Copo de 3: setembro 2009

29 setembro 2009

António Carvalho



Amigo aqui te deixo a minha sentida homenagem.
E aí onde estiveres vai preparando umas garrafinhas das tais para bebermos quando eu aí chegar, levo as perdizes como combinado.

26 setembro 2009

Altas Quintas 2006

Altas Quintas 2006
Castas: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet - Estágio: balseiros de madeira e barricas novas de carvalho francês durante 12 meses, estágio em garrafa mínimo de 6 meses - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz com a madeira ainda que por pouco tempo, em lugar de destaque, mas numa menor intensidade a quando da sua saída para o mercado. Médio de intensidade, com mediana complexidade a nível de aromas, que joga entre as iniciais notas de tosta, chocolate preto, café moído, e especiaria. A fruta (framboesa, amoras) bem madura e fresca, junta-se ao conjunto, com sensação ligeira de geleia, em fundo balsâmico (eucalipto) e toque mineral.

Boca onde se sente um vinho bem estruturado, com afinação sentida em toda a sua prova de boca. É um vinho com frescura bem presente, com fruta presente bem ao lado de notas derivadas da passagem por madeira. Chocolate preto, torrado, café e balsâmico, tudo em boa envolvência com bafo especiado (pimenta em grão) em fundo de persistência média/alta.

Vem claramente na linha do 2005, que por sinal se encontra num excelente momento de consumo, apesar da frescura um pouco mais sentida neste 2005, ao mesmo tempo que a barrica também se dá um pouco mais a notar. A apetência para uma guarda mais prolongada faz-se sentir, podendo também ser consumido desde já com bastante prazer assegurado. 16,5

22 setembro 2009

Malhadinha 2006

Já não deve ser novidade para ninguém que o vinho da vaquinha é bom que se farta, não é leite com chocolate e nem as vaquinhas dão vinho, estou mesmo a falar do Malhadinha tinto, aquele que será provavelmente o vinho que mais aprecio deste já não tão recente produtor sediado na Albernoa (Beja), a Herdade da Malhadinha Nova.
Da entrada forte que teve no mercado com os seus primeiros vinhos em 2003, veio a confirmação da qualidade nas colheitas seguintes, sempre com nota alta no que toca à imaginação e inovação da imagem e acima de tudo o bom gosto, de como fazem e do que fazem.
Vinhos atractivos, e que se torna difícil não comprar depois de provar, eu pelo menos não tenho resistido. Deixo a nota de prova do Malhadinha 2006:

Malhadinha 2006
Castas: Alicante Bouschet: 35% , Cabernet Sauvignon: 20% , Syrah: 20% , Touriga Nacional: 25% - Estágio: barricas (225 Lts) novas de carvalho francês durante 14 meses - 15% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz causador de muito boa impressão inicial, maduro com a fruta (bosque, cereja) a surgir fresca e apelativa, ao mesmo tempo que se nota uma barrica ainda que suave, no ponto. Ambiente morno, harmonioso na sua complexidade, com toques de vegetal fresco, floral, especiaria, tabaco seco, e leve balsâmico em fundo.

Boca com entrada redonda e algo gulosa, de estrutura média onde a fruta madura (na proporção da prova de nariz) se faz acompanhar de apontamentos de geleias, cacau, balsâmico, especiaria. No seu todo é um conjunto que embora envolto numa toada morna, se apoia numa acidez que serve de bengala, em final de persistência média.

São no total 17,334 garrafas, com preço aproximado da casa dos 30€, de um vinho que neste momento é prazer assegurado. 17

Prova d'Ouro Ramos Pinto 2009 - Lisboa




A Casa Ramos Pinto leva o Douro a Lisboa... Dia 24 de Setembro, quinta-feira, entre as 19h00 e as 23h00, Sala Fernando Pessoa, Centro Cultural de Belém: Venha provar algumas das mais emblemáticas colheitas do Duas Quintas Clássico, Reserva, Reserva Especial, Bons Ares e também do novo Collection! A entrada é livre e a prova contará com a presença e comentários de João Nicolau de Almeida! Esperamos por si! Fique conosco o tempo que quiser...

Terras do Mendo 2007

Damos as boas vindas ao Outono, tempo em que começa a apetecer aqueles brancos com estágio em madeira e os vinhos tintos mais encorpados bebidos a temperaturas superiores às dos brancos e rosés bebidos durante o Verão. A verdade é que não poderia começar melhor, digo isto porque em prova coloco um novo vinho de uma região que muito aprecio, o Dão, e também porque é de salutar o surgimento de um novo projecto.
Este Terras do Mendo, cujo nome reporta-se a Mendo Pelágio, fidalgo do Rei D. Sancho e senhor da vila de Nogueira do Cravo. Contando o produtor com 12 ha de vinha que apresenta uma cuidada selecção das variedades recomendadas para a região do Dão (não terá muito que pensar). Para a elaboração do lote, foi escolhida a dupla Touriga Nacional e Alfrocheiro.

Terras do Mendo 2007
Castas: Touriga Nacional (50%) e Alfrocheiro (50%) - Estágio: Inox - 13% Vol.

Tonalidade escura como o breu, ou ruby escuro de concentração média/alta.

Nariz com aromas que reportam a outras memórias, talvez um vinho que nos indica que o Dão ainda é o que era, a fruta fresca e madura com recordações de bagas, cereja, amora... mistura-se com toques vegetais com incidência naquele mato rasteiro, bálsamo vegetal, caruma, esteva, alfazema, violeta. Tudo bem harmonioso, tudo no sítio, um vinho que se mostra aprumado e com um final a mostrar leve mineralidade.

Boca com ligeira austeridade, mostra-se pendular entre a fruta madura e os toques vegetais. A frescura presente abraça todo o conjunto, harmonia que se sente ainda que no final ligeira secura nos diga que alguns taninos ainda por lá saltitam, nada que o tempo não passe. Conjunto composto e bem agradável, com final de boca de boa persistência.

Quantas vezes surge um novo vinho no mercado e ao comprar apenas para provar a novidade, o fascínio pelo desconhecido sempre dominou o ser humano, se revela um valente barrete ?
Claro que nem todos os vinhos são assim, temos aqueles casos em que esboçamos um valente sorriso e pensamos cá para nós, encontrei um que gosto, e este Terras do Mendo faz parte desse lote, primeiro porque me transmite algo que o liga à terra que o viu nascer, tem nos seus aromas, no seu perfil algo que o identifica com a região e ao mesmo tempo tem algo de seu, direi que apresenta um ligeiro toque personalizado. Ainda bem digo eu, custa não mais de 8€ e para consumo imediato liga muito bem com uma chanfana de vitela, que tem frescura e corpo para tal.
15,5

16 setembro 2009

Poças Pink

Nos últimos tempos a capacidade de inovar no sector do vinho em Portugal, tem sido constantemente colocada à prova, ora se já chegaram os vinhos Light, eis que foi criado um proclamado "vinho" rosé sem álcool e para manter a onda rosada eis que nos conservadores bastidores do Vinho do Porto surgiu uma nova categoria, o Porto Rosé, criação que a pouco e pouco vai fazendo parte do portfólio de algumas casas de Vinho do Porto.
Este que aqui coloco em prova é da casa Poças, e para todos aqueles que possam estar a perguntar afinal como é que isso é feito, aqui fica uma breve explicação.
O processo é idêntico ao da produção de um Porto Ruby, sendo que a maior diferença reside na redução do período de maceração/contacto das películas das uvas com o líquido. Esse mesmo contacto é responsável pela tonalidade final de um vinho, o que neste caso ao ser mais curto faz com que o resultado seja uma tonalidade menos concentrada e escura e fique menos concentrada e rosada.

Poças Pink - 19,5% Vol.

Tonalidade ruby vivo de média/baixa concentração.

Nariz que não permite grandes alargamentos no que toca à complexidade apresentada, jovem e bastante directo em tudo o que tem a mostrar. É essencialmente marcado pela fruta (frutos do bosque), muita e bem madura, juntamente com geleia e num segundo plano com algum floral/vegetal.

Boca de entrada fresca, suavidade dentro do estilo apresentado, toque de leve doçura em harmonia com a frescura que apresenta. Espacialidade mediana, com final de boca de persistência média/baixa.

Um Porto Rosé que se mostra mais descontraído e até mais simples pela maneira como se manifesta e também pela prova que dá. Ideal para acompanhar uma conversa com os amigos no terraço, ou simplesmente para beber fresco com uma sobremesa à base de morangos e frutos silvestre. O preço deverá rondar os 8€ o que coloca este tipo de Porto num patamar acima dos normais Ruby. 15,5

15 setembro 2009

Casal Garcia Rosé

Este é mais um daqueles vinhos que resultou de uma compra feita em férias quando no local perto de casa onde se vende vinho, a oferta chega a ser do mais pobre e ridículo que se possa imaginar, pelo que apenas me sobrava este Casal Garcia pintado de cor de rosa.
O preço não me recordo, mas não passou dos 3,50€ e a baixa graduação que apresenta foi mais um factor que me levou a pegar numa garrafa e dirigir-me à caixa.

Casal Garcia Rosé
Castas: Vinhão, Azal tinto e Borraçal - 10,5% Vol.

Tonalidade rosa salmão de baixa intensidade, com ligeira efervescência.

Nariz jovem e frutadinho, com a fruta (morango e framboesa) a fazer sentir-se presente mas sem grande intensidade ou concentração. Mistura pelo meio um toque vegetal seco com notas de fumo em fundo. Resulta um vinho simples, eficaz e a mostrar-se bem correcto na maneira como se comporta.

Boca com entrada onde se faz sentir ligeiro pico carbónico, com a passagem a ser marcada pela fruta madura com ligeiro drop adocicado, mostra uma acidez bem presente que lhe confere uma envolvência fresca e delicada, em final de boca de média/baixa persistência.

Não desgostei mas também não me encantou, digamos que é mais um colmatar de uma lacuna que existira na marca Casal Garcia, do que uma mais valia para o consumidor no que toca a vinhos rosé. Liga bem com saladas, entradas e pouco mais pois não tem estrutura para muito mais. É daqueles que não deixa saudade. 13,5

Fonte do Nico Light branco 2008

Em jeito de despedida do Verão, das grandes tardadas de praia, da petiscada na varanda com a família e amigos... onde por vezes a preocupação ou direi mesmo, a despreocupação e uma oferta reduzida no comércio local onde passamos férias, nos leva a apostar em vinhos que depois se revelam boas surpresas, e que acabamos até por comprar mais que uma vez.
Aconteceu comigo em pleno Agosto, quando me defrontei perante este Fonte do Nico Light branco 2008, um branco produzido pela Cooperativa de Pegões, que se veio a mostrar leve, descontraido e bastante simpático.

Fonte do Nico Light branco 2008
Castas: Moscatel e Arinto - 10% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de concentração baixa, a mostrar ligeira agulha/carbónico.

Nariz com alguma vivacidade, juventude e simplicidade, boa dose de fruta bem madura a variar entre os citrinos, melão, meloa, tropical. Depois pouco mais nos apresenta, dá sensação de um toque de calda de fruta, em conjunto com leve herbáceo, tudo bem fresquinho e lavadinho.

Boca onde inicialmente somos cumprimentados por leve agulha/carbónico, dando lugar a fruta fresca e leve herbáceo, tudo isto num plano muito ligeiro, leve e de parca espacialidade.

Preço imbatível de 1,99€ no Pingo Doce ou Feira Nova, num vinho que deve ser consumido durante o primeiro ano para melhor se poder desfrutar. Traduzir este vinho em poucas palavras, direi que é como uma água de colónia para crianças, com pouco álcool, fresca e cheirosa. 13,5

Lancers Free

É o que dizem ser o primeiro "vinho" sem álcool, ou direi antes o primeiro sumo de fruta com pretensões a ser um "vinho" com baixo teor calórico. Na onda do Soltem os Prisioneiros, foi dada ordem de soltura ao álcool que atormentava o nascimento desta "coisa"...
Desta forma e para orgulho da nação, temos o primeiro rosado Português sem álcool a nascer em laboratório nacional. Tão curioso é, que até constam os ingredientes onde para alem do mosto de uva, temos: Ácido Sórbico (E200), Dióxido de Enxofre (E220) e Dimetilcarbonato (E242).
Depois é engraçado que quem está distraído e prova este ao lado do original até pensa que é enganado e deixa rolar a coisa na descontracção habitual de quem anda de férias, mas é deixar a temperatura fazer o seu trabalho e rapidamente se descobre que o que temos no copo é mais um sumo de fruta do que outra coisa qualquer... e para o meu gosto pessoal o Compal Vital Romã está muito mais bem conseguido e bem mais barato.

Lancers Free é por isso um refresco à base de mosto de uvas típicas Portuguesas, que mostra um aroma frutado a lembrar fruta vermelha (romã, framboesa, morango) e que servido fresco no paladar se mostra novamente com a mesma fruta, simples e ligeiro com algum toque doce pelo caminho que não mostra retorno ou despedida.

Se este "vinho" sabe a sumo, qual é o interesse de uma pessoa que não quer beber uma bebida com álcool comprar isto, se pode muito bem poupar dinheiro e optar por um outro sumo que os há e de melhor qualidade.
Para quando o primeiro Moscatel sem açúcar ?

11 setembro 2009

Esporão Private Selection branco 2008

Com a recente aquisição da Quinta dos Murças (Douro) por parte da Herdade do Esporão, assistimos num curto espaço de tempo a uma operação que quase podemos chamar de face-lifting, deste reputado produtor Alentejano, e em breve também Duriense. Certo é que a nova imagem, é uma das mais bem conseguidas de todo o panorama vínico nacional, uma imagem cuidada como sempre foi, mas ao mesmo tempo moderna e bastante apelativa.
Do aumento qualitativo que se tem vindo a verificar nos últimos anos ao nível dos vinhos Portugueses, tem vindo também a ter lugar uma reformulação na imagem/rótulos de muitos produtores. Até mesmo aqueles que nunca pensávamos que poderiam alguma vez mudar, não resistiram à tentação de se submeterem às tentações da "cirurgia plástica", quase que abdicando do seu perfil mais clássico e tradicional (o mesmo se pode falar em tanto caso acerca do perfil dos vinhos).
O resultado cabe a todos nós avaliar, certamente alguns gostam mais e outros menos, mas será sempre obrigatório reconhecer que nunca os nossos vinhos estiveram tão bem vestidos como nos tempos que correm e o exemplo que aqui coloco é prova disso mesmo, que nunca a arte esteve tão bem associada a uma garrafa de vinho.

Esporão Private Selection branco 2008
Castas: Semillon, Marsanne, Roussanne - Estágio: 6 meses "sur lie" com "batonnage " - 14 % Vol.

Tonalidade amarelo dourado de média intensidade.

Nariz com aroma de média intensidade, onde mostra desde o início notas tostadas com alguma baunilha, associadas com cheiros de frutas a mostrar qualidade (citrinos, pêssego, manga) a sentirem-se bem maduras, ligeiro toque melado, floral associado a sensação de ligeira tisana, ainda que morna, tal como se faz sentir o vinho.

Boca com entrada fresca e de boa amplitude/espacialidade, corpo a mostrar-se cheio/gordo com sensação de untuosidade, notas de tosta e fruta ao nível do encontrado na prova de nariz. Acidez limonada a compensar e equilibrar todo o conjunto que se mostra de forma harmonioso e bastante apetecível, com final de persistência mediana.

Ora cá estamos perante um vinho cujo seu lote se fossemos recuar uns anos atrás, muitos diriam impensável ou pouco provável em pleno Alentejo. Se perguntarem quais as diferenças para o Esporão Reserva 2008, direi que noto este vinho um pouco mais carregado tanto a nível de nariz como de boca, o Reserva é mais ligeiro, mais frescura e direi até mais alegre, enquanto este se mostra mais sério e entroncado. É difícil dizer qual gosto mais, ou qual dos dois o melhor, porque penso que há um momento certo para cada vinho, tal como para este Esporão Private Selection o momento em que se mostrou com uma Dourada no forno deu bem conta do recado. Certamente um dos melhores brancos do Alentejo, e o meio valor acima, revela o pouco a mais de "substância" que mostra em relação ao Reserva. 17

07 setembro 2009

Navazos Niepoort branco 2008

O vinho com que recomeço a escrita após período de férias, é a meu entender uma das surpresas do ano, um vinho cujos autores dispensam muitas apresentações, mas cuja história e processo de elaboração convém aqui ser relembrado.

O método pelo qual este vinho foi elaborado, de novo não tem nada, afinal de contas em 1801, Agustín Fernández já no seu artigo "Cultivo de las viñas y modo de hacer el vino en Sanlúcar de Barrameda", publicado no nº213 do Semanário da Agricultura e Artes, deixava bem claro que as melhores uvas são as "listanes" (palomino fino) e as melhores vinhas, as de "terra branca", e seguia dizendo:

"los blancos, en siendo la uva de buena calidad, nada necesitan; es verdad que algunos suelen agregarles una quarta de aguardiente de refino para asegurarlos; pero se exponen con esto à que salgan bastillos"


Portanto o que temos é um processo que já naquela altura se baseava numa uva de nome Palomino Fino, que procedia das melhores parcelas, fermentava em "bota" com leveduras autóctones criadas debaixo do velo em flor, que surgia uma vez que as leveduras de fermentação terminavam os seus afazeres dando lugar às leveduras da "flor", ao qual não se adicionava álcool e que posteriormente se deixava repousar durante uns meses em barrica/bota, ficando no final com uma graduação natural. Era este vinho que antes de surgir a denominação "vino de manzanilla", originária de Cádiz, era conhecido localmente como "vino blanco"
Ora com este Navazos-Niepoort o que temos é um "vino blanco"e não uma Manzanilla como muitos poderão pensar na altura da prova ou até antes, elaborado pelo Equipo Navazos e por Dirk Niepoort, com a ajuda de Quim Vila, seguindo os mesmos critérios de qualidade que seguiam os produtores locais faz mais de 200 anos.
Navazos Niepoort Vino Blanco 2008 Castas: 100% Palomino Fino - Estágio: fermentou em botas de 500l, muito velhas. Fermentou naturalmente, com leveduras indígenas e sem controle de temperaturas. Estagiou sobre o Véu e a Bota durante 5 meses - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo palha de nuance dourada de mediana intensidade

Nariz revelador de uma delicada complexidade, num vinho pleno de personalidade a mostrar de início aroma característico das Manzanilla, aquele toque que recorda levedura que vai evoluindo para frutos secos torrados (avelã, amêndoa), flores brancas que lhe conferem uma certa fragrância perfumada, ligeiros citrinos com lembrança de chá de limão, e um fundo com certa dose de mineralidade/salinidade. É daqueles vinhos onde os aromas vão sendo encontrados à medida que se aprecia e dá tempo ao vinho, num todo que ao mesmo tempo parece pintado em tons pastel, direi antes tons secos.

Boca de entrada com estrutura mediana, melhor na profundidade que na espacialidade, dando mostras de secura logo de imediato, com sensação de envolvimento/arredondamento/untuosidade com toques de nozes e avelãs, ligeira presença de citrinos com boa dose de frescura e um final onde a mineralidade mais uma vez aporta traços de leve salinidade. Final de boca de boa persistência num conjunto que se mostra um pouco mais expressivo na prova de boca que na prova de nariz.

É sabido que a nível aromático, a casta Palomino Fino não é de grandes exuberâncias, apresentando-se com vinhos de delicada complexidade e ao mesmo tempo capazes de encerrar uma peculiar identidade. Quem se aproximar deste vinho, deverá ter noção de que não é um vinho Manzanilla mas sim um vinho branco, apesar de parte do impacto inicial nos leve a pensar isso mesmo dado alguns factores comuns, colocando-se mesmo a hipótese de se pensar numa versão de Manzanilla Light visto não ter sido adicionado álcool.
De qualquer das formas é o melhor branco de Palomino Fino que provei, mostrando-se delicado, muito senhor do seu nariz, capaz de evoluir muito bem em garrafa, pelo que lhe vou fazer a vontade e tornar a provar daqui a 4 meses. Foi servido a 7/9ºC a acompanhar variadas tapas, desde presunto ibérico, mojama...
16,5
 
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