4 – Na rotulagem dos vinhos DOC Dão referidos no número anterior podem ser utilizadas as menções tradicionais “Garrafeira” e “Reserva”, em associação com o ano de colheita, desde que constem de registos específicos, apresentem qualidade destacada, o título alcoométrico volúmico total seja no mínimo de 11,5% vol. e sejam comercializados após um estágio mínimo de:
a) Garrafeira:
Vinhos tintos: 36 meses, dos quais 12 meses em garrafa;
Vinhos brancos: 12 meses, dos quais 6 meses em garrafa;
b) Reserva:
Vinhos tintos: 24 meses;
Vinhos brancos: 6 meses.
Esta pequena introdução serve para apresentar dois vinhos que se provaram, não com o intuito de comparar mas apenas de provar e dar a opinião sobre cada um deles, são dois vinhos do Dão, dois Reserva e ambos de 2004.
O primeiro vinho provado foi o novo Cabriz Reserva 2004, caso já tenha notado a menção a Quinta ficou de fora, talvez estratégia de mercado...
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Roriz - Estágio: carvalho francês - 13,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de média/alta concentração.
Nariz com aroma de mediana intensidade, fruta de boa qualidade com ligeira compota, a parte floral (violetas) marca presença. Com um conjunto de bela elegância e com um perfil bastante apelativo, digamos até que pisca o olho a uma carreira internacional. São as notas de baunilha com tosta presente mas bastante elegante, toque de moka, cacau e tabaco (caixa de cigarrilhas) que revelam um aroma fino e cativante, com uma complexidade bastante aceitável. No fundo temos ligeiro fumo com especiaria e toque vegetal (caruma de pinheiro).
Boca com entrada de corpo médio, mostra-se com frescura e certa sedosidade, redondo no início, fruta bem presente com toque de torrado, cacau e tabaco, com vegetal em fundo dando ligeira secura no final. Equilibrado e com ligeiro especiado no final com suave balsâmico.
É um vinho que me pareceu ligeiramente superior à sua versão de 2003, ainda mostra sinais que pode ser guardado um pouco mais na garrafeira, não vai evoluir muito mais mas podemos contar com um limar de leves arestas que apresenta. Por cerca de 8€ é um vinho que merece ser conhecido e que foge um pouco ao Dão mais clássico, revela mais uma apetência internacional, pronto a agradar a todos. Um vinho a ter em atenção.
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O outro vinho provado, tem o nome de uma parcela (Pedra Cancela) da Quinta do Vale do Dão, localizada em Oliveira de Barreiros.
Pedra Cancela Reserva 2004
Castas: Touriga Nacional, Aragonez, Alfrocheiro e Jaen. - Estágio: n/indicado - 13,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz a mostrar um vinho que precisa de tempo para se mostrar, ainda fechado de aromas, alguma austeridade, fruta bem madura (amoras) e ligeira compota das mesmas. Revela com mais algum tempo uma componente vegetal de boa complexidade, caruma de pinheiro, musgo, mato seco, um toque quente da terra, tudo isto brindado com uma suave brisa de violetas. Madeira de segundo plano bem integrada com o restante conjunto, torrado e tabaco, chocolate preto e balsâmico encerram o lote, com frescura presente no final.
Boca com entrada fresca derivada de uma acidez presente e equilibrada, bem estruturado, reparte as atenções entre vegetal, frutado, ligeiro cacau com tosta. Ainda que algo cerrado, tem final com secura vegetal e toque balsâmico.
É um Dão mais ligado à terra, de perfil mais tradicionalista e como uma flor precisa de tempo para se mostrar. Um vinho que pede tempo para se ajustar, afinar e colocar tudo no seu devido sítio. Não sendo mais um, é um Reserva a ter conta para agora e para deixar a repousar, ele merece e quem o beber também. Daqui por mais algum tempo voltamos a falar.
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