Copo de 3: fevereiro 2019

28 fevereiro 2019

Graham’s Colheita 1969


A Graham´s não tem tradição neste tipo de Vinho do Porto, pelo que apenas ocasionalmente coloca lotes exclusivos e de pequena quantidade dos seus Colheitas. Para este 1969 Charles Symington provou cada um dos 21 barris e escolheu seis como excepcionais, que deram origem a pouco mais do que 712 garrafas. Aqui entramos no patamar da excelência tal a qualidade do vinho, capta no imediato a atenção pelo bouquet rico e perfumado, enorme elegância com notas de damasco, fruto seco (nozes), especiarias, tom de laranja cristalizada, madeira antiga encerada, amplo e profundo. Boca com muita frescura, envolvente e requintado, parece que nada falha, untuosidade que se prolonga num final macio e longo a invocar notas de especiarias e frutos secos. Um vinho luxuoso que na altura do lançamento tinha um preço a rondar os 350€, hoje pela raridade o preço será sem dúvida mais alto. 97 pts

27 fevereiro 2019

Murganheira Cuvée Especial Bruto 2006



Um dos espumantes que mais prazer me deu beber nos últimos tempo foi este Murganheira Cuvée Especial Bruto, onde a casta Tinta Roriz é vinificada em branco. O que se destaca nele é a finesse com que se mostra, uma grande entrega mas ao mesmo tempo uma delicadeza com bolha fina e mousse que lhe dá uma cremosidade quase aveludada. Pelo meio as notas de estágio, com biscoito e brioche, num conjunto a mostrar-se com muita classe no palato. O preço ronda os 22€ e mostra que podemos ter um grande espumante no copo sem ter de ir até França. 95 pts

26 fevereiro 2019

Kopke Colheita 1937

Quando um vinho desta idade e respetiva complexidade nos cai no copo apenas nos resta o silêncio para que ele nos conte tudo aquilo que lhe vai na alma. Neste caso é um grandioso Colheita datado de 1937, muito complexo cheio de bálsamos, fruta passa (figo, ameixa) bem definida, toque guloso a recordar mel de esteva, caramelo com frutos secos num tom mais de amêndoa, madeira antiga. Envolto numa boa frescura que lhe dá vida, numa boca a preencher o palato de requinte, untuoso com fruto seco, muito equilibrio num final muito longo e delicioso. É o vinho perfeio para um fim de noite tranquilo enquanto se conversa com os amigos. O preço ronda os 490€ por garrafa, tendo neste caso sempre muita atenção para comprar sempre o engarrafamento mais recente, onde a vida e frescura estão mais presentes. 95 pts

24 fevereiro 2019

Olho de Mocho Reserva 2016

A renovação continua a bom ritmo na Herdade do Rocim, sempre pautando pelo rigor e pelo bom gosto, desta vez tocou ao Olho de Mocho Reserva, nome da planta que surge no rótulo e também na vinha que recebe o seu nome, mudar de garrafa e também de rótulo. Para mim é aposta mais que ganha à primeira vista. Conquista no imediato pela sobriedade e imponente garrafa, sem esquecer que estamos a jogar num patamar muitas vezes complicado mas onde facilmente se encontram alguns dos melhores vinhos para ter no copo com relação preço/satisfação fantástica, este é um desses casos.

Consegue vir para casa por um preço a rondar os 15€, num tinto feito com Alicante Bouschet e Trincadeira, estagio em barricas de 500 L de carvalho francês por um período de 16 meses. Por aqui os vinhos já nos acostumaram a ter uma bela frescura que embala toda a fruta que surge em tons maduros, limpos e bastante delineada. O tempo vai limar tudo e fazer com que ganhe uma outra complexidade que por enquanto parece um tanto ou quanto adormecida. Sente-se um conjunto com força, frescura aliada a um toque vegetal/floral da Trincadeira e uma fruta mais gulosa que o vai marcando até ao final longo e persistente. Daqueles vinhos para beber sem pressa ou então com uma perna de javali no forno adornada com um ramo de cheiros, 
o melhor Olho de Mocho Reserva até à data. 93 pts

22 fevereiro 2019

Astronauta Baga Bruto 2015


Seguimos com os Austronauta de Aníbal Coutinho, desta vez em parceria com as Caves da Montanha (Bairrada) foi criado este Astronauta Baga Bruto 2015. Um espumante com preço de 7,50€ que estagiou por longos meses antes do dégorgement. O perfil é gastronómico, muito focado na fruta com boa frescura, amplo com travo ligeiro de cremosidade. Boa secura de boca, fruta de caroço, algumas bagas mais ácidas a marcarem o caminho, ligeirinho na mousse com final a mostrar secura e até alguma austeridade que o faz pedir mesa, peixe/marisco na grelha por exemplo. 90 pts

21 fevereiro 2019

Alento Reserva branco 2017

A Adega do Monte Branco fica em Estremoz, num alto para lá da Quinta do Mouro. O seu dono e enólogo é Luis Louro, filho de Miguel Louro (Quinta do Mouro) e é na sua Adega do Monte Branco que coloca em prática as suas vontades e cria os vinhos à sua imagem. São fortes de carácter mas levam o Alentejo na alma, quem prova este Alento Reserva branco, com o clássico dueto Arinto e Antão Vaz, fica a conhecer um branco do Alentejo com carácter, frescura, mas a alma da terra que o viu nascer não fica deixada de lado. A passagem faz-se em barricas usadas e o vinho mostra-se cheio, mesmo alguma austeridade agora enquanto novo, amplitude e frescura de uma fruta muito sólida e suculenta, sente-se a barrica no fundo sem incomodar mas o suficiente para aconchegar todo o conjunto. Na boca a condizer, bom corpo a preencher o palato de sabor, a frescura dispara com toque citrico a prolongar o final seco com a sensação de austeridade, é menino para acompanhar umas boas pataniscas de bacalhau com arroz de feijão. Preço ronda os 10€. 93 pts

17 fevereiro 2019

Titan of Douro Estágio em Barro 2016


O projecto é muito recente e tem como seu criador o enólogo Luís Leocádio, que muitos conhecem por ser o responsável pelos vinhos da Quinta do Cardo. Foi em Trevões (Douro) que encontrou a alma para este seu projecto, um conjunto de vinhas velhas que dá origem a vinhos fantásticos como este. O vinho teve um estágio de 16 meses em ânforas de barro, resultando num vinho fresco e vibrande nos aromas frutados, fruta vermelha bem suculenta e gulosa com herbáceo fresco, alguma especiaria mas com tudo tudo muito limpo em fundo terroso/barro. Boca a condizer, apimentada com notas de fruta vermelha, apoiada numa bela estrutura com uma bela frescura. Saboroso e prolongado final, a beber ou guardar, preço a rondar os 32€. 94 pts

Passo dos Terceiros 2015


Passo dos Terceiros é uma marca da Sovibor (Alentejo) da qual consta deste vinho de lote com preço a rondar os 9€ e dois monocasta, um Syrah e um Alfrocheiro. Este mostra-se de peito feito, cheio e com boa complexidade, muita fruta madura nos tons silvestres e de alguma ameixa, leve compota e nota de couro. Fresco com corpo para o petisco, a fruta em destaque arredondada mas com alguns taninos a dar sinal que ainda procuram polimento do tempo. 90 pts

14 fevereiro 2019

Palácio da Brejoeira Alvarinho 2017


O Alvarinho do Palácio da Brejoeira nasceu pelas mãos de Amândio Galhano na colheita de 1976 e cedo ganhou o estatuto entre as referências da altura. Passados 40 anos a realidade trouxe uma nova vaga de produtores e um consequente aumento da oferta/qualidade dos vinhos brancos Portugueses. O preço ronda os 17 ou mais euros e está completamente desfazado da realidade e da concorrência mais próxima. No copo mostra-se algo estático e demasiado directo para o que pedem por ele, é isto e ponto, fresco com aroma citrino, alperce, erva cidreira num conjunto aprumado, leve secura de fundo e um final curto. Falta-lhe confirmar no copo um estatuto que já teve e do qual parece viver. Este 2017 pareceu-me ainda assim um pouco melhor que o 2016 pelo que a nota indica isso mesmo. 90 pts

Encontro Special Cuvée 2013

Da Bairrada mais propriamente da Quinta do Encontro onde brilha a enologia do carismático enólogo Osvaldo Amado, sai este renovado Cuvée 2013. Como não podia deixar de ser, este belíssimo espumante é criado a partir da casta Arinto, tão amada pelo enólogo que a tão bem sabe trabalhar. E nota-se bem a mão do mestre criador, num espumante que passou 48 meses em cave e 3 meses após degorgement para sair para o mercado com preço a rondar os 30€. Um topo de gama que também mudou de imagem, agora mais sóbria, mas o vinho continua cheio de classe e a mostrar-se com um aroma floral muito fresco, biscoito de limão, com ligeira cremosidade e uma ligeira gordurinha a fazer-se sentir. Na boca o pão torrado marcado pela frescura da fruta, creme de limão com notas frescas, num conjunto persistente e cheio.  93 pts

13 fevereiro 2019

Barros Colheita 1950


De volta ao Vinho do Porto com mais um Barros Colheita, depois de já ter aqui colocado o Barros Colheita 1974 volto agora com o Colheita 1950 com o preço a rondar os 300€ a garrafa. Um vinho com rebordo ligeiramente esverdeado a indicar a idade, sente-se a complexidade a transbordar para fora do copo, melado com aroma cheio de frutos secos, madeira velha com ligeira nota fumada e até alguma austeridade em fundo. Grande elegância com frescura, profundo e envolvente conjunto a marcar o palato com sabores vincados mas ao mesmo tempo harmoniosos e delicados. Perfeito a acompanhar um bolo de noz com caramelo. 96 pts

12 fevereiro 2019

Murua Gran Reserva 1995


Recuamos no tempo e vamos buscar um Rioja "clássico", um Gran Reserva das Bodegas Murua (Rioja) de 1995. Elaborado a partir das locais Tempranillo, Graciano e Mazuelo de vinhedos com 60 anos de idade, passou 26 meses em barrica e mais 36 meses em garrafa antes de ser colocado à venda em primeur. A tonalidade já dá os sinais da passagem do tempo com aquele granada translúcido que cativa o olhar, depois é o desfilar da sua complexidade fina e delicada, bouquet rico em terciários com muito tabaco, cacau e a baunilha da barrica fina muito bem integrada. A fruta em tons de frutos do bosque, desfila de salto alto, esguia e fresca, profundo com travo vegetal seco em fundo especiado. Elegante e de boa persistência, daqueles vinhos que é sempre um prazer ter no copo. 93 pts

11 fevereiro 2019

Reichsgraf von Kesselstatt Scharzhofberger Tonel 19 Auslese 2014


O produtor é Reichsgraf von Kesselstatt (Alemanha) e a vinha Scharzhofberger (Saar) é uma das mais famosas e cobiçadas da região, o estilo de vinho é Auslese (Selecção Especial) com a designação de Grosse Lage (funciona como se fosse um Grand Cru da Borgonha), o que quer dizer que neste caso são as melhores uvas da melhor parcela que o produtor tem desta vinha. Quanto ao vinho é algo de maravilhoso, cativador e lascivo, açúcar queimado com laivos de gengibre, calda de alperce, bonitas notas de citrinos em geleia, muito docinho mas embalado por uma untuosidade que o envolve ao mesmo tempo que é fresco. Boca aveludada, muito saboroso com a fruta a destacar-se, untuosidade ligeira com gengibre e notas de laranja. Está para durar mas é complicado resistir a tentações como esta. 95 pts

Sierra Cantabria Organza 2016


Nasce na Rioja, no produtor Sierra Cantabria (Rioja) pelas mãos do reputado enólogo Marcos Eguren. Um daqueles vinhos que para muitos pode ser considerado de excesso, porque a madeira onde passou 9 meses, os 6 primeiros com as borras, abraça a fruta e o conjunto mostra-se sumptuoso, com curvas, tem a sua gordurinha bem à mostra é um facto. Mas tem a frescura e o equilibrio que o torna atraente, nas notas de fruta tropical ligeira com fruta de pomar e caixa de especiarias. Bonita complexidade de um conjunto formado por 50% Viura, 30% Malvasia e 20% Garnacha Blanca. O preço é simpático e ronda os 16€. 93 pts

09 fevereiro 2019

Paço de Teixeiró Avesso 2017

Depois da Quinta do Côtto (Douro) o Paço de Teixeiró é a propriedade da família Montez Champalimaud na região dos Vinhos Verdes. A imagem foi recentemente alvo de uma renovação tal como os vinhos, como é o caso deste extreme da casta Avesso, que se mostrou uma verdadeira surpresa. Destaca-se pelo vigor da fruta madura e limpa (pêssego, laranja, ligeiro tropical), flores brancas, mas acima de tudo pela elegância com que conjuga tudo, a barrica onde estagiou durante 12 meses com direito a 5 de battonage deu-lhe um pouco de gordura e corpo, num conjunto de belíssimo efeito. O resultado é um vinho sério mas muito apelativo que nos convida para acompanhar à mesa pratos de marisco/peixe grelhado, preço a rondar os 17€. 92 pts

05 fevereiro 2019

Astronauta Vinhas Velhas 2015


No Planalto de Alijó, de vinhas velhas nasce pelas mãos de Anibal Coutinho este Douro 2015, passando apenas por madeira usada que não lhe marcou a alma e assim ficou com toda a frescura e juventude de uma fruta gulosa e suculenta. Daqueles vinhos que são feitos para se beber sem preconceitos ou efeitos, é complexo, ganha com o tempo de copo uma graciosidade muito própria que cativa e nos faz ir bebericando mais um copo. A passagem por madeira, deu-lhe uma ligeira gordurinha que lhe arredonda suavemente os cantos, o resto é um vinho de refinada complexidade, bom corpo com secura no final a pedir comida por perto. Não procure aqui um Douro estruturado, seco e terroso, marcado pelas estevas, de dentes cerrados como as lajes de xisto. Aqui o que há para mostrar é outro lado e precisa de ser entendido e respeitado como tal, o preço a rondar os 8€ é uma tentação, uma verdadeira surpresa. 91 pts

01 fevereiro 2019

Murganheira Chardonnay Bruto 2008


Faz parte da gama de excelência das Caves da Murganheira, que como já aqui foi dito, prima por um estágio bem prolongado de todos os seus espumantes. Em prova o Chardonnay Bruto colheita de 2008, preço a rondar os 20€, é um grande espumante cheio de classe e muito prazer para dar no copo e sobretudo à mesa. É excelente para abrir com amigos ao jantar, para acompanhar uma boa conversa, sempre delicado sem querer dar muito nas vistas mas com uma precisão de relógio suiço. Aqui nada falha, a fruta de pomar bem limpa e madura com o toque mais evoluido e untuoso em tons de brioche e torrada com manteiga. Envolve no palato, fresco e ao mesmo tempo que mostra a fruta envolve com uma mousse ligeira e cremosa, sempre cheio de requinte. 94 pts
 
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