nos rosés. Aqui talvez um pouco mais de especiaria, flores silvestres com frutos do bosque mas tudo muito limpo e agradável. Daqueles vinhos que abrimos e sabe fazer boa companhia. 91 pts

06 fevereiro 2020

Cossart Gordon Colheita Bual 1986

A firma Cossart Gordon (Madeira) foi fundada em 1745 pelos irmãos Francis e Thomas Newton, tendo sido a primeira empresa exportadora de Vinho da Madeira. Este é um vinho Colheita que teve um estágio mínimo de 5 anos em casco de madeira, feito a partir da casta Bual. Um vinho de estilo meio-doce onde nos deixamos levar pela riqueza da sua fina e delicada complexidade que se vai desdobrando no copo. Surgem a fruta em passa (figo, ameixa), algum iodo ao mesmo tempo as especiarias com toque de madeira velha, num conjunto embalado por uma boa dose de frescura num longo final com toque de caramelo salgado. Um vinho para abrir e acompanhar na perfeição a conversa no final da refeição. 91 pts

04 fevereiro 2020

Duorum 2017


Mais uma edição de um exemplo do que é um daqueles vinhos extremamente bem feitos e que nos garante prazer, colheita após colheita. Com este 2017 o patamar de qualidade subiu ligeiramente, o preço a rondar os 12€ torna ainda possível o acesso a vinhos de um patamar de qualidade muito superior à média como é o caso. Nasce no Douro Superior, um vinho sem muitas pontas soltas que nos permite um prazer pleno à mesa em companhia de pratos de bom tempero, junta a isso a frescura e a qualidade da fruta que lhe dá aroma e sabor. Envolvente e mostrando grande equilíbrio de conjunto, tem toda uma estrutura que o apoia para durar em garrafa, mas para já o prazer está mais do que garantido. 92 pts.

17 janeiro 2020

Poças Vale dos Cavalos 2009


A Quinta Vale de Cavalos (Numão) no Douro Superior foi adquirida em 1988 pela Casa Poças. Este vinho é criado a partir das castas 50% Touriga Nacional, 20% Touriga Franca, 20% Tinta Roriz, 10% Tinta Barroca com passagem apenas de 30% do lote em barrica usada. O preço demasiado tentador anda nos 7€, num tinto cheio de classe e carácter que apetece beber. O tempo não lhe fez estragos, afinou e refinou todo o conjunto que se bebe com grande prazer à mesa, sempre num tom fresco e elegante com a fruta em destaque e um bouquet airoso a dar sinais de que a evolução em garrafa foi bastante positiva. Abra-se pois neste momento com um arroz de pato para alegria de toda a mesa. 91 pts


Poças Vintage 2000


Faz parte do pequeno lote de Vintage que tenho por casa para ir abrindo conforme a ocasião. Pessoalmente não é o estilo de vinho que mais aprecio caindo sempre a escolha no estilo Tawny. Este Poças Vintage 2000 foi aberto, decantado durante uma hora e servido, mostrou aromas complexos onde se mistura a fruta macerada com fruta madura e fresca, compotas, folha de tabaco, ligeiro balsâmico num conjunto já a mostrar sinais de harmonia e suavidade no trato. Tendo outros anos mais recuados desta casa como referência, posso dizer que deveria ter sido guardado mais 20 anos. Deu prazer a quem o bebeu, saboroso e com tudo no sítio, mas nada mais que isso.  91 pts

14 janeiro 2020

Indígena 2018


O Bio anda na boca do povo, o frenesim instalou-se a bem de um modo de vida sustentável e saudável, para tal o produto Bio é uma base fundamental. Este modelo à muito que tem vindo a ser seguido por muitos produtores de vinho, acredito que outros por necessidade de negócio tenham de enveredar por este caminho porque o negócio a isso obriga. Mas por outro lado temos produtores que antes das modas sempre os ouvimos falar em que o modelo seguido era o Biológico. A Herdade do Rocim sempre teve isso em conta, os cuidados não são apenas na aparência cuidada dos seus produtos mas também esses cuidados começam na vinha. 

Neste caso o Indígena 2018 é o primeiro tinto bio que sai da adega do Rocim com o certificado de Agricultura Biológica, sendo o vinho apenas estagiado em tanques de cimento e com um preço a rondar os 12€. O resultado é frescura e pureza da fruta, mesmo muita fruta carnuda e suculenta com ameixas e bagas negras a explodirem de sabor na boca, ligeira austeridade com chá preto a dar uma secura que se faz sentir no final de boca. Boca saborosa e cheia de frescura com tudo em grande harmonia a dar uma belíssima prova. De uma casa que é uma referência este não podia fugir à regra. 91 pts

13 janeiro 2020

Miogo Espumante Reserva 2017

A marca Miogo surgiu em 1999 e pertence à  empresa Vinhos Norte, com as suas origens na Quinta do Miogo em Guimarães. Comemora na colheita de 2019 os seus 20 anos de história e nada como brindar à saúde e sucesso da empresa, com o seu mais recente Espumante Reserva 2017 oriundo da zona dos Vinhos Verdes com base nas castas Arinto e Loureiro. Um espumante com preço a rondar os 13€, a mostrar-se alegre e bem aprumado de aromas, capaz de boas ligações com queijos secos, marisco e peixe fumado. Ligeirinho na cremosidade, mostra muita e boa fruta fresca com tons mais citrinos e em fundo um lado mais verde com tom de maçã e erva cortada. Tem tudo para brilhar à mesa em boa companhia. 90 pts

12 janeiro 2020

Esporão Reserva 1999


Uma double-magnum (3 Litros) de Esporão Reserva 1999 foi o vinho que decidi abrir pela passagem de ano. Este é sem dúvida alguma o formato e a altura ideal para ser aberto num jantar com um número alargado de amigos. Abertura com alguma antecedência revelando desde logo um vinho adulto e em grande forma, dando uma prova ao nível do melhor que os Esporão Reserva me têm acostumado. Não foi necessário esperar muito por ele, apesar das idas e vindas para atestar o decanter, afinal a maior volumetria da garrafa atrasa o efeito da passagem do tempo permitindo que o vinho se aguente por muito mais tempo na sua melhor fase de consumo. Muita fruta silvestre ainda com frescura a passear pelo copo, ao lado aromas de caixa de especiarias com folha de tabaco, travo de canela, pimenta e compota de ameixa numa toada mais gulosa. Já aveludado no trato, cheio de finesse e uma frescura que lhe percorre todo o corpo. Muita classe neste tinto que mereceu os maiores elogios de todos os presentes, os grandes vinhos são assim.

10 janeiro 2020

Quinta do Carmo Reserva 2003


Fui vasculhar na garrafeira e decidi que era tempo de abrir este Quinta do Carmo Reserva da colheita de 2003. O vinho nasceu da joint venture existente na altura entre o grupo Lafite Rothschild e a Bacalhôa Vinhos de Portugal. O lote composto por Aragonez, Castelão, Trincadeira, Syrah e Cabernet Sauvignon com longa passagem por madeira. O vinho em nada se compara com os da actualidade, aqui a respirar muito mais os ares de Bordéus. Qualidade muito alta num tom de requinte e saber estar, taninos no sítio, aprumado mas com a fruta ainda a mostrar frescura e vigor. Depois uma complexidade que se desdobra em camadas, caixa de especiarias com um bouquet elegante e convidativo. A idade deu-lhe finesse, boca ainda com vigor, muito sabor da fruta a vincar o palato num final sedoso e apimentado. Apenas resta enaltecer o prazer que dá neste momento a acompanhar um Beef Wellington.

09 janeiro 2020

Casa da Passarella A Descoberta branco 2017

Os malabarismos sociais estão, mesmo que de forma inconsciente, presentes na vida diária de todos nós. Muitos fazem disso vida, escrevinham artigos de opinião que não passam de isco social para fomentar conversas inócuas, outros porque o modo de vida cartilheiro sempre foi o de cair nas boas graças de quem lhes mete um convite no bolso e continuam a debitar cada vez notas mais altas. Quem fica perdido no meio de tudo isto são os vinhos que realmente bebemos e compramos, que vão ficando arredados da nossa opinião porque importa mais mostrar que se bebeu a novidade. 

Este é um desses exemplos, custou coisa de 4€, que se desmarca pela diferença e continua a ser uma das apostas a ter aqui por casa. A Casa da Passarella (Dão) dispensa apresentações, a qualidade dos vinhos fala por si e este mesmo que "barato" é um belíssimo branco para se bebericar durante a refeição. Lote de Encruzado, Malvasia e Verdelho com passagem apenas pelo inox, o resto é a franqueza da fruta e dos tons mais perfumados de flores e folhas verdes, ligeirinho na austeridade que a brincar nos oferece um conjunto muito franco e apelativo. 90 pts

08 janeiro 2020

Quinta da Fonte Souto branco 2017

Por mais que se queira disfarçar ou assobiar para o lado, o Alentejo continua a estar na moda e desta vez nem vou falar do vinho de talha mas sim da corrida ao que parece ser o novo "el dorado" do vinho nacional, a Serra de São Mamede (Portalegre). Num ápice vimos Cartuxa, Sogrape e mais recentemente a Symington, comprarem Quintas de nomeada naquela região. Neste caso a Symington comprou a Quinta da Queijeirinha que será mais reconhecida pelos vinhos Altas Quintas que ali eram criados por João Lourenço. Agora nas mãos da Symington os novos vinhos mostram novos nomes, rótulos, aromas e sabores. Em prova o primeiro branco ali criado de seu nome Quinta da Fonte Souto branco 2017, maioritariamente Arinto com um toque de Verdelho, preço a rondar os 12€. 

Destaca-se a qualidade da fruta (citrinos, pomar) bem fresca e airosa em harmonia com tom mais untuoso dado pela barrica, mas mantendo toda a frescura e vigor de um Arinto de grande qualidade. O perfume da Verdelho vai surgindo em segundo plano, muita erva de cheiro, tom mais vegetal e fresco, grande equilíbrio de conjunto, numa boca que pede comida por perto. 91 pts
 
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