No mundo do vinho há casos em que só muito dificilmente não gostamos do que temos no copo... o vinho de que vou falar é um desses casos. Nascido na Quinta do Crasto, o Reserva feito de Vinhas Velhas é um sucesso, a sua produção ultrapassa a centena de milhar, o preço tem sido quase uma constante e bem comprado rondará os 20-25€, valor correto. O vinho em si é todo ele bastante apelativo, pode ser alarmante a facilidade com que cativa os mais incautos e "batidos" nisto das marcas e dos nomes... mas consegue, tem carisma o malandro, charme na goela pela maneira como graceja com a gente. Com o Douro na alma, mostra na sua atitude já os tiques sofisticados da nova era, vinho mais universal e com capacidade de falar outras línguas... perdeu o sotaque, ganhou em visibilidade. É inconfundível e transformou colheita após colheita numa pedra firme no que a qualidade e acima de tudo, consistência diz respeito e que Portugal tem para oferecer dentro e fora de portas.
É com um bom conjunto de aromas a mostrar frescura e complexidade, que nos cumprimenta inicialmente causando imediata empatia com fruta rechonchuda e limpa, madura e fresca, depois a madeira bem integrada a dar todo o amparo. Mais morno no segundo plano, especiaria doce, alguma compota e a sensação de volume e arredondamento, baunilha, chocolate de leite, debita boa quantidade de esteva e violetas, tudo bem acomodado. Embora a complexidade seja satisfatória não atinge um nível de elevada performance, não será vinho de grande guarda ou de grandes tiradas uma vez que lhe falta mais nervura para tal. Na fruta todo ele com boa estrutura, médio corpo, fruta redonda e madura, suculento, especiaria com pimenta preta, muito boa espacialidade a preencher bem o palato com harmonia e macieza, conseguindo mostrar algum peso e frescura. Final de boca de média persistência com rasgos de mineralidade, todo ele bem composto a dar uma prova de qualidade acima da média. 92 pts