Copo de 3: janeiro 2007

29 janeiro 2007

PROVA Cor Dão 2004

Breve passagem pelo Dão, zona de Pinhanços, onde se prova um vinho engarrafado por Álvaro de Castro.

Cor Dão 2004
Castas: n/indicadas - Estágio: n/indicado - 13% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.
Nariz de boa intensidade mas inicialmente um pouco fechado, abre para frutos do bosque muito maduros com ligeiro compotado, frescura bem presente, toque floral, esteva e alguma azeitona em sintonia com suave balsâmico, nota especiada acompanha notas de fundo de ligeiro fumo.
Boca de estrutura média, entrada com fruta e vegetal, toque fresco que acompanha toda a passagem pela boca, macio com leve balsâmico no fundo, final de persistência média.

Um vinho agradável sem grandes motivos de entusiasmo, alguma monotonia e rusticidade, sem dar grandes alegrias a quem o prova com um preço que rondou os 4€.
14,5

Enólogos prevêem supremacia das rolhas de cortiça tradicionais

Num teste efectuado recentemente, e noticiado pelo "The Times", enólogos identificaram vários problemas na utilização de rolhas sintéticas nas garrafas de vinho de reserva, um dado que poderá revitalizar a utilização da tradicional cortiça, um mercado onde a cortiça é líder.
De acordo com a edição do jornal britânico, peritos analisaram 50 tipo de rolhas de plástico e de metal em mais de 200 mil vinhos de todo o mundo e concluíram que a utilização destes materiais sintéticos tendem a impedir a oxigenação do vinho, ao contrário dos tradicionais vedantes de cortiça.
A utilização destas rolhas sintéticas em vinhos de reserva provoca, segundo os peritos, um processo químico no interior da garrafa. Na prática, este processo químico leva a que quando o vinho é aberto, saía da garrafa um odor semelhante a enxofre.
Os resultados deste estudo poderão vir a ter um impacto "positivo" na industria corticeira,
recorde-se que a industria corticeira tem vindo a ser ameaçada pela forte concorrência das rolhas sintéticas, dado o seu baixo custos face aos vedantes de cortiça, pelo que os problemas agora encontrados, são mais um "passo" atrás para os materiais sintéticos.
As rolhas de plástico e metal controlam 20% da quota de mercado de vedantes, sendo estas rolhas uma "forte ameaça em termos de volume, já que nos vinhos considerados de segunda linha, este problema não tem qualquer interferência na sua qualidade", já que não ficam em repouso durante grandes períodos de tempo. Texto baseado na notícia colocada em: http://www.jornaldenegocios.pt

A notícia original pode ser lida em The Times.

Esta notícia vem apenas confirmar aquilo que já aqui tinha sido anunciado e que se pode ler lido no post: Screwcap não é o que parece...

26 janeiro 2007

PROVA Niepoort Colheita 1991

Porto Colheita: Tawny de um único ano (colheita), envelhecido em madeira durante pelo menos sete anos antes de ser engarrafado.Apesar de que na casa Niepoort os Colheita são deixados bem mais que 7 anos, como nota adicional os Porto Colheita não precisam de ser decantados.


Niepoort Colheita 1991

Tonalidade âmbar escuro de bonita tonalidade e mediana concentração, ligeiro laraja com toque glicérico.
Nariz de bela intensidade, ligeiro iodado, fruta cristalizada, caramelo, leve floral, frutos secos e ligeiros figos em passa, licor de laranja, toque de fumo, conjunto a dar notas de elegância e bem estar no copo.
Boca bem estruturada e de entrada fresca, passagem suave e elegante, notas de caramelo e frutos secos, acidez presente com algum mel em conjunto a dar sensação agri-doce, boa persistência com final de belo nível.

Um Colheita a dar bastante prazer durante a prova e a acompanhar em grande estilo um bolo de chocolate e noz.
17

22 janeiro 2007

PROVA Quinta do Alqueve Tintos

Directamente do Ribatejo mais propriamente da Sociedade Agrícola Pinhal da Torre saem os próximos vinhos provados no Copo de 3, já tinha aqui provado os brancos deste produtor Ribatejano de referência onde sobressai o nome Quinta do Alqueve como marca mais destacada quer pelos varietais e bi-varietais, quer pelos seus vinhos de lote.
Em prova temos 3 vinhos deste produtor, o primeiro Quinta do Alqueve da colheita 2001, o vinho de entrada de gama nos Quinta do Alqueve com a designação Tradicional e um vinho destinado à exportação com o nome de 2 Worlds.

Quinta do Alqueve 2001
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Trincadeira e Cabernet Sauvignon - Estágio: 10 meses carvalho - 13% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.
Nariz inicialmente fechado, com aroma a levar para o alcatrão mas não tão forte como no anterior, sujeito a decantação foi vinho que se revelou passado algum tempo, revelando um aroma de boa intensidade com fruta bem madura com alguma compota e geleia de frutos do bosque, suaves especiarias (pimenta, noz moscada) e ervas do monte marcam a sua presença dando lugar a notas do estágio em madeira com torrados mais acentuados que a baunilha, caju torrado, café, charuto tudo muito bem integrado, em 2º plano um toque vegetal surge de braço dado com balsâmico de fundo, tudo a formar um belo bouquet.
Boca bem estruturada de corpo médio, a frescura acompanha durante toda a passagem de boca, fruta, torrado, da macieza inicial que apresente passa para uma ligeira secura e balsâmico no final de persistência média.

Este talvez seja o vinho que mais surpresa deu, ora de 2001 com uma tonalidade ainda a dar sinais de pouca ou nenhuma passagem do tempo, é vinho que a mostrar pela frescura e vivacidade ainda pode ser guardado durante mais tempo sem grandes problemas, apesar de estar um pouco mais verde na prova de boca. Um Ribatejano com raça e alma da terra que o viu nascer.
16

Quinta do Alqueve Tradicional 2003
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Trincadeira e Castelão - Estágio: 12 meses carvalho - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby de mediana concentração.
Nariz com aroma inicial a denotar claramente aromas que nos transportam para alcatrão e pneu queimado, após o merecido tempo o vinho parece outro, digamos de cara lavada nem parece o mesmo, fruta bem madura mas ligeira a fazer conjunto com notas derivadas do estágio em madeira suaves e sem arrebatar o aroma, torrados, baunilha suave, rebuçado de café, a juntar ao conjunto uma pendente vegetal presente mas que se encontra bem integrada, em fundo toque fumado aliado a ligeira frescura, os aromas de derrapagem forçada não fazem mais companhia pelo que o vinho ganha claramente com algum tempo de decantação.
Boca a dar inicialmente uma prova que revela um ligeiro pico, talvez da travagem alguma gravilha nos tenha chegado à boca, algo que passa com o tempo felizmente, o corpo apesar de não muito complexo mostra-se bem desenhado, proporciona passagem de boca agradável, suave, macio e bem redondo, frescura presente com algum café, fruta madura, ligeiro balsâmico entre vegetal e fumo, final de boca médio/baixo em conjunto que sem primar pela complexidade se mostra capaz de agradar.

Claramente melhor na boca que no nariz, a mostrar que com 12,5% Vol. se conseguem fazer vinhos apelativos, bem desenhados e de bom nível.
15

Quinta do Alqueve 2 Worlds Reserva 2003
Castas: Cabernet Sauvignon e Touriga Nacional - Estágio: 16 meses em barricas de carvalho francês (90%) e americano (10%) - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de mediana concentração.
Nariz de boa nível, bom casamento entre suaves notas de fruta com algumas notas de vegetal (ligeiro pimento) com uma boa envolvência de notas florais em fundo que se diluem nas notas derivadas do estágio em madeira, algo que esta casa faz muito demonstrado pelos vinhos provados, que vêm aconchegar todo este conjunto com suaves torrados, baunilha, chocolate preto e toque fumado, o final é de cariz balsâmico.
Boca mediana a nível de corpo, fruta a dar indícios de presença seguida de leve sensação de mineral, frescura de bom tom acompanhando todo o conjunto, final com ligeiríssima secura vegetal que não chega a perturbar a prova, boa passagem de boca com boa afinação de componentes, certinho, macio e um pouco delgado na boca acabando em final balsâmico suave de boa persistência.

Um vinho bem acima do anterior, com mais corpo e mais alguma complexidade que o remete para outro nível, sem dúvida que os dois irmão Paulo e Francisco estão de parabéns por esta ligação de 2 castas, 2 mundos.
16

18 janeiro 2007

PROVA Coop Borba Antao Vaz & Arinto 2005

Depois de um 2004 que deu tanto que falar pela sua excelente relação qualidade/preço eis que sai para o mercado a nova versão, o mesmo preço e a mesma dupla de sucesso, veremos se a qualidade se mantém:

Coop. Borba Antão Vaz & Arinto 2005
Castas: 50% Antão Vaz e 50% Arinto - Estágio: 3 meses garrafa após fermentação em carvalho americano - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado presente.
Nariz com boa intensidade, as notas de madeira mostram-se bem presentes e em grande forma, mas nada em excesso ou que torne o vinho enjoativo, baunilha, torrefactos, ligeiro amanteigado, a fruta não fica tapada surgindo imediatamente depois com sugestões tropicais (ananás) e citrinos de boa qualidade e frescura. Sem ser um nariz muito exuberante consegue captar a atenção e tornar-se um pouco guloso.
Boca de boa entrada com fruto bem presente, redondo e envolvente, certa untuosidade com acidez a dar frescura ao conjunto apesar de ser mais intensa na recta final da prova, acompanhada de ligeiro vegetal, final de boca de persistência mediana.

Apesar de tudo mostrou-se um pouco abaixo do 2004, mostra capacidade de evoluir bem em garrafa, é esperar que a madeira se conjugue com a fruta, mas o vinho já dá uma bela prova e não vira olho a que seja colocado num decanter um tempinho antes de ser servido.
15,5

17 janeiro 2007

PROVA Malhadinha branco 2005

É mais um branco em prova, o Malhadinha é produto da mais que famosa Herdade da Malhadinha Nova, a segunda versão deste branco agora com a Antão Vaz a solo, deixando de lado a Chardonnay com quem se tinha juntado na primeira edição em 2004.

Malhadinha Branco 2005
Castas: 100% Antão Vaz - Estágio: 8 meses carvalho 60% francês 40% americano - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado de concentração média/alta.
Nariz com notas de boa intensidade, fruta tropical bem madura (ananás, manga e maracujá) onde se juntam pêra e leve toque citrino que se junta em boa harmonia com notas de barrica, baunilha, torrado suave, leve amanteigado que se funde com algum mel e sensação mineral de fundo, fresco e harmonioso.
Boca de boa estrutura, frescura bem presente, fruta tropical presente, ligeiro citrino, suave untuosidade e mel a dar uma sensação de doce, boa passagem de boca muito apelativo e bom companheiro da mesa, nada pesadão, acidez presente na ponta final que se mostra com um lado fumado bem interessante, final de boca médio/longo de boa persistência.

É uma boa aposta no que toca a varietais Antão Vaz, resultará um conjunto mais afinado quando a madeira casar por completo com a fruta, dando uma bela prova, de momento não diz que não a um ligeiro descanso, a beber sem pressas... como um bom Alentejano.
16,5

14 janeiro 2007

1º Encontro de Eno-Blogs e amigos...



Foi no passado dia 12 de Janeiro que se realizou o 1º Encontro de Eno-Blogs, a que se juntaram alguns amigos, o encontro foi realizado em Lisboa na sempre acolhedora York House com o inigualável anfitrião José Tomaz Mello Breyner a colocar à disposição dos participantes uma sala para a prova que foi realizada antes do jantar.
A hora estava marcada, 19h e foi a partir daí que começaram a chegar os participantes... pontual como sempre o Rui Miguel do Pingas no Copo foi o primeiro a chegar, seguido do AJS, um amigo que se juntou ao convívio e com uma ligação especial ao Douro e ao mundo do vinho.
Foi aqui que dei a provar dois vinhos que tinha provado recentemente no Copo de 3, os Vinha de Reis, onde se concluiu que o 2004 se mostra mais raçudo e cheio de potencial e que dentro de alguns anos vai ser um grande exemplar do Dão, já o 2005 a mostrar-se menos complexo mas muito mais exuberante.
Ao ritmo que se ia desenrolando a conversa, foram chegando os restantes convivas, Chapim e acompanhante, Pedro Sousa (p.t.) e acompanhante, João Ferreira, Agostinho Leite, Goncas, Krónikas Viníkolas, Vinho a Copo, Saca a Rolha, Os Vinhos e o Elixir de Baco esteve presente com duas garrafas que vieram directamente da Madeira, ainda de realçar a presença dos donos dos vinhos Azamor, que levaram e apresentaram o Azamor Selected Vines 2004.
Feitas as apresentações seria altura de começar a provar os vinhos que cada um se lembrou de levar, digamos que o ambiente de amena cavaqueira não seria o mais indicado para estar debruçado atentamente sobre um vinho, aqui conta o convívio e se possível ficar-se com uma boa ideia do vinho que se prova.
Tentando seguir a ordem dos vinhos provados:
- Caves Messias Bairrada - Garrafeira 1983 : Boa maneira de começar, um exemplar de baga a mostrar o potencial de envelhecimento da casta, fino e muito elegante, apesar dos 24 anos tem ainda uma boa acidez presente, certamente iria merecer que fosse decantado um tempo antes. Compadre Krónikas a ver pelo estado das rolhas não te descuides e trata das que tens.
- Quinta do Moledo Verdelho 2004 : Ora parece que é esta a casta que foi dar fama em Rueda aos vinhos dos nuestros hermanos... mostra-se algo tímido, falta a potência aromática e a acidez que encontro do outro lado, valeu como curiosidade do 1º vinho de mesa da Madeira provado.
- Vô Bento Reserva 2004 : o Nuno do Saca a Rolha apresentou este vinho 100% Castelão, refinado o suficiente para dar uma boa prova, com boa complexidade a fugir ao normal na região, boa harmonia com barrica, um vinho curioso e que não deixa de merecer nova prova.
- Paço de Selmes 2003 : Ora um vinho do Baixo Alentejo que de conhecido nada tem... é um tinto com traço Alentejano, maduro e quente apesar da sua limitada estrutura, foi agradável ter sido dado a conhecer.
- Barrancos 2005: Mais um vinho que seria desconhecido para a grande maioria dos presentes, um vinho que se mostra com raça e garra, foi do agrado da grande maioria.
- Quinta da Passarela Touriga Nacional 2005: Um vinho apresentado pelo Rui Miguel do Pingas no Copo, uma pinga com 15% que curiosamente não se notam durante a prova, o que se nota é uma bomba de cheiro, violetas e mentolados que pouco tempo depois se transformam em iogurte de menta tal a força dos aromas lácteos e do aroma a menta, a lembrança com nuance achocolatada lembra em muito o after-eight, na boca é de percurso simples e pouco complexo.
- Sanguinhal Cabernet Sauvignon/Aragonês 2001: Um vinho muito curioso pelo aroma, imediatamente se disse onde estavam as sardinhas pois o aroma a pimentos assados é de tal forma que quase inundou a sala, na boca temos mais do mesmo, assusta... ainda bem que se descobriu que o aroma era de pimento de Padron.
- Encostas do Tua Reserva 2001 ??? - Alguém me confirma qual é o vinho... apesar de tudo é um vinho que se apresenta muito fino e bem harmonioso, aqui nesta casa as madeiras são bem trabalhadas, engraçado reparar que depois de um boom com o Brunheda Vinhas Velhas baixaram e pouco se ouve falar...


Para acabar em beleza foram ainda provados 3 vinhos do Douro levados pelo AJS, duas amostras de casco: Pintas 2005 e Pintas Character 2005 e o já no mercado Sirga 2004.

Pintas 2005 (amostra): Assumo que não era grande apreciador destes vinhos, a culpa é inteiramente minha pois fiquei afastado depois de um 2001 demasiado pujante para o meu gosto, e desde esse ponto fiquei quase com esse trauma, com este 2005 fiquei de consciência tranquila e já digo sem problemas que grande vinho, fiquei convencido e sem muitas palavras, a excelência da fruta, já a mostrar-se em grande qualidade e com as notas da barrica suaves e bem ligadas no conjunto, é um vinho com leve apontamento floral, tudo em grande tal como a prova de boca, para não esquecer, este vinho ainda me acompanhou durante parte do jantar onde deu para provar um pouco melhor.

Pintas Character 2005 (amostra): Vai ser uma novidade, nota-se aqui claramente um Pintas Jr. visto que de aromas e de complexidade quer em nariz quer em boca se mostra diferente, tudo em menor escala, será avaliado com tempo e dedicação no Copo de 3, foi um vinho que mereceu algum destaque e tempo de prova.

Foi então altura de seguir para o jantar, onde a cozinha sem dúvida está mais uma vez de parabéns pela elevada qualidade dos pratos apresentados, foi acompanhado dos seguintes vinhos:
Iscas de pato sobre folhado com molho de vinagre balsâmico : Kracher Beerenauslese Cuvée 2003 !! gentilmente cedido pelo anfitrião José Tomaz Mello Breyner, um verdadeiro apaixonado por este tipo de vinhos.
Sem dúvida divinais estas iscas, com um folhadinho bem estaladiço, o vinho que acompanhou este prato não vale a pena falar muito sobre ele, apenas provando se pode entender.

Lombinhos de linguado com molho de amendoas e chantereles : Coop Borba Antão Vaz/Arinto 2005 levado pelo Copo de 3 e Campolargo Arinto 2005 levado pelo Chapim.
Continuando com dois vinhos em que de semelhante apenas a casta Arinto, mesmo em tonalidade o Campolargo mostra-se amarelo dourado bem mais concentrado, no que toca a aromas o Coop Borba é mais exuberante mostrando de início uma madeira um pouco vincada, baunilhas e torrefactos de bom tom, tudo que se resolve com tempo em copo ou decanter mas nestes jantares não se tem tempo para tal, na boca apesar de uma leve ponta de acidez falta algo mais, já o segundo vinho directamente da Bairrada, tem estágio em madeira que pouco ou nada se nota, no nariz tem tudo para se poder chamar de tímido, resta uma boca com alguma frescura, um pouco melhor que o anterior, mais corpo e acidez ligeiramente em maior dose mas nada de excepção.

Presas de porco preto com pesto de coentros e migas de espargos verdes : Hexagon 2000, um vinho que no que toca a aromas se revela de grande complexidade e harmonia, madeira muito bem casada com a fruta dando um grande bouquet, na boca é que perde um pouco, falta qualquer coisa, talvez mais profundidade, mais corpo...
Azamor Selected Vines 2004 e Sirga 2004 que o Saca a Rolha resgatou da prova, estes dois vinhos foram provados quase lado a lado, apesar de estilos diferentes claro está, enquanto o primeiro se mostrou mais pronto a beber, mostra o que tem sem grandes problemas, dá mais prazer durante a prova, sabe o que quer e diz sem problemas mas sempre com um discurso correcto e com qualidade, já o segundo mostra um vinho algo mais complexo no que toca a boca, ainda meio a dormir, ainda falta para a sua melhor forma, taninos por arrumar, mas nada de euforias que o vinho não é para tanto, e cada vez me confunde mais a ideia de ter de levar um vinho para casa para acabar o estágio na minha garrafeira.

Tarte Tatin com gelado de canela: Niepoort Colheita 1991 e Warres Lbv 1995 levados pelo Vinho a Copo e um Boal 10 anos enviado pelo Elixir de Baco.
Aqui dei por mim a provar o Warres LBV 1995 que mais parece um Vintage em ponto mais reduzido, nesta altura do campeonato não era o vinho ideal para estar a acompanhar uma sobremesa e um café, seguindo o conselho do Ricardo do Vinho a Copo (fala quem está acostumado a beber ) bebi o Niepoort Colheita 1991 que se revelou muito mais acertado para a sobremesa em questão, um vinho que gostei bastante.
Enquanto os convivas se iam perdendo entre conversas e Portos, achei que me faltava algo doce, foi então que fui buscar o Madeira Boal 10 anos, triste e só a chamar por alguém, fiz-lhe a vontade e conversámos ainda durante largos minutos, se bem que tive de repetir algumas vezes pois devido ao sotaque fiz algumas confusões durante a nossa conversa que de tão animada que foi, fiquei com vontade de conhecer a restante família, sem dúvida um dos vinhos que mais prazer me deu beber durante todo o «encontro».
Continuo a não entender porque se deixa de lado o vinho da Madeira, sendo este um dos que mais me tem cativado nos últimos tempos.

No final do jantar ainda deu para dar uma palavra com o autor do guia 220 Melhores Vinhos para 2007, um guia que será devidamente focado aqui no Copo de 3, claro que falo de Aníbal Coutinho que se deslocou à York House para cumprimentar e dar uma palavrinha aos blogs presentes, para a próxima espero que participe na prova e no jantar.

Assim como nota final, uma nota curiosa, apenas estiveram presentes 3 vinhos brancos num mar de tintos, ora com a dita moda dos brancos e com tanto vinho branco de qualidade no nosso mercado foi curioso verificar que as escolhar recairam na esmagadora maioria para os tintos, tirando o Verdelho da Madeira e os 2 brancos para o jantar, mais ninguém levou vinho branco.
O que me leva a pensar, será que o vinho branco apesar de se dizer nova moda, ainda tem que conquistar mais adeptos ou tem algo mais a mostrar no que toca a qualidade ?

A todos, foi um enorme prazer conhecer novas caras, rever velhos amigos, e que venha o próximo... até lá continuem as boas provas.

12 janeiro 2007

PROVA Cem réis Reserva 2005

Para dar seguimento a esta pequena onda de novidades no nosso mercado, desta vez viramos para sul e paramos perto da bonita vila de Redondo, rumamos à Aldeia da Serra e a meio caminho deparamos com a Herdade da Maroteira, um projecto de Turismo Rural onde o simpático casal Philip e Margarida são os anfitriões.
A Herdade da Maroteira dispõe de vinha, na sua grande maioria Syrah, e a partir daí nasceu a vontade de fazer um vinho, o vinho que será exportado para o mercado Holandês com o rótulo aqui apresentado face o rótulo destinado a Portugal ainda não estar acabado, o nome a atribuir será Cem Réis com a imagem da nota no rótulo... é esperar para ver.

Cem réis Reserva 2005
Casta: Syrah - Estágio: 70% estágio em barricas novas Americano/Francês e 30% em barrica de primeiro ano compradas ao Mouton Rothschild - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro com ligeiro toque violáceo.
Nariz inicialmente um pouco fechado, indica boa extracção, ligeira austeridade a lembrar lagar de pedras mármores, vai abrindo a pouco e pouco com o passar do tempo, frutos negros fazem a sua apresentação bem maduros, acompanhados de certo químico e vegetal em plano de fundo, brisa fresca com flores abre a porta aos derivados do estágio em barrica, chocolate negro, tabaco, leve baunilha, fumo e torrados presentes, antes do final ainda aparece em cena um toque especiado que dá um toque apimentado ao conjunto em final balsâmico.
Boca com boa entrada, bom corpo, macio e redondo, apenas uns taninos mais maroteiros que não chegam a incomodar, a fruta está presente, chocolate negro com algum vegetal, boa prova de boca com frescura a dar bastante prazer, ligeira sensação de doçura, final a lembrar hortelã-pimenta.

Isto é uma entrada com o pé direito, mas que belo Syrah, o preço vai rondar os 8€, um vinho que tem tudo para agradar, a dar grande prazer neste momento mas não vira cara a uma possível guarda.
Agradeço ao meu amigo Rui por me ter chamado a atenção para este novo produtor...
16,5

PROVA Apegadas Quinta Velha 2004

Desde Cidadelhe chega-nos um novo projecto, Quinta das Apegadas, Sociedade Agrícola, Lda., existe desde 2003, derivado do carinho muito especial que Cândida e António Amorim têm pela região.
Esta Sociedade conta com duas Quintas, Quinta das Apegadas, situada na freguesia de Cidadelhe, concelho de Mesão Frio, com cerca de 3,2 hectares dos quais 2 são de vinho totalmente reconvertida em 2002 com castas como Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Barroca plantadas em talhões estremes, a somar a isto, existem ainda algumas centenas de pés de Arinto, Fernão Pires e Avesso, sendo que as uvas desta quinta ainda não entraram na feitura dos vinhos da casa.
A outra Quinta, é a Quinta Velha, uma propriedade centenária, situada na margem direita do Douro, perto da Barragem de Bagaúste, são cerca de 6 hectares de vinhas velhas com a habitual mistura, domina a Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz e Tinta Amarela. Nos 4 hectares restantes, de vinhas com 9 a 10 anos, encontramos Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, a juntar existem ainda algumas centenas de pés de Códega recentemente plantados.
É desta última Quinta que sai o vinho agora provado:

Apegadas Quinta Velha 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca, Touriga Nacional entre outras - Estágio: 12 meses carvalho Americano e Húngaro - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz a mostrar boa intensidade com fruta muito madura, ligeira sensação de compota a remeter para alguma doçura, leve frescura com vegetal de fundo em companhia de ligeiro balsâmico e notas florais, casca de árvore, baunilha, arroz trufado com cacau, toffe, tabaco e fumo de fundo.
Boca com entrada de corpo médio/alto, cheio e a dar boa prova, com fruta presente ligeiramente compotado, taninos ainda presentes dando ligeira adstringência no final com anotamento balsâmico, boa persistência final.

Vinho bem desenhado, equilibrado e a dar uma boa prova, melhor no nariz que na boca, a seguir em futuras edições, preço a rondar os 10€
15,5

08 janeiro 2007

PROVA Vinha de Reis 2005

No seguimento do anterior Vinha de Reis, apresento o seu novo sucessor, um vinho que vai entrar para o mercado neste ano e que promete tanto ou mais que o 2004.

Vinha de Reis 2005
Castas: Touriga Nacional 60% Jaen 20% e Tinta Roriz 20% - Estágio: 12 meses Allier - 13,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz com um belo impacto, remete imediatamente para uma fragrância floral de boa intensidade com notas de violetas, malmequer, tudo isto acompanhado de excelente fruta madura (amora, ginja, mirtilos) com ligeira compota que lhe dá uma sensação de doce, a este conjunto bem perfumado juntam-se notas derivadas do estágio em barrica, baunilha, cacau em pó, frutos secos torrados, caramelo de leite, açúcar queimado, tudo bem integrado e em plena harmonia com uma ligeira sensação mineral de fundo.
Boca com boa entrada, bom corpo, frescura bem colocada, fruta madura presente, aveludado e macio, dá prazer durante a prova, algum vegetal presente dá ligeira secura no final que se mostra balsâmico com frutos secos torrados e cacau, persistência final média.

Claramente um vinho diferente da colheita anterior, menos bruto e menos fechado, mais harmonia entre madeira e fruta, a dar uma boa envolvência durante a prova, mas igualmente a beneficiar com um tempo de guarda, quando sair vai dar que falar e obviamente prazer a quem o beber.
16,5

PROVA Vinha de Reis 2004

Começando o ano com novidades, eis que das terras do Dão surge um novo produtor, Jorge Reis é o responsável por esta nova marca, Vinha de Reis, situada na Quinta de Reis em Oliveira de Barreiros.
O começo não podia ter sido melhor, a versão 2004 que se encontra no mercado ganhou a medalha de ouro no XLIII concurso da CVRD Os melhores vinhos do Dão no produtor 2004, no contra-rótulo podemos ler «Melhor he experimentá-lo que julgá-lo» Luís de Camões - Lusíadas - Canto IX estrofe LXXXIII, deixemos então o vinho falar:

Vinha de Reis 2004
Castas: Touriga Nacional entre outras - Estágio: Carvalho Allier - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de boa concentração.
Nariz inicialmente com aromas etéreos (laca, verniz) que se dissipam com algum tempo dando lugar a aromas que lembram os lagares de granito, aroma rústico e um pouco pesado, tudo fechado a sete chaves, as notas de madeira estão bem presentes, torrados, cacau, fumo de fundo, a fruta parece andar completamente distraída lá no fundo e não quer nada connosco, a sensação de madeira está bem presente, vinoso e a impor respeito apresentando uma suave brisa fresca.
Boca com corpo bem estruturado e a mostrar-se atlético, forte e musculado, ligeira doçura com a fruta a marcar suave presença, frescura de conjunto, ligeira secura no final, torrados e caramelo escuro, persistência final média/alta.

É um vinho que se encontra ainda fechado e a precisar de tempo para afinar, o que vai sair daqui não se sabe, mas neste momento mais vale esperar. Preço a rondar os 12€. A nota reflecte o que o vinho transmite neste momento e não o que possivelmente vamos encontrar daqui a alguns meses...
15,5

07 janeiro 2007

PROVA Pêra Manca 1998

Ora depois de termos provado alguns brancos que vão dar que falar neste ano de 2007, chega a altura de rumar ao Alentejo onde nos espera um dos afamados tintos de Portugal, nada mais nada menos que um Pêra Manca tinto da colheita de 1998, um vinho que apenas sai quando se atinge um grau de elevada qualidade.

Pêra Manca 1998
Castas: Aragonês e Trincadeira - Estágio: 12 meses em madeira - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro com ligeiro laranja no rebordo.
Nariz de boa complexidade e ao mesmo tempo fino e elegante, destaque de fruta bem madura com ligeiras compotas e ligeira geleias a aparecerem, a fazer boa companhia está a componente vegetal derivada da presença da Trincadeira no conjunto, deixando após a sua passagem uma suave brisa fresca e floral que se funde nos aromas empireumáticos que aparecem com grande elegância, tabaco (charuto), fumo, torrado suave com cacau e baunilha acompanhados de perto por um ligeiro caramelo de leite que se encosta num saco de especiarias preso por uma corda de balsâmico, tudo isto em grande harmonia e qualidade.
Boca com uma arquitectura digna de grandes obras, fruto presente novamente com as sensações de compota e geleia, frescura presente e suficiente dando uma boa prova num vinho que se mostra fino, elegante e com taninos bem domados, torrado, especiaria, a boca parece um pouco longe da finesse que o bouquet nos transmite, ligeiro balsâmico num final de boca de persistência média/alta.

O que se pode dizer deste vinho, bem feito, grande equilíbrio entre madeira e fruta, a mostrar-se talvez no auge da sua forma que apesar de boa não o faz um corredor de fundo, notando-se claramente que no que toca a equipa este se equipara em muito ao 94.
Com isto não se quer dizer que seja um mau vinho, claro que não, antes pelo contrário, só que mais uma vez os preços praticados são de outro mundo para um vinho que por mais que tente não chega a sair deste.
E como curiosidade, é impressão minha ou os melhores vinhos desta casa são os de anos ímpar, pensem nisto.
17,5

06 janeiro 2007

PROVA Redoma Reserva 2005

Hoje em dia já se pode beber vinho branco sem ter de torcer o nariz, é uma realidade que os nossos brancos têm vindo a subir a qualidade nos últimos tempos, digamos que foi na colheita de 2005 que se fez luz, e ainda bem, é com enorme prazer que apresento em quatro provas distintas alguns dos melhores brancos de Portugal.
O primeiro de todos apenas pelo nome é quase objecto de culto para os admiradores, falo-vos do Redoma Reserva Branco da colheita 2005, o topo de gama dos brancos da casa Niepoort, este vinho sempre que sai para o mercado (apenas em anos de excepção) faz as delícias de quem o prova e é reconhecido pela crítica como o grande vinho branco de Portugal.
Com vinhas a uma altitude entre os 400 e os 800 metros, esta altitude fornece à vinha um crescimento mais fresco, (em particular durante a noite), e um amadurecer mais longo, no que toca a idade, têm todas mais de 60 anos, e três delas têm mesmo mais de 100 anos de idade, foram engarrafadas 10.000 garrafas, o preço acompanha tudo o resto ultrapassando com tranquilidade a fasquia dos 30€ por garrafa.

Redoma Reserva 2005
Castas: Rabigato, Codega, Donzelinho,Viosinho e Arinto - Estágio: 8 meses em barricas - 13% Vol.

Tonalidade amarelo dourado leve com reflexo esverdeado.
Nariz de boa intensidade, não é vinho que ataca directamente o nariz como de um furacão se tratasse, aqui logo de início se entende que temos um vinho elegante e muito harmonioso, com as notas de excelente fruta (citrinos, tropical e fruta de caroço) a marcarem presença em grande sintonia com as notas de madeira, a batonnage deu alguma sensação de untuosidade ao vinho, ligeira baunilha, manteiga, frutos torrados e ligeiro tostado fazem a ligação de todo o conjunto que evolui lentamente e espalhando requinte por todo o lado, ligeira sensação de floral em fundo com final mineral, a realçar a frescura em grande harmonia com as notas de madeira, nem a mais nem a menos.
Boca de entrada macia e equilibrada, acidez imaculada, ligeira sensação de untuosidade/cremosidade com alguma baunilha presente em conjunto com fruta, aqui tudo parece perfeito com a madeira mais uma vez muito bem integrada, final de boca mineral com persistência média/alta.

Se fosse possível definir este vinho com 3 palavras, seriam Elegância, Requinte e Finesse.
É um vinho de alta costura onde a nota final se torna um acessório que lhe assenta que nem uma luva, mas quando um vinho é de alto nível quem é que se importa com a nota...
18

05 janeiro 2007

Niepoort Projectos Riesling 2004

Continuando na casa Niepoort, o vinho que se segue faz parte de uma linha denominada "Projectos" , que começou em 2003 com o objectivo de mostrar à comunidade dos vinhos as experiências que desde à muito a Niepoort vem fazendo num processo de aprendizagem para a criação de novos vinhos.
A este Riesling juntam-se outros Projectos: Chardonnay e Colheita Tardia.

Niepoort Projectos Riesling 2004
Casta: 100% Riesling - Estágio: Inox - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado.
Nariz de média intensidade a mostrar boa complexidade, fruta bem presente com citrinos em grande destaque seguido de toque tropical, sopro floral acompanham o vinho para uma certa cremosidade aliada a sensação de fumo, tudo muito fresco e com mineral a dar o toque final ao conjunto que se mostra muito elegante.
Boca de corpo mediano, fruta bem presente (citrino e tropical), macio e a encher a boca, com a acidez presente durante a prova e muito bem ligada a todo o conjunto, elegância e frescura com final mineral de persistência média/longa.

É um vinho que dá grande prazer no momento da sua prova, e que mesmo desconhecendo o perfil dos grandes Rieslings do Mundo, deixou vontade de os ficar a conhecer, digamos que abriu uma janela para um tipo de vinhos que não temos por Portugal.
Um «Projecto» que vale mais que muita «Obra» feita por aí.
17,5

04 janeiro 2007

PROVA Pêra Manca Branco 2004

Se falarmos em vinho branco de topo na região do Alentejo, este provavelmente será o nome que imediatamente vem à cabeça da maioria do consumidor, o Pêra Manca Branco, tal como o seu irmão tinto, é um vinho que tem uma fama merecida pela qualidade que nos consegue colocar num simples copo de vinho, tendo o mérito de saber evoluir em garrafa, dele fazem parte a dupla de maior sucesso no que toca a vinho branco no Alentejo, a Antão Vaz e a Arinto.
Esta colheita de 2004 é especial pela mudança radical que teve o visual da garrafa/rótulo, mudando todo o conjunto desde o rótulo como a garrafa, agora mais pesada e robusta, cabe a cada um ter a sua opinião, pessoalmente acho que no branco fica bem este rótulo, agora no tinto nada me convence que este fica melhor...

Pêra Manca Branco 2004
Castas: Antão Vaz e Arinto - Estágio: 12 meses Inox e 6 meses garrafa - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado.
Nariz de intensidade média, fruta tropical com notas minerais em grande plano, pouco depois notas de citrinos e alguma maçã verde, percepção de flores brancas, segundo plano com leve sensação de calda de ananás e ligeiro fruto seco, frescura de conjunto que mostra uma boa envoltura onde cada casta interpreta o seu papel com grande rigor, no final parece ter um toque fumado.
Boca bem estruturada, acidez presente a dar boa frescura ao conjunto durante a prova, a fruta mostra-se presente, em certos momentos lembra ananás em calda, toque mineral que se prolonga até ao final que se mostra com persistência média.

É um grande exemplar da qualidade dos brancos do Alentejo e claro que se junta ao lote de grandes vinhos brancos de Portugal, curiosamente é um vinho que pelas sensações que transmite na prova de nariz e na prova de boca pode muitas vezes levar a pensar que tem estágio em madeira, preço a rondar os 14€.
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03 janeiro 2007

PROVA Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador - Branco 2005

Desta vez o Copo de 3 deu um salto ao Dão, do Paço dos Cunhas de Santar, construção de estilo da renascença italiana, mandado construir por Dom Pedro da Cunha em 1609, esta antiga casa agrícola de grande dimensões, foi ao longo das várias gerações orientada para a produção de azeite, fruta e vinho, destinados aos mercados do Porto, actualmente conta com 32 hectares de vinha e foi adquirido pela Dão Sul, é daqui que sai a recente gama Paço dos Cunhas de Santar, com o topo de gama a ter direito ao nome da vinha que lhe dá origem, neste caso a Vinho do Contador.

Paço dos Cunhas de Santar - Vinha do Contador - Branco 2005
Castas: Malvasia Fina, Cerceal e Encruzado - Estágio: 6 meses em carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade leve amarelo dourado com rebordo de insinuante esverdeado.
Nariz de boa intensidade, mostra-se conquistador ao primeiro impacto, fusão entre notas florais (alecrim, rosmaninho, violetas) e a fruta de grande qualidade e bem madura tropical (ananás), citrinos, maçã verde e um aroma de banana madura que se destaca bem de todo o conjunto, para completar o ramalhete temos um toque de frutos torrados com ligeira baunilha, revelando uma madeira bem integrada com a fruta, tudo de qualidade e com um final de apontamento mineral acompanhado de alguma lúcia lima.
Boca de boa arquitectura, fruta bem presente com banana, maçã verde, citrinos, torrado ligeiro acompanha a ligeira cremosidade que o vinho mostra na boca, com boa concentração dá uma prova de grande nível e com tudo muito bem encaixado, o toque mineral de fundo mostra-se presente em conjunto com uma acidez que dá uma frescura bem agradável ao vinho, final de persistência longa.

É uma grande surpresa este vinho, o Dão a marcar pontos com um branco que ainda tem pernas para andar, mas dá uma grande prova neste momento, o preço ronda os 15€ e é muito bem empregue, são é apenas 2500 garrafas.
17,5

01 janeiro 2007

Brindemos a 2007


O ano de 2006 chegou ao fim como todas as coisas chegam ao fim do seu ciclo, fechou portas e deu lugar a um novo 2007 cheio de vida pela frente, é nesta altura em que este projecto caminha para o seu segundo ano de vida que se deve fazer um pequeno balanço do ano que passou.
Digamos que foi um ano em grande para o Copo de 3, o número de visitas atinge as 60.000, o blog completa um ano de vida cheio de vivacidade e conseguem-se realizar 2 jantares onde o vinho foi elevado a um nível superior, de ressalvar a presença nos grandes eventos dedicados ao vinho que se realizaram em 2006, foi também ano do aparecimento de novos blogs dedicados ao mundo do vinho, surgem também duas novas revistas da especialidade, a Blue Wine e a Wine Passion, projectos recentes que tal como um bom vinho merecem tempo de arejamento para poderem mostrar tudo aquilo que tem escondido.
Falando de regiões, aquilo a que se chamou moda dos rosés, afinal veio para ficar, hoje podemos beber rosés de grande qualidade sem ter de emigrar, foi com bons olhos que se viu a nova moda dos brancos aparecer em força, para isso conta e muito um aumento da qualidade dos brancos nacionais, parece que os produtores acordaram para essa realidade e ainda bem, os resultados falam por si, é bom saber que nas principais regiões temos vinhos brancos de qualidade hoje em dia.
Falando nos tintos tenho de destacar a elevada qualidade dos vinhos do Douro, com o merecido reconhecimento pela crítica estrangeira, Quinta do Vale Meão 2004 a conquistar a nota mais alta de sempre para um vinho de mesa de Portugal, 97 pontos na Wine Spectator, esperemos que isto não implique um aumento do preço de alguns dos vinhos, se a colheita de 2003 foi muito boa, a de 2004 ainda se veio afirmar como melhor e prometendo mais e melhores vinhos.
Dando um salto pelo Minho, merecido destaque para a qualidade dos nossos Alvarinhos que em grande estilo deram mostra do seu real valor na prova Ibérica, pelo preço praticado em comparação com os Galegos temos razões para sorrir e muito.
Falar no Dão tem de ser com um sorriso no rosto, é sem dúvida uma das regiões que mais alegrias me tem dado, rejuvenesceu a olhos vistos, grandes vinhos com preços mais que adequados fazem as delícias de quem os prova, uma das regiões com melhores relação preço/qualidade.
Sobre a Bairrada/Beiras, temos com destaque mais que merecido o produtor Campolargo, um dos mais irrequietos sempre pronto a surpreender com mais um vinho, foi das Beiras que surgiu o «controverso» VERSUS, talvez um dos vinhos mais falados nesta blogosfera.
A Estremadura e o Ribatejo pouco ou nada a relatar, continuam a ser referências os nomes mais que conhecidos da nossa praça.
Dando um salto por Setúbal e as Terras do Sado, temos o aparecimento de um dos produtores que considero revelação do ano, Herdade do Portocarro, consegue lançar vinhos diferentes para melhor em que brilha um Sangiovese de nome ANIMA L4, outros produtores que destaco são a Quinta de Alcube e a Herdade da Comporta, projectos a seguir com muita atenção. Relembrar que se juntam os bons varietais da Coop de Pegões e da Casa Ermelinda Freitas.
No Alentejo tal como na grande maioria das outras regiões, as novidades continuam a fervilhar, novos vinhos surgem, as Touriga Nacional confirmaram-se, a aptidão para varietais de castas estrangeiras está mais que demonstrada (Pinot Noir, Petit Verdot são bons exemplos), destaque para o aparecimento de novos projectos onde destaco como um dos produtores revelação os vinhos AZAMOR, algo que não se pode deixar de falar é a mudança do rótulo do Pêra Manca, a meu ver para pior e ao que parece também mudou a equipa de enologia, entra Michel Rolland, esperemos para ver resultados.
Caso me tenha esquecido de algo, virei adicionar sempre que ache oportuno, não entrei pela via dos melhores vinhos provados nem de dar destaque e este ou aquele vinho provado porque o mesmo vai ficar para um pouco mais tarde, por agora resta-me desejar a todas as pessoas que visitam o Copo de 3 um ano cheio de saúde e boas provas.
 
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