Copo de 3: janeiro 2008

31 janeiro 2008

Fonte Mouro Colheita Seleccionada Branco 2005

A Sociedade Agrícola do Monte Novo e Figueirinha situa-se na herdade com o mesmo nome, perto de S. Brissos, a cerca de 6Km de Beja.
São cerca de 13,500 garrafas que este produtor produz do vinho Fonte Mouro Colheita Seleccionada na versão branco, um extreme de Antão Vaz com direito fermentação em barricas de carvalho francês. A enologia está a cargo do conceituado enólogo António Saramago.
Colocou-se em prova a colheita 2005, e ao lado deste foi colocada a colheita 2004 já aqui provada no Copo de 3, o objectivo seria verificar como se comporta o vinho com a passagem do tempo, e pelas provas que deu, está de parabéns.

Fonte Mouro Colheita Seleccionada Branco 2005
Castas: Antão Vaz - Estágio: Fermentação em barricas de carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo dourado com leve rebordo esverdeado.
Nariz a revelar bom entrosamento entre notas derivadas da passagem (ainda que breve) por madeira, e a fruta madura (tropical e citrinos), com um toque de arredondamento com torrado, a dar bom acolhimento ao conjunto. Marca presença um fundo com toque petrolado, fruto da evidente passagem do tempo, que sem grande complexidade apresenta uma sensação mineral.
Boca de entrada com ligeira frescura, perdendo algum interesse para a prova de nariz. Tem a fruta presente com algum citrino mas deixa no ar uma ligeira sensação de vazio, a estrutura não acompanha o nível imposto pelo nariz. O final de boca relembra um toque mineral em fundo, de leve persistência.

Um vinho que nos trouxe a recordação das sensações da colheita anterior, mas com o gosto a recair claramente para a primeira colheita. Apesar de ser um vinho acima da média, faltou uma prova de boca mais convincente em termos de espacialidade. Por 5€ revela-se uma bela compra capaz de aguentar em garrafa durante algum tempo sem grandes preocupações.
14,5

Fonte Mouro Colheita Seleccionada Branco 2004
Castas: Antão Vaz - Estágio: Fermentação em barricas de carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo dourado médio com rebordo esverdeado
Nariz a mostrar-se já com alguma evolução, na maneira positiva da expressão, mas ainda assim com frescura e vivacidade suficiente para a prova ser mais que agradável. A fruta já não se mostra tão evidente, apesar de mostrar uma outra vertente durante toda a prova, lembra doce de pêra e ligeiro ananás em calda. Delicado em todo o seu conjunto, passa de um suave torrado para um apetrolado de fundo, em jeito de despedida.
Boca com entrada de média estrutura, complexidade e corpo, sentindo-se já um belo arredondamento de conjunto, com uma acidez bem pontual um pouco desgastada. O peso da idade já lhe tira alguns encantos que teve outrora, não sendo por isto que desmerece uma prova atenta. Final de boca com de persistência média/baixa.

Um vinho que claramente está fora da bela prova que proporcionou quando provado da primeira vez. Dando uma prova com interesse, consegue ainda mostrar-se ligeiramente superior à colheita 2005. A nota final revela isso mesmo, os 5€ que custa revelam um vinho que é uma grande aposta para um consumo diário com qualidade, sempre com a possibilidade de guarda nos 2 anos após do seu lançamento.
15

28 janeiro 2008

Quinta do Mouro 2002

Foi a 5 de Outubro de 2005 que provei pela primeira vez este vinho, na altura este Quinta do Mouro 2002 rapidamente me conquistou pela sua qualidade, diferença e sobretudo pelo potencial que mostrava ter, tudo isto a perspectivar uma evolução surpreendente em garrafeira.
Seria este o fruto de um ano desfavorável por terras Alentejanas como foi o ano de 2002, são poucos os vinhos dignos de registo desse mesmo ano, os que sobreviveram são sem sombra de dúvida dos melhores vinhos de Portugal.
Um vinho que o seu produtor, Miguel Louro, afirmou ser o melhor de todos os que tinha feito até então. De certa forma esta colheita foi a que me converteu para os vinhos desta Quinta de Estremoz, até esse dia as provas que tinha feito de colheitas anteriores não se tinham mostrado muito convincentes.

Quinta do Mouro 2002
Castas: Aragonês (60%), Alicante Bouschet (20%), Touriga Nacional (13%) e Cabernet Sauvignon (7%) - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média/alta, apresenta depósito fino.
Nariz que mostra um misto de fruto com compota e vegetal seco, toque terroso inicial que se acomoda com tempo de decantação. A madeira está presente e muito bem integrada no conjunto, sente-se com bom afinamento, harmonioso com toque balsâmico a dar frescura ao vinho, ao lado de ligeiro floral. Boa complexidade, num vinho que sabe ter presença durante toda a prova, surge cacau com aragem especiada (pimenta preta, cravinho), num todo que apesar de dar uma grande prova neste momento, consegue deixar a promessa de que mais e melhor estará para vir com algum tempo de garrafa.
Boca a dar uma prova rica de harmonia e complexidade, estrutura rica e bem delineada, a fruta está bem presente, vegetal suave complementa o conjunto. De arestas bem mais refinadas que na anterior prova, só mostra que o tempo em garrafa lhe fez muito bem, a boa acidez presente permite ter uma frescura presente durante toda a passagem de boca. O fundo balsâmico com ligeiro especiado é a despedida para um final de bela persistência.

Um vinho a rondar os 25€, a que o tempo de clausura em garrafa só lhe fez bem, conseguindo nesta altura dar uma prova de grande gabarito, onde a classe está bem presente durante todo o tempo. Íntegro e a mostrar que é capaz de mais e melhor, se lhe dermos mais uns tempos de reflexão na garrafeira. A vontade vai ser feita... provando este vinho quem diz que 2002 foi mau ano ?
17,5

27 janeiro 2008

Herdade do Pinheiro 2001

No calor da planície de Ferreira do Alentejo, fica situada a Herdade do Pinheiro, onde Ana Bicó e Miguel Silvestre Ferreira dão seguimento ao trabalho começado pelo seu avô António Francisco Silvestre Ferreira. É nesta herdade com 400 hectares de olival e cerca de 90 hectares de vinha, que são produzidos os vinhos Herdade do Pinheiro e Moinho da Asseiceira.
Em prova temos o primeiro vinho Herdade do Pinheiro, da colheita 2001, que na altura em que saiu para o mercado foi alvo de uma enorme procura nas Feiras de Vinho onde estava inserido.
É então tempo de o tornar a provar e ver como se comporta passados 6 anos.

Herdade do Pinheiro 2001
Castas: Aragonez, Trincadeira e Cabernet Sauvignon - Estágio: 6 meses carvalho americano e francês e 4 meses em garrafa - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração, rebordo a revelar um toque tijolo ainda que leve.
Nariz a revelar um aroma limpo e de boa complexidade, elegante e fino na maneira de expressão que não mostra um vinho muito cheio ou madurão. Tem frescura muito bem sintonizada com a fruta (amora, ameixa e framboesa) madura, compota e baunilha, com traços de caramelo de leite derretido. O segundo plano completa o vinho com sensação de folhas de tabaco secas.
Boca com entrada requintada dentro da sua possibilidade, fruta presente com frescura presente e muito contida apesar de correcta e aprazível. Estrutura muito bem delineada, muito polido e sedoso no palato, com um final de persistência média, onde a frescura e o toque de cacau parecem dominar.

Um vinho com 6 anos de vida, que se apresentou num excelente momento de forma em que deve ser consumido. De realçar que o perfil para novas colheitas tem vindo a ser mantido, no que toca a castas e mesmo a estágio. Outro ponto interessante são os 12,5% Vol. com que se apresentou, um vinho que não tem as graduações que hoje em dia facilmente se encontram nos vinhos mais recentes no mercado. Aqui temos um vinho com 12,5% onde a frescura se mostra presente e os sinais do tempo apenas o afinaram e refinaram.
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24 janeiro 2008

Allende 2000

A Finca Allende situada em Briones (La Rioja), é uma jovem adega fundada em 1995 pelos irmãos de Gregório, Miguel Ángel (enólogo) e Mercedes. Um caso de sucesso onde a qualidade está acima da média e consegue num curto espaço de tempo conquistar palcos nacionais e internacionais com o elevado nível de qualidade dos seus vinhos.
As suas vinhas situadas a uma altitude entre os 415 e os 480 metros num total de 36ha das quais 34,5ha são de variedades tintas: tempranillo de 45 anos (95%), graciano de 20 anos (4%) e garnacha de 55 anos (1%). As variedades brancas apenas cobrem uma extensão de 1,5ha com viura (60%) e malvasía com 60 anos (40%).
Pode-se dizer que este produtor foi um dos que deu surgimento ao novo estilo de vinho da Rioja, apresentando ao mercado nomes como o topo de gama Aurus, seguido do Calvário e finalizando com o Allende (longe, do outro lado, ali...) do qual são feitas 250.000 garrafas com um preço a rondar os 11€.

Allende 2000
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 13 meses carvalho francês Allier (94%) e carvalho americano da Virgínia (6%) - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro com ligeiro rebordo tijolo a mostrar já ligeira evolução no que toca a cor.
Nariz com aroma fino e de boa intensidade, fruto negro (amora, cereja) bem maduro com vegetal seco e fumado. Travo fino a especiaria com cacau, caramelo de leite e tabaco, tudo fino com frescura envolvente, onde se sente bom equilíbrio de conjunto.
Boca com entrada muito prazenteira, fino, fresco, harmonioso, estrutura muito acolhedora e ao mesmo tempo dando um ar de fragilidade que não compromete em nada toda a sua apreciação. Nota-se que tem um ar especiado (pimenta preta) que passa ao lado da fruta bem madura em conjunto com balsâmico (fino e discreto mas presente) de fundo. Consegue complementar a prova de nariz o que sempre é motivo de alegria, digamos que o vinho se completa mais um pouco quando isto acontece. Harmonia acima de tudo, a frescura esta mostra-se correcta com final de boca médio.

Talvez o seu tempo melhor já tenha passado, foi dito que o seu consumo seria de 10 anos, pelo que já leva bem mais de metade do seu tempo. Não é um vinho cheio nem robusto, fora de extracções e outras complicações. É um vinho requintado e muito bem feito, pronto a dar prazer quando se compra ou passado alguns anos de cave.
Conheço vinhos mais caros e de outras zonas, que com esta idade ou já foram ou estão muito tremidos, o preço é uma alegre notícia, são 11-14€ de um vinho que está allende...
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23 janeiro 2008

Preta 2005

A FITAPRETA VINHOS nasce de uma paixão. E como todas as paixões – grandes ou mesquinhas – cresce, e obriga a uma procura incessante nos mais ínfimos pormenores pela grandeza e pela comunhão absoluta. As paixões humanas não têm conta: umas escondem-se no fundo do coração e outras enobrecem cada esquina, mas todas elas tiranizam o Homem.
Situada perto de Estremoz (Vimieiro), esta sociedade estabelecida entre dois consultores da indústria vitivinícola nacional, o ascendente jovem enólogo António Moita Maçanita e o reputado viticultor David Booth.
Não possuindo as suas próprias vinhas ou adega, a Fita Preta Vinhos selecciona e avalia uma série de vinhas em todo o Alentejo, escolhendo as que mais se adaptam ao perfil dos seus vinhos, alugando espaços nas mais prestigiadas adegas do Alentejo onde os seus vinhos são elaborados.
Em prova a nova colheita do topo de gama deste produtor, o Preta 2005.

Preta 2005
Castas: 73% Touriga Nacional e 27% Cabernet Sauvignon - Estágio: 16 meses barricas novas e segundo ano de carvalho francês e português - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro, muito concentrado
Nariz a remeter para um aroma com boa intensidade, denso e a apresentar fruta vermelha sobremadura com ligações compotadas e floral. O cacau e a especiaria marcam bem presença no conjunto, aliada à presença da madeira que ainda consegue manter alguma imposição. No fundo sente-se um suave vegetal/balsâmico que marca presença, num perfil que consegue transparecer alguma frescura no seu conjunto.
Boca de entrada muito bem estruturada, cheio e com algumas arestas por limar, transparece a fruta que por vezes dá sensação de adocicado. O toque vegetal marca também presença com um especiado bem distribuido, frescura compensadora dos excessos de maturação.

Este Preta segue o rumo da anterior colheita mas parece mais afinado e pronto a beber, um vinho que não vira costas a um tempo em cave e que lá para o Natal irá compensar quem apostou nele.
Nesta colheita sente-se mais frescura, tornando o vinho mais companheiro e menos enjoativo como se poderia tornar na primeira versão. Com um preço a rondar os 20-25€, vale a pena para os apreciadores do estilo. Outras colheitas provadas: 2004
16,5

21 janeiro 2008

Encostas de Estremoz Touriga Nacional 2004

Os vinhos “Encostas de Estremoz” são um projecto encabeçado por José Castro Duarte e sua mulher, com apoio do seu grande amigo e enólogo Miguel Reis Catarino, projecto este, que nasceu na Quinta da Esperança em Estremoz, onde as novas tecnologias de Viticultura são adaptadas à realidade portuguesa.
As principais castas são que se podem encontrar são: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, sendo que 6ha são de uva branca.

Encostas de Estremoz Touriga Nacional 2004
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 210 dias em barris novos de Carvalho Americano e Allier - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média/alta concentração
Nariz num perfil que segue as mesmas bases da casa, a fruta de boa qualidade apresenta-se bem casada com a madeira dando boas notas de baunilha e ligeiro torrado de segundo plano. Aqui a casta mostra-se algo presa, sem se querer mostrar muito, uma Touriga mais no plano maduro do que propriamente fresca e floral. Por isso temos um vinho em plano de fruta madura (ameixa, cereja e morango) com a compota a marcar assídua presença, complementadas por umas notas de violetas algo sumida em companhia de chá preto. Sem cair nos excessos a verdade é que também não desmaia durante a prova, mostrando-se integro e correcto.
Boca com entrada frutada, compota e especiaria fazem companhia juntamente com leve chocolate preto. Algum vegetal seco contribui para o conjunto que sem ter a complexidade e espacialidade de outros tempos consegue proporcionar uma passagem de boca dentro do equilíbrio. Uma ligeira austeridade é compensada de imediato pelo restante conjunto não deixando o vinho perder o tom, com final de boca de média persistência.

É sem dúvida o mais bem conseguido varietal deste produtor, ficando longe da performance do saudoso Touriga Nacional 2001 que já foi alvo de prova pelo Copo de 3. Um Touriga Nacional que sem ser barato, ronda os 9€, dá uma prova acima da média.
15,5

Encostas de Estremoz Alicante Bouschet 2004

Os vinhos “Encostas de Estremoz” são um projecto encabeçado por José Castro Duarte e sua mulher, com apoio do seu grande amigo e enólogo Miguel Reis Catarino, projecto este, que nasceu na Quinta da Esperança em Estremoz, onde as novas tecnologias de Viticultura são adaptadas à realidade portuguesa.
As principais castas são que se podem encontrar são: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, sendo que 6ha são de uva branca.

Encostas de Estremoz Alicante Bouschet 2004
Castas: 100% Alicante Bouschet - Estágio: 210 dias em barris novos de Carvalho Americano e Allier - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro, de concentração médio/alta.
Nariz com ligeiro travo químico que remete para rezina de pinheiro, que se mistura com a fruta madura (amoras e cerejas) e algum suporte em compota. O conjunto mostra-se bem entrosado, algo compacto até, especiaria e chocolate preto, com tosta e baunilha a complementarem o perfil.
Boca de boa entrada, firme com corpo a mostrar-se de boa espacialidade, arredondamento com fruta a marcar presença. Mostra frescura agradável e suficiente, especiarias e ligeiro fundo balsâmico.

É um bom ponto de partida para quem quer começar a conhecer a casta Alicante Bouschet, o preço tal como a restante gama ronda os 9€
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Encostas de Estremoz Trincadeira 2004

Os vinhos “Encostas de Estremoz” são um projecto encabeçado por José Castro Duarte e sua mulher, com apoio do seu grande amigo e enólogo Miguel Reis Catarino, projecto este, que nasceu na Quinta da Esperança em Estremoz, onde as novas tecnologias de Viticultura são adaptadas à realidade portuguesa.
As principais castas são que se podem encontrar são: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, sendo que 6ha são de uva branca.

Encostas de Estremoz Trincadeira 2004
Castas: 100% Trincadeira - Estágio: 210 dias em barris novos de Carvalho Americano e Allier - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/baixa
Nariz com aroma bem balanceado entre fruta madura (ameixa) e madeira com toque de baunilha e cacau em pó, que rapidamente se deixa invadir pelo toque vegetal da Trincadeira, vegetal seco, azeitona verde e ligeiro floral em segundo plano com nota fumada em fundo.
Boca revela um vinho com alguma frescura e com alguns taninos ainda presentes, que conferem ligeira secura durante a passagem de boca. A fruta marca pouca presença num vinho sem grande complexidade, com final sem grande persistência.

Não consegue ser dos varietais Trincadeira que mais cativa durante a sua prova, apesar de bem feito e se mostrar bastante correcto, é um vinho simples naquilo que apresenta, com um preço a rondar os 9€
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20 janeiro 2008

Encostas de Estremoz Touriga Franca 2004

Os vinhos “Encostas de Estremoz” são um projecto encabeçado por José Castro Duarte e sua mulher, com apoio do seu grande amigo e enólogo Miguel Reis Catarino, projecto este, que nasceu na Quinta da Esperança em Estremoz, onde as novas tecnologias de Viticultura são adaptadas à realidade portuguesa.
As principais castas são que se podem encontrar são: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet, sendo que 6ha são de uva branca.

Encostas de Estremoz Touriga Franca 2004
Castas: 100% Touriga Franca - Estágio: 210 dias em barris novos de Carvalho Americano e Allier - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz que nos remete para fruta madura (amora, ameixa) com compota e ligeiro floral, chocolate, alfarroba, ligeiro especiado e baunilha da barrica. Tem um fio condutor que nos leva ao perfil morno e quase que adocicado durante breves instantes. Sem grande complexidade mostra-se em sintonia plena com fruta e madeira.
Boca de entrada afinada, bem estruturada e a dar uma passagem de boca com elegância, dentro do que lhe é possível. Boa espacialidade, fruta presente com compota, num tom que repete a prova de nariz em final de boca médio.

Um vinho que vem no seguimento da colheita anterior 2003, apesar de se apresentar um pouco mais delgado a nível de corpo e expressão, com um preço a rondar os 9€.
14,5

18 janeiro 2008

Quinta do Cardo Special Selection 2003

Vem da Beira Interior mais propriamente de Castelo Rodrigo, este Quinta do Cardo Special Selection 2003. Um vinho produzido pela Companhia das Quintas, que acaba por ser um varietal Touriga Nacional. Um vinho que tinha sido colocado de parte para ser provado junto de um seu vizinho produzido na mesma zona, mesmo ano e apenas o produtor era outro, mas que o estraga festas do TCA acabou por inviabilizar.
Ficamos apenas com a prova deste Quinta do Cardo feito com Touriga Nacional a que resolveram chamar de selecção especial, ou como se diz em Inglês, Special Selection.

Quinta do Cardo Special Selection 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 12 meses em carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz com aroma de média intensidade, aroma maduro bem repleto de compotas de frutos silvestres. Sente-se um toque adocicado com ligeiro mentol em segundo plano, cacau e vegetal seco completam o ramalhete. Todo o conjunto não se mostra em grande complexidade antes pelo contrário, o vinho não denota muita consistência nem consegue cativar durante a prova.
Boca com entrada ligeiramente fresca, equilibrado numa toada de mais compota e algum floral. Corpo médio com passagem de boca algo rápida sem deixar saudade, pareceu ter uma pitada de noz moscada lá ao fundo, mesmo fundo, quase em jeito de provocação, de resto não deu mais satisfações. Final em secura e sem saudade.

Um vinho que se colou claramente entre o plano de alguma rusticidade apresentada e a tendência que se pode dizer actual de vinhos gulosos, cheios de compotas e fruta muito madura, pelo meio abre-se a janela e corre uma suave brisa para não afagar o provador.
Uma selecção especial com um preço nada especial a rondar os 12-15€.
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17 janeiro 2008

Casa Ermelinda Freitas - Touriga Nacional 2003

A Casa Ermelinda Freitas é uma empresa familiar com a tradição vitivinícola de quatro gerações.
As vinhas da Casa de Ermelinda Freitas ficam situadas em Fernando Pó, zona privilegiada da região de Palmela, proprietária de 130 hectares de vinha onde 100 hectares são de castelão (conhecida na zona como Periquita). Foram recentemente plantados os restantes 30 hectares com outras castas como Touriga Nacional, Trincadeira, Syrah e Aragonês.

Casa Ermelinda Freitas - Touriga Nacional 2003
Casta: 100% Touriga Nacional - Estágio: 8 meses em carvalho e 12 meses em garrafa - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média/alta concentração.
Nariz de aroma de boa intensidade com algum terroso inicial, toque fresco embrulhado em balsâmico (hortelã pimenta) fazem a entrada ao lado de chocolate negro, tosta e a fruta madurona (cereja e ameixa), fundo com toque fumado. Com complexidade média, de cunho fresco e sem grandes larguezas de aroma, mantendo-se sempre num movimento linear uniforme.
Boca de entrada fresca, boa estrutura, suave e de finos taninos, volta a não mostrar grande complexidade. Um vinho delicado de corpo médio, sem grandes euforias a passagem de boca faz-se de forma correcta com a fruta a marcar passo juntamente com toques de balsâmico e ligeira especiaria, em conjunto com apontamento de algum chocolate negro. O final de boca mostra-se algo curto para o que seria de esperar.

Um Touriga Nacional que deu que falar na altura em que foi lançado para o mercado, foi nessa altura que a prova era explosiva e arrebatadora, tudo com muita extracção. Pela prova que deu neste momento o vinho não se parece nada, acalmou demais, perdeu força e ficou manso, e do manso que ficou perdeu parte da graciosidade que conseguia transmitir enquanto novo. A beber ou guardar por sua conta e risco.
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15 janeiro 2008

Zéfyro branco 2006

Na mitologia grega Zéfiro (em grego Ζέφυρος Zephyros) é o vento do Oeste, considerado pelos poetas como o mais ameno e suave dos ventos. O mito do vento Zéfiro diz que este fecundava as éguas de certa região da Lusitânia tornando os cavalos dessa zona invulgarmente velozes.
Entre tantas outras invocações à ligação amorosa entre Zéfyro e Flora destacamos a de Luís de Camões em «Os Lúsiadas» canto IX vv. 40-41:

(...)Ilha, que nas entranhas do profundo
Oceano terei emparelhada,
De dons de Flora e Zefyro adornada;

Ali com mil refrescos e manjares,
com vinhos odoríferos e rosas,(...)

É então Zéfyro o nome deste novo vinho que sai da Sociedade Vitivinícola d´Os Lusíadas, ali bem perto da Azaruja, Alentejo, o mesmo produtor do vinho Canto X que será provado em breve no Copo de 3.

Zéfyro branco 2006
Castas: Viognier - 14% Vol.

Tonalidade amarelo leve dourado com rebordo esverdeado
Nariz apesar de não ser muito expansivo consegue ter um bom nível aromático, destaque para floral com fruta madura de bela qualidade e presente em quantidade assinalável. Destaca-se a pêra, tangerina, alperce e ananás, tudo isto aliado a boa frescura de conjunto. O vinho mostra ainda equilíbrio entre álcool e fruta pelo que se torna perigoso e muito guloso, o toque de calda de fruta está presente em dose subtil o que lhe dá um toque ainda mais apetecível, com um ligeiro toque de cremosidade/baunilha que se entrelaça no conjunto.
Boca com entrada de bela estrutura, bem desenhado e apresentado, acidez presente a dar boa dose de frescura que nos guia durante toda a passagem de boca. A fruta marca mais uma vez presença tal como na prova de nariz, bela espacialidade num vinho que dá boas sensações a quem prova. Final de boca com alguma especiaria (pimenta branca) e toque ligeiramente mineral, persistência média.

Colocado ao lado de outros dois exemplares feitos em Portugal (Diga? e Amantis), as semelhanças de aromas dominantes foram de imediato encontradas, pelo que levou a suspeitar que estamos perante um exemplar onde a casta Viognier marca presença, aqui mais uma vez o contra rótulo em nada ajuda, digamos que a prova pode ser muito bem cega.
É um vinho que nos remete para outras paragens face à faceta mais exótica que apresenta, um vinho diferente e a destacar-se dos restantes vinhos da planície. O preço consegue ser uma surpresa na mais positiva maneira de o dizer, pois ronda os 7-8€ em garrafeira.
16,5

14 janeiro 2008

Esporão Reserva branco 2004

É perto de Reguengos de Monsaraz que fica situada a Herdade do Esporão, um produtor que dispensa grandes apresentações face a uma posição de elevado e reconhecido prestígio junto dos consumidores.
O vinho escolhido é um Esporão Reserva branco da colheita de 2004, continuo a gostar mais dos vinhos deste produtor já com algum tempo de descanso na rolha, o que inclui também os Reserva na sua versão clara, pois sou da opinião que quando entram no mercado ainda se encontram algo nervosos. É uma questão de gostos, mas uma coisa é certa, está provado em mais que uma prova que estes brancos sabem evoluir bem em garrafa e que chegam a dar grandes alegrias a quem sabe e consegue esperar. Afinal de contas, a paciência é uma virtude.

Esporão Reserva branco 2004
Castas: Roupeiro, Arinto e Antão Vaz - Estágio: 6 meses barrica carvalho americano - 14% Vol.

Tonalidade amarelo dourado de média concentração
Nariz de média intensidade, boa complexidade a indicar que temos um vinho que mostra sinais de boa evolução na garrafa, fruta madura de apontamentos tropicais com alguma calda presente, sente-se ligeira untuosidade com frutos secos torrados e baunilha em segundo plano. O conjunto ainda está em forma, sente-se vigor e alguma frescura, talvez fosse mais enquanto jovem. No final apresenta um ligeiro apontamento a lembrar notas petroladas leves e que não chegam a incomodar.
Boca de entrada com ligeira frescura, bela espacialidade com estrutura muito bem delineada. Tudo muito aprumado, fruta tropical presente com toque de amanteigado, recorda ainda alguma pimenta branca com floral tímido. Final de persistência média onde tudo aparece em plena harmonia.

Como foi indicado, o vinho soube evoluir de maneira positiva, mostrou sinais de refinamento e acalmia, mais e melhor conjugação de aromas e complexidade fina e delicada. Perdeu um pouco da acidez que tinham enquanto jovem, mas ganhou com isso mais maturidade e mais discernimento naquilo que mostra durante toda a sua passagem pelo copo. Está num momento alto da sua forma não devendo ser descuidado o seu consumo para mais tarde. Outras colheitas provadas: 2001
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11 janeiro 2008

Herdade dos Grous Reserva branco 2006

Em prova temos o mais recente vinho branco deste produtor situado perto da Albernoa (Baixo Alentejo perto de Beja).
O facto é que a Herdade dos Grous desde que começou a lançar vinhos para o mercado, não pára de surpreender o consumidor com novidades, e este Reserva branco é uma delas, visto ser o primeiro Reserva branco deste produtor a sair para o mercado.

Herdade dos Grous Reserva Branco 2006
Castas: Antão Vaz - Estágio: fermentação em carvalho francês e húngaro - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo dourado de concentração média
Nariz com aroma marcado inicialmente pela madeira, baunilha e torrado que dão a sensação de untuosidade e algum corpo, como que a taparem ligeiramente a fruta já bem característica da Antão Vaz que se mostra madura e de bom nível. Tudo sereno sem grandes reviravoltas, frescura que se mexe nas entrelinhas com brisa floral ainda que suave, presente num conjunto de mediana complexidade.
Boca com entrada redonda e harmoniosa, sem grandes complexidades consegue mostrar boa espacialidade, alguma fruta tropical com pêssego pelo meio, no fundo mineralidade ligeira contracena com toque de untuosidade. A madeira está presente e em melhor sintonia com a fruta do que na prova de nariz, com uma acidez que guia do início ao fim a passagem de boca. Final de de média persistência com recordação de fruto seco torrado.

Uma estreia promissora, que aponta directamente para a linha da frente dos brancos do Alentejo. Por agora tem a madeira a dominar o nariz. No combito geral tem matéria suficiente que o fazem prometer boa evolução em cave, pelo que vale a pena ir acompanhando a sua evolução durante os próximos tempos. O preço rondou os 12€.
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Quinta da Bacalhoa Branco 2006

A Quinta da Bacalhôa, localizada nas meias-encostas de Azeitão é propriedade da Bacalhôa Vinhos de Portugal, existe desde o século XV. Foi aqui que em 1974 o então proprietário Thomas Scoville e António Avillez, plantaram as primeiras vinhas de Cabernet Sauvignon e Merlot, que viriam a dar origem em 1979 à primeira colheita do famoso Quinta da Bacalhôa, o primeiro varietal Cabernet Sauvignon a ganhar fama e prestígio em Portugal.
Foi chegada a altura de lançar o homónimo do tinto, o Quinta da Bacalhôa branco, resultante das castas que a empresa plantou na região em 2003.

Quinta da Bacalhoa Branco 2006
Castas: sémillon (50%), alvarinho (25%) e sauvignon blanc (25%) - Estágio: 6 meses barricas novas de carvalho francês - 14% Vol.

Tonalidade dourado de média intensidade
Nariz com aroma de intensidade mediana, sem grandes destaques ou exuberâncias, o que de certa maneira seria de esperar face ao conjunto de castas que dele fazem parte. Nota-se bom entendimento entre madeira (tosta ligeira) e fruta madura, com destaque para pêra, maçã, citrino e ligeiro toque de manga. Segundo plano composto por ligeiro vegetal (relva fresca) e floral. Sem mostrar grande expressão fico algo curto de horizontes.
Boca com boa entrada, frescura presente com fruta tropical, pêra, citrinos e algum vegetal presente. Apesar da elegância que mostra, perde-se um bocado na prova de boca, a madeira tem boa integração com a fruta mas o vinho é parco no espaço que ocupa, dando uma prova algo delgada e com persistência final média/baixa.

São cerca de 8.000 garrafas com um preço que ronda os 15€ em garrafeira, o que de certo modo se revela um preço alto para a qualidade oferecida.
15,5

09 janeiro 2008

Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2001

A colecção Reserva Pessoal, do produtor Alves de Sousa, nasceu como uma procura das diferentes expressões possíveis do terroir Gaivosa. E se a nível de tintos se descobriu "a outra face da Quinta", com os brancos...
Bom, com os brancos a vontade de criar algo verdadeiramente novo impôs-se. Este vinho foi feito seguindo o conceito de concentração e longa maceração, com a selecção das uvas das vinhas velhas da Quinta da Gaivosa. É um vinho raro, mesmo na sua personalidade.
É com esta maneira que se apresenta este vinho a quem o prova:

Alves de Sousa Reserva Pessoal Branco 2001
Castas: Gouveio, Malvasia Fina, Viosinho e outras provenientes de vinhas com mais de 80 anos - Estágio: 12 Meses em barricas novas de carvalho francês mais 12 Meses período mínimo em garrafa - 14,2% Vol.

Tonalidade a recordar latão polido com laivo dourado.
Nariz que nos mostrar desde o primeiro impacto um vinho diferente, original e que nos mostra acima de tudo grande qualidade e complexidade de aromas. Um terroir que se exprime da melhor maneira, com resinas em primeiro plano que se dissipam e dão lugar a fruta bem madura, já marcada pelo toque de geleia fresca. Contrapõe-se a tudo isto um toque floral de boa intensidade, acompanhado de mel/açúcar queimado que lhe dá uma vertente de ligeiro doce no nariz. Mostra em fundo um surgimento de notas petroladas que se misturam com ervas de cheiro.
Boca a mostrar um vinho em plena forma, complexidade assegurada por uma acidez presente e que dá frescura muito agradável a percorrer todo o palato, com bela espacialidade e em vez alguma denota fraqueza. Mineral, esteva/resina, fruta bem madura com toque de mel. Consegue manter-se durante toda a refeição mesmo depois de decantado, com final de boca médio/longo.

Um vinho que inicialmente pode causar transtorno e grande surpresa pela sua tonalidade, deslumbra e conquista pela envolvência que consegue criar junto de quem o prova. No nariz é um estímulo, na boca um desafio, um vinho distinto e que merece ser conhecido, divulgado e provado. Colheitas já provadas: 2003
17,5

08 janeiro 2008

Jaboulet Crozes Hermitage Cuvée Spéciale Vieilles Vignes 1996

O próximo vinho em prova vem de França, mais propriamente das Côtes du Rhône, sub-região Crozes Hermitage.
Situada na zona Norte do Rhône, tem uma área de 1428ha e situa-se na margem esquerda, os encepamentos são Syrah para os tintos (eventualmente com um 15% máximo de Marsanne ou de Roussanne) e nas brancas Marsanne e Rousanne.
A história do produtor Maison Paul Jaboulet Aîné remonta ao ano de 1834 quando, Antoine Jaboulet começou a trabalhar a terra naquela região. A produção de vinho vem desde então e perpetuou-se aos seus filhos, Paul e Henri, sendo Paul o responsável por dar o nome à empresa.
Um produtor responsável por vinho míticos onde brilha o vinho insígnia desta casa, o Hermitage La Chapelle.
O vinho em prova é fruto de uma cuvée única, feita pelo produtor para celebrar a passagem ao 3º Milénio, um vinho originário das mais velhas vinhas Syrah (40 a 60 anos) que o produtor tem nesta região, na sua maioria provenientes do Domaine de Thalabert.

Jaboulet Crozes Hermitage Cuvée Spéciale Vieilles Vignes 1996

Tonalidade ruby de média concentração, limpo e com rebordo ligeiramente laranja
Nariz a mostrar inicialmente um vinho a precisar de algum tempo para se arranjar no copo, algum animal a carne fumada. Feita a sua vontade foi-se seguindo a sua evolução que diga-se de passagem foi bastante positiva. Desprendeu e abrilhantou com um bouquet de boa complexidade, sem se sentir grande concentração de aromas antes joga no plano fino e equilibrado. Fruta madura (bagas) acompanhada por ligeira geleia, especiarias e toque terroso. Completa-se com toque a lembrar cogumelos e tabaco seco em fundo, sempre com uma fina frescura que o percorre de inicio ao fim.
Boca com entrada fresca, a mesma frescura que consegue ser fio condutor, estrutura em boa forma com mineral e fruta a darem seguimento a suave cacau. Finura de conjunto, segue o mesmo guião que apresentou no nariz, nada se desmarca apenas destaca a completa harmonia de conjunto. Especiaria com toque vegetal seco e algum mineral em final de boca médio.

Temos um vinho que sem deslumbramentos consegue mostrar-se em muito bom nível, um syrah longe daquilo que estamos acostumados a encontrar em Portugal, a sua forma indica um vinho que apesar da idade se mostra pronto a dar uma prova diferente e cheia de qualidade. Mais uma vez conseguiu manter-se durante todo o jantar sem cambalear. O preço rondou os 27€,
16,5

Dois Guias para 2008

Nos dias de hoje a oferta no que toca a Guias de Vinho é ampla e adequada a todos os gostos, são vários os autores dos mesmos, capaz de atrair mais ou menos quem os lê e procura. Tudo isto depende essencialmente se quem compra e lê (consumidor) se sentir identificado com a maneira de escrever do autor do guia, tal como a prova de um vinho é subjectiva na sua análise e classificação, o mesmo acontece ao apreciar um guia.

O primeiro guia para 2008 aqui colocado foi o Vinhos de Portugal 2008 de João Paulo Martins, dando agora lugar a mais dois guias, que se tornaram compras obrigatórias:

Guia de Compras - Vinhos Portugueses e Estrangeiros disponíveis em Portugal 2008
É o guia anual da responsabilidade da Revista de Vinhos, vai na oitava edição e tem como objectivo o de ajudar o consumidor no acto da compra (penso que este é o objectivo de todos os guias).
É um Guia de fácil consulta, basicamente é um anuário pois resume-se a uma compilação das provas realizadas pela Revista de Vinhos no ano de 2007.
Vem incluido na edição de Dezembro da Revista de Vinhos e pode ser comprado em separado.



240 Melhores Vinhos para 2008
Guia da autoria de Aníbal Coutinho, que já tem sido referenciado aqui no Copo de 3 em anteriores anos. Este ano foram 240 os vinhos que em prova passaram a fasquia dos 84 pontos e tiveram direito a aparecer no Guia.
Tem como extra o facto de aliar a Gastronomia a determinados vinhos, onde dois chefes convidados fazem as respectivas ligações eno-gastronómicas, este ano temos o chefe Ljubomir Stanisic e o chefe Marco Gomes.
O detalhe que falta, e que já fez parte de alguns guias anteriores, seria a meu ver estender novamente as ligações Eno-Gastronómicas a todos os vinhos provados.
Foi colocado à venda dia 22 de Dezembro por 4,90€

01 janeiro 2008

Brindemos a 2008

O ano de 2007 chegou ao fim como todas as coisas chegam ao fim do seu ciclo, fechou portas e deu lugar a um novo 2008 cheio de vida pela frente, é nesta altura em que este projecto caminha para o seu terceiro ano de vida que se deve fazer um pequeno balanço do ano que passou.

Digamos que foi um ano em grande para o Copo de 3, o número de visitas passou as 150.000, com uma média acima das 4000 visitas por mês, o blog completa mais um ano de vida cheio de vivacidade. São mais de 500 vinhos já provados onde apenas em 2007 o número de provas afixadas passou dos 200 vinhos. Mais um ano em que se marcou presença nos eventos dedicados ao vinho, o 1º Encontro de Eno-Blogs, um convite muito especial para um Almoço em Magnum, Douro Wine Show e sem esquecer a presença no Jantar da Entrega de Prémios da Revista de Vinhos.
Apareceram novos blogs dedicados ao mundo do vinho, o que é sempre uma boa notícia, e assistimos ao desaparecimento do grupo Os5as8 para o surgimento de dois novos projectos em separado.
O Copo de 3 realizou ainda um evento dedicado ao vinho, Vinum Callipole 2007, reunindo 16 produtores representativos de quase todas as zonas produtoras, que deram a conhecer os seus vinhos aos cerca de 150 visitantes que se deslocaram ao local.

No que toca a vinhos, constata-se que nunca Portugal teve tanto vinho branco de qualidade como nos dias de hoje. Mesmo para os mais distraidos é fácil constatar que os vinhos brancos em Portugal deram um salto qualitativo muito grande nos últimos anos, levando muitos produtores a lamentarem terem arrancado vinha que hoje em dia seria muito apetecível face aos pedidos dos consumidores no que toca a vinho branco.
Mas se por um lado temos vinhos brancos de elevada qualidade feitos a partir de castas estrangeiras, também é verdade que não deixamos de lado as nossas castas e se aposta cada vez mais e melhor nas mesmas.
É bom saber que se podem fazer bons vinhos de Viognier, Semillon, Chardonay ou Sauvignon Blanc em Portugal, mas que se continua a apostar forte nas nossas castas, Rabigato, Antão Vaz, Arinto, Alvarinho, Encruzado... elevam ao mais alto o nome de Portugal e dão ao consumidor estrangeiro um novo alento e um novo sentido de descoberta na altura da sua prova.

Deixo apenas uma breve opinião sobre cada uma das zonas produtoras mais representativas nos vinhos provados durante 2007.

Douro
É de destacar mais uma vez a elevada qualidade dos vinhos de topo que surgem nesta zona, foi um lento despertar por volta do ano 1999 que começou a lançar para o mercado os primeiros topos de gama que hoje em dia já se tornaram referências em qualquer garrafeira.

O destaque é mais que merecido, tal como o reconhecimento dado pela crítica estrangeira e nacional, depois das colheitas de 2003 e 2004 se afirmarem de grande qualidade, a de 2005 ainda se veio afirmar como melhor e prometendo mais e melhores vinhos, resta esperar os frutos de 2006, enquanto por agora se começam a provar os 2005.
Curiosamente nota-se uma região onde alguns vinhos apenas por ostentar o nome Douro custam mais do que conseguem mostrar no copo ou mesmo na garrafeira, esta onda de «loucura» não é exclusiva do Douro, também se verifica noutras zonas. Será que vamos continuar a ter um Douro refém dos topos de gama ?

Minho
Merecido destaque mais uma vez para a qualidade dos Alvarinhos que em grande estilo mostraram mais uma vez o seu real valor.
Foram vários os Alvarinhos provados pelo Copo de 3 durante o ano de 2007, a qualidade mais uma vez mostrou-se muito bem, com a colheita 2006 a mostrar-se um pouco abaixo da 2005 (o clima tem aqui toda a culpa).

Dão
Uma região que tem vindo a rejuvenescer a olhos vistos, surgem novos produtores com vinhos de alta qualidade com preços mais que adequados, fazendo as delícias de quem os prova, numa das regiões com melhores relação preço/qualidade.

Durante 2007 tivemos vário produtores a destacarem-se nesta região, dando merecido destaque para a Quinta das Marias que com os seus brancos 2006 e tintos 2005 conquistou um lugar de eleição junto dos apreciadores mais atentos.

Bairrada/Beiras
T
emos com destaque mais que merecido e já habitual, o produtor Campolargo, um dos mais irrequietos e inovadores produtores de Portugal.
Não foram muitos os vinhos provados provenientes destas zonas, talvez fruto de um centrar de holofotes para outras marcas de outras zonas. Fica a vontade de desbravar o complexo mundo das Beiras Bairradinas em 2008.

Estremadura e Ribatejo
Duas regiões das quais o Copo de 3 tem andado algo arredado nos últimos tempos. Delas fazem parte nomes incontornáveis da produção nacional, alguns já provados no Copo de 3 e que merecem prova atenta neste 2008.
Entretanto fala-se me fusão das duas CVR e ao surgimento da CVR LISBOA. Aguardemos então por novidades, nós por cá como prometido vamos dar mais atenção a estas duas zonas.

Terras do Sado
Em termos de novos produtores pouco ou nada a acrescentar, depois do aparecimento de um dos produtores que já considerei como revelação, Herdade do Portocarro, outros produtores que destaco são a Quinta de Alcube com dois colheita tardia muito interessantes. Não tendo surgido novos produtores nada impede que os vinhos que por eles são produzidos sejam capazes de conquistar mesas e corações de quem os prova.

Alentejo
Aqui no que toca a novidades, a máquina continua a todo o vapor, novos produtores com novos vinhos surgem a alto ritmo, a aptidão da zona para castas estrangeiras está mais que demonstrada (Pinot Noir, Petit Verdot, Viognier ou Semillon são bons exemplos), destaque para a consolidação e afirmação de nomes como Herdade dos Grous, Malhadinha, Zambujeiro, Dona Maria, Azamor, Herdade das Servas...
Por outro lado a afirmação cada vez maior da casta Alicante Bouschet nos vinhos do Alentejo, talvez esta seja A CASTA por excelência nesta região e que começa a ser alvo de maiores atenções, em vez de um constante massacre de Touriga Nacional, que parece quase presença obrigatória em todos os vinhos.

Espanha, França e outros...
Nem tudo o que vem de fora é melhor que o que se faz em Portugal, como seria de esperar o bom e o mau moram em todo o lado e não são exclusivos de locais específicos. Por esta razão os vinhos apresentados nem sempre correspondem aos padrões de qualidade que se seria de esperar, deixando como é óbvio sempre algumas surpresas guardadas.
Convém aqui destacar apenas aqueles vinhos que muitas vezes se olham com vontade de provar mas quase sempre sem muita carteira para tal, visto os elevados preços que os vinhos de alta qualidade costumam ostentar nas prateleiras. Curiosamente preços que se começam a verificar nos vinhos de Portugal e que muitas vezes não se justificam.

Para finalizar resta-me desejar a todas as pessoas que visitam o Copo de 3 um 2008 cheio de saúde e boas provas, ficando a promessa que para 2008 vamos ter novo Vinum Callipole.
 
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