O tempo começa a pedir vinho tinto com um pouco mais de seriedade, aquele tipo de vinho com mais corpo e um pouco mais envolvente, que no Verão não apetece parar para pensar no que temos no copo nem o calor dá azo a que tal aconteça, mas direi que foi com este Grande Escolha e outros tantos vinhos junto de amigos que brindei a chegada do Outono.
Por entre o cheiro a fumeiro na mesa, daquele vindo de Lamego, coisa caseira feita pela família da minha mulher, os vinhos iam desfilando a bom ritmo, primeiro as "brincadeiras" para depois já com a comida a ser servida termos os vinhos certos para acompanhar os respectivos pratos... entretanto já tinha passado pela mesa um Quinta da Lixa Bruto que não me atrevo a descrever e muito menos a comprar, bom registo para um Arinto da Malhadinha a mostrar já a fruta com toque de geleia e a perder o vigor da juventude com que nos brindou no ano passado na altura do lançamento, sem dúvida que é vinho para usufruir assim que é colocado no mercado, deu-se seguimento ainda a um Altas Quintas Branco 2010, branco cheiroso com uma acidez empolgante na boca... a meu ver um pouco abaixo da anterior colheita, questão de gosto nada mais. No plano tinto um pré lançamento da AgriRoncão, o DR 2008 bem feito, algo espigado a precisar de um tempo em garrafa ou que alguém o meta no decanter uma meia hora antes de servir... preço atrativo num vinho que alia rusticidade e modernidade, mais um salto desta vez para um tinto da África do Sul da colheita 2000, vou-lhe dar mais atenção lá mais para a frente. A festa continuava, servido uma massada de bacalhau os vinhos foram tintos com boa acidez e estrutura mediana, o prato assim pedia, mostrou-se melhor o primeiro vinho um Pinot Noir da Quinta de Sant´Ana, muito ao seu estilo um pouco mais carregado do que é normal, mas ligou muito bem e era isso que se pretendia, foi boa a surpresa cheio de fruta muito jovial e com toque de seriedade, a dar vontade de repetir certamente. O outro vinho que se colocou na mesa seria um valente enjoo, pessoalmente não gosto daquele estilo de vinho, ainda me fazem confusão os Pinot Noir super compotados que nascem no Douro, um vinho com tudo amontoado o Olho no Pé Pinot Noir. Já tínhamos deixado de brincadeiras, o arroz de pato estava na mesa (se repararem vou no segundo arroz de pato) até então nem um vinho tinha deixado saudade, aquela marca digna de registo ou motivo de celebração do que quer que fosse...
Abriu-se um Dona Berta Grande Escolha 2007, tenho vindo a seguir este carismático produtor desde os seus primeiros lançamentos, são vinhos que já aqui tive oportunidade de enaltecer mais do que uma vez, o factor Identidade a eles associado fazem com que sejam uma referência obrigatória na minha garrafeira. Nestas coisas dos vinhos, podendo estar melhores ou piores conforme o ano de colheita, nem sempre tudo corre como previsto os anos assim o determinam e o reflexo faz-se logo notar num branco com menor acidez... num tinto menos composto a nível de complexidade, variações que acontecem de forma natural sempre que se deixa falar mais a uva do que a mão do enólogo. Neste caso temos vinhos que arrisco chamar de Terroir, vinhos senhores do seu nariz, elegantes, com uma frescura muito própria daquela zona e com uma vontade muito própria... tudo isso se mostrou neste Grande Escolha 2007, um tinto de enorme categoria, frescura com a barrica em plena harmonia com a fruta de qualidade, ali mora algo de Douro, de rusticidade com travo vegetal mas que depois remete para algo mais arredondado e moderno. Um vinho que mostra uma nova faceta nos vinhos Dona Berta, pessoalmente gostei muito, quem o provou não lhe ficou indiferente e de todas as garrafas penso ter sido a única a ter sido bebida e não provada... é uma Grande Escolha e como tal merece ser procurado e comprado. 93 pts
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