Copo de 3: março 2017

29 março 2017

Jacques Puffeney Arbois Poulsard M 2014


O produtor Jacques Puffeney é considerado por muitos como o grande produtor da região de Jura (França). Correm rumores que caminha para a reforma e como terá deixado parte das suas vinhas a um produtor da região, este 2014 será das suas últimas criações. Elaborado a partir da casta local de nome Poulsard, oriunda das vinhas "especiais" em Montigny-les-Arsures, explica o M no rótulo. Assim que nos cai no copo franzimos o sobrolho, parece sumo de romã e mal levamos ao nariz sai aquele uau de surpresa no segundo seguinte. Tonalidade ruby muito aberto, muito fresco com muita fruta o que é bom com predominante maçã vermelha, cerejas a variar entre as mais ácidas e as mais doces, um misto de tudo misturado com um travo herbáceo bem fresco, chá preto. O fundo é mineral, terroso, áspero, mas tudo o que mostra antes é fresco, cheiroso e de uma enorme afinação. Um mundo que como tantos outros vale a pena ficar a conhecer. 89 pts

Barzen Auslese Feinherb "Edition Alte Reben" 2007


Desafiante é a palavra que melhor descreve este Riesling proveniente de vinhas centenárias plantadas em 1886 na região de Mosel. Num estilo semi-seco é um jogo do gato e do rato entre secura e ponta de doçura da fruta muito limpa e bem madura em tons de nêspera e pêssego de roer. O fundo é seco, em tom mineral com frescura e uma ponta de ligeira untuosidade. Boca a condizer, calmo, sereno com muita elegância e os sabores a desfilarem de pantufas. Num estilo que não cansa e acompanha bem tanto entradas como pisca o olho a pratos de cariz mais oriental, preço a rondar os 20€ em garrafeira online. 90 pts

26 março 2017

Adega de Borba Vinho de Talha 2015


O vinho de talha é um tipo de vinho que sempre fez parte do dia a dia do consumidor de vinhos Alentejano. Este vinho viu-se a dada altura caído no esquecimento e foi afastado pelos tiques do consumidor novo rico de quem apenas procurava a novidade. As talhas foram ficando qual adorno de um tempo que as viu brilhar bem alto, hoje em dia a cobiça voltou e pagam-se pequenas fortunas pelas verdadeiras. Quem não as tem, procura-as ou procura adaptações, um vale tudo para ter aquilo que em muitos casos é "uma espécie de vinho feito num recipiente de barro". Neste caso o vinho é feito à antiga em talhas acostumadas aos aromas e sabores das uvas. O lote leva Trincadeira, Castelão e Alicante Bouschet, o vinho custa na loja da Adega de Borba coisa de 7€ e vale a pena ser descoberto e bebido. Provei no lançamento, ainda muito novo e algo rústico, com arestas por polir cheio das notas de barro húmido, muita fruta com travo fresco e verde de fundo. Agora parece que está ligeiramente mais afinado, mais sereno embora a rusticidade permaneça lá. Sirva-se em jarro como sempre foi servido ao longo dos séculos. 89 pts

25 março 2017

Quinta das Marias Reserva Cuvée TT 2007


Era uma vez um vinho que foi provado na altura do seu lançamento e que me agradou o suficiente para ter guardado algumas garrafas. A última foi esta, passou uma década e achei que seria oportuno ver como estaria de saúde este blend de Touriga Nacional e Tinta Roriz. Do interesse e sorriso que despertou mal caiu no copo, o tempo que veio a seguir apenas o ajudou a desconjuntar, por entre a fruta e os toques florais e frescos com leve balsâmicos vem um beliscão do álcool pouco ou nada prazenteiro. Baralhamos e voltamos a dar, confuso, sem saber por onde andar, os aromas parecem que vão tropeçando uns nos outros, melhor na prova de boca onde se mostra mais assertivo. Foi encostado junto de outros tantos, no final da noite ainda fui ver como estava mas já tinha partido. 88 pts

15 março 2017

Quinta da Gaivosa Vinha de Lordelo 2009


Um dos ícones do Douro, criado por um produtor que está mais que acostumado a criar vinhos de excepção no Douro. É na Quinta da Gaivosa que Domingos Alves de Sousa cria este vinho proveniente de uma só parcela, a Vinha de Lordelo. Um vinho musculado e carregado nos aromas e nos sabores, com uma complexidade rica e adornada pelo tempo que já leva de garrafa. Por entre as notas que invocam mato rasteiro, balsâmico, fruta preta macerada e umas notas mais terrosas em fundo. Como veio de ligação a boa frescura de um conjunto que nunca esconde o lado mais maduro da fruta ao mesmo tempo que se mostra cheio e com notas vigorosas e musculadas. Na boca mostra-se encorpado mas afinado, boa frescura e sabor, não ficamos a chuchar os dedos mas quase, elegância e boa dose de potência num final bem longo. É sempre um prazer revisitar um grande vinho com amigos por perto. 94 pts

Quinta da Alorna Arinto 2015


Oriundo da Quinta da Alorna (Tejo) este Arinto mostra um aroma rico em fruta onde os citrinos e fruta de pomar surge redonda e bem madura, musculado e com algum nervo, muito direto na abordagem embora na boca sem aquela vivacidade tão vincada que caracteriza a casta noutras paragens. Agradável para a mesa num consumo diário, descontraído e descomplicado, será sempre vinho de consumo a curto/médio prazo com preço a rondar os 4,50€. 88 pts

14 março 2017

Morgado de Sta. Catherina Reserva 2013

Nasce na Quinta da Romeira (Bucelas) pertença da Wine Ventures, este Arinto que se pode considerar como um clássico da região, criado pelo enólogo Nuno Cancela de Abreu no início dos ano 90. O vinho que na altura seria a maneira de mostrar a casta Arinto com passagem por madeira, tem seguido fiel à sua matriz com os sempre necessários afinamentos de enólogo para enólogo. Este "novo" Morgado remete para aquilo que sempre foi, um branco que nos mostra a casta Arinto com toda a sua frescura mas que ganha algum peso com a passagem pela madeira, os aromas citrinos e até de alguma folha de limoeiro surgem agora num tom mais gordo a lembrar tarte de limão merengada. Envolvente, a madeira mostra-se presente, secura com mineralidade em fundo, sempre coeso e volumoso, travo de raspa de limão a espicaçar o palato. Ronda os 10€ e mostra apetência como sempre mostrou para a cave e desde já para a mesa, com pratos de peixe ou marisco na chapa com molho de manteiga e limão. 92 pts

13 março 2017

Quinta da Boa Esperança Arinto 2015


Projecto recente este da Quinta da Boa Esperança (Lisboa) localizada na Zibreira que fica a meio caminho de Lisboa, ali na zona Oeste entre o Atlântico e a Serra de Monte Junto. Pela prova que deu fica a vontade de ficar a conhecer mais do projecto, neste caso é um 100% Arinto sem passagem por madeira. Temos pois um branco com boa frescura de conjunto, ainda algo preso mas com boas notas de citrino, preciso nos aromas e a pender para o tom mais "limonado" e alguma folha de limoeiro. Na boca mostra boa secura, envolvente e saboroso com fruta presente num conjunto de corpo médio e final prolongado. O preço ronda os 10€ num vinho que será curioso ver a maneira como vai reagir ao tempo em garrafa, para já acompanhe com chocos grelhados e batata a murro. 90 pts 

12 março 2017

Secretum 2012

Mas que bela surpresa este Secretum 2012 proveniente do Douro, um 100% Arinto (Pedernã) pouco usual nesta região. Aroma cheio e com bonita complexidade, mesmo passados cinco anos mostra-se ainda tenso e fechado de inicio, muitos citrinos, tudo muito limpo, elegante com acidez bem presente. Muito boa presença na boca, profundo e com uma bela frescura enrolada em notas de barrica que envolvem o conjunto de muito boa qualidade e elegância. Um vinho com tudo para continuar a sua metamorfose, está de momento tenso e pouco falador, muito coeso e cheio de energia, com muito nervo apoiado por uma belíssima estrutura. O preço ronda os 30€ num vinho que é uma excelente aposta para ter na garrafeira. 91 pts

09 março 2017

Soalheiro Reserva 2015


É desde que foi lançado a primeira vez para o mercado um dos grandes brancos feitos em Portugal, aliando a a bela capacidade de guarda e pela consistência na alta qualidade colheita após colheita. O Soelheiro Reserva 2015 mostra aqui uma fineza de trato irrepreensível, com uma limpeza de aromas muito acima da média, numa harmonia plena entre os aromas da fruta, algum vegetal, flor de laranjeira, as nuances da madeira que lhe dá uma grande elegância mas sempre com a acidez a tomar conta de todo o trajecto. Amplo e cheio de sabor na boca, fresco e profundo, com ligeira sensação de cremosidade dada pela barrica num conjunto muito limpo e cheio de classe. Mostra ter nervo e estrutura para ir brilhando à mesa durante muitos e longos anos, haja pois coragem para conseguir guardar umas garrafas. 95 pts

06 março 2017

Herdade do Arrepiado Velho Antão Vaz 2015


Hora de ira para a mesa e a refeição pede um vinho branco para a acompanhar, atarefado no meio dos tachos lá pedimos que abram um vinho que o arroz de polvo está quase a sair. O copo que nos chega às mãos traz um vinho, este Herdade do Arrepiado Velho Antão Vaz 2015, que é daqueles que nos faz sorrir e lembrar os tempos de miúdo, dos rebuçados de fruta que parecia que moravam no bolso do casaco das pessoas mais velhas. Afasta-me das lembranças de um aroma pesado e enjoativo, pelo contrário é todo ele muito limpo e fresco nos aromas, fruta variada com flores, casca de tangerina, fundo mineral, num aroma divertido e envolto num travo guloso. Na boca quando se esperava um vinho maduro e adocicado surge a finta e encontramos um conjunto bem fresco, corpo mediano e uma boa secura de fundo, no destaque para a baixa graduação (12%) do menino. É daqueles que se bebe mais um e outro copo, bebe-se com prazer, o mesmo prazer com que se partilha e acompanha uma salada de frango grelhado, cenoura, laranja e romã. Ronda os 9€ a garrafa e até pode ter pernas para aguentar um tempo em garrafa, acho é que não as deixo passar do Verão. 90 pts

04 março 2017

Fonte do Ouro Dão Nobre branco 2015


É o primeiro vinho branco a atingir a classificação máxima atribuída pela câmara de provadores da região do Dão, surge por isso designado como Dão Nobre. O vinho é criado pelo enólogo Nuno Cancela de Abreu com base nas castas Encruzado, Arinto e Cerceal, passagem por madeira nova durante seis meses com preço a rondar os 35€ para cada uma das 1200 unidades lançadas no mercado. Não defrauda e apresenta-se com uma enorme elegância e frescura de aromas, cheio, amplo e bem fresco, com a madeira a envolver mas sempre com a frescura do conjunto a sobrepor-se a tudo. Muita fruta madura com destaque para os citrinos, frutos de pomar, bouquet de flores com ligeiro abaunilhado que termina num fundo austero e mineral. É um branco de enorme requinte e categoria que proporciona prazer no copo e à mesa. 95 pts

Colmeal branco 2015

Apaixonado pela mesa e pelas vinhas, o chef Vítor Claro decidiu no final do ano passado encerrar o seu restaurante para se dedicar aos seus vinhos e às suas vinhas na Serra de São Mamede (Portalegre). A ligação à "cozinha" continua para os lados do restaurante do Colmeal Contryside Hotel (Figueira de Castelo Rodrigo) mas são as vinhas de altitude que por lá lhe permitem assinar este Colmeal (Beira Interior). Feito a partir de vinhedo velho, Síria, Malvasia e alguma Fonte da Cal, vinificação em lagares e passagem por inox. Um vinho fora de modas, toques de favo de mel, flores amarelas, fruta de pomar bem limpa e fresca, muita elegância e frescura em conjunto de fundo mineral. Rico em detalhes, amplo com ligeira untuosidade, fruta fresca, austeridade mineral em fundo com boa frescura e presença, o tempo no copo faz com que vá ganhando novas nuances. Daqueles que é melhor não perder de vista e ter algumas esquecidas na cave. 92 pts

03 março 2017

Nossa Calcário 2013


Um 100% Baga da enóloga e produtora Filipa Pato que na Bairrada cria este belíssimo tinto que se apresenta num belíssimo momento de forma. A elegância domina-o por completo, apesar da estrutura firme que o sustenta, depois é toda uma panóplia de aromas frescos e limpos com a fruta (cereja, mirtilo) bem viva ao lado de um toque ligeiro toque terroso. Encontra-se ainda na curva ascendente da sua vida e ganha com um tempo a rodopiar no copo, na boca é um misto de boas sensações em que a elegância se mistura com a frescura e ao mesmo tempo uns taninos finos ainda por polir lhe permitem ter aquele toque tão gastronómico que pede um arroz de pombo bravo com hortelã. O preço anda na casa dos 25/30€ num vinho para guardar ou beber já. 93 pts

02 março 2017

Macán Clásico 2012


É recente o projecto que junta dois grandes nomes do mundo do vinho que dão pelo nome de Benjamin de Rotschild e Vega Sicília. Em conjunto criaram uma adega em plena Rioja, aplicando o costume de Bordéus de ter um primeiro e um segundo vinho, a casta é 100% Tempranillo e os dois vinhos partilham o mesmo vinhedo e o mesmo processo de vinificação. Estes dois irmãos apenas se separam na altura de escolher as barricas, sendo que as melhores dão origem ao Macán e as restantes ao Macán Clásico. Toda a espera até o conseguir ter no copo valeu a pena, as primeiras colheitas voaram e com isso a infelicidade de não conseguir ficar a conhecer este vinho mais cedo. Preço a rondar os 32€ para este vinho da colheita de 2012, ainda muito novo, vivaço, cheio de energia a mostrar um misto entre o perfil mais clássico e o toque mais moderno da região. Bem estruturado, alia a finesse do nariz com uma bela estrutura de boca, com taninos finos mas presentes, madeira em pano de fundo (especiarias, baunilha) a acariciar uma fruta madura e limpa (bagas silvestres) numa bonita complexidade. É daqueles vinhos que ganhando com tempo de garrafa dá prazer desde já  a acompanhar um bom corte de vitela, grelhada de preferência. 93 pts 
 
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