21 maio 2014
15 maio 2014
Independent Winegrowers’s Association, uma década ao sabor da excelência
O grupo de amigos, composto por Luís Lourenço (Quinta dos Roques – Dão), Luís Pato (Luís Pato Wines – Bairrada), Pedro Araújo (Quinta do Ameal – Vinhos Verdes), João Pedro Araújo (Casa de Cello – Vinhos Verdes/Dão) e Domingos Alves de Sousa (Alves de Sousa – Douro) decidiu criar um grupo (IWA) com o objectivo de fazer uma promoção conjunta em mercados externos. Todos eles são bons exemplos de produtores de excelência, com carácter vincado e cujos vinhos são fiéis às regiões que representam.
A IWA comemorou no passado dia 10 de Maio o seu 10º Aniversário. A reunião anual teve lugar em Lisboa, tendo sido apresentadas as últimas novidades a lançar para o mercado. Foi um grande privilégio poder provar numa só tarde o que de melhor Portugal (ou parte dele) tem para oferecer.
Uma viagem em formato de prova que começou na região dos Vinhos Verdes, desde a mineralidade vincada dos SanJoanne da Casa de Cello aos perfumes e encantos dos Loureiro da Quinta do Ameal. Descendo um pouco entramos nas terras do Douro com os Alves de Sousa, vinhos terrosos e vincados pelo terroir, como o Quinta da Gaivosa ou o Abandonado, perdidos no tempo como o fabuloso Porto Tawny 20 Anos.
É da região do Dão que nos chegam os Quinta dos Roques que nos acariciam o palato com a seda vermelha do Roques Garrafeira ou com a suculenta frescura da fruta vermelha do Roques Reserva. Ainda no Dão e sem ficar esquecido, o Superior da Quinta da Vegia mostra toda a beleza da região no copo e ao seu lado o Vegia Reserva, mais austero e pronto para as curvas do tempo. A jornada termina na Bairrada, onde Luís Pato nos brinda com uma Baga de referência, proveniente da Vinha Barrosa ou com a delicadeza e os encantos que o branco da Vinha Formal promete revelar com o tempo.
No fim ao olhar para o trajeto percorrido e para o que foi provado, ficamos com a convicção de que provámos vinhos de grande qualidade que merecem ser conhecidos, capazes de brilhar muito alto em qualquer parte do mundo. A jeito comemorativo lançaram um branco no qual foram utilizadas castas brancas, uma por cada produtor. Dessa forma o lote de nome LARBE (Loureiro, Alvarinho, Rabigato, Bical e Encruzado) que deu origem a 1200 garrafas. Vinho delicado, com frescura e boa complexidade, onde se sente uma vontade de crescer em garrafa. Boa mineralidade na boca com presença de frescura e cocktail de fruta.
13 maio 2014
Quinta do Corujão Reserva 2008
Enquanto escrevo estas linhas convém relembrar que estes vinhos deixaram de existir, na realidade desapareceram na mesma penumbra que sempre os envolveu. Falados por alguns, bebidos por outros, os Corujão nunca foram presas fáceis de encontrar, sempre que tive oportunidade de os beber foram servidos com a reverência que exigiam pela grandiosidade que por vezes conseguiram alcançar. Depois voltavam a ficar envoltos na penumbra da Serra e desapareciam, consumidos num quase culto de exclusividade que não convinha dar muito a conhecer, acabou por finar nas mãos dos que o adoraram quase sempre em segredo. Não deixa de ser curioso que apenas quando as vinhas foram arrendadas a um grupo de produtores do Douro os últimos exemplares tal como este Reserva 2008 surgiram um pouco por todo o lado, até mesmo o novo Quinta do Corujão que nada tem a ver já se mostrou em prateleiras de grandes superfícies.
O vinho todo ele merece um forte elogio, até pelos 5€ que custou, pela maneira elegante e desempoeirada como se mostra, tem brio, tem alma e vontade de agradar. Não sai fora da estrada da região, seja em aromas ou sabores característicos do Dão, terroso e especiado com fruta gorda muito fresca e limpa. Sente-se estrutura, firme com sabor vincado suportado por uma bela acidez. No fundo boa dose de secura, com nervo, mostra seriedade e promete boa evolução em garrafa. Servido com um pernil de porco no forno fez as delícias dos que estavam à mesa. 91 pts
07 maio 2014
Pelo Reino da Ramisco
Adega Regional de Colares - Tonéis |
A história do vinho de Colares é longa e perde-se nas páginas do tempo, os seus vinhos ainda hoje fazem parte das memórias dos seus apreciadores e são alvo de procura pelos mais dedicados e curiosos. Na verdade a região simplesmente perdeu o comboio da novidade, caiu no esquecimento com o respectivo abandonar da actividade por parte das gentes locais contribuindo isso em muito para que a quantidade de vinha que existia fosse desaparecendo. Hoje em dia, passo a passo a região começa a despertar por resultado do esforço e dedicação de alguns produtores, para além da Adega Regional o principal centro de vinificação da região ainda se juntam mais dois novos produtores, a Fundação Oriente e o Casal Sta.Maria. Centrando as atenções nos vinhos que são vinificados na Adega Regional de Colares e posteriormente vendidos em bruto e trabalhados nas respectivas adegas dos associados como é caso a Adega Viúva Gomes.
Parte desse esforço, dessa saudável teimosia de revigorar a imagem e qualidade dos vinhos da região tem um rosto, o enólogo Francisco Figueiredo. Mostrando um brilho no olhar quando nos fala da região, dos seus vinhos e em especial da casta Ramisco, aquela que tanto gosto e defende. Foi toda uma manhã que apesar de ter começado chuvosa, se dedicou a explorar a região, os vinhos e as vinhas.
Focando apenas nas vinhas de chão de areia, tivemos a sorte e privilégio de assistir à plantação de uma vinha de Ramisco (foto abaixo) sendo bem visível quer as barreiras em cana que protegem as vinhas dos ventos e da maresia, como nas macieiras anãs, tradicionais companheiras das vinhas de Colares. A proximidade ao mar tem enorme influência nos vinhos: frescura, mineralidade, toque salgado com algum iodo fazem parte dessa diferenciação tão própria da região. Um património tão rico e único, com uma forte componente tradicional a ele associada.
Focando apenas na casta Ramisco, os vinhos a que ali dá origem destacam-se pela tonalidade aberta, pouco concentrados e nos melhores exemplares com longevidade assegurada. Vinhos de enorme elegância, muita harmonia com toque iodado a despertar nos mais longevos, enquanto novos mostram uma frescura muito boa, fruta viva e muito limpa com carga vegetal vincada numa estrutura assente em taninos que lhe garantem boa evolução. Bastante interessante o poder comparar a evolução após respectiva prova directamente da barrica do Ramisco 2011 (o mais aguerrido com carga vegetal e secura vincada) e 2008 (uma delícia de vinho a mostrar uma grande evolução no copo, fruta muito saborosa e fresca com boa estrutura e taninos ligeiramente domesticados) e o já engarrafado 2006 (mais pronto, no entanto também mais polido e delicado que o anterior).
Nas históricas instalações da Adega Viúva Gomes foi preparada uma prova com alguns vinhos memoráveis, um breve apanhado de diferentes colheitas e perfis, sempre desafiantes na altura da prova. Destacaram-se o Viúva Gomes 1999 (12€) cheio de classe e com um bouquet clássico e refinado, quase guloso com uma ponta de hortelã, o Adega Colares 1979 mais sisudo e misterioso embora cheio de vida, toque iodado característico e o mais concentrado de todos, terminando em grande com o Viúva Gomes Collares Reserva 1969 de classe mundial em invejável momento de forma. De realçar que todos os vinhos da Viúva Gomes aqui mencionados estão disponíveis para venda na pitoresca loja do produtor.
Tons de Ramisco (1969 até 2006) |
Deixo para outra altura o relato sobre a Malvasia de Colares e os seus vinhos que também neste dia foram alvo de prova. Os vinhos mostraram na quase totalidade muita saúde e vontade de serem conhecidos, vinhos com muita alma e identidade cuja afirmação e reconhecimento deveria ser uma realidade entre enófilos. A invejável capacidade de brilharem à mesa torna-os em muitos casos demasiado apetecíveis para ficarem "esquecidos".
04 maio 2014
Quinta dos Lobatos 2012
Do Douro com rótulo apelativo chega o Quinta dos Lobatos colheita de 2012, um tinto sobre a alçada da Quinta do Javali. Muito apelativo no copo, aromas concentrados com muita fruta opulenta e em dose de gulodice, alguma compota, estevas, amplo e prazenteiro com ponta de austeridade em fundo. Com peso no palato mas a frescura que tem convida sempre a mais um copo, bem estruturado o suficiente para ser companheiro de pratos de bom condimento como um Steak au poivre. O preço que ronda os 9€ torna-o demasiado atractivo para ficar esquecido no anonimato. 90 pts
Foto & Receita |
02 maio 2014
Ravasqueira Viognier 2010
Foi de uma magnum (1,5L) que jorrou este 2010 que foi o primeiro Viognier lançado no mercado pelo Monte da Ravasqueira. Um vinho que não perde a postura nem o sentido da prova, muito boa frescura com untuosidade proveniente da passagem por barrica e do tempo que já passou por ele e não lhe ter feito grande mossa. Conjunto cheio, direi mesmo rechonchudo com fruta (citrinos, alperce) cheia de sabor, flores, ligeira geleia, herbáceo de fundo. Viognier de sotaque Alentejano com prova de boca elegante, frescura a contrabalançar o peso da fruta, ligeiramente glicérico com muita fruta de caroço, mostra bom nervo que lhe sustem o espírito durante toda a prova. Todo o conjunto mostra vocação para um tempo mais frio, mais Outonal a acompanhar um peixe assado no forno ou carnes brancas. 91 pts
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