Copo de 3: agosto 2008

08 agosto 2008

Dona Berta Reserva Rabigato Vinhas Velhas 2007

É em Freixo do Numão, Douro Superior, e na Quinta do Carrenho propriedade do Engº Hernani Verdelho, que são produzidos os vinhos Dona Berta.
É na Quinta do Carrenho que há cerca de 25 anos, este apaixonado pelo mundo do vinho se veio estabelecer, terra dos seus antepassados e onde desde muito novo assistiu à plantação do vinhedo e ao processo de vinificação, concretizando assim um velho sonho.
Conta no mercado com 3 vinhos, um Reserva tinto, um extreme de Rabigato aqui em prova, junta uvas provenientes de vinhas com cerca de 150 anos (pré-filoxéricas) com uvas de vinhas novas, da colheita de 2007, e o topo de gama feito apenas de Vinhas Velhas. Mais recentemente irá lançar para o mercado um extreme de Sousão.

Dona Berta Rabigato Reserva Vinhas Velhas 2007
Castas: Rabigato - Estágio: inox - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo dourado de nuances esverdeadas, em concentração média.

Nariz a mostrar uma bela intensidade, de fina complexidade em conjunto pleno de frescura e uma bela concentração de aromas. O travo principal é de fruta madura de grande qualidade por entre os citrinos e o tom mais tropical, doce de gila dá no fundo uma leve noção de adocicado. A mineralidade presente e dominante no segundo plano, ao lado de sensação de relva fresca com sensação de fumado no final, confere uma prova de alto nível neste que é um dos grandes brancos de Portugal.

Boca com entrada a revelar uma belíssima estrutura, tudo no sítio, corpo cheio e de algum arredondamento. Na passagem de boca dá um grande prazer durante a prova, mostra uma acidez bem viva e a conseguir dar enorme frescura aliada à mineralidade sentida em fundo. A fruta bem presente ao semelhante do nariz, carimba a passagem com toque vegetal (relva). Podemos dizer que a presença deste vinho na boca é marcante, um comprimento no palato acima da média e muito agradável, tal como o seu final de boca que é médio/alto no que toca a persistência.

Se a nota de prova é quase semelhante à da anterior colheita, é caso para dizer que o trabalho e resultado final tem vindo a ser muito bom, conseguindo manter-se constante o perfil e qualidade. Este 2007 contudo parece e é melhor que a versão de 2006, a acidez mais marcante e um melhor delineamento de aromas faz com que este vinho possa e deva ser considerado como o melhor dos Rabigato provados até aos dias de hoje. Foi amante perfeito de um arroz de lingueirão.
17

07 agosto 2008

Navarros Colheita Seleccionada 2007

A propriedade ''Casa da Mó'', deve o seu nome, a um achado arqueológico: uma Mó, que foi encontrada há 12 anos, quando se procedia à surriba (saibramento) do terreno para implementar a actual vinha, e que terá sido de um Moinho de Vento construído em tempo imemorial.
A Quinta localiza-se em Viariz, concelho de Baião, em plena Região dos Vinho Verdes, a 400 metros de altitude e de olhos postos no Marão.
Na vinha exposta a sul e de baixa produção, as castas seleccionadas foram o Avesso e Arinto, sendo os solos de origem granítica e textura predominantemente franco-arenosa.

Navarros Colheita Seleccionada 2007
Castas: Avesso e Arinto - Estágio: 6 meses em garrafa após engarrafamento - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de média/baixa concentração com rebordo esverdeado

Nariz cheio de frescura e jovialidade, pleno de fruta madura com chamamento ao pomar (pêra e maçã) e ligações citrinas muito compostas com toque tropical a envolver. O vegetal marca a meio termo com toque de rama de tomate com sugestão de uma ligeira geleia dissimulada pelo final mineral.

Boca a indicar um vinho muito vivo e fresco, com a acidez em destaque pela positiva, fruta presente com toque verde a meio palato. Muito equilibrado entre factores, sente-se ligeiro mineral em fundo, num vinho de persistência média.

Um belo vinho verde, não se vislumbra cansaço durante a prova, mantém uma frescura muito agradável, aliado a um preço indicado pelo produtor que ronda os 5€. Ideal para acompanhar uns bichos do mar, entre as navalheiras e os burriés, será companheiro à altura. Se o vir não hesite.
15,5

Perolivas Colheita Seleccionada Branco 2007

Vinho recente nas prateleiras, o Perolivas, invoca o nome da aldeia perto de Reguengos de Monsaraz. Produzido e engarrafado pelo Monte dos Perdigões propriedade da Granacer, sendo um exclusivo para o grupo Jerónimo Martins.
É produzido pelas uvas provenientes da vinha do Vale do Rico Homem, que dá também o nome a outra gama feita por este produtor para o mesmo grupo.

Perolivas Colheita Seleccionada Branco 2007
Castas: Antão Vaz (31,10%), Arinto /29,47%), Verdelho/Gouveio (20,53%) e Viognier (18,90%) - Estágio: Fermenta parte em barricas novas de carvalho francês com batonnage durante 5 meses - 13% Vol.

Tonalidade amarelo dourado de mediana concentração com laivo esverdeado.

Nariz é de boa intensidade a despertar com bela dose de fruta madura, que varia entre a vertente mais tropical até a toques citrinos e alguma maçã. É amparado pela boa frescura que se senta, com um toque de calda a remeter para sensações mais gulosas ainda que contidas. A breve passagem por madeira confere-lhe alguma complexidade e arredondamento, aquela sensação de vinho arredondado e acolhedor, com toque mineral em fundo.

Boca a indicar um vinho bem equilibrado e bastante harmonioso com a prova de nariz, espairece no esplendor da fruta em companhia de uma acidez muito bem vinda que não o deixa esmorecer. O toque mineral que se sentia em nariz não é aqui tão notório, trocando com um ligeiro torrado sentido, em final de média persistência.

Um branco sem pontos fracos, tem tudo muito bem colocado, a prova que dá é acima da média, a passagem por madeira confere-lhe um maior arredondamento e ligeira complexidade. Um vinho para beber agora com um peixe gordo ou quem sabe guardar para a altura próxima do Natal, onde poderá estar um pouco mais desenvolvido.
O preço no Pingo Doce e Feira Nova deverá rondar os 9€, contudo um pouco alto para a qualidade apresentada, face à concorrência que já tem no mercado.
15

05 agosto 2008

Perolivas Reserva 2005

Vinho recente nas prateleiras, o Perolivas, invoca o nome da aldeia perto de Reguengos de Monsaraz. Produzido e engarrafado pelo Monte dos Perdigões propriedade da Granacer, sendo um exclusivo para o grupo Jerónimo Martins.
É produzido pelas uvas provenientes da vinha do Vale do Rico Homem, que dá também o nome a outra gama feita por este produtor para o mesmo grupo.

Perolivas Reserva 2005
Castas: Cabernet Sauvignon, Alicante Bouschet, Syrah, Trincadeira, Tinta Caiada, Touriga Nacional, Aragones e Petit Verdot. - Estágio: 12 meses barricas carvalho Francês - 14,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta.

Nariz com aroma de intensidade média, com muita fruta madura e boa compota, lidera algum químico ao lado de suave vegetal. Surgem no rodopiar do copo aromas de cacau em pó com alguma tosta bem ligeira e especiarias, com toque balsâmico refrescante de fundo. Está equilibrado e com uma complexidade mediana.

Boca com entrada a ser debatida entre fruta e vegetal, especiarias envoltas em alguma tosta, num conjunto de estrutura mediana, sem grande espacialidade, pronto a beber desde já com final ligeiramente balsâmico, de média/baixa persistência.

É mais um bom vinho que tem toques que recordam o Reserva provado anteriormente da mesma casa. Apesar de tudo este pareceu um pouco menos concentrado e mais disperso na prova de boca, mas apesar de tudo é um vinho que consegue dar prazer e uma prova satisfatória. O preço deve rondar os 10€ no Pingo Doce e Feira Nova.
15

Terras d´Uva Rosé 2007

Este vinho proveniente da Herdade da Mingorra (Beja), foi anteriormente lançado no mercado como Alfaraz Rosé, integra agora a entrada de gama do produtor de nome Terras d´Uva que entretanto recebeu novo ajuste na imagem.
É um extreme de Aragonês, onde o destaque vai claramente para a baixa graduação com que se apresenta (12,5% Vol.)

Terras d´Uva Rosé 2007
Castas: 100% Aragonês - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de baixa concentração.

Nariz de intensidade média/baixa, limpo de aromas com fruta vermelha bem madura presente, morangos e framboesas. Prazenteiro e sem exageros no toque de geleia que nos mostra, com algum vegetal de fundo (rama de tomate), como que a fechar a sessão.

Boca de entrada suave, com boa frescura a equilibrar o conjunto, a mostrar-se muito correcto na dosagem entre açúcar e acidez. Mostra-se com a fruta vermelha bem presente e como que pincelada por ligeira geleia, em final de boa persistência.

Um vinho com um preço em grande superfície a rondar os 3€ e que se revela uma bela aposta para estes dias quentes que parecem querer instalar-se de vez. Neste caso é de enaltecer mais uma vez o factor 12,5% que são sempre muito bem recebidos. Mostra apetência para ligações gastronómicas mais simples como pizzas, massas, salada de frango ou mesmo quem sabe uns pratos de comida chinesa.
Um vinho que é fácil de gostar, bastante directo e acessível a quem dele se aproxima e que merece ser provado e conhecido.
15

02 agosto 2008

Olho de Mocho Reserva branco 2005

Um sonho que se tornou desejo, uma vontade que se tornou realidade, é assim que surge entre a Vidigueira e Cuba, a Herdade do Rocim.
Este novo produtor de vinho do Alentejo, conta com uma propriedade de 100ha, adquirida em 2000 por um empresário de Leiria a pedido de uma das filhas. A herdade foi alvo de trabalhos de reestruturação e qualificação durante 6 longos anos, incluindo a plantação da maior parte da vinha que hoje totaliza 60ha, repartidos por 40ha de castas tintas e 20ha de castas brancas entre as quais consta a Alvarinho.
O projecto teve como ponto alto, a edificação de uma adega onde se destaca claramente o desenho da mesma e a sua capacidade para acolher variadas iniciativas culturais. É uma adega a entrar claramente na nova tendência das adegas de autor, autênticas catedrais do vinho, que a bom tempo se instalou em Portugal.
Um produtor que aposta forte na sua imagem e no que pretende transmitir ao consumidor, de uma maneira muito elegante e onde o bom gosto está presente. Em prova o Reserva branco da gama Olho de Mocho, um extreme de Antão Vaz que como estreia veio muito prometedor.

Olho de Mocho Reserva Branco 2005
Castas: 100% Antão Vaz - Estágio: Parte do vinho teve fermentação em barricas novas de carvalho francês (Allier) e carvalho americano (25%) com mais 3 meses em garrafa - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado presente.

Nariz de boa intensidade, despontando uma ligeira complexidade em conjunto fresco entre as notas de fruta tropical e alguns citrinos, tudo bem maduro que se conjuga com notas de geleia. Sente-se untuosidade derivada da madeira no nariz com apontamento floral ligeiro em segundo plano.

Boca com entrada estruturada, corpo mediano mas roliço, apresenta segurança e equilíbrio no seu todo. Frescura sentida mas pecando por curta, perdendo um pouco o fulgor que trazia do nariz, espacialidade algo contida tal como a presença da madeira que pouco se deixa notar. Derivações entre apontamentos de fruta tropical madura (ananás), alguma tosta e um toque verdoso no final de boca, de persistência média.

É um vinho bem feito e que dá prazer, que conta com uma concorrência alargada e muito apertada no campo da qualidade dos extreme Antão Vaz. Certo que pelo preço pedido, ronda os 12€ esperava-se mais qualquer coisa nos seus atributos.
15
 
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