Sorrio quando me dizem que sou esquisito, quando segundo eles aquele vinho que me deveria agradar afinal não agrada, na verdade dispenso cada vez mais os vinhos do chamado gosto fácil, vinhos de lugar comum e em nada diferenciados, puros trambolhos da enologia. Felizmente fui aprendendo com quem entende destas "cousas" do vinho, o saber diferenciar, o saber separar o que vale a pena daquilo que não passa de banal, tudo isto se foi construindo ao longo dos anos, cimentado com muitas provas, muita atenção prestada a sábios ensinamentos que iam sendo expostos por entre copos e garrafas vazias, é assim que se vai crescendo enquanto enófilo, construindo desta maneira um gosto pessoal cada vez mais apurado. Tudo isto faz também parte do meu Eu enófilo, um processo de eleição que faço questão de meter em prática na altura de comprar vinho para a minha garrafeira.
Tenho como toda a gente tem, vinhos e produtores de eleição, afinal quem não os tem, alguns são produtores que sempre acompanhei, outros produtores que me foram sendo apresentados pessoalmente ou à mesa em formato de garrafa... um desses produtores é Alonso del Yerro (Ribera del Duero).
Recentemente, compraram em Pagos de Miguel (Morales de Toro, Zamora) 8,80 ha de vinhedo com cepas plantadas entre 1930 e 1988. Este investimento deu frutos com a colheita de 2008 sendo o lançamento deste seu primeiro vinho de Toro a ser feito muito recentemente, dá pelo nome de Paydos e teve direito a todos os mimos que os seus primos da Ribera del Duero têm quando nascem. Tudo este paleio serve para mostrar que a confiança num produtor faz com que se fale num vinho "ás escuras" ,antes mesmo de o ter provado, mas certamente conhecendo a maneira como "ali" se trabalha estarei perante mais um belíssimo vinho. Se o virem não o deixem escapar, da colheita 2008 apenas foram produzidas 3.500 garrafas com preço a rondar os 20/25€... a qualidade bem acima da média está mais que assegurada. A respectiva nota de prova não deverá muito em ser colocada.