Copo de 3: março 2013

28 março 2013

Quinta de São Sebastião Grande Escolha 2008

É a coqueluche da Quinta de S.Sebastião (Arruda dos Vinhos), o Grande Escolha aqui na versão 2008, vinho a rondar os 22€. E aqui a Escolha é mesmo Grande, este não engana, tanto da parte do produtor como da parte de quem o bebe, gostei do vinho, da forma alegre e comunicativa como se apresenta e comporta. Nota-se que teve direito a mais uns miminhos que o Reserva (aqui), ligeiramente mais encorpado e preenchido por ricos aromas e sabores, a fruta (amoras, morango) é muito boa e madura. Convidativo com uma óptima sensação de cremosidade, baunilha, acena com uma brisa doce, cativante, intenso, cacau e fumados, vegetal suave sendo que na boca é envolvente com boa presença e frescura que nos guia até final ligeiramente seco e frutado. É um vinho que nos conquista com facilidade, haverá quem não lhe agrade todo este facilitismo aliado a uma qualidade mais que notável ? Torna-se complicado resistir  guardar alguma garrafa deste vinho em casa, as que tinha já foram todas abertas e bebidas para meu prazer e daqueles com quem as partilhei. 91 pts

18 março 2013

Quinta de São Sebastião Reserva 2009


Como ficou aqui dito da última vez, os vinhos da Quinta de S.Sebastião nascem pertinho de Lisboa, mais propriamente em Arruda dos Vinhos. Poderá dizer-se que este tal como outros aqui das redondezas, são os "verdadeiros" vinhos de Lisboa. A prova neste caso foca o Reserva da casa, um vinho da colheita 2009 com lote na base Touriga Nacional, Tinta Roriz, Merlot e Syrah.
Gosto da apresentação dos vinhos deste produtor, gosto também dos vinhos e da maneira como se fazem mostrar no copo, da maneira como ligam com a mesa, no essencial são vinhos de fácil empatia logo ao primeiro contacto. Este Reserva é disso exemplo, de aroma fresco e maduro, harmonia com fruta limpa e cheirosa, ligeiramente gulosa, baunilha e especiaria fina. É bom, faz lembrar coisas boas, framboesas com chocolate e gelado de baunilha com uma folhita de hortelã. Que o vinho é para ser vivido e falado, discutido e bebido, invoquem-se os aromas, liberte-se a paixão de viver o vinho. Soube-me muito bem, enche a boca de sabores que lembram fruta, chocolate, tem frescura, tem secura ligeira dos taninos, com algum vigor em final de boca. Todo ele muito pronto na passagem, um vinho que se bebe com prazer. E porque nesta altura do campeonato ando de roda das aves de capoeira, desta vez acompanhou uma galinha tostada no forno. 90pts

15 março 2013

Quinta do Monte d´Oiro Reserva 2006

Irrita-me solenemente quando abro um vinho do qual espero uma prova grandiosa e a única coisa grandiosa que apanho é uma desilusão, mais uma vez voltou a acontecer e desta vez com um vinho do qual não esperava. Acho que a mudança de rótulo o afectou profundamente, o mesmo aconteceu ao seu primo Aurius 2006 aqui comentado. 

Começa mal, apesar de delicado o aroma é frouxo, quase apático, sente-se frescura e delicadeza mas ao mesmo tempo algo rapado, como se uma plaina (o tempo talvez) por ali tivesse andado a alisar os aromas. Pouca expressão, fruto (cereja) delicado e colocado num amontado de "coisas", alguma hortelã-pimenta e especiarias, tudo trivial e banal, não se sente a fagulha da excelência nem a qualidade de um fruta que sobressaia com esplendor no conjunto. Na boca melhora ligeiramente, a fruta belisca o palato, especiaria, tudo em modo moderado sem grande exaltação, harmonia e muita subtileza mas de igual modo sem grande classe ou coisa que o faça despontar de uma mediania que o assola. O que mostra torna-o igual a tantos outros, as sedas e os cetins que alguns a seu tempo lhe encontraram já foram, a evolução fez das suas e o vinho ficou tolhido. Durante o jantar fui tentando entender o que este vinho tinha para me contar, pouco, à mesa as opiniões não variavam, é um vinho triste diziam. Fui obrigado a concordar. 88pts

Quinta de S.José Reserva 2007

O vinho que agora me cai no copo é da autoria do conhecido enólogo do Douro, João Brito e Cunha, que cria na Quinta de S.José (Ervedosa do Douro) os respectivos vinhos e também os fantásticos Ázeo. Resulta da união entre a casta Touriga Nacional com Vinhas de idade aproximada aos 50 anos, o preço de mercado rondará os 25€.
O vinho é muito maduro, roliço e com os 15% Vol. a fazerem-se notar quer no nariz quer na boca onde dão uma sensação de doçura encostando o vinho a um lado mais enjoativo. A fruta (ameixa) é escura e doce, tudo o resto está no mesmo plano, alfarroba, chocolate, especiaria, tinta da china, esteva e fumados. Torna-se um bloco pesado e denso, sem muita graça, mesmo no seu envolvimento é morno, com a fruta em boca a explodir de sabor com especiarias, regaliz, ligeiramente pastoso mas não me cativa. Fujo de vinhos assim, a ligação à mesa é quase impossível, satura após o primeiro copo, não é obviamente o Douro que procuro. 87 pts

14 março 2013

Damasceno 2011


Os Vinhos Damasceno nascem junto ao lugar do Poceirão (Palmela), o nome que ostentam é fruto da homenagem a Domingos Damasceno de Carvalho. Recentemente foram comprados pela empresa SOTA deixando assim a família Damasceno, mas continuando com a marca.
O vinho que agora falo sob nova e bonita roupagem, é o Damasceno tinto da colheita 2011, Syrah (80%) e Cabernet Sauvignon (20%) cujo preço ronda os 8€.

Um vinho que marcou pela diferença, porque ao contrário de um simples despejar de fruta madura e ficar especado no copo à espera que alguém lhe diga alguma coisa, tem mais para nos oferecer, um travo combinado entre especiaria/vegetal que se destacou logo de início, com a barrica bem montada, chocolate de leite e fruta madura de carácter roliço (bagas, amora) a surgir de seguida.
Conjunto de boa intensidade aromática, muito pronto a beber, prova de boca com entrada saborosa, médio no corpo e presença, nota-se que tem harmonia, toque vegetal a meio palato com final de mediana persistência.

É vinho para a mesa, ainda com alguns taninos de fundo a pedirem um prato com algum tempero, acompanhei com uma excelente Jardineira de Vitela, onde o toque do feijão verde e a especiaria fizeram aqui  a diferença para melhor.
Um vinho diferente, bem feito e que merece sem dúvida alguma ser conhecido e mais que tudo... bebido. 89pts

12 março 2013

A Excelência do Imediato


A pergunta quase sempre vem ao de cima, aquela dúvida que mora no pensamento, afinal quanto tempo devem durar em garrafa os vinhos que pulam para o mercado rotulados como sendo Grandes Vinhos ? Quantos anos é que um exemplar desse suposto calibre tem a obrigação de se aguentar ou até mesmo evoluir de maneira nobre na garrafa ?

Reparo que alguns vinhos dos supostos "melhores" que vou guardando religiosamente no condomínio de luxo chamado garrafeira climatizada, ao abrir o comportamento é o menos esperado em que nada  condiz com o prestígio que lhes foi atirado para os ombros a determinada altura, quase sempre na altura do seu lançamento para o mercado, vinhos cujo preço nunca é meigo. Nestes casos há sempre duas desculpas que alguns muito prontamente gostam de   despejar para cima da mesa, "a má garrafa" e "as condições de guarda". Fará sentido invocar a "má garrafa" quando se fala de vinhos com pouco mais de 10 anos em garrafa ? E se as condições de guarda são as ditas ideais, se os vinhos assim que saíram para o mercado vieram directamente para uma cave climatizada, que condições de guarda são essas ? Nestes casos comparo no imediato com exemplares mais "velhos" que tenho, que vou comprando por atacado em armazenistas.

Faço um aparte para explicar no que aos vinhos com mais idade diz respeito, na altura da compra a minha única preocupação é o nível do líquido e ao mesmo tempo a tonalidade do vinho (sempre que perceptível). Visto isto é tentar comprar pelo melhor preço, regatear é quase sempre obrigatório e depois é aguardar esperar pelo momento da prova, o momento das grandes verdades. Por exemplo, na remessa de Tapada do Chaves Reserva 1986 direi que em cada caixa de 6 garrafas apenas 1 se mostrou menos bem. Ao colocar no copo, como tem acontecido, alguns vinhos mais recentes e de aparente elevado "status enófilo" a prova é em muitos casos bastante inferior senão mesmo de algum embaraço tendo em conta os inúmeros louvores  atribuídos na praceta. Vinhos que no meu caso tiveram desde que foram colocados à venda as ditas condições ideais de guarda, comparando com os "outros" mais velhos que sabe-se lá em que condições aquelas pobres almas andaram até chegarem às minhas mãos.

Talvez tenha tido azar, talvez azar a mais da minha parte quando acontece em mais do que uma garrafa do mesmo ano, já são tantos os que foram sendo provados com apenas 4 ou 5 anos de vida e catalogados como Sua  Excelência e o efeito no copo não se resume a tal... falham completamente esse compromisso de uma prometida prova dos Deuses e passam a dar uma prova banal e terrena onde tantos outros vinhos (alguns de aparência mais modesta) se portam melhor. A impressão com que fico é que tudo isto se resume à Excelência do imediato, que parece que o vinho é feito para ser avaliado num curto espaço de tempo e depois imagina-se um futuro radiante para o dito sem que nunca se vá questionar quem escreveu quando a coisa passado uns anos corre para o torto. Salvo as honrosas excepções daqueles que  têm brilho próprio e que perduram no tempo, pois não quero enfiar tudo no mesmo saco, parece que há vinhos lançados um pouco por todo o lado que sofrem de evolução precoce, estando aptos para o consumo cedo demais, como se tudo viesse apressado, demasiadamente harmoniosos, precocemente evoluídos e estupidamente afinados.

09 março 2013

Ares de Medeiros 2008

Vinho colocado em cima da mesa à hora de almoço, um desconhecido proveniente de Serpa (Herdade de Medeiros), no seu sangue corre Aragones, Syrah e Touriga Nacional, foi educado em carvalho francês. Destapou aromas a tosta quase em circuito fechado, especiarias, vai abrindo com as voltinhas no copo para fruta (ameixa,  gorda e madura banhada em compotas várias, bálsamo de fundo. Predomina um aroma morno, salvo pela brisa fresca de recorte mentolado. Boca com frescura, fruta gulosa e sumarenta, bombom de ginja, corpo mediano, suavidade e frescura que percorre o palato, no final tem algo de vegetal, agreste, herbáceo, taninoso. Por tudo o que mostra foi escolhido para o acompanhar uns lombinhos de porco preto acompanhados por batata no forno e esparregado. 89pts

08 março 2013

O Chefe recomenda...

Chefe José Júlio Vintém 

Na minha vida de cozinheiro, os livros vieram depois da experiência prática de comer e acompanhar uma cozinha de tradição e de quase subsistência com atenção para o que a terra nos dava de produtos silvestres e o que havia de produtos na época: Uma cozinha sazonal que me foi transmitida naturalmente pela vivência e não por nenhum livro de recolha exaustiva de receitas. 

Fui desde cedo obrigado a pensar que na época do tomate temos que puxar pela imaginação e adaptar o saboroso legume a vários tipos de confecção para podermos comer vários dias seguidos sem nunca nos fartarmos. Esse tipo de cozinha não vem em nenhum livro de receitas é a escola da vida que nos faz cozinhar desta ou de outra forma. Claro que se pudesse escolher 3 livros de cozinha seriam ( O mestre cozinheiro, de Laura Santos, Culinária Portuguesa, Olleboma de António Maria de Oliveira Bello, e a incontornável Maria de Lurdes Modesto. Todos estes livros têm para mim um significado especial, pois representam muito bem as nossas origens em diferentes épocas.



Chefe Augusto Gemelli

1- A arte da cozinha moderna – J. Pellaprat –foi o meu primeiro livro de cozinha clássica que utilizei como texto nos meu cursos da escola hotelaria

2- A cozinha regional italiana - Ana Maria Gosetti – a minha referencia ainda hoje para pesquisa sobre a cozinha regional do meu país

3- A cozinha italiana de Augusto Gemelli – Augusto Gemelli – é o meu favorito por ser o primeiro livro que publiquei e pelo facto de ser ainda hoje o único livro de cozinha italiana editado em Portugal por um italiano.


 Chefe Hélio Loureiro (Porto Palácio Hotel)

Da colecção que possuo de livros de cozinha destaco o primeiro livro de cozinha editado em Portugal de Domingos Rodrigues e que me foi oferecido pelo meu querido amigo Germano Silva de um lote de livros antigos que ele tinha comprado, este livro é talvez das primeiras vezes em que se mistura fruta fresca e salteada com preparações de carne, tem uma belíssima colecção de compotas e preparações que hoje nos parecem bizarras mas o que para mim é mais importante é o cuidado que Domingos Rodrigues coloca na distribuição dos pratos cobertos e das iguarias na mesa fazendo mesmo desenhos por forma a que tudo estivesse acessível aos comensais , coisa que até à altura era secundarizada.

A colecção de receitas tradicionais portuguesas de Maria Odette Cortes Valente, uma senhora que fez o maior levantamento de receituário português e que o foi publicado no Circulo de leitores e Almedina e que só não são mais reconhecidos e estimados pelo grande publico é porque a autora viveu toda a sua vida muito mais em Castelo Branco que em Lisboa , senão fosse isso teria tido muitas e merecidas homenagens pois as suas receitas , transposições do receituário popular, muito cuidado e que se podem confeccionar segundo a receita na certeza que as quantidades e método de confecção funcionam com um bom resultado final.

Os volumes 1 e 2 das imensas receitas da Tele Culinária são um curso de cozinha e podiam servir como base ao ensino de muitas escolas sendo bem descritas, praticas , autenticas, sem truques e sem fantasias , o Mestre Silva teve na verdade um discernimento como poucos na forma como organizou estas revista que deram volumes muitíssimos interessantes e onde eu aprendi os segredos da arte com treze confeccionando durante a semana todas as receitas que iam saindo na revista às sextas feira e que o meu pai me trazia ao fim do dia.

Claro que existem muitos outros livros de cozinha de autores estrangeiros e nacionais onde paro e faço muitas das receitas por lá descritas mas como só pediam para dizer os três principais aqui estão!

07 março 2013

Campolargo Dão 2007

A ligação de produtores da Bairrada ao Dão não é nova, Carlos Campolargo apostou também no Dão, num tinto proveniente de Lagarinhos (Gouveia), cujo lote se espalha pela Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Pinot Noir, tem estágio de 12 meses em barrica de carvalho e um preço que ronda os 9/10€.
Sente-se que é um vinho do Dão, na frescura e bom detalhe da fruta madura (ginja, bagas silvestres) com mentolado fino a acompanhar, vegetal a lembrar mato, todo ele fresco com leve toque de licor, fumados, baunilha e bem especiado. É a segunda e última garrafa que tinha, não parece ter sido beliscado pelo tempo passados quase 3 anos desde o último contacto. Na boca tem uma boa acidez, secura no final que lhe permite brincar à mesa, a fruta a ter papel principal, especiarias, mentol suave no palato tal como uma passagem sedosa e harmoniosa. A frescura é ponto assente, num vinho que de momento dá uma prova muito boa. Brilhou alto com uma Pintada com Couve assada no forno. 90pts

Redoma Rosé 2010

Durante anos o vinho rosé, ou rosado, foi alvo de chacota e visto como um produto menos nobre, muitos em tom de brincadeira até questionavam ser seria feito de uvas. Os anos passaram e nos dias que correm o vinho rosé ganhou por direito próprio o seu lugar à mesa dos consumidores. A casa Niepoort (Douro) na sua gama Redoma, criou um dos grandes exemplares lusitanos desta tonalidade, cujo preço se mostra sensato face à qualidade, cerca de 8€. É um rosado de bigodaça, sério e de sobrolho franzido, muito centrado nos aromas que invocam frutos do bosque, bagas silvestres, pederneira e uma presença de esteva. O vinho está muito bem balanceado em todas as suas componentes, mostra mesmo uma pontinha de austeridade, vivo, com nervo e corpo, boca cheia de sabor na linha da prova de nariz, com secura presente no palato e fundo mineral, de final médio. Quase que me esquecia, o tempo que leva em garrafa só lhe fez bem, tornou-o ainda mais apelativo. 90pts

06 março 2013

Quinta da Bica


É passando um imponente portal que se entra nos domínios da Quinta da Bica, a destacar o magnífico solar seiscentista, cuja origem estará num convento que já existiria entre 1550 e 1650. Reza a tradição que é a Bica que ali mora que dá nome à Quinta, vontade lhe seja feita. Pertença da família Sacadura Botte, a produção de vinho começou no ano de 1989 pelas mãos de João Sacadura Botte com enologia do Prof. Virgilio Loureiro, em 1992/1993 foi ano de transição e a enologia muda de mãos para o Mestre Magalhães Coelho. 
Nos dias de hoje os destinos da Quinta são geridos pela matriarca da família, Filipa Sacadura Botte com a preciosa ajuda da sua filha mais nova, Madalena Sacadura Botte, a enologia está a cargo do enólogo Paulo Nunes.

Já por duas vezes tive oportunidade de visitar a Quinta da Bica, os vinhos que ali nascem fazem parte da minha memória enófila. Não escondo o carinho que tenho pelos seus vinhos, um perfil que tanto me agrada vai para largos anos. Foram também dos primeiros vinhos que conheci da região, aquele perfil fresco onde a fruta bem viva e com muito boa acidez marca a bitola, cujo envelhecimento é tão nobre como as paredes que os viram nascer. 

Os anos foram passando, foi em 1989 que nasceu a primeira colheita, vinho feito com engaço total, seria a única colheita em que tal aconteceu, depois disso o desengaçador entrou em funcionamento. As colheitas foram seguindo, à medida que os anos avançavam ligeiros retoques foram feitos, quer no lote onde passou a entrar a Tinta Roriz quer no rótulo que foi sendo alterado sem perder a elegância que sempre teve e ainda hoje mantém. A colheita de 2001 fica marcada pelo falecimento do proprietário. Os destinos da enologia ficam a partir de 2003 a cargo do enólogo Paulo Nunes, a Quinta da Bica sem nunca perder o seu perfil ganha asas e relança-se no mercado com novas propostas, branco, rosado e Reserva entram no portefólio da casa, os vinhos de hoje tal como os vinhos de antes, seguem a mesma pisada, o mesmo perfil e a mesma qualidade. Hoje como antes, continuo a sorrir sempre que abro um Quinta da Bica.


Quinta da Bica branco 2011 Perfumado, delicada complexidade que começa em flores brancas, passa por fruta (nectarina, citrino) madura e termina com toque de alecrim. Pelo meio colherada de geleia que parece conferir-lhe sensação de algum volume. Na boca entra com fruta e flores no sentido do nariz, arredonda ligeiramente a meio palato onde não disfarça alguma untuosidade (a dar volume), final seco e muito longo com rasto mineral.  91 pts  05 JULHO 2013

Quinta da Bica branco 2012: Claramente diferente do que habitualmente se encontra no copo, é branco fresco e de enorme candura, onde a fruta (melão, lima) nos guia de mãos dadas com flores, erva cidreira e uma delicada carga de ervas aromáticas. Na boca é envolto em sabor marcado por fruta e leve tisana de ervas, mediano no corpo, com final seco, delicado e com uma mineralidade que lhe assenta lindamente.  91 pts 03 DEZEMBRO 2013


Quinta da Bica 2009: Este 2009 será porventura um dos meus favoritos, muito jovial, direi que para mim ainda é cedo para o abrir, que vinhos como este merecem benefeciar um pouco da acalmia dos tempos. A longevidade está mais que comprovada, agora nos novos lançamentos o enólogo Paulo Nunes (um grande Enólogo com direito a larga caminhada na passadeira do sucesso) apenas mostra a maneira como soube pegar num modelo passado, clássico, e reinterpretar o mesmo colocando-o no presente sem que a alma do vinho fosse tocada. 91pts

Quinta da Bica 2005: Nota-se a vivacidade e inquietude da juventude mesmo quando no BI já indica ter 7 anos. Prova a mostrar vigor, fruto silvestre, novelo compacto e  ainda com algo por desenvolver, toque fumado, bom de nariz com boca à altura, frescura, perfume floral com notas de cacau. A prova de boca mostra já boa harmonia, um colheita no seu melhor. 91pts

Quinta da Bica 2003: Mais detalhado e ao mesmo tempo mais maduro que o 2001, a cereja gorda e roliça manda, todo ele um pouco melhor no alinhamento das partes, canela, toque de pinho, baunilha, secura com a frescura bem enquadrada. Dá uma boa prova com a riqueza de uma fruta opulenta e de alguma forma, gulosa. 90pts

Quinta da Bica 2001: Consensual, está na forma como se mostra, situado entre a exuberância bonita e perfumada do 2003 e a afirmação adulta e esclarecida do 2000, vinho fino, fresco e complexo, maduro com complexidade mediana. Parece não ter a mesma desenvoltura o que o deixa com uma performance algo baixo dos outros dois. 89pts

Quinta da Bica 2000: Vinho adulto, sério, pronto a entrar naquele estado nirvana que o irá prolongar por mais alguns anos, onde a fruta limpa e fresca, carnuda e sumarenta com caruma de pinheiro, cacau, bolacha, notas de fumo, tudo com muita e boa vida pela frente. Boca com frescura, corpo médio com nervo, fruta que se trinca, as cerejas, os mirtilos com acidez, bem frescos, depois o toque vegetal/bálsamo e uma natural secura que tão bem lhe assenta. 91pts

Quinta da Bica 1997: O que menos mostrou, direi o que achei menos bom, apesar da fruta que tem ainda com alguma frescura, achei-o mais delgado e confuso, sem grande vida tanto em nariz como na boca. Como em tudo na vida não podemos gostar de tudo, este foi o que levou sinal menos em toda a prova. 86pts

Quinta da Bica 1996De aromas frutados, maduros com suave compota (ameixa, bagas e amoras), tosta muito ligeira com couro presente, cacau e tabaco (caixa de charutos), mato seco, caruma de pinheiro e ligeiro mineral de fundo. Boca fresca e ligeiramente frutada, torrado presente muito leve com toque de frescura e passagem sedosa, ainda que mostre ligeiro travo vegetal, harmonia e equilíbrio na passagem de boca. Vinho delicado e muito polido, certamente um vinho muito bem educado e cortês. Respira-se Dão. 04 MAIO 2007 89pts  

Quinta da Bica 1995: Mostrou-se com uma boa evolução, aqui mora menos intensidade, todo ele mais sereno, toques de couro com compotas, suave nota de licor de cassis, bom perfume e complexidade. Mais arredondado na boca, nota de chocolate, menos seco, continua a dar uma bela prova. 88pts

Quinta da Bica 1992: Um vinho onde brilha no imediato uma fruta de grande qualidade, limpa, groselha vermelha muito viva e ácida, hortelã pimenta, pinho, profundo e de refinado bouquet. Na boca é longo, persistente, taninos a dar alguma secura, novamente aquele traço que o levam a brilhar à mesa, vinho em grande forma. 90pts

Quinta da Bica 1990: Sisudo, fechado, pouco diálogo com toques de fumo, muito menos intensidade que no anterior, todos ele com pouca luz, complicado vislumbrar o que lhe vai na alma. A seu tempo irei abrir nova garrafa e postarei nova nota. 87pts

Quinta da Bica 1989: Foi o primeiro, não aparenta a idade que tem, quer a boca quer o nariz apresentam uma belíssima frescura. Frutos do bosque, cereja, ainda com frescura, acidez e vivacidade, toque de caramelo, suave floral, pinho e fumo em fundo. Vinho profundo, adulto, final de boca longo e boa persistência, com uma boa dose de secura que o faz regozijar à mesa. 92pts



Quinta da Bica Reserva 2005: Uma versão mais adulta do modelo Reserva que parecer estar a ganhar forma, sem dúvida o melhor de todos até este momento, muita vida nos aromas de frutos negros, limpo, vigoroso com notas especiadas, floral, pinho, mato, vinho que está para durar. Madeira integrada com frescura e estrutura, balanço positivo da estrutura, boca repleta de sabor, fruta madura, carácter vincado que conquista de imediato. É e continuará a ser grande. 92pts

Quinta da Bica Reserva 2004: O Reserva vai ganhando maturidade, conquistando o seu estado de alma que ainda não teve serenidade para isso. Como tal este 2004 aparece com fruta madura, de boa intensidade, ameixa, alguma passa com toque balsâmico a lembrar pinho, especiarias. Boca com bom corpo, estruturado e a dar uma prova com muito saber e passagem saborosa. Frescura e profundidade num prolongado final de boca. 91pts

Quinta da Bica Reserva 2003: O primeiro Reserva da Quinta da Bica, é o mais maduro dos três aqui colocados, o mais redondo, guloso, pimpão, de cantos arredondados e com toques de bálsamo. Junta-se na gulodice ao Colheita do mesmo ano, encorpado e a tal frescura mais presente, ganhou este em corpo, em gordura. Ao mesmo tempo ainda tem boa acidez, amigo de longo convívio em conjunto com um arroz de pato. 90pts

Na gama Radix lançada pela Quinta da Bica numa série bastante limitada, conta com vinho Rosé, Tinto e Brnaco:

Radix branco 2010
É um vinho de aroma elegante, fresco, com refinada complexidade, limpeza de aromas onde destaca no imediato aromas de fruta (citrinos, alperce) com geleia, cera de abelhas, flores e rasgo mineral em fundo com invocações a lima-limão. Todo ele assente numa acidez muito viva, bom corpo com longo e refrescante final, presença de limão e mineralidade que perdura no seu longo e persistente final. Um vinho que apetece beber e ter por perto. Pena que sejam poucas garrafas, mas já me precavi. Dos brancos do Dão que mais me entusiasmou nos últimos tempos. (data de prova 11/6/2013) 91 pts

...em actualização constante.

02 março 2013

Quinta da Ponte Pedrinha Reserva 2005

Os vinhos da Quinta da Ponte Pedrinha fazem parte do meu historial enquanto enófilo, foram junto aos Quinta da Bica dos primeiros vinhos do Dão que bebi e me despertaram para o querer conhecer mais daquela região.  Naquela altura era João Portugal Ramos o responsável pela enologia, o vinho tinha o Dão na alma, o rótulo onde agora se mostra o brasão ostentava naquela altura o bonito casario. Depois as coisas mudaram com a avalanche de marcas, rótulos, produtores e novidades tomaram conta dos meus copos, alguns rótulos e nomes mais queridos da hora da refeição daqueles tempos foram sendo esquecidos ou deixados de lado. Passado alguns anos voltei a encontrar-me com os vinhos da Quinta da Ponte Pedrinha, a enologia mudou de mãos, é na sorridente Catarina Simões que os destinos das uvas estão entregues, muito bem direi eu a ver pela qualidade que os "novos" vinhos mostram, o Dão continua lá e de muito boa saúde.

No copo tenho o Reserva 2005, o aroma mostra sinais de evolução já com notas de cansaço, todo ele com notas de tabaco e caruma de pinheiro, sinais de fruta muito madura e suculenta com mistura de compotas que lhe dá um toque doce/morno e envolvente com fundo de especiarias. Na boca é um vinho adulto, fruto de caroço (ameixa vermelha e gorda), sem arestas, com passagem suave e bom de sabor, com alguma gordura que o torna roliço e de alguma maneira a sobrepor-se à frescura que o sustenta, presença da fruta até final com pimenta preta em fundo.  88 pts
 
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