Copo de 3: junho 2010

24 junho 2010

Coudoulet de Beaucastel Côtes du Rhône 2001

Para muitos apreciadores o Château de Beaucastel é considerado o grande ícone de Châteauneuf du Pape, localizado a 5km Sueste de Orange, no limite norte da appellation de Châteauneuf du Pape. Os 30 hectares da vinha de Coudoulet de Beaucastel ficam a este de Beaucastel, do outro lado da A7, a auto-estrada que serve de linha divisória e coloca este vinho na designação Côtes-du-Rhône, quando curiosamente beneficia do mesmo terroir que o seu irmão mais velho.
O Coudoulet é visto como o pequeno Beaucastel, e tem como o seu irmão mais velho a habilidade de envelhecer nobremente devido à alta proporção de Mourvedre - 30% no lote final, providenciando uma quantidade de taninos suficiente para resistir à oxidação, assegurando mais tempo de vida, com aromas a couro, tabaco e especiarias ao lote final. A Grenache contribui essencialmente com o peso da fruta madura e muito suculenta, Syrah e Cinsault trazem taninos e complexidade aromática. A vinificação é feita em separado com o casamento a dar-se apenas na altura de fazer o blend final, que passa depois durante seis meses em grandes toneis/foudres de madeira, sendo finalmente clarificado com clara de ovo.

Coudoulet de Beaucastel Côtes du Rhône 2001
Castas: Grenache 30%, Mourvèdre 30%, Syrah 20%, Cinsault 20%. - Estágio: 6 a 8 meses em tonel/foudres. - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração mediana.

Nariz de boa intensidade, bouquet aprumado e bastante harmonioso, limpo de aromas com destaque para a frescura da fruta negra (cereja, amora) que se mostra bem madura. O vinho vai abrindo calmamente e de forma harmoniosa no copo, com a madeira bastante discreta a amparar todo o conjunto. Notas de leve regaliz, couro, tabaco, vegetal seco a lembrar chá preto e especiaria em fundo. À boa complexidade junta-se também uma boa profundidade de aromas, num conjunto.

Boca
com estrutura firme e bem redondeada, passagem de boca muito prazenteira com frescura sentida, ligeira sensação de cremosidade dada pela barrica ao mesmo tempo que a fruta ao comando se vai desfazendo em conjunto com toques de especiaria, tabaco, regaliz e leve bálsamo vegetal que se complementa com alguma secura no final de boca, reveladora de alguns taninos por domar, a precisarem certamente de mais um tempinho em garrafa. Um vinho de boa amplitude, que sabe estar e evoluir, aguentando-se muito bem no copo durante toda a refeição.


Este faz parte do leque de vinhos que se tem de arranjar um cantinho na garrafeira para se ter umas garrafas bem guardadas, o investimento não é muito avultado pois o vinho em causa bem comprado deverá rondar os 15€ a garrafa. A produção é substancial e a procura não é tão grande quanto a que é alvo o Château de Beaucastel, mas estamos a falar de realidades completamente diferentes, até nos preços pois claro. Aqui temos uma excelente relação preço/qualidade, um vinho com boa capacidade de envelhecimento e que dá enorme prazer à mesa ou até mesmo a solo mas sempre acompanhado. Uma aposta bem séria e muito acertada este Coudoulet de Beaucastel, e quem avisa... 17 - 92 pts

Pico Madama 2006

De uma parceria resultante entre Bodegas Casa de la Ermita e Guy Anderson Wines, surge o super premium Pico Madama, nascido e criado no parque nacional El Carche. Desde a sua primeira colheita que este vinho tem sido bafejado por boas notas da crítica internacional, revelador de consistência e qualidade, aliando a tudo isto um preço que o torna irrecusável nos tempos que correm, é verdade, as cerca de 40.000 garrafas que são colocadas no mercado são vendidas a um preço que ronda os 10-14€. A evolução em garrafa promete ser boa, mostra taninos e acidez suficiente para tal, e apesar de tudo a prova que dá desde já faz com que seja quase irresistível conseguir guardar alguma.

Pico Madama 2006
Castas: 50% Monastrell e 50% Petit Verdot - Estágio: Monastrell 13 meses em Carvalho Francês e Petit Verdot 13 meses em Carvalho Francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz de refinado bouquet que vai evoluindo com o tempo no copo, inicialmente com muita fruta (amora, framboesa, figo) madura, muito limpa e bem fresca, acompanhada por aroma de tosta, especiarias diversas, ervas do campo (lavanda, alfazema), tabaco de enrolar, chocolate after-eight e mina de lápis em plano de fundo. Muita harmonia num todo que apesar de todos os encantos ainda se sente algo preso, a precisar de tempo pois claro.

Boca com muito que contar, de entrada prazenteira, fresca e bem estruturada com uma boa espacialidade, cheio, amplo, novamente fresco, notas de bálsamo vegetal com toque morno de chocolate de leite, especiaria e fruto negro, muito fruto negro que se trinca e deita sumo doce, tabaco e fundo mineral, num todo profundo e complexo, sabe bem e com passagem muito harmoniosa... que apetece voltar a beber. No fundo alguma secura, taninos a pedir cama, tudo num final com uma bela persistência, pois para beber agora ou esperar mais um tempo... ganhamos nós e ele.

É difícil não se gostar deste vinho, ficar-se a pedir mais é o mais natural... nem que tenham de vir de fora mas arranja-me mais umas se fazes favor. É assim que acaba o jantar com mais uma das garrafas que me couberam deste vinho...vai na segunda e sempre agradou e encantou. Amigo da mesa, amigo dos amigos e amigo da carteira, quando se sabe o preço é a festa completa, afinal o muito bom pode ser barato e dar 14€ por um vinho assim compensa muito. Por cá tudo na mesma, reparei numa revista que foi lançado mais um vinho xpto a 50€ a garrafa...
17 - 93 pts

Bodegas Benjamín de Rothschild & Vega Sicilia

É a joint venture do momento e dá pelo nome de Bodegas Benjamín de Rothschild & Vega Sicilia.
Benjamin de Rothschild, accionista do Château Lafite, juntou-se às Bodegas Vega Sicilia para que em conjunto produzam um vinho de alta qualidade (terá um irmão mais pequeno) que entrará no mercado em 2012. O palco é a Rioja Alavesa, e o projecto já vinha sendo pensado faz 7 anos, tempo durante o qual se foram adquirindo em várias etapas, 40 no total, um total de 110 ha de vinha. Desde 2009 que contam já com uma adega alugada na qual se vão realizando alguns ensaios enológicos com objectivo de lançar o novo vinho em 2012, ano em que a nova adega estará pronta.
Com um investimento total de 26 milhoes de euros, para um prazo de 14 anos para se atingir como objectivo o melhor vinho possível, numa adega em que como será de esperar tudo seja do melhor. A convicção de que o resultado será brilhante vem das duas partes envolvidas, sendo que até aos dias de hoje já foram vinificados cerca de 120.000 kg de uva, produção que se irá repetir em 2010 e 2011 e seguirá crescendo até a qualidade atingir o ponto pretendido. Estima-se que sejam produzidas cerca de 300.000 garrafas por colheita.
Para notícia completa, ver aqui.

20 junho 2010

Ázeo Reserva branco 2008

Certos vinhos são tão interessantes que dispensam sempre qualquer tipo de apresentação, afinal de contas podemos dispensar escrever algumas palavras que apenas servem para encher e que se podem muito bem ir ler ao site do produtor. Desta maneira quem procura informação fica a conhecer não só o historial do dito produtor como também outros vinhos que ele produz, a história da quinta entre muitas outras coisas. Este é daqueles exemplos que não merece mais palavras que nos possam distrair do que mais interessa, a sua nota de prova:

Ázeo Reserva branco 2008
Castas: Vinhas Velhas e Viosinho - Estágio: passagem por madeira - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de concentração mediana.

Nariz fresco com toque de leve apetrolado, coeso e a mostrar uma muito boa presença mineral, algum vegetal e floral com fruta (citrino, tropical) bem madura e muita qualidade neste bouquet de delicada complexidade. A madeira aqui novamente muito bem, quase não se dá por ela, faz o papel que tem de fazer e confere aquele bafo que não chega a ser morno em segundo plano, uma leve tosta que lhe confere uma subtil cremosidade. Novamente é a frescura e aquele travo mineralidade que lhe toma as rédeas, com alguma especiaria pelo meio.

Boca de entrada bem fresca e com boa espacialidade, sintonia com a prova de nariz, presença de fruta e tosta num conjunto muito bem afinado e harmonioso no seu todo, com bela profundidade, acidez cítrica com fundo envolto em bela dose de mineralidade, em final longo e com boa persistência. Cheio e vigoroso, num todo muito agarrado à terra, ao terroir, às vinhas velhas que contribuíram para o seu nascimento.

É um Ázeo mais coeso, mais pleno de encantos e delicada harmonia mostrando-se um pouco mais sério dando a noção de que ainda se encontra em fase ascendente. A madeira um pouco mais presente, não muito e a fruta um pouco menos fresca mas mais sumarenta e uma complexidade que se mostra um pouco mais rica. Um belíssimo branco do Douro, muito sério e muito virado para a mesa. A produção não me parece ser muito grande e deve rondar as 2.000 garrafas com um preço que ficará a rondar os 18€.
17 - 93 pts

17 junho 2010

Ázeo branco 2009

Com o nascimento do Pedro Dinis, o tempo que dedicava ao Copo de 3 foi sendo cada vez mais reduzido, agora que as coisas estão mais serenas é tempo de voltar à actividade, voltar novamente a falar sobre aqueles vinhos que me vão chegando ao copo e que mais me chamam a atenção, tenho muita coisa de que falar e o tempo começa a ser pouco. O Verão está à porta, dia 21 mais precisamente, e começa a ser tempo para encostar os vinhos mais estruturados e procurar os vinhos mais leves, frutados e frescos. Falando em brancos com frescura/acidez, um dos que mais prazer me deu a provar nos tempos mais recentes, foi sem dúvida alguma o Ázeo branco 2009 (Douro), que agora aqui coloco em prova, um vinho da responsabilidade do enólogo e produtor João Brito e Cunha, que no seu projecto pessoal produz a gama Ázeo (bago de uva em latim). Um vinho feito com Viosinho e uvas de vinhas velhas onde predominam o Rabigato e Gouveio, provenientes de vinhas a 450m-500m de altitude na região de Alijó, Sabrosa e Porrais.

Ázeo branco 2009
Castas: Viosinho e outras - Estágio: teve passagem por madeira - n/d % Vol.

Tonalidade amarelo citrino de concentração média/baixa.

Nariz muito limpo, fresco e delicado, a delicadeza e frescura são mesmo o que mais marca este vinho, elegante, puro, ao mesmo tempo discreto e mineral, a fruta tem boa presença com citrinos, tropical, fruta de polpa branca com floral e uma leve calda com toques fumados, resultante da passagem que teve por madeira e que ampara harmoniosamente todo o conjunto.

Boca de entrada bem fresca, harmonia da fruta que se sente madura de boa qualidade e concentração, com uma acidez firme e refrescante, direi dominante ao lado do toque mineral. Tem uma boa presença na boca, boa dose de secura, muito limpo e com boa persistência, a madeira sente-se muito ténue, totalmente dispersa no espírito fresco que este vinho transmite.

Um vinho que se pode arranjar com um preço bem convidativo que ronda os 8€ numa boa garrafeira, um motivo mais que obrigatório para se ter este vinho por casa nos tempos de calor intenso. É certamente dos brancos que nos últimos tempos mais prazer me deu à mesa, belíssima dose de frescura, mineralidade, identidade e um polivalente amigo dos bichos do mar que foi bebido a acompanhar um arroz de polvo. 16,5 - 91 pts

08 junho 2010

Casa de la Ermita

A Casa de la Ermita (Espanha) nasce em 1999 a partir do projecto de uma família ligada desde sempre à agricultura. Situada em El Carche, serra com uma das montanhas mais altas de toda a região de Múrcia, faz também parte de um Parque Regional Protegido. Como símbolo para o projecto foi escolhida uma oliveira centenária que se encontra à entrada da adega, esta fonte de inspiração que une a tradição da agricultura de Jumilla com a moderna tecnologia utilizada na adega do produtor.

Jumilla é uma terra de sol e pouca chuva, os seus solos são rochosos e áridos, onde crescem vigorosas cepas, sendo a alma da região sem dúvida alguma a uva Monastrell, dominando cerca de 85% do vinhedo de Jumilla e a terceira mais plantada em toda a Espanha. Nesta DO os brancos são dominados pelas castas Airen e mais recentemente pela Macabeo, resultando em vinhos leves, boa dose de fruta, muito limpos, frescos e bem balanceados, em que a presença do Mediterrâneo faz-se sentir. Nos vinhos rosé temos a Monastrell, e nos tintos também domina a Monastrell complementada por outras castas como Merlot, Syrah, Cabernet-Sauvignon e Cencibel (Tempranillo). A área total de vinha na Casa de la Ermita ronda os 182 ha, dominando a Monastrell com 58,5 ha e como curiosidade na parcela experimental de 32 ha consta a Touriga Nacional.

A adega que funciona por gravidade, fica rodeada pelos vinhedos a mais de 700 metros de altitude, onde flora e fauna convivem livremente, contando com uma cave para 4.200 barricas de 225 litros. Os vinhos deste produtor que tive oportunidade de provar em prova horizontal revelaram acima de tudo uma boa relação preço/qualidade, com alguns exemplares a merecerem uma aposta quase obrigatória para um consumo diário ou mesmo para guarda a médio termo. São na sua essência vinhos frescos, onde a fruta mostra sempre um lado limpo e maduro sem nunca deixar de lado qualquer identidade mascarada por artifícios que pouco ou nada fazem falta e que na sua essência mostra um certo ar Mediterrânico.



Lista de vinhos provados com uns breves apontamentos (notas individuais a sair em breve):

Casa de la Ermita Branco (Viognier) 2008: Conjunto com boa intensidade, tudo muito arrumado e limpo, pêssego, alperce, pêra e ananás com toque melado/calda a dar leve sensação de untuosidade, floral e mineral. Na boca tem leve frescura e menos presença que no nariz, apesar da boa delicadeza e finura do trato. 88/100

Casa de la Ermita Joven Monastrell/Syrah 2008: Feito em exclusivo para a exportação, muito primário nos aromas, simples e directo, as castas envolvem-se e o resultado é um vinho de corpo delgado mas não franzino, com fruta adocicada, pimenta e alguma aspereza vegetal, num todo ligeiramente fresco. Um vinho que vai bem com carnes grelhadas e sardinhas. 85/100

Casa de la Ermita Monastrell Ecológico Crianza 2006: Diferente, assente em toques gulosos e frescos, muita fruta e muita harmonia, acaba por ser um vinho simpático e de fácil agrado. Perfeito para acompanhar as refeições do dia a dia. 88/100

Casa de la Ermita Petit Verdot 2005: Um dos melhores exemplares da casta em solo Espanhol, fruta fresca e madura, boa exuberância com algum exotismo num travo verdot com pimenta verde e bálsamo vegetal, leve envolvência de conjunto com boca de boa amplitude, frescura e taninos a darem corpo ao manifesto. 91/100

Casa de la Ermita Reserva 2004: Abre com tempo no copo, coeso e a mostrar uma boa complexidade, com madeira a dar muita coisa boa embrulhada na frescura da fruta preta e alguma compota. Amplo e bem estruturado, digamos que está no ponto, madeira e fruta em bom nível de entendimento, bálsamo vegetal, chocolate preto, frescura e um belo final. 91/100

Pico Madama 2006
: Um belíssimo vinho, estruturado e rico, pleno de harmonia com força de conjunto apoiado em boa madeira. Sente-se coeso, fechado mas debita já fruta madura com toques de boa intensidade balsâmica, conjunto fresco, complexo, guloso e cheiroso. Muito bem balanceado na boca, amplo, com algum vigor, chocolate preto, compota, frescura, taninos a dizer queremos dormir e longo final. Deste só não compra quem não quer... 93/100

Casa de la Ermita Monastrell Dulce 2006: Um vinho doce natural, uvas secas ao sol com passagem por madeira. O nariz é dominado pelos frutos do bosque maduros e muita compota, frescura, boas notas de especiarias doces (canela). Boca conjuga bem a doçura com a acidez, não é muito amplo, passagem harmoniosa e prazenteira em bom final. 90/100

07 junho 2010

Soalheiro Reserva... a excelência do Alvarinho com madeira

Falar em Alvarinho é sem dúvida alguma falar numa casta de excelência, os vinhos que produz são disso exemplo... e por incrível que pareça Portugal ainda não conseguiu de maneira eficiente mostrar essa enorme mais valia ao Mundo. Do outro lado, Espanha, os consumidores vão-se cada vez mais roendo de inveja quando provam grande parte dos nossos Alvarinhos, ainda por mais tendo em conta a relação preço/qualidade dos nossos exemplares. Mas se tudo isto se passa no Inox, a discussão sobre o Alvarinho com passagem por madeira, já teve a seu tempo os que antes afirmavam que a casta só tinha a perder com a passagem por madeira, os mesmos que nos dias de hoje tecem rasgados elogios. A passagem do Alvarinho por madeira confere aos vinhos outras nuances, enriquece o vinho quer a nível de aromas e mesmo de sabores e quando se consegue a plena harmonia entre fruta/madeira o resultado é uma maior complexidade, retirando-lhe alguma austeridade mas ao mesmo tempo tornando-os mais nobres e majestosos. Em Portugal a coisa já não é novidade, a casta Alvarinho tem sabido o que é fermentar ou mesmo estagiar em madeira e os resultados tem sido bastante animadores, em alguns casos até deslumbrantes.

A Quinta de Soalheiro é talvez a maior referência nos dias de hoje no que a Alvarinho diz respeito, os vinhos que tem lançado para o mercado nos últimos 5 anos tem conquistado tudo e todos, os preços ajuizados e poderei dizer democráticos, fazem com que chegue facilmente à mesa do consumidor, pois por uns meros 7,99€ pode-se levar para casa um dos melhores brancos produzidos em Portugal e tenho dúvidas que lá fora se faça um branco deste nível com preço semelhante. Afinal de contas são 25 anos a produzir Alvarinho, em Melgaço, com a primeira vinha a ser plantada em 1974 pelo pai de Luís Cerdeira, em que o primeiro vinho de marca Soalheiro saiu na colheita de 1982. A gama foi-se ampliando com o passar do tempo, com Espumante, Aguardente e mais recentemente aparece o Soalheiro Primeiras Vinhas acompanhado do Allo, do Soalheiro Dócil e o novo topo de gama da casa, o Soalheiro Reserva. Em todos eles algo se destaca e brilha, a pureza da fruta, aquela limpidez que nos ofusca com uma revigorante frescura assente em travo mineral. Contudo nada disto se perde no Reserva, em que o estágio por madeira em nada vai alterar o que de muito bom a Alvarinho tem para dar, vai sim melhorar e refinar todo o conjunto... num resultado final que o coloca directamente no Top 3 dos melhores brancos made in Portugal.

Quinta de Soalheiro Alvarinho Reserva 2006
Nariz elegante de boa/média intensidade, mostra frescura, relva fresca, citrinos e fruta de caroço, untuosidade fina, mineral fundo com alguma tosta/fumo. Boca com mediana amplitude, ligeira untuosidade compensada pela acidez, fruta fresca com travo vegetal em fundo mineral. 17 - 92 pts

Quinta de Soalheiro Alvarinho Reserva 2007
Nariz a mostrar vivacidade num conjunto fresco de refinada complexidade e profundidade, limpo de aromas, frutado (citrinos, tropical e fruto de caroço), erva fresca com madeira muito bem integrada, tosta suave tal como sensação de untuosidade, mineralidade dominadora de segundo plano. Boca de boa amplitude, harmoniosa, belíssima acidez com tudo muito presente e em grande sintonia com a prova de nariz, num branco de classe pura. 18 - 95 pts

04 junho 2010

A insustentável leveza de o ser...

Desde o conceituado enólogo, passando pelo famoso chefe de cozinha ou pelos bloggers... todos eles enófilos puros e duros, verdadeiros homens da luta que se juntaram para mais uma memorável jornada, mais não fosse pelo convívio, que o vinho é quase sempre a melhor desculpa que se encontra para tal. Junte-se a tudo isto uma mesa farta de iguarias muito bem servidas pelo Salsa&Coentros ali perto dos Bombeiros de Alvalade, e quase duas mãos cheias de vinho.
O desafio tinha surgido a quando do lançamento do novo Esporão 1º Prémio Confraria dos Enófilos do Alentejo, com o objectivo de juntar numa prova os três vinhos do Esporão que até aos dias de hoje conseguiram ganhar o 1º Prémio. Se o novo 2007 é bem mais fácil de encontrar e comprar, a tarefa dos outros dois é quase Hercúlea, com o Esporão 1998 a conseguir passar despercebido para grande parte dos wine-freaks da nossa praça e arriscando a dizer que no caso do Esporão 2000 a tarefa fica quase uma missão impossível dado a raridade da peça. A estes vinhos ainda se juntaram os mais recentes lançamentos da Herdade do Esporão, na sua primeira aparição ao público, com um Espumante Rosé 2008, o novo Verdelho 2009, o novo Esporão Reserva branco 2009 e no final ainda deu para ver como vai de saúde o Esporão Private Selection 2001 e acabou tudo num bailinho da Madeira com um Cossart Gordon Verdelho Colheita 1995.
Em pequeno apontamento, a Confraria dos Enófilos do Alentejo nasce em 1991 e foi neste mesmo ano que se realizou o primeiro concurso dos Melhores do Alentejo, com atribuição dos respectivos prémios. Este aparte surge para colocar na mesa aquele que foi o primeiro branco a ganhar esse concurso, um vinho branco da Fundação Eugénio de Almeida e que carecendo de mais informação, poderá ter sido o primeiro Pera Manca branco.
Deixo uma breve nota sobre cada um dos vinhos, mais tarde falarei um pouco mais detalhadamente sobre alguns deles.

Espumante Esporão Rosé bruto 2008: Feito com Touriga Nacional e Syrah, servido com as entradas, mostrou-se polivalente, fruta madura vermelha e negra bem fresquinha com leve travo vegetal fresco em segundo plano. Boca com leve secura, complementa-se com a prova de nariz.

Esporão Verdelho 2009: Agora com novo rótulo, este V de Verdelho, perdeu em intensidade e tropicalidade e ganhou em finesse, frescura e limpidez, que sabem mostrar-se num belíssimo conjunto, talvez o que mais prazer me deu até hoje com esta casta. Não se perde na boca devido à acidez, e apenas temos de ter cuidado com a temperatura de serviço pois sempre são 14,5% Vol.

Esporão Reserva branco 2009: Rótulo do melhor que tenho visto, o vinho acompanha a qualidade do rótulo, na senda do anterior Reserva branco do Esporão. Boa acidez com fruta qb, numa madeira que está mas não está... apetecível do princípio ao fim, a refinar dentro dos próximos meses.

Fundação Eugénio de Almeida branco 1991 1º Prémio Confraria Enófilos Alentejo: A surpresa da noite foi este branco, deixou todos de queixo caído e a murmurar se teria mesmo 10 anos de vida, pela cor não mostrava sinais e pelo aroma muito menos... impactante, profundo, complexo, rico e ainda fresco, no final da noite o que sobrava era apreciado com deleite. Que grande branco.

Esporão 1998 1º Prémio Confraria Enófilos Alentejo: O mais cansado dos três, claramente com aromas mais "desgastados", o que menos frescura apresenta. Ainda assim a casta está presente e dá boas mostras de um conjunto de fina complexidade, delicadeza e o travo do Alentejo. À medida que ia melhorando no copo foi acabando...

Esporão 2000 1º Prémio Confraria Enófilos Alentejo: Não defraudou desde a última vez que foi provado, por mérito próprio foi novamente a meu ver o vinho que mais alto brilhou, com uma profundidade, frescura e complexidade de fazer inveja tendo em conta que são já 10 anos de vida.

Esporão 2007 1º Prémio Confraria Enófilos Alentejo: Este ainda anda de fraldas, tudo muito novo, falta-lhe tempo para aprender as coisas que os outros já dominam, embora mostre desde já grande apetência para a mesa. Madeira novamente em grande destaque pela positiva, louvável trabalho que não mascara a grande qualidade da fruta. Temos vinho para muitos anos e eu vou guardar as que tenho.

Esporão Private Selection 2001: Confirmação de que não é preciso ser o Melhor do Alentejo, para mesmo assim ter um lugar entre os ditos, acidez, taninos e corpo a fincar os pés de que tempo é coisa que gostam de passar todos juntos. Uma tertúlia de castas muito bem conseguida, animada e de grande qualidade, e não me parece que tenham pressa em ir embora. Pela finesse e complexidade, pela forma como se mostrou foi para mim o segundo vinho da noite, atrás do 2000 e à frente do 2007.

02 junho 2010

5 ANOS



No passado dia 20 de Maio o Copo de 3 fez 5 anos de vida online ... 5 anos sem interrupções ou intervalos. A maior prenda que podia ter foi entregue dia 19 pela 1:19 da matina no Hospital de Santa Maria.
 
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