Começo colocando uma simples questão, quantos brancos temos feitos em Portugal que nos dão garantias comprovadas de um nobre envelhecimento em garrafa ? Quantos desses vinhos são feitos com esse conhecimento de causa ? Apertando um pouco a malha, pergunto quantos desses brancos se podem comprar por pouco menos de 4€ ? O Quinta das Bágeiras (Bairrada) aqui na versão colheita branco 2012 é um desses vinhos que colheita após colheita deve ser comprado e consumido no imediato ou esquecido na garrafeira. Certamente que não se irá importar muito com isso e até se transforma num exercício desafiante o seu consumo apenas 1 ou 2 anos após a sua compra, o resultado será sempre gratificante.
De momento o lote de Maria Gomes, Bical e Cerceal comporta-se de forma sisuda, rígido com certa rezina, ervas do monte, citrinos e austeridade mineral em fundo. Vinho sério, pouco exuberante num registo clássico e fora de qualquer moda. Boca a condizer com o que se encontra na prova de nariz, seco, amplo e a mostrar boa austeridade com fruta branca e citrinos presentes. Final persistente a pedir comida por perto, sem pensar muito invoco umas Ameijoas à Bulhão Pato, podendo com o tempo tornar-se companheiro de um nobre peixe assado no forno dada a complexidade e untuosidade que irá ganhar. 90 pts