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no de 2007 chegou ao fim como todas as coisas chegam ao fim do seu ciclo, fechou portas e deu lugar a um novo 2008 cheio de vida pela frente, é nesta altura em que este projecto caminha para o seu terceiro ano de vida que se deve fazer um pequeno balanço do ano que passou.
Digamos que foi um ano em grande para o Copo de 3, o número de visitas passou as 150.000, com uma média acima das 4000 visitas por mês, o blog completa mais um ano de vida cheio de vivacidade. São mais de 500 vinhos já provados onde apenas em 2007 o número de provas afixadas passou dos 200 vinhos. Mais um ano em que se marcou presença nos eventos dedicados ao vinho, o 1º Encontro de Eno-Blogs, um convite muito especial para um Almoço em Magnum, Douro Wine Show e sem esquecer a presença no Jantar da Entrega de Prémios da Revista de Vinhos.
Apareceram novos blogs dedicados ao mundo do vinho, o que é sempre uma boa notícia, e assistimos ao desaparecimento do grupo Os5as8 para o surgimento de dois novos projectos em separado.
O Copo de 3 realizou ainda um evento dedicado ao vinho, Vinum Callipole 2007, reunindo 16 produtores representativos de quase todas as zonas produtoras, que deram a conhecer os seus vinhos aos cerca de 150 visitantes que se deslocaram ao local.No que toca a vinhos, constata-se que nunca Portugal teve tanto vinho branco de qualidade como nos dias de hoje. Mesmo para os mais distraidos é fácil constatar que os vinhos brancos em Portugal deram um salto qualitativo muito grande nos últimos anos, levando muitos produtores a lamentarem terem arrancado vinha que hoje em dia seria muito apetecível face aos pedidos dos consumidores no que toca a vinho branco.
Mas se por um lado temos vinhos brancos de elevada qualidade feitos a partir de castas estrangeiras, também é verdade que não deixamos de lado as nossas castas e se aposta cada vez mais e melhor nas mesmas.
É bom saber que se podem fazer bons vinhos de Viognier, Semillon, Chardonay ou Sauvignon Blanc em Portugal, mas que se continua a apostar forte nas nossas castas, Rabigato, Antão Vaz, Arinto, Alvarinho, Encruzado... elevam ao mais alto o nome de Portugal e dão ao consumidor estrangeiro um novo alento e um novo sentido de descoberta na altura da sua prova.
Deixo apenas uma breve opinião sobre cada uma das zonas produtoras mais representativas nos vinhos provados durante 2007.Douro
É de destacar mais uma vez a elevada qualidade dos vinhos de topo que surgem nesta zona, foi um lento despertar por volta do ano 1999 que começou a lançar para o mercado os primeiros topos de gama que hoje em dia já se tornaram referências em qualquer garrafeira.
O destaque é mais que merecido, tal como o reconhecimento dado pela crítica estrangeira e nacional, depois das colheitas de 2003 e 2004 se afirmarem de grande qualidade, a de 2005 ainda se veio afirmar como melhor e prometendo mais e melhores vinhos, resta esperar os frutos de 2006, enquanto por agora se começam a provar os 2005.Curiosamente nota-se uma região onde alguns vinhos apenas por ostentar o nome Douro custam mais do que conseguem mostrar no copo ou mesmo na garrafeira, esta onda de «loucura» não é exclusiva do Douro, também se verifica noutras zonas. Será que vamos continuar a ter um Douro refém dos topos de gama ?
Minho
Merecido destaque mais uma vez para a qualidade dos Alvarinhos que em grande estilo mostraram mais uma vez o seu real valor.
Foram vários os Alvarinhos provados pelo Copo de 3 durante o ano de 2007, a qualidade mais uma vez mostrou-se muito bem, com a colheita 2006 a mostrar-se um pouco abaixo da 2005 (o clima tem aqui toda a culpa).
Dão
Uma região que tem vindo a rejuvenescer a olhos vistos, surgem novos produtores com vinhos de alta qualidade com preços mais que adequados, fazendo as delícias de quem os prova, numa das regiões com melhores relação preço/qualidade.
Durante 2007 tivemos vário produtores a destacarem-se nesta região, dando merecido destaque para a Quinta das Marias que com os seus brancos 2006 e tintos 2005 conquistou um lugar de eleição junto dos apreciadores mais atentos.
Bairrada/Beiras
Temos com destaque mais que merecido e já habitual, o produtor Campolargo, um dos mais irrequietos e inovadores produtores de Portugal.
Não foram muitos os vinhos provados provenientes destas zonas, talvez fruto de um centrar de holofotes para outras marcas de outras zonas. Fica a vontade de desbravar o complexo mundo das Beiras Bairradinas em 2008.
Estremadura e Ribatejo
Duas regiões das quais o Copo de 3 tem andado algo arredado nos últimos tempos. Delas fazem parte nomes incontornáveis da produção nacional, alguns já provados no Copo de 3 e que merecem prova atenta neste 2008.
Entretanto fala-se me fusão das duas CVR e ao surgimento da CVR LISBOA. Aguardemos então por novidades, nós por cá como prometido vamos dar mais atenção a estas duas zonas.
Terras do Sado
Em termos de novos produtores pouco ou nada a acrescentar, depois do aparecimento de um dos produtores que já considerei como revelação, Herdade do Portocarro, outros produtores que destaco são a Quinta de Alcube com dois colheita tardia muito interessantes. Não tendo surgido novos produtores nada impede que os vinhos que por eles são produzidos sejam capazes de conquistar mesas e corações de quem os prova.
Alentejo
Aqui no que toca a novidades, a máquina continua a todo o vapor, novos produtores com novos vinhos surgem a alto ritmo, a aptidão da zona para castas estrangeiras está mais que demonstrada (Pinot Noir, Petit Verdot, Viognier ou Semillon são bons exemplos), destaque para a consolidação e afirmação de nomes como Herdade dos Grous, Malhadinha, Zambujeiro, Dona Maria, Azamor, Herdade das Servas...
Por outro lado a afirmação cada vez maior da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo, talvez esta seja A CASTA por excelência nesta região e que começa a ser alvo de maiores atenções, em vez de um constante massacre de Touriga Nacional, que parece quase presença obrigatória em todos os vinhos.
Espanha, França e outros...
Nem tudo o que vem de fora é melhor que o que se faz em Portugal, como seria de esperar o bom e o mau moram em todo o lado e não são exclusivos de locais específicos. Por esta razão os vinhos apresentados nem sempre correspondem aos padrões de qualidade que se seria de esperar, deixando como é óbvio sempre algumas surpresas guardadas.
Convém aqui destacar apenas aqueles vinhos que muitas vezes se olham com vontade de provar mas quase sempre sem muita carteira para tal, visto os elevados preços que os vinhos de alta qualidade costumam ostentar nas prateleiras. Curiosamente preços que se começam a verificar nos vinhos de Portugal e que muitas vezes não se justificam.
Para finalizar resta-me desejar a todas as pessoas que visitam o Copo de 3 um 2008 cheio de saúde e boas provas, ficando a promessa que para 2008 vamos ter novo Vinum Callipole.