A origem do vinho em prova, Cheval des Andes, nasce de uma parceria entre dois nomes de prestígio a nível mundial, o Château Cheval Blanc (St. Émilion - Bordéus) e Terrazas de Los Andes, com a enologia a cargo dos seus enólogos Pierre Lurton e Roberto de La Mota. Enquanto o nome Cheval Blanc dispensa apresentações, deixo um pequeno lamiré sobre as Terrazas de Los Andes, que nascem nos finais de 1950, quando o produtor Moët & Chandon estabelece em Mendoza a sua primeira filial fora de França, a Chandon Argentina (veremos mais tarde que também tem uma no Brasil). Foi apenas em 1990 que as Bodegas Chandon se voltaram para a produção de vinhos de alta qualidade fora da linha dos espumantes, sob a designação de Terrazas de Los Andes. Localizado na região do Vale do Uco, no sul de Mendoza, nos contrafortes da cordilheira dos Andes, onde a altitude dos solos varia entre os 1060 e os 980 metros, compostos essencialmente por areia e pedra. Dos 38 hectares, 16 ha são de Malbec plantado em 1929, 20 ha de Cabernet Sauvignon e 2 ha de Petit Verdot. Como nota curiosa, o cavalo surge no rótulo, agora é uma questão de o conseguir encontrar.
CHEVAL DES ANDES 2004
Castas: 55% Malbec, 43% Cabernet Sauvignon, and 2% Petit Verdot - Estágio: 16 meses barrica - 13,5% Vol.
Nariz a mostrar um vinho de requintada complexidade, aromas limpos e com boa profundidade a prometer bastante desde a primeira aproximação. Destaca-se a maneira como a fruta limpa, fresca e madura (groselha, amoras, cereja), se envolve com uma barrica muito bem integrada, desdobrando-se em aromas florais (violetas), tosta, baunilha a conferir sensação de cremosidade, tabaco de enrolar, camurça, chocolate de leite, aroma a lembrar bolo de passas com rum e canela. Um conjunto muito harmonioso, capaz de durar e durar, durante toda a prova e mesmo durante toda a refeição.
Boca com entrada equilibrada, harmoniosa, bem estruturada e de corpo médio. Sente-se força mas ao mesmo tempo elegância, num todo muito afinado em completa sintonia com a prova de nariz, e que dá muito prazer beber. Boa amplitude, fruta madura e sumarenta com perfeita integração com a madeira, num toque morno de aconchego que se esbate na frescura da fruta. Novamente a especiaria, a ligeira sensação de bolo de passas com rum, bálsamo vegetal ligeiro, taninos finos e presentes a darem garantia de uma boa longevidade num vinho com final de boca elegante e de persistência média/alta.
É descrito como um Grand Cru do Novo Mundo, aliando toda a força e vigor do Novo com a elegância e requinte do Velho. É daqueles vinhos que é difícil não gostar, a boa complexidade que mostra ter, permite-lhe ir evoluindo durante a refeição, tornando-se um cesto de surpresa sempre que a ele voltamos para mais uma cheiradela. Tem muitos e bons modos, fruto da escola que frequentou pois claro, requerendo para ele alguma atenção pois é muito o que tem para dizer. Um daqueles vinhos que se vir à venda compre sem pensar duas vezes, o prazer está mais que assegurado. 17 - 93 pts