Copo de 3: fevereiro 2007

27 fevereiro 2007

PROVA Herdade do Perdigão Reserva 2004

No Alentejo bem perto de Monforte, fica situada a Herdade do Perdigão onde no ano de 1999 saiu a primeira colheita deste vinho e desde essa altura que se afirma como um dos grandes deste nosso Portugal.
Em prova temos o recente Reserva 2004 elaborado pelo enólogo Paulo Laureano.

Herdade do Perdigão Reserva 2004
Castas: Trincadeira(80%), Aragonês(15%) e Cabernet Sauvignon(5%) - Estágio: 18 meses barrica e 12 meses garrafa. 15% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.
Nariz inicialmente a dar conta de um vinho com boa intensidade de aromas, em primeiro temos fruta (vermelha e negra) marca bem presença com recordações de ameixa e frutos do bosque, ligeira percepção de ligeira compota em boa sintonia com aromas derivados do estágio em barrica, baunilha e leve torrado, travo especiado em companhia de balsâmico e ligeiro vegetal em fundo.
Boca de entrada estruturada e ao mesmo tempo a proporcionar certa macieza inicial, fruta bem madura com toque especiado e ligeiro torrado, tudo equilibrado e abraçado por uma frescura bem afinada, boa passagem de boca com notas balsâmicas em segundo plano, sente-se grande harmonia de todo o conjunto em final médio/longo de boa persistência com tudo no seu devido sítio.

É um vinho que dá uma bela prova de nariz, onde o que podemos encontrar é harmonia e finesse e nada de bombas de cheiro ou grandes doses de chocolate e fruta, prima pela elegância e pela boa ligação entre madeira e fruta, o mesmo continua na prova de boca o que torna este vinho um sucesso sempre que é lançado para o mercado. O preço praticado ronda os 25-30€ e é uma aposta segura no que toca a qualidade e capacidade de guarda na garrafeira.
17,5

24 fevereiro 2007

PROVA Herdade do Gamito 2004

Em prova mais uma novidade do Alentejo, desta vez rumamos ao nordeste Alentejano mais propriamente no concelho do Crato, a vila histórica que já foi sede da Ordem de Malta, situando-se a adega bem perto do Mosteiro da Flor da Rosa.
Num total de 24 hectares ficaram instaladas as castas: Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah.
O vinho em prova tem o nome da herdade:

Herdade do Gamito 2004
Castas: Aragonez, Trincadeira, Syrah, Cabernet Sauvignon, Merlot e Alicante Bouschet. - Estágio: 8 meses carvalho francês. - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz com boa intensidade, fruta bem madura com notas de compota, madeira presente com alguns torrados,baunilha e suave cacau de fundo, fumo e alguma baunilha marcam também presença, em segundo plano algum vegetal e especiaria(apimentado) com floral em fundo, tudo isto com ligeira frescura.
Boca com entrada fresca e de corpo mediano, complexidade média com suave percepção de doçura na entrada de boca, frutado com especiado a juntar-se ao conjunto bem equilibrado, toque vegetal em final de boca que acaba com ligeiro pico balsâmico em fim de persistência média.

Para estreia não está nada mal, mostra-se um vinho melhor em nariz que na prova de boca, perde por isso mesmo em complexidade o que se vai reflectir na nota final, é um vinho que se aproxima um pouco do perfil conhecido de tantos outros vinhos já no mercado, o que pelo preço de cerca de 10€ pode não ajudar muito.
15,5

PROVA Terras do Crato 2005

Depois de feita a devida apresentação do produtor e ter provado o Herdade do Gamito 2004, é agora altura de provar o mais recente lançamento deste produtor, o Terras do Crato 2005.

Terras do Crato 2005
Castas: Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon. - Estágio: 8 meses inox e 2 em garrafa.- 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de mediana intensidade.
Nariz a mostrar-se simples e directo durante a prova, não demorando a mostrar o que vale, inicialmente com toque ligeiramente adocicado, vegetal presente em conjunto com a fruta lado a lado, especiado e de ligeiro toque químico em conjunto que se mostra com alguma frescura.
Boca com entrada simples e fresca, frutado com especiaria presente, toque ligeiro de secura vegetal ligeira que não incomoda em conjunto com balsâmico em fundo, vinho leve e equilibrado com final a dar boa persistência.

Um vinho que não consegue fugir de um grande mar de vinhos muito semelhantes entre eles que estão à disposição do consumidor.
14

PROVA Apegadas Quinta Velha Reserva 2004

Em prova mais um vinho do Douro, desde Cidadelhe, mais propriamente da Quinta das Apegadas que já teve em prova no Copo de 3 o seu Apegadas Quinta Velha 2004, chega a vez de ser provado o Quinta Velha Reserva 2004.
Proveniente de uma propriedade centenária, situada na margem direita do Douro, perto da Barragem de Bagaúste, são cerca de 6 hectares de vinhas velhas com a habitual mistura, domina a Touriga Franca, Tinta Barroca, Tinta Roriz e Tinta Amarela. Nos 4 hectares restantes, de vinhas com 9 a 10 anos, encontramos Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, a juntar existem ainda algumas centenas de pés de Códega recentemente plantados.

Apegadas Quinta Velha Reserva 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca, Tinta Barroca, Touriga Nacional entre outras - Estágio: 12 meses carvalho francês - 15% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro mostrando-se muito concentrado.
Nariz inicialmente um pouco fechado de aromas, frutos silvestres (pretos e vermelhos) bem maduros e com presença de ligeira compota, pendor vegetal bafejado com brisa floral de boa intensidade, baunilha dá entrada aos aromas derivados do estágio em barrica que parecem ir aparecendo com o tempo, mas o vinho é para ser apreciado com tempo e não com pressas, caramelo, torrados, tabaco e um punhado de especiarias completam o ramalhete que se vai integrar muito bem com ligeira nota de lúcia-lima, a frescura presente e bem balanceada no perfil de um vinho que mostra ligeiro balsâmico e fumo no final.
Boca a mostrar boa estrutura, suporta com grande serenidade tudo o que foi já dito, macio de início apesar de no final ainda ter alguns taninos por acomodar, fruta madura na passagem de boca com alguma compota, torrados, cacau, tabaco e menta (balsâmico) fecham a prova de boca, ainda a realçar a frescura que acompanha de principio a fim, boa complexidade com final de boca de boa persistência.

Foram produzidas 1800 garrafas a cerca de 18€ cada uma, um vinho que apesar dos seus 15% se notarem muito pouco desde que bebido a uma temperatura entre os 16º-18º se mostra de belo encanto e que merece ser provado desde já ou guardado sem problemas por mais um tempo.
16,5

23 fevereiro 2007

A mesa 81

Da esquerda para a direita: Saca a Rolha, Copo de 3, Pingas no Copo, 4 Vinho a Copo, Vinho da Casa, Que tal o Vinho e Os Vinhos

Penso que já é tempo de fazer uma justa a homenagem à mesa 81, ou seja, ao excelente grupo de amigos que se reuniu no jantar da Revista de Vinhos, como alguém disse é a «massa crítica» dos blogs de vinhos, um grupo que se juntou devido aos blogs pelos quais são responsáveis e onde o factor que os une é o Vinho.
Uma grande noite, uma grande mesa, grandes vinhos mas acima de tudo grandes pessoas... até à próxima.

O Barca Velha também mudou...

Quando eu pensei que o desaire tinha sido apenas na FEA, com a mudança de rótulos, principalmente nos Pêra Manca, ainda pensei pronto isto foi um lapso e as coisas passam com o tempo... vem o Sr. Rolland e mais o marketing e a conversa do costume, olhei para os vinhos míticos como Petrus, Vega Sicília e os mesmos em quase nada mudaram durante anos e anos, e até me servi do exemplo Barca Velha.

Pois hoje perdi o fundamento com o exemplo Barca Velha pois não é que o vinho mudou de rótulo, o mau gosto desta vez instalou-se na Casa Ferreirinha e deu cabo daquela imagem conservadora que eu tanto gostava no conjunto rótulo/garrafa, a coisa já tinha tremido com a mudança da garrafa do Quinta da Leda, dizem que foi por causa de guardar as garrafas nas garrafeiras, essa comigo não pega pois na minha garrafeira nunca tive problemas em colocar as garrafas do Quinta da Leda.
Agora aquele que é um dos mitos cá do burgo mudou de camisola, dizem que foi para uma linha mais homogénea de toda a gama e ficou com um ar de modernidade, mas os vinhos como estes precisam de um ar moderno para quê ?
Na minha opinião ficou mais piroso e mais sem graça, obviamente que o vinho/marca por toda a sua carga histórica não merecia tal coisa, será que o consumidor ganha alguma coisa com estas trocas e baldrocas ? Não se estará a colocar a história de uma marca atrás do puro marketing ? isto é quase o mesmo que mudar a camisola do Benfica para verde.

Resta perguntar qual será o próximo alvo: Duas Quintas ? Mouchão ?

16 fevereiro 2007

Os Melhores do Ano

O evento vínico mais esperado do ano realiza-se hoje no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, o Jantar e Cerimónia de entrega de Prémios para Os Melhores do Ano da Revista de Vinhos onde se inclui a esperada lista dos vinhos de Excelência.

Foi uma grande noite, grande ambiente, grandes vinhos e sobretudo grandes amigos, na mesa 81 digamos a mesa mais animada de todo o jantar, estiveram presentes 4 elementos do Vinho a Copo, o Pedro de Os Vinhos, o Rui Miguel do Pingas no Copo, o Paulo Silva do Vinho da Casa e o Nuno Garcia do Saca a Rolha, e eu do Copo de 3.
A noite era de festa e foi em festa que começou, com uns aperitivos acompanhados por alguns dos melhores espumantes e alvarinhos que se fazem em Portugal, seguindo-se o jantar com as entregas de prémios.
Posso adiantar que a mesa 81 foi sem dúvida a mesa de Excelência do jantar, e constantemente assediada por algumas altas individualidades tal a qualidade dos vinhos escolhidos por aquele circulo de amigos, assim que me lembre estavam Abandonado 2004 só eu sei o trabalho que deu em arranjar a garrafa, Pintas 2004, Redoma Reserva Branco 2005, Pancas Premium 2003, Monte d´Oiro Reserva 2003, Bacalhoa Moscatel Roxo 1997, Esporão Private Selection 2003, Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador Tinto 2004, Marques Borba Reserva 2003, Leo Donor 2003, Quinta do Mouro 2002, Herdade do Perdigão 2004 Reserva, Herdade dos Grous 2005 Reserva e Hexagon 2003.
PS: Ir ao Porto e não entrar um vintage para a sobremesa foi algo que ficou em falta, mas em falta geral porque nem as vimos...

No que toca a prémios:

Vinhos de Excelência:
Espumante Murganheira Vintage 2002
Muros de Melgaço 2005
Redoma Reserva Branco 2005
Abandonado 2004
Barca Velha 1999
Batuta 2004
Charme 2004
CV 2004
Pintas 2004
Vinha da Ponte 2004
Vale Meão 2004
Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador Tinto 2004
Quinta Foz Arouce VV Santa Maria 2003
Pancas Premium 2003
Leo D´Honor 2003
Hexagon 2003
Marques de Borba Reserva 2003
Esporão Private Selection Tinto 2003
Torre do Esporão 2004
Herdade dos Grous Reserva 2005
Pera Manca Tinto 2003
Herdade do Perdigão Reserva 2004
Quinta do Mouro 2003
Dourat 2003
JMF Moscatel Roxo 1971
Dom Rozés 40 anos
Krohn 1966
Blandy Bual 1948

Os restantes prémio foram:
Produtor Revelação - Altas Quintas
Produtor do Ano - Domingos Alves de Sousa
Enólogo do Ano - Luis Duarte
Técnico de Viticultura do Ano - Equipa da Real Companhia Velha
Empresa do Ano Vinhos Generosos - Bacalhoa Vinhos
Enólogo do Ano Vinhos Generosos - Peter e Charles Symimgton
Adega Cooperativa do Ano - Cooperativa de Santo Isidro de Pegões
Organização Vitivinícola do Ano - Instituto Superior de Agronomia
Enoturismo do Ano - Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo
Garrafeira do Ano - Garrafeira Veneza
Escanção do Ano - Licinio Carnaz
Restaurante do Ano - Amadeus
Restaurante do Ano Gastronomia Portuguesa - O Galito
Prémio Especial de Gastronomia - José Quitério
Prémio Especial de Carreira Senhor do Vinho - José Casais


Resta-me dar os parabéns a toda a equipa da Revista dos Vinhos pela excelente noite que nos proporcionou e que continue em grande por muitos e longos anos.

PROVA Basangus 2001

Na antiguidade Badajoz era chamada de Basangus ou Terra de Vides, o nome era devido ao vinhedos que já existiam nessa altura, este vinho invoca as memórias antigas e tenta colocar os vinhos da Estremadura Espanhola no Mundo.

Basangus 2001
Castas: 100% Tempranillo - Estágio: 16 meses em depósito e 10 meses carvalho Allier - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/baixa.
Nariz com aroma inicialmente escondido a precisar de algum tempo para acordar, notas de madeira surgem com alguma baunilha, charuto, tudo a mostrar uma complexidade mediana sem grande profundidade, a fruta vermelha com ligeira compota de morango e groselha, aparece em mistura com vegetal/floral de segundo plano, lá no fundo aparece um toque licoroso acompanhado de frescura que envolve todo o conjunto.
Boca com entrada de ligeira doçura, redondo e macio, a revelar uma boa estrutura, capaz de aguentar o vinho de principio ao fim, apesar da sua pouca complexidade em que o perfil é mais pela elegância e suavidade, bela passagem de boca com frescura presente.
Não é pastoso nem enche a boca, apesar de tudo torna-se bastante harmonioso e de finesse entre fruta e madeira, o final é de persistência média.

Sem ser um dos grandes Tempranillos de Espanha, é claramente um dos mais felizes exemplares da Ribera del Guadiana, o preço rondou os 9€ e revela-se uma aposta ganha.
16

14 fevereiro 2007

PROVA Vinhos Comenda Grande

Comenda: benefício que antigamente era concedido a eclesiásticos e a cavaleiros de ordens militares (Ordem de Malta, Templários...), mas que atualmente costuma designar apenas uma distinção puramente honorífica. No passado, podia remeter ainda a uma porção de terra doada oficialmente como recompensa por serviços prestados, ficando o beneficiado com a obrigação de defendê-la de malfeitores e inimigos.

A Comenda que venho falar situa-se perto de Arraiolos, vila famosa pelos seus magníficos tapetes mas também nos dias que correm pela qualidade dos vinhos que vê nascer, vinhos que dignificam a terra e as gentes, mas é mais propriamente em Vale do Pereiro, que se encontra o Monte da Comenda Grande de onde saem os vinhos Comenda Grande, nos cerca de 30 ha reinam nas castas tintas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Syrah, Alfrocheiro e Tinta Caiada, e nas castas brancas: Antão Vaz, Arinto e Verdelho.
Os responsáveis pelos vinhos é a dupla bem conhecida de outras paragens e que tanto sucesso já teve no passado, Professor Francisco Colaço do Rosário e o Eng. Francisco Pimenta, e a ver pelos resultados promete bastante:

Comenda Grande Tinto 2004
Castas: Trincadeira, Alicante Bouschet e Aragonês - Estágio: 1 ano em barricas novas e 6 meses de garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz a mostrar-se de boa intensidade, após um ligeiro químico que desaparece passado algum tempo o aroma rapidamente nos cativa e prende a atenção, ainda bem porque gosto sempre de vinhos que me digam algo de novo, aqui nota-se uma brisa morna e bem harmoniosa com notas de fruta fresca, compota ligeira, bem colocadas ao lado de notas de baunilha, elegante torrado que não se sobrepõe à fruta, tabaco, chocolate de leite, pitada de especiarias em floral de segundo plano com brisa fresca a dar frescura ao todo.
Boca de estrutura mediana, mostrando-se afinado e muito elegante, dá uma bela passagem de boca, macio e arredondado, fruto bem maduro com alguma especiaria, o final de boca médio e de boa persistência, mostra presença de alguns taninos ainda por sentar mas que com mais algum tempo acabam por encontrar o seu lugar.

Com um preço a rondar os 8€ é um vinho que deu uma bela prova, servido a uma temperatura de 16º foi acompanhada a sua evolução até aos 18º onde se revelou no seu melhor, tudo em grande forma e com notável qualidade, uma entrada com o pé direito de um novo produtor rodeado por uma equipa de luxo, que já deu provas da sua capacidade de produzir belos vinhos... este é mais um deles.
16,5

Comenda Grande Branco 2005
Castas: Antão Vaz, Arinto e Verdelho - Estágio: inox - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve reflexo dourado.
Nariz de boa intensidade com a frescura a dar presença imediata seguida de aromas cítricos (limão, toranja) e tropical com apontamento para ananás e anona bem maduras, lembra ainda alguma erva com componente floral muito sumida no fundo e acabamento de leve mineral.
Boca com boa entrada, boa estrutura com acidez presente a dar frescura de bom nível ao conjunto com alguma elegância, toque cítrico e algum vegetal, final de boca médio de boa persistência em companhia mineral.

Um vinho em que ao par mais famoso dos brancos Alentejanos se juntou a casta Verdelho, o conjunto não se mostra muito complexo nem exuberante, mas mostrou-se afinado e a dar uma prova agradável, tendo sido provado a uma temperatura de 10ºC que se revelou bastante acertada, o preço ronda os 6€
15

12 fevereiro 2007

PROVA Muxagat vinhos...

No concelho de Vila Nova de Foz Côa situa-se a vila de Muxagata, nome este que resulta da junção dos elementos do brasão da mesma, (O Mocho e a Gata), nome que evoluiu para Muxagata.
Foi este o local escolhido por Mateus Nicolau de Almeida para fazer os vinhos Muxagat.
Aqui em prova a sua versão branco e os tintos 2003 e o recente 2004:

Muxagat Branco 2005
Castas: Rabigato entre outras - Estágio: parte em barrica nova de carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de leve dourado e mediana concentração.
Nariz de boa intensidade a revelar frescura logo de início, a fruta madura marca presença com toques citrinos, maçã verde e ligeiro fruto tropical, boa ligação com baunilha e torrado da barrica, floral de segundo plano com recordação herbácea, de destacar toque mineral bem presente no conjunto.
Boca a mostrar-se bem estruturada, acidez marcante durante toda a prova mas sem ser mordente, boa frescura de conjunto, fruto presente em boa dose, mineralidade em bom destaque com final médio/longo de boa recordação.

Um vinho que ganha claramente em nariz e perde algo na boca, a destacar uma bela acidez em conjunto com uma mineralidade que invoca o Vale do Côa.
Com um preço a rondar os 8€ é um vinho bastante bem feito e a dar prazer durante a sua prova, uma aposta a conhecer.
15,5

Muxagat 2003
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional,
Tinto Cão e Tinta Roriz - Estágio: carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de boa intensidade e concentração média.
Nariz de boa intensidade e complexidade, químico e vegetal de início com fruta mais escondida, com o tempo liberta-se a fruta vermelha e negra com boas notas de maturação e frescura, conjunto de torrado leve com fumo, caramelo de leite, uma mão de especiarias apesar de o suave vegetal se passear no copo durante toda a prova, o lado balsâmico ainda se mostra mas em plano discreto com um resultado final de boa harmonia entre madeira e fruta.
Boca com estrutura bem presente, sólido e consistente naquilo que nos apresenta, frescura presente de braço dado com a fruta bem madura, entrada macia, suave na passagem de boca que termina com uma ligeira secura vegetal que em nada incomoda, torrado e cacau fazem as honras finais com persistência final de bom ligeiro recorte balsâmico.

Um vinho muito afinado, com tudo no seu sítio e em grande forma, foge dos exageros de outros vinhos do Douro, com um preço a rondar os 11€ é um vinho que dá uma prova bastante agradável.
16

Muxagat 2004
Castas:
Touriga Nacional, Tinta Cão, Tinta roriz e Touriga Franca - Estágio: 1 ano de barrica de carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de boa tonalidade e concentração média/alta.
Nariz a mostrar boa intensidade, com mais fruta em destaque que na versão anterior, surge ligeiro floral com balsâmico em destaque de 2º plano, harmonia com notas de barrica, destaque para baunilha e fumo, com uma frescura a dominar o conjunto, sendo o resultado bastante apelativo.
Boca bem estruturada, o conjunto não se mostra tão sólido como o anterior, macio na entrada e na passagem de boca, a frescura está mais uma vez bem integrada no vinho, a acidez marca a sua presença em muito bom nível, algum toque herbáceo no final com final de persistência média/alta acompanhado de algum balsâmico de bom tom.

O resultado deste conjunto é um pouco diferente do 2003, apesar de se conseguir encontrar um fio condutor no perfil dos dois vinhos, este segue o bom nível da colheita anterior, o preço ronda os 15€.
16

08 fevereiro 2007

PROVA Pequeno João 2005

Da Herdade da Malhadinha Nova sai pelo segundo ano este Pequeno João, um nome dedicado ao mais jovem elemento da família, o João Maria, mais uma vez o rótulo transpira inovação como todos os desta casa o que é de aplaudir.

Pequeno João 2005
Castas: Cabernet Sauvignon, Aragonês e Syrah - Estágio: 12 meses em barricas novas de carvalho francês - 15% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração alta.
Aroma de intensidade média/alta a dar logo uma sensação de envolvência no nariz e a mostrar alguma complexidade, fruta preta e vermelha bem madura com alguma compota, toque especiado em ligação com notas de estágio em barrica, torrado, café, fumo e tabaco, parece que tudo está colocado dentro de uma pequena caixa onde tudo está junto e bem aconchegado, a frescura dá sinal de estar presente e de mão dada com uma gota de doçura, notas vegetais de fundo com recordação balsâmica muito ligeira.
Boca bem estruturada com entrada suave, de alguma macieza e mostrando-se harmoniosa, sensação de doce que rebate com acidez a dar boa frescura na passagem de boca, especiarias, e café torrado com chocolate preto em segundo plano marcam o final de boca com uma bela persistência final.

Um João Pequeno ao belo estilo da floresta de Sherwood, onde de pequeno apenas tem a garrafa onde foi colocado, pois de resto tem tudo o que os grandes têm, os 15% não se notam e mostra bom entrosamento entre nariz e boca, ainda com pernas para andar mas nestes formatos ficamos sempre algo limitados, como o são as 4140 garrafas produzidas a cerca de 23€ cada uma... esperemos que o Pequeno João Maria cresça para que a garrafa fique maior.
16,5

07 fevereiro 2007

PROVA Nicolas François Rosé Brut

Como já tinha sido provado a versão Blanc des Blancs, resta provar a versão Rosé Brut do Espumante Nicolas François.

Nicolas François Rosé Brut 11% Vol.

Tonalidade salmão muito suave, com pérlage pequena e razoável de média persistência.
Nariz a mostrar-se muito tímido, a intensidade de aromas apesar de se notar que anda por ali qualquer coisa não consegue ter uma intensidade satisfatória, diria antes tímido de aromas, toque fumado, aqui lembrei-me do aroma que tem o salmão fumado, frutos secos aliados a fruta fresca em segundo plano, a frescura está presente com nível suficiente.
Boca com boa entrada, frescura presente, simples e sem grande complexidade, ligeiro toque fumado, fruta fresca madura (groselha e ginja), delicado e simples com agulha suave.

Um espumante fino e delicado que dentro das suas possibilidades mostra mais vocação para acompanhar entradas, o preço em grande superfície rondou os 6€.
13

05 fevereiro 2007

PROVA Alfaraz Reserva 2004 Branco

De volta aos vinhos brancos, fazemos uma breve passagem pelas terras do Baixo Alentejo, mais propriamente por Beja, onde fomos buscar à Herdade da Mingorra este:

Alfaraz Reserva Branco 2004
Castas: 100% Antão Vaz - Fermentação em barricas de carvalho francês com batonnage de 6 meses - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo dourado com toque citrino.
Nariz de boa intensidade, inicialmente nota-se que temos um vinho fresco de aromas com aroma inicial de ananás bem madura em calda, floral de fundo, em bom tom surgem as notas de madeira com baunilha, amanteigado presente, frutos secos em final que recorda mineral (xisto molhado).
Boca de estrutura mediana, fruta bem presente, macio na entrada com leve melado, rapidamente mostra a presença de uma acidez bem presente e ligeiramente mordente no final de boca, que mostra uma boa persistência final.

Um vinho que custou cerca de 3€ em grande superfície comercial e que mostrou ser uma bela compra para o dia a dia.
15,5

01 fevereiro 2007

Quando o nosso lá fora é mais barato...


Nos tempos que passam uma das palavras que se ouve é POUPAR, ou seja diz-se que as famílias deveriam despender com moderação, economizar, evitar grandes despesas sem a febre do consumismo e evitar endividamentos, coisas que hoje em dia é difícil não fazer, mas pronto sempre se vai dizendo que devemos poupar na água, luz e gás... com objectivo de gastar menos recursos naturais e ficar com mais dinheiro ao fim do mês.
Mas colocando em prática a palavra Poupar no campo do vinho e na visão do consumidor será isso possível ?

Como consumidor gosto sempre de comprar o vinho o mais barato possível, gosto de comprar vinho no produtor se bem que em alguns já não compensa, mesmo assim procuro sempre informar-me dos preços praticados nas garrafeiras ou nos hipers, onde posso comprar mais barato, afinal de contas o dinheiro não me cai da parede nem nasce no chão e se der para comprar mais barato não digo que não, visto que os vinhos raramente entram em Saldos, uma das melhores alturas para poupar é nas Feiras de Vinho das grandes superfícies comerciais, onde algumas marcas se encontram a preços bem mais convidativos do que durante o resto do ano, nesta altura vale a pena fazer uma comparação entre os vário catálogos pois as diferenças podem chegar a alguns euros.
Chegando a este ponto convém separar as coisas, primeiro temos os vinhos de baixo custo, aqueles que raramente encontramos nas garrafeiras e que encontramos nos Hipers... são vinhos que variam até aos 5€, onde simplesmente as diferenças nunca vão ser de grande destaque.
Surgem depois os vinhos que podem variar entre os 6€ e os 15€ onde aqui já podemos encontrar algumas diferenças entre garrafeira e hiper, as diferenças de guarda das garrafas podem inclinar a escolha para as lojas especializadas mas algumas que conheço de especializada apenas tem o nome pois o calor das luzes entre outras coisas deixa muito a desejar... e é algures entre este patamar e os próximos que eu começo a minha procura.
Digamos que por exemplo num vinho que eu considero uma grande compra, o Quinta dos Quatro Ventos das Caves Aliança, os preços podem oscilar entre os 8€ e os 15€ como já vi, e neste caso justifica ir ao primeiro sítio comprar.
O caso muda de figura quando os preços começam a ser mais altos e os nomes mais sonantes, sinceramente nunca estive de acordo com a diferença de preço com que o vinho sai do produtor e depois é vendido na garrafeira... alguém ganha e muito, e as garrafeiras (algumas) não são as culpadas, talvez quem vende o vinho a x ou a y seja diferente e as margens cobradas sejam outras mas infelizmente quem leva com tudo é o consumidor, relembro o exemplo do vinho Sirga que já se falou em 15€ e em 30€, sendo o mais barato que vi foi no WinePt a 17,90€, mesmo assim muito longe dos 30€.

A loucura dos preços está associada à fama de determinada região e a uma crítica melhor ou pior, sem esquecer o bom marketing que apoia, neste caso temos um Douro que está na moda, foi relançado com vinhos de altíssimo nível mas também de altíssimos preços.
Mas será que os preços praticados pelos vinhos em Portugal são os correctos ? Não estará o consumidor a pagar os devaneios de alguns ? Como se justifica a diferença de preços entre vários pontos de compra ?
Se todas estas diferenças que se podem encontrar em Portugal já dão que pensar, o caso muda de figura quando passamos a fronteira e entramos em Espanha, é aqui que sem tirar nem por os vinhos do Douro são mais baratos, atenção que nem todos mas talvez os vinhos que em Portugal estão na moda... em Espanha são mais baratos.
Uma vez uma produtora disse-me que vendiam os vinhos lá fora mais baratos devido à concorrência, pois com baixos preços era mais fácil conquistar lugar no mercado do que com um vinho caro, e tendo em conta que é uma marca desconhecida... penso que seja isto que faz por exemplo a Austrália, coloca vinhos mais baratos mas com boa qualidade.
Mas para se poder comparar e entender o que digo, deixo alguns preços de vinhos já com iva incluido que se podem encontrar em Espanha vindos do Douro de Portugal:

Quinta do Vale Meão 2003 - 32€ em Espanha com um preço indicado no guia da RV de 45€ e 55€ numa garrafeira
CV 2003 - 32€ em Espanha com um preço indicado no guia da RV de 45€ e 50€ numa garrafeira
Quinta do Crasto Reserva 2003 - 14€ em Espanha com um preço indicado no guia da RV de 30€
Quinta do Crasto Touriga Nacional 2003 - 35€ em Espanha com um preço indicado no guia da RV de 50€
Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa 2003 - 52€ em Espanha com um preço indicado no guia da RV de 80€ e cerca de 110€ numa garrafeira.

Comparando estes preços com os preços praticados em Portugal não me deixam muitas dúvidas de onde devo ir comprar o vinho, a pergunta que se faz é se o nosso vinho lá fora tem estes preços, cá não tem porquê ?
Obviamente que não vou falar sobre preços de vinhos estrangeiros em Portugal porque sinceramente não vale a pena, os locais que valem a pena são conhecidos por todos e a pessoa em causa sabe de quem falo, quanto ao resto é chover no molhado.

Qual a vossa opinião ? Como consumidor custa-me aceitar que tenha de pagar mais por um vinho do Douro no meu país do que por exemplo em Espanha, curiosamente os vinhos do Alentejo e de outras zonas não encontro tanta diferença nos preços.
Neste momento dou comigo a pegar numa garrafa e pensar se o vinho vale mesmo aquele preço que me estão a pedir...

PROVA Sedna 2004

Sedna é uma das principais deusas Inuit, é conhecida como a Mãe dos Animais Marinhos, mas também é o nome oficial dado para 23 VB12, descoberto em 1 de Novembro de 2003 ou seja um planetóide que faz companhia a Plutão.
Mas neste caso, Sedna é nome deste recente vinho no nosso mercado, com um total de 14,133 garrafas.

Sedna 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional - Estágio: não indicado - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz com aroma fresco e de boa intensidade, entrada de fruta bem madura com algum vegetal/floral em dose suficiente, não se metendo de lado um ligeiro balsâmico bem colocado, com o tempo o vinho vai abrindo e mostrando tudo o que tem, neste caso os aromas derivados do estágio em madeira, baunilha, torrado, ligeiro cacau em pó e caramelo de leite, no final ligeiro especiado, temos um vinho com dois discursos, sendo o segundo bem mais interessante, animado e envolvente.
Boca bem estruturada mas nada de vinho culturista cheio de músculo, este é atleta de meia distância, cheio de frescura, fruta bem madura presente dando seguimento a uma boa passagem vegetal, a especiaria marca presença no final, torrados e ligeiro cacau, balsâmico, corre de forma elegante e com alguma finesse, desde o principio ao fim com persistência final média/alta.

Não é um vinho muito complexo, mas ganha em envolvência e harmonia dentro do corpo que mostra, a dar uma bela prova e com um preço mais que chamativo, cerca de 4€, revelando-se uma boa surpresa.
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