Copo de 3: 2016

27 dezembro 2016

Blandy’s Verdelho 1887


Em 2011 foi identificado um Verdelho que estava colocado em demijohn de 50 litros, um Verdelho 1887 que acabaria por ser engarrafado em 2013. Destaca-se no imediato pela sua tonalidade com lindos rebordos verde-esmeralda, indicadores de uma idade de respeito. No aroma o vinho é festivo, começa por um toque de laca, depois serena e desperta para a sua plenitude, toque de madeira velha com bolo de fruta cristalizada, figo, tarte de maçã, um sem fim de aromas que o envolvem num turbilhão de emoções. Boca arrebatadora, largo, profundo, denso e misterioso. Uma frescura fantástica com presença de fruta ao nível do nariz, ainda limpa e fresca, estamos a falar de um vinho de 1887, complementa-se com notas de caramelo, raspas de casca de laranja, grão de café verde num misto que combina o toque ligeiramente doce e frutado para terminar seco e untuoso no final. Emocionante ao mesmo tempo que se torna inesquecível. 

26 dezembro 2016

Adega de Sabrosa, o Douro Cooperativo

Numa pesquisa recente que efectuei pelas Adegas Cooperativas que tenho como referência, faltava-me conhecer uma na região do Douro. Faz falta existir em cada região, pelo menos, uma Adega Cooperativa forte e bem implementada que sirva de referência para os consumidores de vinho nacional. Os exemplos noutras regiões são mais que conhecidos do consumidor, a imagem que algumas destas Adegas conseguiram conquistar deve-se à qualidade dos vinhos que colocam no mercado. Será por isso de fácil entendimento, que uma Cooperativa forte e com boa dinâmica de mercado será sempre benéfico para a região.

Dito isto, resolvi dar um pequeno passeio pelas várias regiões de Portugal, chegando à conclusão que me faltava uma referência na região do Douro no que a Adega Cooperativa diz respeito. Foi então que me foi apresentada a Adega de Sabrosa, fundada em 1958 por um pequeno grupo de viticultores. Fica localizada no concelho de Sabrosa, na sub-região de Cima Corgo e conta nos dias de hoje com 522 sócios. Reformularam recentemente a sua gama que passou a apresentar-se com a marca Fernão de Magalhães, que presta homenagem a Fernão de Magalhães, navegador português natural do Município de Sabrosa, que se notabilizou por ter organizado a primeira viagem de circum-navegação da Terra. A Adega de Sabrosa comercializa também um Moscatel do Douro e Vinho do Porto no qual sobressai o seu Porto 10 Anos.


A prova focou-se na marca Fernão de Magalhães Branco, Rosé, Tinto e o Reserva da Adega de Sabrosa, a enologia está a cargo da enóloga Celeste Marques. Vinhos que lá por fora têm sido bastante apreciados e ganho várias medalhas. O Fernão de Magalhães Branco da colheita de 2015 é um lote das castas Gouveio, Viosinho, Rabigato e Fernão Pires, com passagem por inox. Bem fresco com a fruta (citrinos, frutos de pomar) a saltar no aroma, muito limpo, directo, envolto em perfume floral. Na boca é comandado por uma boa frescura que embala a fruta de médio porte, num bom final. Sem falhas e mais que pronto a ir à mesa a acompanhar por exemplo um arroz de bacalhau.

O Rosé da colheita de 2015 nasce de um lote de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca, passagem por inox. Um rosé bem composto, muita fruta vermelha (morango, framboesa) madura e rechonchuda, boa frescura de conjunto que combina com nota de algum rebuçado em segundo plano. Todo ele muito franco e directo, boca com boa frescura onde a fruta se mostra redonda e roliça, com uma ainda que muito ligeira doçura no final, bom companheiro para uns carapaus fritos com arroz de tomate.

Entrando nos tintos da Adega de Sabrosa, o Fernão de Magalhães 2014 resulta do lote das castas Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz. Por aqui dá-se lugar à expressão da fruta, pura e limpa, sem grandes entraves pelo meio ou aromas mais disto ou mais daquilo. Cheira e sabe a vinho do Douro, com aquela nota de esteva presente, leve fumado ao mesmo tempo que a fruta vermelha se mostra bem limpa e suculenta. Na boca é a fruta com boa acidez, mostra-se saborosa e acompanhada pelo travo vegetal também aqui a mostrar-se presente, com uma boa secura final. De perfil muito gastronómico, como é apanágio dos vinhos da região, liga bem com carnes na grelha.

O Fernão de Magalhães Reserva 2012 é o topo de gama da Adega de Sabrosa, um lote de Touriga Nacional e Tinta Roriz com passagem por madeira. Um pouco mais concentrado que o anterior, complexidade mediana onde a fruta surge mais fresca e com mais presença, a Touriga Nacional em evidência com bom recorte floral (violetas), especiaria e algum arredondamento com ligeiro cacau morno dado pela passagem por barrica. Boca de médio porte, fresco e com a fruta em bom plano, inicialmente mais macio e convidativo, embala num travo vegetal seco. Uma boa surpresa que fará boa companhia a um cabrito assado no forno.

22 dezembro 2016

16 dezembro 2016

Herdade do Rocim Amphora branco 2015



O vinho de talha tem renascido quase das cinzas em que o deixaram, um pó acumulado pelo tempo e pelo esquecimento dos produtores. A enologia dos tempos modernos chegou em força e as adegas artilhadas relegaram ao esquecimento as velhas talhas de barro e tantas outras histórias que haveria para contar. Mas centrando as atenções neste Amphora branco 2015 da Herdade do Rocim, preço a rondar os 10€, que se afirma como o melhor exemplar que se pode encontrar no mercado. Com toda a certeza, muitos podem ver nele um produto da moda, tem todos os tiques daquilo que muita gente anda à procura noutras paragens, noutros lugares, com a dita curtimenta que lhe acentua o sotaque, o engaço que lhe dá a firmeza suficiente para enfrentar o tempo e as rugas de uma oxidação natural neste tipo de vinho. As castas são cá das nossas (Antão Vaz, Rabo de Ovelha, Perrum e Manteúdo), o resto é o que um vinho de talha nos pode dar, uma ligeira resina, o travo vegetal fresco do engaço em fundo com o barro molhado, depois os toques de flores e as frutas de pomar bem maduras e cintilantes. Equilibrado, misterioso e com uma frescura que baralha as contas aos mais assertivos, sempre com um toque "salgado" no final do palato que nos mete a salivar e a pedir mais um copo. É vinho para se beber com comida e boa companhia por perto, não é vinho para ficar à espera até porque deste já não há mais. 92 pts

15 dezembro 2016

Dona Maria Colheita Tardia 2011


Uma "novidade" para muitos este Dona Maria Colheita Tardia 2011 com laivos de Sauternes, criado de raiz com as melhores uvas da casta Semillon ataca pelo fundo da podridão nobre. Passou um ano em barricas novas de carvalho francês de 400 litros e mais uma boa temporada em garrafa para serenar o espírito. Pouco ou nada puxado para as doçuras exageradas, é todo ele preciso tanto em aromas como sabores, envolto numa frescura suficiente para ter a vivacidade suficiente na boca e no nariz. Afinado e elegante, muito equilibrado, a botrytis sente-se ligeiramente em pano de fundo naquele toque extra à complexidade dominada pela fruta de caroço em calda. O preço atira-o para os 18-20€ sendo aposta ganha em noites de gala. 92 pts

14 dezembro 2016

Blandy’s Bual 1920


É um vinho arrebatador a todos os níveis, complicado descrever tanta emoção enclausurada numa garrafa sempre que o tenho à minha frente, no copo ou na garrafa. Aqui o campeonato é o mais alto possível, este Bual 1920 tem a capacidade rara de nos conseguir calar. Podemos estar de conversa mas quando chega a vez deste 1920 as pessoas ficam caladas, olham, cheiram o copo… pausa, voltam a rodopiar cheiram novamente com um sorriso e depois começam a divagar. O bouquet é qualquer coisa de fantástico, concentrado, fresco, pecaminoso e novamente de enorme elegância, começa com toque de laca, abre e depois dá lugar à festa, toffee, nozes, caixa de charutos, aromas envoltos numa capa fresca e ligeiramente untuoso repleto de tâmaras, figos, fruta cristalizada. Tudo isto passa para o palato, entra cheio de vontade, untuoso, guloso para depois se mostrar com grande elegância, frescura e um final muito longo e persistente. Os actuais quase 700€ que custa uma garrafa limitam o acesso a este monumento, mas é sem dúvida alguma um daqueles vinhos que se deve beber pelo menos uma vez na vida. 100 pts

12 dezembro 2016

Herdade do Rocim 2013


Tem sido notável a evolução dos vinhos da Herdade do Rocim (Alentejo) e este é disso exemplo, fruto de um querer sempre mais e melhor que tem levado a que os vinhos sejam afinados colheita após colheita. O resultado apenas beneficia o consumidor que vai tendo a oportunidade de levar ao copo vinhos que sem virar costas ao Alentejo, mostram-se orgulhosamente frescos. É portanto um vinho que se bebe com muito prazer, no imediato ou daqui por uns anos pois tem estofo para tal. É fresco, a fruta está presente sem compotas em demasia, ligeiramente confitada mas esse toque morno da planície que lhe marca a alma em conjunto com a Alicante Bouschet que se faz notar. O preço que em muito local não passa dos 8€ torna-o acessível para quem com pouco procura ter um vinho com qualidade acima da média e a relação preço/satisfação é muito boa. É beber ou guardar, se a opção for a primeira então o prazer está mais que assegurado. 90 pts

Dominio del Bendito - La Cuesta de las Musas 2012


O projecto Dominio del Bendito fica situado em Zamora (Espanha) na denominação de Toro, onde Anthony Terryn tem a sua adega e cria os seus vinhos. Nascido em França, foi perto de Zamora que decidiu ficar e criar os seus vinhos. Desde 2003 até à data que tem sabido mostrar todo o potencial da região com vinhos de excelente qualidade. Um amigo de longa data que transpira emoção quando fala das suas criações, a mesma emoção com que nos serve um copo e nos vai dando a conhecer as novidades, ano após ano. Desta vez foi especial, na mensagem que me tinha enviado dizia que tinha algo de muito bonito que me queria mostrar, o encontro coincidiu como não podia deixar de ser, num encontro de amigos, à mesa onde os vinhos ganham vida.

A garrafa surge imponente, robusta e pesada, numa roupagem que mais parece servir para resguardar o precioso líquido que guarda e que dá pelo nome de La Cuesta de las Musas. Quem prova e conhece o poderio do Titan del Bendito já de si fica rendido. As vinhas que lhe dão origem estão em solo arenoso, em dois patamares, com o mais velho a passar dos cem anos enquanto que o mais novo dizia que rondará os sessenta. Do total de barricas produzidas, que não passou das dez, escolheu as quatro melhores onde deixou o vinho repousar durante 22 meses e foi depois engarrafado em Agosto de 2015. Quanto ao vinho, bem o vinho é um portento de elegância com muita energia, a fruta sempre em plano de destaque e muito bonita, limpa, airosa, carnuda e a explodir de sabor na boca. Eleva-se com o toque ligeiro de licor, depois é um tornado de sensações, naquele modelo super desportivo de linhas esbeltas e toda a raça no motor, é isto. A tonalidade já de si é linda, pouco concentrada e um pouco aberta até, a complexidade ganha formas com a passagem do tempo, de tão bom que é que deixamos o caderno de lado. 96 pts

10 dezembro 2016

Brites Aguiar 2009


Vem do Douro e dá pelo nome da família, Brites de Aguiar, oriunda da pequena aldeia de Várzea de Trevões do concelho de S. João da Pesqueira . O nome da família exige o melhor vinho e só o melhor lote de algumas colheitas têm direito a essa distinção.O texto do rótulo, que difere de colheita para colheita, é trabalho da matriarca da família, Maria Fernanda Costa Brites, também assinado por Manuel António Pacheco Aguiar. Das uvas Touriga Franca, Tinta Roriz e Touriga Nacional sai o lote que estagia 18 meses em barrica até sair para o mercado a coisa de 30€ a garrafa. O vinho é imponente e carregado de fruta negra bem fresca e madura, a escorrer de sabor pelas paredes do copo. Embalada pelo toque mentolado de fundo, enche o copo de notas de baunilha, pimenta preta, floral e uma ligeira austeridade de fundo. Na boca é carregado de sabor, volumoso e estruturado, convidativo a mais um trago num perfil que pede pratos de bom tempero. 92 pts

09 dezembro 2016

VDG Espumante Bruto

A Adega Cooperativa de Vidigueira, Cuba e Alvito (ACV) lançou no mercado o seu primeiro vinho espumante. O "VDG" apresenta-se como um Espumante bruto, foi espumantizado nas Caves da Montanha (Bairrada) num lote feito a partir das castas tradicionais da Vidigueira, onde se destaca a Antão Vaz. Com um preço na loja do produtor a rondar os 5,99€, é um espumante que se mostra simples e bastante directo nos aromas, boa frescura e presença da fruta de pomar, num conjunto que dá uma prova satisfatória e que por isso mesmo tem a capacidade de partilhar bons momentos à mesa. 88 pts

06 dezembro 2016

O Sossego da Herdade do Peso

Situada no Baixo Alentejo, em plena Vidigueira, a Herdade do Peso acaba de colocar no mercado as últimas novidades, de nome Sossego, que se apresentam no formato branco, rosado e tinto. Surgem assim, na Herdade do Peso, os novos vinhos que se situam no patamar imediato ao Vinha do Monte, como vinhos indicados para um consumo mais casual e diário, com uma qualidade interessante para o objectivo pretendido. E é neste sossego por mim tão desejado e que me tem mantido nestes últimos dias bem afastado do reboliço da cidade, que me vou deixando deliciar pelos aromas e sabores dos vinhos que me vão passando pelo copo.

Neste caso é a franqueza de aromas que os domina por inteiro, a frescura em conjunto sempre bem afinado, mostra-se ao lado da fruta (madura e fresca) de intensidade mediana tal como se mostram a nível de corpo. E mesmo neste sossego deseja-se e procura-se alguma irreverência ou mesmo aquele algo mais que faça despontar o interesse naquilo que temos pela frente. Apetecia pois um pouco mais, mas talvez isso fosse pedir o que não se pode dar, ou o que não faz parte da estratégia delineada. Resta-nos, pois, em sossego apreciar estas novas referências:


Sossego branco 2015: num lote tipicamente alentejano com 75% Antão Vaz, 20% Arinto e 5% Roupeiro, fruta fresca e madura de bom nível com exuberância de bom tom, ligeiro floral a fechar o conjunto, algo discreto com boa secura no fundo, mas pronto para a mesa.



Sossego Rosé 2015: feito exclusivamente de Touriga Nacional, bonito na cor e na candura dos aromas, frescos, ligeiros e apelativos, sendo direto na forma como se faz mostrar. Presença mediana no palato sendo a fruta novamente protagonista, calmo, sereno, ligeira secura de fundo num perfil que agrada.


Sossego tinto 2014: criado a partir de um lote de 75% Aragonez, 15% Syrah, 10% Touriga Nacional, com direito a estágio de 6 meses em barrica usada. Muita fruta madura em tom silvestre (amora, framboesa) com o aconchego da barrica, elegância num todo harmonioso. Boca num misto de fruta e frescura, corpo mediano com boa presença.

18 novembro 2016

Antonino Izquierdo Vendimia Seleccionada 2007


Mais um que aguardava serenamente a altura de brilhar à mesa, desta vez com uns pasteis de massa tenra foi a vez deste tinto nascido na Ribera del Duero e criado pelas Bodegas Izquierdo. As vinhas com mais de 40 anos, são 100% Tempranillo e alimentam as duas referências que são criados nesta adega, a filosofia assenta na Biodinâmica. Foram cerca de 10.000 garrafas desta colheita de 2007, um tinto que é criado sem pressas, dono e uma enorme elegância onde a fruta madura, muitos frutos silvestres bem ácidos a marcar a passada de todo o conjunto. Pelo meio juntam-se toques de licor, alcaçuz, especiarias e ligeiro balsâmico, tudo envolvo num tom cremoso com cacau e baunilha. Lado a lado com um Rioja, sente-se a diferença para este Ribera del Duero cujo preço ronda os 30€. É sempre bom saber que a identidade da região está patente num vinho cheio de detalhes, dominado por uma elegância em que alia a acidez da fruta, com um excelente trabalho de barrica que o envolve de forma subtil. 94 pts 

16 novembro 2016

Concurso Escolha da Imprensa - Encontro com o Vinho e Sabores 2016 by Revista de Vinhos


O ‘Concurso de Vinhos “A Escolha da Imprensa” 2016’ organizado pela Revista de Vinhos, teve este ano em prova (cega) quase 350 vinhos de todas as regiões vitivinícolas nacionais, de Trás-os-Montes ao Algarve, passando pelas Ilhas. O concurso teve lugar semanas antes do EVS no hotel The Vintage Lisboa, tendo reunido trinta e seis jurados Este é um marco importante do Encontro com o Vinho e Sabores, momento que aguça ainda mais a curiosidade de produtores e visitantes, que durante o certame têm a oportunidade de comprovar a qualidade dos vinhos vencedores, que foram:

Espumante: Quinta da Calçada Colheita Imperial Reserva
Branco: Dory Regional Reserva branco 2014
Tinto: MR Premium tinto 2012
Fortificados: Kopke Porto Colheita 1966


11 novembro 2016

Duorum 2014


Nova colheita deste vinho do Douro que se vai afirmando, ano após ano, pela sua consistência e qualidade. Localizado no Douro Superior, a Duorum Vinhos mostra-nos com este Duorum 2014 um tinto marcado pelas encostas onde as suas vinhas estão localizadas. A fruta é madura e musculada, embebida em geleia fresca, chocolate negro com bagas bem ácidas espevitam os sentidos com um ligeiro perfume floral no fundo. É um vinho cheio de sabor, bom volume de boca com energia e boa presença. No segundo plano surge tudo aquilo que ganhou com a passagem por madeira, os detalhes que lhe dão um suplemento de alma na bonita complexidade que tem. O preço que não atinge os 10€ é também ele uma boa notícia para quem gosta de bom vinho sem ter de esfolar a carteira. 90 pts

09 novembro 2016

Famille Perrin Réserve Côtes du Rhône Blanc 2014


O vinho em causa não é com toda a certeza o último raio de sol, mas sabe bem e destaca-se pela diferença de aromas e sabores, tendo em conta o que por cá costumamos encontrar. É criado pela família Perrin, cujo nome está associado ao Château de Beaucastel (Chateauneuf-du-Pape) e de onde sai um branco muito especial já aqui mencionado. Nascido como um Côtes du Rhône, o preço ronda os 12€ em garrafeira, resulta de um lote de Grenache Blanc, Marsanne, Roussanne e Viognier. De perfil muito franco, bem definido com ervas aromáticas, floral com tudo muito fresco e bem embrulhado, num misto de fruta de pomar bem madura e sumarenta. Muita harmonia, equilíbrio e frescura no palato, saboroso com ligeira mineralidade a fazer-se sentir no fundo. Acompanhou queijos, enchidos, uma terrina de caça com frutos vermelhos e muita conversa, nem ele se queixou nem nós. 90 pts

07 novembro 2016

Reichsgraf von Kesselstatt Scharzhofberger Riesling Kabinett 2007

Compramos, guardamos e ficamos à espera de uma ocasião especial em que quase sempre o vinho afinou no tempo as  arestas mais espigadas. Este não foge à regra e é daqueles que deviam morar em todas as garrafeiras dos apreciadores de bom vinho. Vem da Alemanha este Riesling com preço a rondar os 17€ a garrafa, mais propriamente do produtor Reichsgraf von Kesselstatt, um dos grandes lá do sítio. Um vinho oriundo de uma vinha mítica, Scharzhofberg, situada numa encosta bem íngreme (inclinação a rondar os 35-60%) e fresca, cujos 6,6 ha são divididos por outros tantos produtores sendo este um dos que mais área detém.

É pois aquilo a que se pode chamar um Kabinett de compêndio, a mostrar aromas delicados, muito focado numa fruta fresca e bem madura (pêra e alperce em calda), ligeiro apontamento mineral em pano de fundo. Grande elegância de conjunto que apetece cheirar uma e outra vez, mostrando um misterioso lado mineral segundo plano. Todo ele muito harmonioso na boca, combina a bela acidez com o notável equilíbrio entre componentes doçura/acidez/fruta. Termina longo e com boa persistência. 92 pts

01 novembro 2016

Cartuxa Colheita Tardia 2011


Um vinho que se insere nas comemorações dos 50 anos da criação da Fundação Eugénio de Almeida por Vasco Maria Eugénio de Almeida. É por isso mesmo um vinho de comemoração, daqueles exemplares raros e únicos que se estimam até ao derradeiro momento de partilha do mesmo. Para muitos que andam mais atentos sabem que não é a primeira vez que a Adega da Cartuxa lança um colheita tardia, remontando as suas primeiras edições aos anos 80. Este segue um caminho diferente e resulta de uma parcela muito especial da casta Riesling que afectada pelo nobre fungo, Botrytis cinerea, da qual se escolheram os melhores bagos a fim de se criar este belíssimo exemplar que na sua fase final estagiou 18 meses em garrafa antes de ser lançado no mercado. Surpreende pela frescura mostrando boa presença de fruta em calda bem fresca, as notas da Botrytis fazem-se notar num conjunto fresco, envolvente e que transmite sensação de untuosidade que no palato ganha outra dimensão de prazer.Com algum tempo no copo expande ligeiramente a sua complexidade, longo, fresco, com um bonito equilíbrio entre doçura/acidez/fruta num conjunto de muita qualidade que nos prende ao copo no final do jantar. Asseguradamente um dos melhores exemplares a ser feito em Portugal, caso tenha a sorte de o encontrar, o preço ronda os 22€ em Garrafeira. 94 pts

31 outubro 2016

Graham´s Colheita 1982


Fundada em 1820, a Graham’s é uma empresa independente, detida a 100% pela família Symington, produtores de Vinho do Porto desde o século XIX e cujos antepassados estiveram na origem das primeiras exportações de Porto em 1652. Para assinalar o nascimento do novo príncipe britânico, George de Cambridge, a Graham´s engarrafou um Porto Colheita de 1982, ano de nascimento do duque e da duquesa de Cambridge – William e Kate. Uma edição comemorativa, muito limitada em termos de quantidade de garrafas, tem um PVP de 120€, formato garrafa 75 cl. O Porto Colheita 1982 envelheceu durante mais de 30 anos em cascos de carvalho avinhados, nas caves da Graham’s.

Sedutor de aroma, complexo e muito preciso nos aromas, com ligeiro toffee a envolver um conjunto de grande classe. Provado recentemente ao lado dos seus irmãos mais velhos, 1952, 1969 e 1972, mostra ser o mais sereno e calmo de todos, aquele onde a frescura se mostra menos espevitada dando uma prova muito elegante e envolvente, num registo mais rechonchudo e cheio de sabor. 94 pts

Barca Velha 2008


Serve este pequeno escrito, apenas como notícia sobre o lançamento daquele que é seguramente o mais aclamado, emblemático e o que reúne sempre um misto de mistério e surpresa na altura do seu lançamento, o Barca Velha. Está pois anunciado o lançamento da mais recente colheita, não porque o mercado pediu mas porque se entendeu que 2008 atingiu a nível de qualidade exigido para ser proclamado como tal. Vai na sua 18ª edição, com esta será a 19ª, atingindo assim a mais que maioridade, deste vinho que nasceu em 1952. Quanto ao preço e a ver pela especulação absurda em torno de vinhos desta natureza, não se espantem se lhe pedirem 300 ou 400€ por uma garrafa.

30 outubro 2016

Vértice Grande Reserva branco 2009

O lote reinante é bem nosso, reinam a Viosinho e o Gouveio, num vinho do Douro que teve um estágio de 12 meses em barricas novas e usadas. O tempo já passou por ele, passou mas fez magia como acontece nos grandes vinhos. Passaram quatro anos desde a última prova que nos deu aqui no Copo de 3, foi provado desta vez com o produtor Celso Pereira. Um branco adulto, sério e que dá uma prova tremenda na qualidade e no prazer que debita a cada gole. A acidez que tem suporta todo o conjunto, a fruta bem gulosa com ligeiros toques de geleia, alguma calda a envolver todo o conjunto, pelo meio aquele toque de tarte de limão bem vincada. Muita qualidade e muita vontade de não largar o copo, pena que não me tenha sobrado nenhuma perdida na garrafeira. A prova de boca mostra-se ao nível dos aromas, saboroso, amplo e requintado com sensação de untuosidade, mantendo a mesma raça que mostrava enquanto novo. É um grande branco a dar provas que nestes vale a pena apostar, a qualidade e satisfação estão garantidas ao longo do tempo. 94 pts

21 outubro 2016

Quinta dos Carvalhais 2012


O tempo passa e o Quinta dos Carvalhais (Dão) continua fiel às suas origens, neste caso da colheita de 2012 criado a partir de um lote de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz, com passagem por madeira a durar 12 meses. O preço ronda os 6,50€ num tinto cheio de aromas que nos invocam o Dão, tal como o aroma de pinhal com o seu toque balsâmico, frutos do bosque  bem rechonchudos e sumarentos. A madeira está muito bem integrada, ligeiro toque de baunilha num conjunto de média estrutura no palato, onde volta a marcar presença a fruta e o toque fresco e balsâmico acompanhado por uma boa frescura.Um belo vinho para levar à mesa a acompanhar um bom assado no forno. 90 pts


18 outubro 2016

Fernão de Magalhães Porto 10 Anos


Uma Adega Cooperativa forte, seja em que região for, ajuda de certo modo a nivelar a qualidade dos vinhos da região onde está inserida. Grandes exemplos como Adega de Borba, Vidigueira, Cartaxo, Cantanhede ou Monção, são autênticos portos de abrigo dos consumidores na hora da compra. Neste caso damos um salto ao Douro, mais propriamente à Adega Cooperativa de Sabrosa, de onde nos chega este Fernão de Magalhães Porto 10 Anos, preço a rondar os 9,50€. Desconhecia os seus vinhos, que se apresentam com o nome do navegador Fernão de Magalhães, nascido em Sabrosa, e pelo que mostraram foram uma boa surpresa, daquela que se pode vir a afirmar como a Adega Cooperativa de referência no Douro. Um Porto 10 Anos que se mostra dono de uma boa complexidade, nota de barrica velha com toque de fumo que cobre em certa medida os aromas de fruto seco e fruto em passa, algum caramelo. Dá uma prova com boa frescura e presença na boca, num estilo algo mais rústico e menos refinado que o de outras casas. Acompanhamento feliz com um bolo de noz. 89 pts

17 outubro 2016

Encontro com o Vinho e Sabores (Lisboa) 2016


Vai para a sua 17.ª edição aquele que é o principal evento de vinhos realizado em Portugal, o 'Encontro com o Vinho e Sabores', que se realiza de 11 a 14 de Novembro, no Centro de Congressos de Lisboa
Trata-se de uma prova única no seu género em Portugal na qual mais de 450 produtores de vinhos, queijos, presuntos, enchidos e azeites, seleccionados pela Revista de Vinhos, apresentam os seus produtos aos consumidores e público interessado. 

Se pertence aquele grupo de pessoas que não quer perder as grandes provas de vinhos raros ou preciosos, então as Provas Especiais (clicar para mais informação) são uma ocasião única que não deverá perder.

DATAS E HORÁRIOS

Horários:
11 de Novembro (6ª feira) – 18:00 / 22:00
12 e 13 de Novembro (Sábado e Domingo) – 14:00 / 20:00
14 de Novembro (2ª feira) – dia exclusivo para Profissionais – 11:00 / 18:00

Entrada: 10 euros
Bilhetes à venda no Centro de Congressos de Lisboa durante os dias do evento.

Entrada gratuita para crianças até aos 12 anos de idade.
50% de desconto para leitores da Revista de Vinhos, mediante a apresentação do cupão publicado na Revista de Vinhos de Outubro.

14 outubro 2016

Contos da Terra branco 2015


Mais um daqueles que já tinha visto e ouvido falar, já tinha lido nos mais variados recantos da blogosfera nacional, mas curiosamente nunca o tinha tido no meu copo. Este Contos da Terra branco (Quinta do Pôpa) ronda os 5€ em garrafeira, o lote é composto por Viosinho, Rabigato, Cerceal, Folgazão, com passagem apenas pelo inox. É segundo o produtor um vinho em que se pretende homenagear o Douro e as suas gentes, mostra-se com mediana intensidade onde a fruta (citrinos e tropical) surge gorda e suculenta, leve floral, conjunto cheiroso e feliz, um vinho muito polivalente que facilmente agrada à mesa. Servir fresco, a acompanhar por exemplo um prato de Iscas com elas. 88 pts

13 outubro 2016

Quinta do Pôpa Rosé 2015


Uma "novidade" do produtor Quinta do Pôpa (Douro), que se pode dizer bem fresca, fruto de um lote de Tinta Roriz e Touriga Nacional. Como já antes tinha escrito, é um rosé a mostrar-se muito fresco, delicado nos aromas com a fruta (morango, framboesa) em plano de destaque, sumarenta e cheia de sabor. Na boca é um misto de sensações, entrada mais arredondada com a fruta em destaque para terminar com uma boa dose de secura num final de boa persistência. 89 pts

12 outubro 2016

Pardusco 2013


Pardusco era o nome dado aos primeiros vinhos tintos exportados para Inglaterra no século XIV, este vinho com a assinatura de Anselmo Mendes é um tributo a esse passado. Feito a partir de Vinhão, Alvarelhão, Cainho, Borraçal e Pedral é um Verde tinto que será a surpresa de muitos. E é uma surpresa pela forma elegante com que se mostra desde o primeiro momento em que nos cai no copo, pouco ou nada concentrado nos seus atributos, no seu quê de delicado, cheio de fruta vermelha sumarenta e muito limpa com toque guloso e fresco, pelo meio um ligeiro terroso, nota fumada, tudo envolto em alguma especiaria. Na boca renova a elegância e a frescura, com passagem fresca e marcante, bebe-se sem cansar até ao último respiro da garrafa. O preço torna-o apetecível, ronda os 5,50€ numa versão de Verde Tinto fora do normal. 90 pts

11 outubro 2016

Quinta dos Carvalhais branco 2015


No copo este branco do Dão, um Quinta das Carvalhais da colheita de 2015, com Encruzado em maioria (80%) e o restante de Verdelho. Um vinho que se mantém num registo muito próprio da marca que sempre se apresentou com umas gordurinhas a mais. O que quero dizer com isso é que tanto no aroma como no sabor sempre se mostrou com um toque mais untuoso, elegante e envolvente, tanto nos brancos como nos tintos. Agora com enologia de Beatriz Cabral de Almeida, este branco destaca-se pela frescura e elegância de conjunto, fruta limpa e fresca envolvida por uma madeira muito suave que ampara o conjunto. Na boca é perceptível a harmonia entre fruta/madeira/acidez que o tornam elegante, fresco e saboroso. O preço ronda os 6,50€ e é uma aposta ganha para quem nele apostar, ligação perfeita à mesa por exemplo com bacalhau com espinafres ou galinha tostada no forno. 91 pts

10 outubro 2016

Murta Rosé 720 Nuits 2012


Feito a partir de uvas de Touriga Nacional da colheita de 2012, este peculiar rosé descansou durante 720 noites em barricas de carvalho Francês antes de um novo sono em garrafa. Um vinho fora de modas, fora de sintonia com as tendências de mercado e que se perfila como vinho de nicho. Não será de fácil abordagem, penso que foi esse o objectivo, a expressão fresca que caracteriza os vinhos da Murta está aqui bem presente, a embrulhar todo o conjunto. Dominado por uma fruta (amora, mirtilo) bem robusta e suculenta, algum floral envolto em frescura, com notas fumadas da madeira em segundo plano. Vinca o palato com uma bela presença, fresco, tenso e com um final seco a pedir pratos de bom tempero e até alguma gordura. Fantástico com uma feijoada de chocos. 90 pts

07 outubro 2016

Quinta da Covada Reserva 2013


Um belo tinto do Douro é como se pode classificar este Covada Reserva 2013 elaborado por João Lopes Pinto.São três as vinhas que cedem as suas uvas, em maior percentagem o vinhedo velho com idade a chegar aos oitenta anos. Lote marcado por Touriga Nacional, Touriga Franca e um lote alargado de castas presentes nas vinhas velhas, tudo com passagem durante 14 meses por barrica. O resultado é animador e conquistador à mesa, o vinho mostra o fulgor da juventude onde a fruta comanda toda a prova, tenso, com nervo e aquele toque vegetal, algo terroso, que lhe confere boa secura no final. A madeira serenou-lhe um bocadinho os ânimos e os cantos, deu-lhe um sentido que percorre guiado por uma bela frescura. Pode ser aberto e bebido com agrado desde já mas tem estrutura para durar mais uns bons anos em garrafa, tendo em conta as colheitas anteriores. Não é fácil de encontrar e o preço ronda os 14€ a unidade. 91 pts

03 outubro 2016

Fojo 1996


Quando nasceu teve a capacidade de marcar uma época em que o vinho do Douro se começava a afirmar nas bocas do mundo. Oriundo de vinhedo velho com enologia de David Baverstock, este Fojo 1996 tornou-se na altura um ícone da região e foi aclamado como um dos grandes de Portugal. Um vinho que inicialmente era pujante, cheio de energia, mas com algum descontrolo emocional que nunca soube esconder, nunca foi de temperamento fácil e sempre almejou alcançar um patamar de elegância que sempre lhe fugiu. Na passada do tempo, conta agora com 20 anos, surge desgastado, cansado e a mostrar que o melhor já passou por ele. O aroma está sujo, decadente e com pouca definição, notas de licor e especiarias onde sobressai ligeiramente o álcool, a frescura continua por lá com toque de couros e terroso em pano de fundo. Ficou no meio de tantos outros, sem nota porque essas são para os vivos e este já não faz parte desse lote, estando longe de valer as exorbitâncias que ainda pedem por ele.

30 setembro 2016

Quinta do Pôpa branco 2015

Este Quinta do Pôpa branco 2015 nasce de um lote de castas durienses e mostra-se com um perfil tenso e muito coeso, tendo estagiado parcialmente em madeira. Um vinho que nos envolve os sentidos com bonitas notas de fruta (tropical, pomar) madura envoltas numa fina capa de ervas de cheiro, acompanhadas de fundo com uma leve baunilha a dar sensação de untuosidade. Conjunto mais cheio e mais acutilante na boca, com acidez a controlar toda a passagem num final de boa intensidade. Custa 9,90€ na loja do produtor e é um vinho que mostra ainda sinais de juventude pelo que pode ser consumido desde já ou guardado por um bom par de anos. 90 pts

28 setembro 2016

Mauro VS Vendimia Seleccionada 2009


É dos mais conceituados enólogos de Espanha e dos produtores com mais prestígio e consistência do país vizinho. Quando falamos de Mariano Garcia, lembramos Vega Sicilia mas no imediato nomes como San Roman ou Terreus e mesmo este Mauro VS, fazem parte do nosso imaginário. Este que aqui se destaca é o Mauro VS da colheita 2009,  um vinho que com mais ou menos idade mostra de forma consistente argumentos de excelência. Será sempre um vinho especial, um daqueles que se abre em companhia de quem mais gostamos, daqueles que fazem perdurar momentos e que criam excelentes memórias. Não se deixem intimidar pelos 55€ que custa mandado vir directamente de Espanha, vale cada cêntimo e se a despesa for dividida por vários amigos da causa, custa menos.

Quanto ao vinho, pura classe naquilo que nele mais se destaca, a fruta muito bem definida, fresca e suculenta, amparada por uma barrica de excelência (é marca da casa) mas a explodir de sabor na boca. Pelo meio notas de especiarias variadas, suave geleia, muita frescura num conjunto coeso e cheio de vigor. A complexidade é desde já muito boa tendo em conta a idade, direi que ainda está na fase ascendente da sua longa vida, ganhando claramente com o tempo no copo. Na boca explode de sabor, preenche o palato marcado pela fruta, a madeira dá sensação de cremosidade mas que nesta fase ainda fica ligeiramente ofuscada por uns taninos mais irrequietos que se fazem notar no final muito longo e persistente. Muita classe num dos meus vinhos favoritos. 95 pts

26 setembro 2016

Aromas de Cidrô, as novidades da Real Companhia Velha

As vinhas da Quinta de Cidrô - Fotografia de João de Carvalho
O portefólio de vinhos da Real Companhia Velha produzidos na Quinta de Cidrô, assenta numa surpreendente colecção de castas nacionais e estrangeiras. Localizada perto de São João da Pesqueira com os mais de 150 hectares de vinha, as suas primeiras plantações datam dos finais do séc. XIX, altura que coincide com a construção do seu bonito e imponente Palácio. A Quinta de Cidrô viria a ser comprada pela Real Companhia Velha em 1972 e seria alvo de uma necessária reestruturação, tanto a nível das vinhas como do seu palácio, compra de novas parcelas e plantação de novas vinhas, tudo num sistema de vinha ao alto, como é possível observar na fotografia.

Num conceito que poderemos dizer de irreverência e inovação, castas brancas como Chardonnay, Boal, Alvarinho, Sauvignon Blanc ou Gewurztraminer ou tintas como a Pinot Noir, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Rufete, têm preenchido os nossos copos de aromas e sabores oriundos da Quinta de Cidrô. Em conversa ficamos a saber que falta no ramalhete das brancas a casta Riesling, que com toda a certeza por ali irá ser colocada. Certamente que a frescura das terras da Quinta de Cidrô vai acolher da melhor forma a nova inquilina, tal como tem feito com todas as restantes que tão bons resultados têm conseguido.

Basta ter em memória o Quinta do Sidrô 1996 e comparar com o mais recente Quinta de Cidrô Chardonnay 2015, para entender o caminho de sucesso que tem vindo a ser percorrido nesta casa nos últimos anos. A prova teve uma mão cheia de brancos e um rosé, no total foram 6 vinhos e todos eles a mostrarem aromas espevitados e bem definidos, de perfil cada vez mais refinado e elegante mas com o Douro a marcar-lhes a alma. Uma evolução que se tem feito ao longo das colheitas onde cada vez mais os vinhos mostram os muitos encantos do local onde nasceram.

As novidades - fotografia Gonçalo VillaVerde
Quinta de Cidrô Alvarinho 2015: A mostrar frescura num conjunto bastante focado e coeso, estruturado e marcado pelo terroir do Douro com notas de fruto de pomar, citrinos e uma ligeira austeridade mineral em fundo. Passagem de boca com boa presença, saboroso e a fruta a marcar os sabores num final fresco e seco.

Quinta de Cidrô Sauvignon Blanc 2015: Ainda muito novo, expressivo num misto de fruta austera de caracter mais tropical e um toque de rebuçado de limão, vegetal fresco (espargo), conjunto coeso com o palato a médio tom no que a presença diz respeito. A fruta está menos presente que no nariz, terminando fresco e com boa persistência.

Quinta de Cidrô Boal 2014: A casta Semillon é conhecida no Douro como Boal, pelo que o vinho muda de nome, mas felizmente não mudou mais nada e por isso mantém todos os seus encantos. É claramente dos meus favoritos da prova, um vinho cheio e envolvente, que nos marca pela frescura e pelo tom mais morno que a madeira lhe confere. Cheio e opulento nos sabores e aromas, a acidez que tem domina-lhe por completo o espírito. Um daqueles para se ter, beber e se conseguir, guardar.

Quinta de Cidrô Chardonnay 2015: É já um clássico e dos mais bem conseguidos exemplares de Chardonnay feitos em Portugal vai para largos anos. O vinho surge mais elegante e refinado, nota-se a mão do enólogo, numa ligeira sensação de pão torrado, aconchego da madeira muito subtil com frescura e elegância da fruta de pomar, ananás mais dissimulado, coeso e ao mesmo tempo delicado, limpo e cativante.

Quinta de Cidrô Gewurztraminer 2015: Aroma cheio de líchias e pétalas de rosas, cheio de frescura num aroma muito directo que chega a saturar o nariz e mesmo o palato que quase sempre é um misto de frescura com água de rosas. O problema é meu certamente pois são casos raros os vinhos desta casta que me conquistaram, este não foge à regra e foi o que menos gostei da prova.

Quinta de Cidrô Rosé 2015: Um Rosé feito a partir de Touriga Nacional e Touriga Franca, mostra-se seco com toque fumado, misto de frutos vermelhos e flores (rosas de Santa Teresinha). Replica no palato o já descrito, marcado pela fruta bem saborosa e por uma boa secura no final.

23 setembro 2016

BSE branco seco especial 2015


Este vinho da José Maria da Fonseca é mais que uma referência para muito consumidor, o baixo preço a rondar os 3€, a facilidade de encontrar na grande distribuição e a escolha certa em muita carta de restaurante. Podia ser mais um entre tantos, mas não é e felizmente desmarca-se por aquilo que a marca já conquistou, tudo isto com a qualidade acima da média. É fresco e muito directo, complexidade pouca mas tem tudo na medida certa para agradar a acompanhar a refeição. Aquela fruta brincalhona com ponta floral, termina com boa secura, a mesma secura que o torna bom companheiro à mesa com uma grande variedade de pratos e até cozinhas do mundo. Beba-se fresco a acompanhar uns camarões fritos por exemplo. 88 pts

22 setembro 2016

Quinta de Pancas, o renascimento de um clássico


Continuo no meu pequeno tour pelas belas Quintas que rodeia a cidade de Lisboa, desta vez fui visitar a prestigiada Quinta de Pancas que tanto e tão bom vinho tem colocado na mesa dos consumidores nas últimas décadas. A Quinta de Pancas, fundada em 1495, está localizada a 45 km a noroeste da cidade de Lisboa, na freguesia de Santo Estevão e Triana, no chamado “Alto Concelho de Alenquer” junto ao lugar de Pancas. Entre a Serra de Montejunto e a lezíria da margem direita do rio Tejo, por entre montanhas, montes, vales e planícies a Quinta de Pancas mostra-se altaneira com os seus 50 hectares de vinha. Por ali os solos predominantes são calcários, variando a sua origem conforme a altitude das respectivas parcelas e ao declive das mesmas. Dominam nas variedades tintas a Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Syrah, Merlot, Castelão, Alicante Bouschet, Tinta Roriz, Touriga Franca, Petit Verdot e Malbec. Nas variedades brancas temos a Arinto, Chardonnay e Vital.

Durante anos os seus vinhos conquistaram os gostos dos consumidores mais exigentes, foram famosos e alvos de cobiça na década de 90 os Special Selection onde brilhava entre outros o Touriga Nacional e o Cabernet Sauvignon, o piscar de olhos a um perfil inspirado nos vinhos de Bordéus nunca foi escondido nesta casa. No final dessa mesma década foi colocado no mercado aquele que seria o topo de gama, um vinho que ainda hoje me trás muito boas recordações, um vinho de excelência que dava pelo nome de Quinta de Pancas Premium. Depois o tempo deu passadas bem largas e assistimos a uma renovação do que por ali era feito, perdeu-se algum encanto mas não se perdeu o “savoir faire” e exemplo disso foi o lançamento do Grande Escolha.


Nos dias de hoje assistimos ao renascimento da Quinta de Pancas alicerçada numa nova estratégia que inclui juntamente com a Quinta do Cardo a separação da Companhia das Quintas, apresentando-se agora com imagem renovada, assinada por Rita Rivotti. Os vinhos, rótulos incluídos, também foram alvo dessa mesma renovação e foram apresentados recentemente. Como gama de entrada estão os Pancas na versão tinto e branco, ambos da colheita de 2015, num perfil simples e bastante directo, centrados na fruta madura bem fresca e convidativa, são a meu ver belíssimas compras para um consumo diário.

Na gama Quinta de Pancas também em modo branco 2015 e tinto 2014, aqui melhor o branco na forma como se mostra, o tinto mais coeso e pouco falador ficando melhor na fotografia o Pancas 2015 pela jovialidade e forma desempoeirada como se mostrou. Já o branco mostra toda a candura da fruta madura, fresca e airosa, com ligeiro arredondamento. É um claro salto em frente na qualidade e no prazer que proporciona, para se terminar com os dois Reserva, também em formato branco com um 100% Arinto de 2014 e o tinto Reserva de 2013. O Reserva branco teve passagem por madeira durante 8 meses, o suficiente para lhe acalmar o espírito e conferir maior complexidade ao conjunto, dominado pela fruta madura com citrinos a fazer lembrar uma tarte de limão, ligeira baunilha e biscoito. Palato a condizer, bastante frescura suportada por uma bela estrutura. Também o Reserva tinto 2013 tem muito para mostrar, num perfil mais arredondado com nota de fruta vermelha bem rechonchuda, pleno de harmonia e sabor, madeira pouco presente e que dá lugar à fruta para que se destaque. Com vigor no palato, saboroso e com muito boa frescura a embalar a prova que pede comida por perto. Na passagem breve pelos vinhos ainda em estágio, direi que o futuro é uma vez mais prometedor para os lados da Quinta de Pancas.

21 setembro 2016

Casal Figueira Tradition branco 2002


Um vinho único e muito especial, criado por um dos grandes de seu nome António Carvalho, que infelizmente partiu cedo de mais. Foram longas as conversas que ouvi com atenção contadas pelo António, enquanto me dava a beber os seus vinhos, os Casal Figueira. Ficaram célebres os brancos Tradition, vinhos pouco compreendidos na altura, vinhos de culto e de puro terroir, vinhos de gente que faz falta no mundo do vinho. Este 2002 foi um caso único, Roussane e Sémillon foram as duas desvairadas que se alinharam para um branco que com os seus 14 anos se mostra pronto para as curvas, cheio de alma e classe. O tempo que passou por ele teve o efeito de acondicionar e concentrar um pouco mais aromas e sabores, os toques de mel e cera, juntamente com fruta amarela e flores de fundo, tudo com frescura e um embalo quase untuoso que nos leva por um caminho final bem fresco e de travo mineral. Muita qualidade com vida ainda pela frente, fantástico. 94 pts

07 setembro 2016

Soalheiro TerraMatter 2015

Já na segunda edição apresenta-se o Soalheiro TerraMatter 2015, elaborado com uvas em regime de produção biológica, não sujeito a filtração, fruto de vindima precoce e maloláctica parcial em barricas de castanho. Diferente e arrebatador pela maneira como conquista no imediato, tanto pela diferença mas pela qualidade que uma vez mais é apanágio desta casa. Fantástica prestação num vinho cheio de finesse, energia e definição aromática. Não há lugar a qualquer espécie de “massacre” olfactivo num vinho focado e preciso, belíssima presença com muito ainda para dar, o tempo que dura no copo apenas o demonstra. Denso, bom volume de boca com muita elegância e frescura, sensação de ligeira untuosidade. Travo mineral vincado em fundo numa passagem plena de sabor e frescura da fruta. Está a meu ver melhor que o 2014 e tal como seria de esperar, ainda muito novo pelo que será bastante interessante acompanhar a sua evolução, haja garrafas que o permitam. 94 pts

06 setembro 2016

Biodynamic Wine by Monty Waldin

Biodynamic Wine by Monty Waldin

É a mais recente pérola a ser adicionada ao já vasto leque de livros dedicados ao mundo do vinho com a chancela da editora Infinite Ideias. Cada título da The Infinite Ideias Classic Wine Library cobre uma região, país ou tipo de vinho e se tivermos em linha de conta os outros livros que já aqui foram abordados então podemos dizer que a qualidade está uma vez mais colocada num patamar muito alto.

O livro cujo título é Biodynamic Wine, versa sobre um tema que será controverso e originário de grandes discussões tendo por um lado os seus admiradores e seguidores/praticantes, sendo que também podemos contar com uma grande quantidade de cépticos e não crentes. O autor é Monty Waldin, uma autoridade no que toca a vinho orgânico e biodinâmico, também crítico, consultor e viticultor. O livro é uma janela aberta para o vinho biodinâmico, uma verdadeira fonte de conhecimento onde o autor com uma escrita fluida e cativante nos explica passo a passo processos e filosofias desta maneira de estar no mundo dos vinhos.

Ao longo de 222 páginas vamos sendo guiados pelo mundo do vinho Biodinâmico, não espere encontrar avaliação de vinhos ou de produtores porque simplesmente não vai encontrar. Feita a introdução necessária somos levados a conhecer as origens da Biodinâmica onde a figura de Rudolf Steiner ganha o esperado protagonismo. Nos capítulos que se seguem são abordados todos os preparados, onde ficamos a conhecer entre muitas outras coisas o porquê dos cornos de vaca serem cheios de estrume e enterrados a determinada altura do ano, isto e muito mais sempre guiados pelas mais variadas técnicas e tratamentos alterativos que vão sendo enumerados e explicados um a um. Qual a importância do vortex na altura de dinamizar os preparados? Ou qual a ligação dos organismos ao cosmos e como daí se trabalha seguindo o ritmo celestial? Por último um capítulo dedicado à certificação Demeter, o rigor é o mesmo de sempre tal como a vontade de continuar a ler e a entender este modo de estar que cada vez mais ganha adeptos entre os produtores de vinho por todo o mundo.

Um livro de referência e obrigatório para todos aqueles que de alguma maneira tenham ligação com o fantástico mundo do vinho, sejam profissionais do ramo ou wine lovers.

Dona Berta Reserva 2012


Este Dona Berta Reserva tinto 2012, mostra-nos que continua a haver vinhos que levam o seu tempo a entrar para o mercado. Muito carácter num vinho com raça e cheio de vida, muita fruta (bagas e frutos silvestres) mas também uma ligeira austeridade quer a nível de aroma como faz intenção de o confirmar no palato. Tudo muito compacto e bem coeso, apertado de tal forma que só com tempo é que se vão poder descortinar melhor os aromas. Por enquanto é um tinto cheio de vida e energia, capaz de fazer um brilharete com um bife de novilho no carvão com molho alioli. 91 pts

05 setembro 2016

Soalheiro Granit 2015


Em estreia absoluta o Soalheiro Alvarinho Granit 2015, fruto de uma selecção específica de vinhas plantadas acima dos 150 metros em solos de origem granítica. A fermentação ocorre a uma temperatura acima do normal em vinhos brancos em inox com battonage sobre as borras finas. O objectivo é mostrar a expressão da casta, bem como a expressão dos solos num vinho que mostra um lado mais seco, austero e mineral. Destaca-se boa exuberância com foco na fruta associada à Alvarinho, perfil muito limpo com grande elegância e boa austeridade. Palato forrado a fruta, solidez com fundo mineral envolto em secura. Todo ele muito preciso e focado, mais uma belíssima criação deste produtor. 92 pts

04 setembro 2016

Dona Berta Vinhas Velhas Reserva Branco 2015


É já um clássico este Dona Berta Vinhas Velhas Reserva (Douro), a mostrar um 100% Rabigato cheio de frescura com a raça que lhe é conhecida. O vinho abandonou os aromas intensos e mais frutados que de certa maneira faziam adivinhar a casta no imediato, para agora mostrar-se mais tenso e mineral. Muito boa a frescura com a fruta bem coesa e presente, sem exageros que nunca aqui fizeram a festa. Tenso e com nervo na boca, boa secura no fundo de corpo bem estruturado, tem tudo para evoluir favoravelmente na passada do tempo. Por agora pede pratos de peixe/marisco com bom tempero até porque a estrutura que mostra ter, dá-lhe essa capacidade de embate. 91 pts

03 setembro 2016

Olho de Mocho Rosé 2015

Podemos dizer que o Olho de Mocho (Herdade do Rocim) rosé mudou para melhor, ao apresentar-se com uma tonalidade mais ligeira e até mais delicada a lembrar a de uma pétala de rosa. Um vinho cheio de aromas de fruta vermelha bem fresca e madura, solto e a deixar o "tradicional" apontamento docinho de lado e a mostrar uma faceta mais seca e gastronómica. Muito limpo de aromas, cheira e sabe a fruta, tudo bom de cheirar embora com alguma delicadeza e uns retoques de ervas do monte lá pelo meio, bem composto em conjunto mediano com frescura que o percorre de principio ao fim. Com preço a rondar os 8€ foi o feliz contemplado para acompanhar uma salada de queijo Burrata e tomate. 90 pts

01 setembro 2016

Casal Mendes Blue


Depois de surgir em Espanha o primeiro "vinho" azul, o Gik Blue, surge agora pelas mãos da Bacalhôa Vinhos o primeiro "vinho" azul criado em Portugal, o Casal Mendes Blue. Apesar de a base ser a do Casal Mendes branco, o vinho é certificado pelo IVV como "bebida aromatizada à base de vinho". O processo que lhe dá o tom azul é segredo, mas poderá ter como base a flor Clitoria Ternatea que deu a tonalidade azul a um famoso gin nacional. O preço ronda nas lojas do produtor os 2,99€ e apresenta-se com 10 graus de álcool, o Casal Mendes Blue é parco em aromas e sabores, direi que cheira um bocadinho mais do que aquilo que sabe, apesar do toque de rebuçado mais adocicado que rola pelo palato. Esta espécie de híbrido não chega a entusiasmar, apesar das brincadeiras que permite fazer tal como transformar-se em verde ou de fazer uma sangria que capta a atenção de qualquer pessoa.
 
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