Copo de 3: março 2007

26 março 2007

PROVA Quinta das Estrémuas

O Dão é talvez a região que me tem vindo a conquistar pela frescura e elegância que os seus vinhos apresentam, esta revolução que se tem vindo a notar nos vinhos desta região, tem vindo a ser progressiva mas com grandes resultados.
Faz bem pouco tempo, seria uma das zonas que mais passava ao lado do consumidor, falava-se de um Dão adormecido, perdido e esquecido no tempo, apenas lembrado pelo que já tinha sido e não pelo que era na altura... mas tudo mudou para melhor e ainda bem.

Foram nomes como Status Grande Escolha que fizeram renascer esta zona, simplesmente levaram o consumidor a olhar com outros olhos, vinhos com grande relação preço/qualidade, diferentes de Alentejo e Douro... às vezes sabe bem mudar um pouco de aromas e de sabores.
É nesta onda de renovação e de qualidade, que a Vinícola de Nelas SA. lança para o mercado a sua gama alta, os vinhos que recebem todos os mimos na adega e que ficam com as melhores uvas, são eles os Quinta das Estrémuas.

Quinta das Estrémuas Reserva 2003
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen - Estágio: 9 meses carvalho Francês e Americano - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz a apresentar uma intensidade média, sem grande complexidade, fruta (cereja, amoras) bem maduras, alguma geleia presente, acompanhadas de ligeira nuance vegetal/floral e especiaria, em segundo plano surgem aromas do estágio em barrica muito bem integrados no conjunto, baunilha e tosta ligeira com fumo de fundo em companhia de bons balsâmicos.
Boca com entrada fresca e com boa estrutura, equilibrado e sem grande largura de boca, sensação de doçura inicial muito redondo e aprumado, o tal aveludado tão característico do Dão, boa passagem de boca com fruta bem presente e ligeiro balsâmico num final que se mostra de persistência média.

Um vinho feito com as quatro castas do Dão, não se mostrando de grandes complexidades mostra-se equilibrado, fresco e bem feito, tem tudo para agradar e revela-se muito amigo da mesa, conhecedor de inúmeras ligações gastronómicas, aguenta-se bem durante a prova sem tremer, não se esquece do que tem para mostrar e recebe quem o prova de taninos abertos.
Preço que ronda os 6€ num vinho que ainda vai evoluir um pouco mais em garrafa.
15,5

Quinta das Estrémuas Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 11 meses carvalho Francês - 13,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.
Nariz de boa intensidade, não se mostra muito ao início, talvez até com alguma austeridade com toque químico, abrindo com o tempo para um vegetal ligeiro que domina inicialmente a prova, com a fruta bem madura (frutos silvestres) a ficar para segundo plano, aliada a uma boa dose de frescura, a madeira marca ao de leve a sua presença, com torrados e baunilha, suave cacau e tabaco de enrolar, revela grande harmonia dentro do seu enquadramento, sem tirar protagonismo aos aromas de fruta e violeta que surgem em final.
Boca a mostrar um corpo bem estruturada, corpo de complexidade média, a frescura invade a boca com balsâmicos socorridos de toque vegetal que termina em fruta bem madura, passagem de boca com suavidade a deixar ligeira secura no final de persistência média/alta.

Um belo exemplar de Touriga Nacional, a jogar mais no campo da harmonia e do equilíbrio, não fosse ele da terra que o viu nascer, o preço indicado ronda os 7€
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Quinta das Estrémuas Touriga Nacional 2004
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 11 meses carvalho Francês - 15% Vol.

Tonalidade granada escuro de concentração média.
Nariz a revelar uma boa complexidade, inicialmente com alguma austeridade com aroma químico presente mas que desaparece com o passar de algum tempo, a mostrar boa intensidade aromática que desperta e prende a atenção, fruta (frutos silvestres) muito madura e de grande qualidade com uma brisa floral (violetas) bem presente. A componente balsâmica marca presença em segundo plano durante toda a prova, num perfil que não enjoa e com a frescura bem medida, surgem especiarias (canela), a ligação com a madeira faz-se muito bem, notas de baunilha bem envolventes, tosta suave, cacau em pó, tabaco, ligeira sensação de adocicado esbatida no fundo, os 15% não mostram sinais de vida e ainda bem
Boca de bela entrada, bem estruturada com arredondamento e sedosidade na sua passagem, fruta de grande qualidade presente ao lado de ligeiro vegetal, especiaria, baunilha e cacau. A acidez marca presença desde o início da prova, dando uma bela frescura ao conjunto, a tudo isto junta-se a componente balsâmica bem mais comedida mas de belo efeito que acompanha desde o principio até a um final de persistência média/alta.

Um vinho claramente diferente da versão 2003, não se encontra mais doçura mas neste caso encontramos bem mais acidez o que o torna bem mais apelativo e interessante, os seus 15% não chegam a incomodar durante a prova, incomodam talvez no final da prova mas isso é outro assunto. Um vinho que prima pela frescura e elegância do seu conjunto sem nunca deixar de lado uma boa dose de complexidade, boca de grande categoria dentro dos padrões da zona, mostrando sinais que ainda tem muito mais para mostrar, e vale bem a pena esperar por ele.
Um belíssimo vinho a mostrar que o Dão está vivo e de parabéns
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22 março 2007

Prova Montes Claros Reserva 2004

À procura do Filão

É o que dá ser um eno-dependente. Ser incapaz de controlar os ímpetos da descoberta. É doentio, e meio alucinante, esta necessidade constante de vasculhar novos vinhos. Como dizem os nossos amigos brasileiros: "garimpar".
Algumas vezes este garimpar é provocado pelo que se lê, pelo que se ouve. Então dois eno-dependentes de último grau, juntaram-se no meio da noite, meio escondidos, para garimparem e tentar encontrar o verdadeiro filão: Montes Claros Reserva 2004.
Havia indicações de que seria algo extraordinário, no entanto as impressões ficaram um pouco abaixo das expectativas, pois o tal filão não era assim tão valioso. Foram sendo encontradas aqui e além, algumas pepitas, mas não na quantidade certa para ficarem satisfeitos.
Essencialmente o filão descoberto apresentava uma tonalidade granada/escuro de concentração média. Libertava aromas de média intensidade, a revelar fruta bem madura e compota. O vegetal e ligeiro floral alegravam a noite. À medida que garimpavam brisas de baunilha, cacau em pó, tabaco de enrolar iam aparecendo, sempre de forma discreta, quase imperceptíveis, mas de certa forma acolhedoras. Foi preciso parar, por momentos, para terem a certeza do que cheiravam, bem lá no fundo o balsâmico brotava, mais uma vez, de forma discreta. Na boca, comportamento mediano, onde se sentia a fruta, o vegetal entrelaçado com o cacau e a baunilha, onde uma corrente balsâmica que os acompanhava a um final de persistência mediana, com um conjunto a não revelar grande complexidade, valendo mais pela sua harmonia, discrição e elegância. Para a quantidade (120 mil pepitas) está bem feito.

Qualidades do Filão: Castas Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Tinta Caiada.
Estágio: 12 meses em carvalho francês e americano - 14% Vol.

Post Scriptum: Texto da responsabilidade dos Blogs Copo de 3 e Pingas no Copo. Na generalidade as impressões destes dois eno-bloguistas foram, são idênticas. O que os distancia são apenas questões de pormenor, de cariz pessoal, muitas vezes de explicação difícil. Sobre o vinho podemos dizer que estamos perante um vinho que dá uma prova interessante. Dá prazer a ser consumido enquanto jovem. Claramente uma aposta ganha pela Cooperativa de Borba. Um vinho que custa na adega 5,30€ e que revela ser uma bela relação preço/qualidade. Apesar de tudo falta sempre um mas... aqui falta algo complexo, tanto a nível de aromas como de corpo. Falta-lhe mais de largura, de um bouquet mais estimulante e com maior evolução no copo, que não fique estático passados 15 minutos. Que evolua um pouco mais no copo.
Estávamos à espera de mais. É um facto. As informações que corriam por todo lado indicavam que estaríamos provavelmente perante um autêntico achado. Mas a realidade, pelo menos para nós, não foi bem essa. Continuaremos a garimpar, à procura de outros filões, de mais pepitas.

Copo de 3 - 16
Pingas no Copo - 15,5

21 março 2007

PROVA Casa Cadaval - Herdade de Muge 2004

A 60 km do norte de Lisboa da margem esquerda do Tejo, fica situada a Casa Cadaval, um produtor de referência da zona Ribatejana.
Em prova um vinho que curiosamente não aparece referenciado em guias, nem mesmo no site do produtor, o que é de estranhar ou talvez não, visto que alguns sites tem por costume não ser actualizados.

Casa Cadaval - Herdade de Muge 2004
Castas: Não indicadas - Estágio: barrica sem tempo indicado - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração mediana.
Nariz de média/baixa intensidade, frutado (ligeira compota) com vegetal em ligeiro destaque, suave fumo envolve toque torrado, especiaria e baunilha completam um perfil a que se tem de juntar um toque de frescura com balsâmico de fundo.
Boca com boa entrada a mostrar ligeira complexidade, frescura com balsâmicos a marcarem presença, fruta, mostra-se com algum arredondamento na passagem de boca, agradável e de persistência final média.

É um vinho correcto e bem feito, sem muitos predicados, dá prazer mas nada mais que isto, mas também não é o que se quer ?
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20 março 2007

PROVA Aveleda Follies

É sempre com bons olhos que vejo o surgimento de novas marcas, mais ainda quando essas marcas tem algo de diferente para mostrar, foi assim que a empresa Aveleda tão conhecida pelos seus vinhos verdes, lançou no ano passado a colecção denominada Follies.
As Follies podem ser encaradas como um impulso criador sem justificação lógica, inserido nas mais variadas formas de arte, são as follies de cada um, o que no caso dos vinhos em questão é aplicável à arquitectura, mais especificamente a detalhes arquitectónicos do Minho e da Quinta da Aguieira situada na Bairrada pertencente à Aveleda, em breves palavras, são as inspirações da alma.
Em prova temos 3 brancos e 1 tinto, com dois a pertencer à denominação Vinhos Verdes e os outros dois à Bairrada, não posso deixar de destacar o visual que nos remete para vinhos de outras paragens, pelo menos foi a sensação que me deu.

Janela Manuelina do séc. XVI
Foi numa casa da Ribeira, no Porto, que a Rainha Dona Filipa de Lencastre deu à luz o seu filho Infante D. Henrique, o mesmo local onde muitos reis haviam ficado aquando das suas visitas à cidade. Havia uma janela especial, onde, segundo a tradição, D.João IV terá sido aclamado Rei de Portugal. A janela foi, mais tarde, oferecida a Manuel Pedro Guedes da Silva da Fonseca, que a transportou para os jardins da Quinta da Aveleda, sua propriedade. Recordando o gesto dos Descobrimentos, bem como a glória do poder nacional, esta follie revela-se uma fonte de inspiração através dos tempos, para a realização de feitos grandiosos.

Aveleda Follies - Trajadura e Loureiro 2005
Castas: 35% Trajadura, 60% Loureiro e 5% Alvarinho - Estágio: 4 meses Inox com removimento das borras - 11,5% Vol.

Tonalidade amarelo suave citrino de rebordo levemente esverdeado.
Nariz a mostrar um vinho de aroma delicado, intensidade média, frescura de conjunto com a fruta madura (citrinos e tropical) a marcar presença, juntamente com toque floral, em segundo plano surge ligeiro vegetal que se prolonga até ao final de perfil mineral.
Boca de entrada fresca, corpo médio/suave com boa acidez a dar conta do recado, frutado e final mineral em fundo, de boa persistência.

Um vinho agradável, conjunto algo delicado e com alguma complexidade, bem feito, agradável e com um preço a rondar os 9€
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Fonte das Quatro Irmãs
Para além de constituir um notável exemplo de arquitectura em granito, característica do Norte de Portugal, a Fonte das Quatro Irmãs representa a dinâmica da Vida em constante mutação, o fim que retorna ao princípio, renascendo para uma dimensão nova. Erguida na década de 1920, a fonte foi finalizada pelo Mestre João da Silva, ao gravar nela os perfis em mármore das quatro irmãs Guedes, filhas do proprietário da Quinta, Fernando Guedes da Silva da Fonseca. Cada senhora personifica uma das quatro estações do ano, ou, noutra perspectiva, as diversas fases na dança perpétua da vinha e do vinho, sempre igual e sempre diferente. No seu conjunto, esta estrutura é a expressão simbólica da completude de um ciclo, da totalidade que conduz por fim, à perfeição.

Aveleda Follies - Alvarinho 2005
Castas: 100% Alvarinho - Estágio: 5 meses Inox com removimento das borras - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado
Nariz a mostrar boa intensidade, casta presente, frutos citrinos em destaque ainda com a presença de algum tropical banhados por uma colherada de mel, floral e vegetal em segundo plano acompanhado de mineral em fundo, a frescura está presente em conjunto com uma ligeira sensação de untuosidade, final com ligeiro toque fumado.
Boca a mostrar um vinho de corpo médio, frutado, acidez bem presente e a dar boa frescura ao conjunto, vinho agradável na passagem de boca, mineralidade, equilibrado e harmonioso, final de boca de boa persistência.

Um bom exemplar de Alvarinho, tem tudo para agradar, o preço ronda os 9€ por garrafa.
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Torre das Cabras
Numa ode à natureza e às antigas gerações da Quinta da Aveleda, foi edificada uma torre de três andares e com uma rampa em espiral de madeira para albergar cabras anãs. Símbolo da fertilidade e da abundância, a cabra protagoniza o mito de uma terra que soube sempre dar o seu melhor fruto.

Aveleda Follies - Chardonnay e Maria Gomes 2005
Castas: 70% Chardonnay e 30% Maria Gomes - Estágio: 8 meses em Inox e barricas de carvalho Francês - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado de boa intensidade.
Nariz com boa intensidade onde se sente desde início uma boa ligação entre fruta madura(tropical e citrino)/madeira, sensação de ligeiro amanteigado, fruta tropical em maior destaque resguardada por toque citrino, ligeiro fruto seco com torrado muito suave, frescura presente em conjunto de boa harmonia com mineral em fundo.
Boca a mostrar boa estrutura com frescura desde início, fruta presente, equilibrado com a acidez a marcar bem a sua presença, ligeira untuosidade que se dilui num final de boa persistência com toque mineral.

Ora aqui está uma bela surpresa, a combinação entre Chardonnay e Maria Gomes (Fernão Pires), bastante elegante e inovador, a dar prazer durante a prova, um belo vinho que custa cerca de 8€ e que vale a pena experimentar.
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Casa da Aguieira
Era uma vez uma Casa, cujo dono era um ilustre político e viticultor do séc XIX, o Visconde da Aguieira. A propriedade, situada nas terras encantadas de Águeda, encerrava em si o maior dos mistérios - a arte de bem vindimar - tendo sido pioneira da região no engarrafamento de vinho tinto. Em 1998, a Aveleda tomou posse deste fascinante tesouro, tendo-o enriquecido mais e mais, com a ajuda do sábio e famoso Denis Dubourdieu. Desde então, este tem cuidado do vinho com toda a sua alma.

Aveleda Follies - Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 12 meses carvalho Francês - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro com rebordo violáceo e ligeiramente glicérico.
Nariz a denotar uma boa intensidade, revelando uma grande maturação com muita fruta em compota o que dá logo uma sensação de adocicado no nariz, a madeira está em sintonia com a fruta, suave torrado com baunilha, chocolate negro, folha de tabaco, em fundo mostra ligeiros florais ainda que tímidos em companhia de um toque balsâmico, frescura de conjunto que não deixa cair o vinho num campo enjoativo passado dois ou três copos, mostrando-se guloso e de boa complexidade.
Boca de entrada bem fresca, certo arredondamento com fruta bem presente ao lado de compotas, balsâmico, acidez bem presente que torna o vinho completamente diferente da prova de nariz, mais fresco e menos madurão, o que se agradece. Não mostra grande largura de boca mas apesar de tudo mostra-se de boa complexidade e bem equilibrado no seu conjunto.

Um Touriga que foge ao que nos acostumou esta casta, é num perfil mais pesado e maduro que aparece em outros varietais 2003 desta mesma casta, chega a enjoar um pouco não fosse a prova de boca revelar-se bem diferente e com mais frescura, preço a rondar os 9€.
15,5

18 março 2007

Portugueses em 4º no consumo de vinho.

Os portugueses são os quartos maiores consumidores de vinho do Mundo, tendo cada português bebido, em média, 42 litros ao longo de 2003, revelam os mais recentes dados da associação World Drink Trends (WDT).

Segundo os últimos dados revelados pela Comissão Europeia, na última quarta-feira, Portugal é o terceiro Estado-membro da União Europeia com maior percentagem de abstémios (37 por cento), mas metade dos que bebem fazem-no todos os dias.
Fonte: Lusa

PS: E com a ajuda de todos vamos colocar Portugal no pódio.

13 março 2007

PROVA Anima L4

Hoje em dia penso que um dos principais objectivos de um enófilo seja a procura de vinhos que se desmarquem pela diferença, sem esquecer um nível qualitativo acima da média, ou seja, é o mesmo que andar a navegar num mar de vinhos que vai tendo vários tipos de ondulação, mas onde o principal objectivo é encontrar ilhas tropicais, são raras mas quando encontradas dão uma satisfação enorme.
O vinho aqui provado é mais um desses exemplos, é um vinho que segue a máxima: paixão pela diferença; aquela diferença que tanto procuramos e acabamos por encontrar, personalidade e complexidade, vinhos que saibam explicar o ''terroir'' que o viu nascer.
Só uma pessoa apaixonada pelo mundo do vinho como é o Engº José da Mota Capitão, é que ia buscar a famosa casta Italiana, Sangiovese, e a instalava na Herdade do Portocarro ali bem perto do Torrão, bem perto de um dos caminhos para Santiago de Compostela.
Foi essa paixão que fez um produtor percorrer um caminho que nos levou a este Anima, inspirado no latim onde ''anima'' significa ''sopro, ar, alma'' e que justifica em toda a sua essência o que este vinho nos transmite, um sopro na alma.

Anima L4
Castas: Sangiovese - Estágio: 18 meses madeira nova e usada com posterior estágio de garrafa. - 13,5% Vol. - Este vinho é considerado Vinho de mesa pelo que não pode ter indicação do ano de colheita.

Tonalidade granada escuro de média/baixa concentração.
Nariz de bela intensidade, a mostrar uma belíssima complexidade mas sempre com grande finesse e elegância, fruta de grande qualidade e muito madura com ligeiras compotas, entruzamento de grande nível com a madeira, baunilha com torrado muito fino, cacau em pó paira no ar, caramelo de leite, bafo especiado com tabaco de charuto, balsâmico ligeiro em fundo com toque herbáceo no final, frescura durante a prova,
Boca com entrada suave de belo efeito a denotar uma estrutura muito elegante e harmoniosa, a frescura está bem doseada e acompanha durante toda a prova de boca, redondo com uma grande sedosidade aliada a uma leve sensação de amanteigado que envolve o palato, fruta bem madura, especiaria leve, caramelo de leite, balsâmico que nos espera de braços abertos para um belo abraço, final de bela persistência.

É um vinho que mostra uma elegância que nos cativa e envolve durante toda a prova, não acaba de surpreender, irreverente e acima de tudo diferente, com um bouquet de grande finesse, não se mostrando com grande corpo, antes pelo contrário, é grande naquilo que tem para mostrar e dizer, afinal de contas, é esta diferença que me apaixona.
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Serras de Azeitão Branco 2006

A procura de vinhos para o dia a dia por parte do consumidor, revela-se por certas vezes quase como uma busca do Cálice Sagrado, são tantas as referências e nunca se sabe qual ou quais escolher.
É com este objectivo que o Copo de 3 tem vindo a provar vinhos com preços mais que atractivos sempre com a mira numa boa relação preço/qualidade, afinal de contas, o dar determinada opinião sobre este ou aquele vinho pode servir de ajuda, ou mesmo servir de inspiração num momento de dúvida por parte de um consumidor menos atento ou esclarecido.

É por terras de Azeitão que do produtor Bacalhoa Vinhos de Portugal, sai este vinho branco:

Serras de Azeitão Branco 2006
Castas: Fernão Pires, Arinto, Moscatel Graúdo e Chardonnay - Estágio: não indicado - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de fraca concentração com toque esverdeado.
Nariz de boa intensidade, bem frutado com toque tropical e citrinos em boa dose, ligeiro flora seguido de mineral de fundo, frescura complementa um vinho que se mostra directo e sem grande complexidade.
Boca de boa estrutura média/baixa, mineralidade de fundo com fruta presente, falta corpo no final mas pelo preço não se pode pedir melhor.

Um vinho que se mostra bem no nariz, um pouco mais apelativo que grande parte dos vinhos do mesmo preço, nesta caso custou 1,90€, para quem tem dúvidas na hora da compra e não está interessado em gastar muito dinheiro aqui está uma boa opção.
13,5

12 março 2007

PROVA Status Grande Escolha 2004

Vinho do Dão, produzido pela Vinícola de Nelas S.A. este Status Grande Escolha 2004 é a segunda colheita aqui provada.

Status Grande Escolha 2004
Castas: Touriga Nacional, Tinta Roriz, Jaen e Alfrocheiro Preto. - Estágio: 3 meses para 30% do lote de vinho, em pipas de 2º ano de carvalho americano e de 6 meses em pipas de 1º e 2º ano de carvalho Francês, para a Touriga-Nacional. - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/baixa.
Nariz de mediana intensidade, frutado com frutos silvestres em ligeira geleia, vegetal com esteva presente, anis, balsâmico em boa dose dando frescura, cacau suave com fumo de fundo.
Boca de boa estrutura, corpo médio, frescura presente, toque metálico, frutado com ligeira doçura, balsâmico presente com ligeira secura vegetal no final que se mostra de persistência média.

Um vinho que se mostra bem para o preço praticado, recordo que não chega aos 2,50€ o que o torna uma das grandes relações preços/qualidade do mercado e assim o consumidor não tem motivos para beber mau vinho.
15

PROVA Chaminé 2005

Desde os tempos dos Romanos que na Vidigueira se produz vinho, na altura eram utilizadas Talhas para a fermentação e armazenagem de vinhos, um costume ainda praticado nos dias que correm.
Foi a talha o símbolo escolhido para os vinhos Cortes de Cima, que aparece no topo da cápsula e na rolha, em prova temos o Chaminé 2005, um vinho que foi um sucesso logo que nasceu, na colheita de 1997, tornando-se um autêntico porto de abrigo de muitos apreciadores de vinho.

Chaminé 2005
Castas: Aragonez 50%, Syrah 41%, Trincadeira 5 % Touriga Nacional 4 % - Estágio: Sem envelhecimento em madeira. - 14% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz de média/baixa intensidade aromática, mediano na complexidade, frutado (ameixa, amora, morango, cereja), vegetal acompanhado de ligeiro especiado, bafo morno com ligeira sensação de doçura, frescura e toque de fumo em fundo, que por vezes lembra cacau.
Boca de boa estrutura, redondo a encher a boca dentro das suas capacidades, frescura marca leve presença, ligeiro balsâmico, vegetal ao lado de fruta madura, ligeira secura no final de persistência média.

Um vinho de boa estirpe alentejana, um valor seguro que revela uma boa consistência ano após ano, é de dizer que este não falha, com um preço a rondar os 5,50€ aguenta sem problemas uns tempos em cave.
15

PROVA Bajancas 2004

Nos tempos mais remotos os curandeiros executavam as suas mezinhas nas chamadas Bajancas, este é o nome de um vinho bem actual, digamos que é mais uma recente proposta nos vinhos Durienses, lançado pela Quinta das Bajancas situada em S. João da Pesqueira, propriedade do Sr. António Alfredo Lamas.

Bajancas 2004
Castas: Touriga Franca, Touriga Nacional e Tinta Roriz - Estágio: Não indicado - 14% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro de concentração média/alta.
Nariz a revelar aroma de média intensidade, destaque inicial para esteva e ligeiro floral em suporte balsâmico de boa intensidade, frutos vermelhos e negros maduros um pouco encostados de lado, com o tempo surgem notas que lembram um ligeiro torrado, café e fumo, conjunto com boa dose de frescura.
Boca com boa estrutura, macio e redondo, mostra uma frescura que nos acompanha de início ao fim, fruta bem presente e bem madura, quase que a dar um toque de doçura ao vinho, que se mistura com especiaria e balsâmico ligeiro, o pendor vegetal mostra-se ligeiramente no final de boca com ligeira secura vegetal e alguns taninos por domar, final de boa persistência.

É uma boa estreia com um preço a rondar os 8€, marcando a diferença pela prova de nariz que consegue ser um pouco diferente dos padrões da moda.
15,5

08 março 2007

PROVA Vinhos Morgadio da Calçada

No Douro nasceu mais um projecto, resultante de uma parceria entre a família Vilas Boas e da casa Niepoort, saem os vinhos Morgadio da Calçada
O Morgadio da Calçada foi instituído nos finais do séc. XVII pelo Desembargador Jerónimo da Cunha Pimentel na aldeia história de Provezende. Este vinho é o resultado do encontro da chancelaria de qualidade Niepoort com as extensas vinhas da casa da Calçada, e ao que parece Dirk Niepoort tem um fascínio pelas vinhas de Provezende, sendo que com esta parceria vai permitir explorar a criação de nova linha de vinhos Douro aqui e prova e Porto, em prova mais tarde no Copo de 3.
A destacar os rótulos, desenhados com o traço inconfundível do Arq. Álvaro Siza Vieira, são o retrato de uma das mais antigas quintas da Região Demarcada do Vinho do Douro.

Morgadio da Calçada Tinto 2004
Castas: Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional - Estágio: 18 meses barricas em que 10% é nova - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de mediana concentração.
Nariz a mostrar boa intensidade, fruta vermelha e negra bem madura e com ligeira compota, seguida de ligeiro toque vegetal, frescura moderada acompanha notas de especiaria, baunilha, suave torrado, cacau em pó e fumo, em plano de fundo sensação balsâmica muito ligeira com floral.
Boca de corpo médio, ligeira complexidade tal como no nariz, a fruta a marcar presença, balsâmico, frescura bem agradável durante toda a passagem de boca, entra macio e sem complexos, toque vegetal muito suave acompanhado de algum torrado e cacau de fundo, ligeira secura no final que se mostra de persistência média.

Um vinho equilibrado e de certa harmonia, sente-se qualquer coisa em falta, talvez mais complexidade na boca, mais corpo, falta um brilho que o torne diferente, pelo preço indicado de cerca de 14€ esperava um pouco mais.
15,5

Morgadio da Calçada Branco 2005
Castas: 50% Codega, 20% Rabigato e 30% mistura de castas provenientes de vinhas velhas - Estágio:30% passou 8 meses em carvalho francês usado - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino com leve dourado.
Nariz de boa intensidade, a fruta com citrinos e frutos de caroço, apresenta-se bem madura apoiada em aroma de relva fresca com mineralidade de fundo que marca presença logo de início e se junta a sensações de mel de esteva com a componente floral também presente, bela harmonia de conjunto com torrado leve e baunilha a surgir com toque de fumo no final.
Boca bem estruturada, entra redondo e com fruta bem madura com destaque para os citrinos, ligeira sensação de doçura e ao mesmo tempo de untuosidade, acidez de belo efeito dando uma frescura notável durante toda a prova, a mineralidade está aqui também presente, boa harmonia de todo o conjunto com persistência final média/alta.

Um belíssimo branco do Douro que pelos 12€ é uma bela compra, é uma entrada com o pé direito e a seguir nas próximas colheitas com bastante atenção, bem melhor que o tinto é um vinho que dá uma prova de belo nível, a provar sem receios.
16,5

04 março 2007

PROVA O vinho de Bucelas

Seguindo esta pequena viagem, o nosso objectivo é a vila de Bucelas, pertencente ao concelho de Loures, que fica a cerca de 24 km a norte de Lisboa no vale do rio Trancão, tendo sido demarcada por lei desde 1911, em 1993 é criada a Denominação de Origem Bucelas e em 1999 passa a ter o registo de região demarcada para espumantes, sendo que nesta região apenas os brancos tem direito a ter à Denominação de Origem, tornando assim a casta Arinto como o ex libris da região.
É sem dúvida alguma um passeio a fazer por todos os apreciadores de vinho, ficar a conhecer os produtores e as suas adegas, uma excelente oportunidade para entender o porquê da fama destes vinhos e tão perto de Lisboa.

A fama, essa já vem de longe, sabe-se que o Marquês de Pombal se interessou muito por este vinho, e numa tentativa de valorizar a cultura da vinha, chegou a importar algumas castas do Reno, alguns historiadores antes pelo contrário dizem que foram as castas de Portugal a serem levadas para a Alemanha por Cruzados Teutónicos vindos da Terra Santa.

Mas o boom na fama do vinho de Bucelas, deu-se na altura das invasões Francesas em que era muito apreciado pelos militares ingleses e principalmente quando o Duque de Wellington, na altura comandante das tropas anglo-portuguesas contra os exércitos franceses, por gostar tanto do vinho de Bucelas o ofereceu como presente ao príncipe regente Jorge III, levando desta maneira o vinho para Inglaterra.
É desta maneira que depois da Guerra Peninsular, se torna habitual na corte e entre os súbditos ingleses o consumo de vinho de Bucelas.
No tempo de Shakespeare era conhecido pelo nome de ''Charneco'', e mais tarde foi também conhecido pelo nome de Lisbon Hock (vinho branco de Lisboa, sendo que Hock é um termo que os ingleses atribuem a qualquer vinho branco do Reno).

Localização
A área geográfica correspondente à Denominação de Origem ''Bucelas'' abrange as localidades: Bucelas, Charneca, Vila de Rei, Bemposta, Santo Aleixo, Vila Nova, Chamboeira e Freixial.

Solos e Clima
As vinhas instalam-se em solos que correspondem às tradicionais «Caeiras», predominantemente derivados de margas e calcários duros, em regra geral profundos, com materiais grosseiros, sendo que a maior densidade de vinha se encontra nos vales, em terrenos de constituição argilo-calcárea. A região possui um microclima específico, sendo bastante frio no Inverno e temperado no verão, havendo no entanto grandes oscilações térmicas nesta época.

Castas
Arinto (Pedernã), com um mínimo de 75% do encepamento, Rabo de Ovelha e Esgana - Cão (Sercial) com um máximo de 25% do encepamento.

Vinificação
Os vinhos (DOC) Bucelas devem provir de vinhas com pelo menos três anos de enxertia e a sua elaboração deve decorrer dentro da região, em adegas inscritas e aprovadas para o efeito, que ficam sob controlo da CVRBU.
Na elaboração dos vinhos, serão seguidos os métodos de vinificação de bica-aberta, bem como as práticas e tratamentos enológicos legalmente autorizados.

Rendimento por hectare
O rendimento máximo por hectares das vinhas com (DOC) Bucelas é de 70 hl.

O Estágio e os Vinhos
Os vinhos (DOC) Bucelas só podem ser comercializados após um estágio mínimo de oito meses, dos quais dois em garrafa.
O vinho de Bucelas é um vinho branco, proveniente das castas Arinto, Esgana-Cão e Rabo de Ovelha, com uma graduação alcoólica entre 11º e 11,5º
Os vinhos Bucelas devem ter um título alcoométrico volúmico mínimo de 10.5% vol. e uma acidez fixa mínima de 4.0 g/l expressa, em ácido tartárico.
Os VEQPRD DOC Bucelas (espumantes) devem ter como vinho base um vinho apto a ser reconhecido como DOC Bucelas, em todas as suas características, devendo o método tecnológico a utilizar na preparação destes vinhos espumantes ser o método de fermentação clássica em garrafa.
Baseado em: http://www.lusawines.com/cA28.asp , foto retirada do site www.chprado.com

Depois de feitas as apresentações resta provar um vinho que seja exemplo dos vinhos desta Denominação, ou seja, um vinho proveniente das castas Arinto, Esgana-Cão e Rabo de Ovelha.
O escolhido foi um vinho que penso não ser costume encontrar em Portugal, um Garrafeira Branco, das Caves Velhas.

Caves Velhas - Bucelas Garrafeira 1998
Castas: Arinto (80%), Esgana Cão e Rabo de Ovelha. - Estágio: 6 meses carvalho nacional. - 11,5% Vol.

Tonalidade que se apresenta com um amarelo dourado ligeiramente glicérico e de mediana concentração.
Nariz com aroma a mostrar uma intensidade não muito forte mas que não chega a ser tímida, aqui a passagem do tempo já se nota mas não no mau sentido, afinou e o bouquet é bem interessante com fruta presente em ligeira calda (pêssego em lata, e citrinos cristalizados), leve nota petrolada que dá lugar a chá de cidreira/mel em companhia de suave floral (flores brancas), rezina, em harmonia com tudo isto temos toque de baunilha com torrados elegantes, frescura presente ainda que leve com toque de frutos secos (avelã) no final.
Boca de meia estrutura, fruta presente com acidez ainda a dizer presente e a dar uma suave brisa de frescura ainda que não muito vincada, em quantidade suficiente, que nos acompanha durante toda a passagem de boca, apara de lápis, torrados ligeiro em final algo curto com toque mineral e de média persistência.

Um vinho com um perfil claramente fora das modas de mercado, a primeira colheita viu luz em 1936, este 1998 continua a ser feito como se fosse o primeiro, mostra-se ainda em forma para a idade que tem, quantos Garrafeira Brancos temos em Portugal e de 1998, a serem comercializados ?
É de agradecer que ainda se continuem a fazer este tipo de vinhos, é preciso que a memória de outros tempos não seja esquecida pelas novas tendências, talvez não seja fácil de abordar mas que vale a experiência disso não tenho menor dúvida, o preço rondou os 3,50€.
15,5

02 março 2007

PROVA Os vinhos de Colares

A partida para esta viagem, é feita de Lisboa numa tentativa de dar a conhecer melhor em 3 partes diferentes, os vinhos de Colares, Bucelas e para bem mais tarde ficará Carcavelos.

Começamos a nossa viagem em direcção a Sintra, onde entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico, a 25km a Noroeste de Lisboa, fica situada uma pequena zona vitícola muito antiga com produção a remontar ao ano de 1255, aquela que é a Região Demarcada mais ocidental da Europa continental e a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos do pais.
Colares foi ganhando fama com os seus vinhos já lá vai o tempo, a nomeada dos vinhos de Colares foi reforçada quando da violenta invasão da filoxera, que em 1865 iniciou a devastação de uma grande parte das regiões vinícolas de Portugal, sem que tenha atacado as vinhas de Colares, para o que muito contribuíram as condições dos seus terrenos arenosos, em que o daninho insecto não conseguiu penetrar.

Ferreira Lapa escreveu em 1866: «Colares é um vinho que possui todos os requisitos e qualidades dos vinhos tintos de MEDOC, é o vinho mais francês que possuímos. Os que alcoolizam este vinho para o puxar ao tipo geral dos nossos outros vinhos cometem um erro industrial e um desacato à elegância do bom gosto. A aguardente empasta e obscurece os sabores delicados deste vinho, fica descosida neles, tira-lhe o aroma fino do éter tartárico e do éter butírico, substituindo-o pelo cheiro vinoso, picante e alcoólico dos vinhos carregados em lota.»

Localização

A área geográfica correspondente à Denominação de Origem "Colares" situa-se no concelho de Sintra, entre a Serra de Sintra e o Oceano Atlântico, numa zona junto ao mar, compreendendo as freguesias de Colares, São Martinho e São João das Lampas.

Solos e Clima

Os solos desta Denominação de Origem, pela sua natureza geológica, dividem-se em duas sub-zonas: "chão de areia" (região das dunas) e "chão rijo" (solos argilo-calcários, pardos de margas ou afins). As características únicas do vinho de Colares devem-se às castas, solo e clima temperado e húmido no Verão e, ainda, ao facto de 80% da vinha estar instalada em "chão de areia".


Castas


1. As castas a utilizar para a produção dos vinhos de Colares são:
a) Em chão de areia:
Vinhos Tintos:
Castas Recomendadas: Ramisco, com representação mínima de 80% do total.
Castas Autorizadas: João Santarém, Molar e Parreira Matias:
Vinhos Brancos:
Castas Recomendadas: Malvasia, com representação mínima de 80% do total.
Castas Autorizadas: Arinto, Galego Dourado e Jampal.

b) Em chão rijo:
Vinhos Tintos:
Castas Recomendadas: João Santarém, com representação mínima de 80% do total.
Castas Autorizadas: Molar, Parreira Matias e Tinta - Miúda.
Vinhos Brancos:
Castas Recomendadas: Malvasia, com representação mínima de 80% do total.
Castas Autorizadas: Arinto, Galego Dourado, Fernão Pires, Jampal e Vital.

2. A comercialização de vinhos com referência a uma casta só pode ser feita em relação às castas recomendadas, com prévia autorização da CVRBCC.

Vinificação

Os vinhos devem provir de vinhas com, pelo menos, quatro anos de enxertia e a sua elaboração deve decorrer dentro da zona de produção em adegas inscritas, aprovadas e controladas pela CVRBCC.

As castas tintas são vinificadas em curtimenta com 50% de desengace, quando destinadas a estagiar durante anos; quando este vinho é encontrado à venda novo «um, dois anos» ele é proveniente de curtimenta com separação de engaços e colagens sucessivas, assim como tratamento pelo frio, por forma a raspar as substancias sólidas o mais rapidamente possível para se tornarem mais suaves na sua juventude; este vinho não se deve guardar durante muito tempo; isto é, deve ser consumido jovem.

As castas brancas são vinificadas de bica - aberta e tratadas através do frio.

Os vinhos brancos e tintos com DOC Colares podem incorporar até um máximo de 10% de produtos a montante do vinho provenientes de vinhas de chão rijo que satisfaçam as exigências estabelecidas.

Rendimento por hectare

A produção máxima por hectare das vinhas destinadas aos vinhos com direito à DOC Colares é fixada em 55 hl para os vinhos tintos e em 70 hl para os vinhos brancos.

Estágio

Os vinhos DOC Colares só podem ser comercializados após estágio mínimo de:
a) Vinhos tintos: 18 meses em vasilhame, seguidos de 6 meses em garrafa.
b) Vinhos brancos: 6 meses em vasilhame, seguidos de 3 meses em garrafa.
Os vinhos tintos e brancos, a comercializar com DOC Colares, devem ter um título alcoométrico mínimo de 10% vol.
Informação retirada de: http://www.gastronomias.com/vinhos/colares.htm , http://www.lusawines.com/cA30.asp , fotos do site http://pwp.netcabo.pt/lo.canelas/

Depois de feita a devida apresentação da zona e das suas características, resta provar dois fieis exemplos dos vinhos de Colares, ambos produzidos pela Adega Regional de Colares que foi fundada em 1931, reunindo mais de 50% da produção da região e mais de 90% dos produtores da mesma, merecendo a sua adega uma visita atenta e os seus vinhos uma prova dedicada, pois fazem parte de um património que não se pode nem deve esquecer, os Vinhos de Colares.

O primeiro vinho em prova é o Arenae Ramisco 2000, um vinho tinto elaborado a partir da casta Ramisco (casta nobre e autóctone da região, plantada em pé franco, nos característicos solos arenosos da região demarcada), com uma produção total de 2600 garrafas numeradas de 0,5 l, cabendo a esta o número 782.

Arenae Ramisco 2000
Casta: Ramisco - Estágio: 4 anos, passando primeiro por barricas de carvalho, seguindo-se grandes tonéis de madeiras exóticas e por fim estágio em garrafa. - 11,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de mediana intensidade.
Nariz com aroma de média intensidade, mostra-se tímido de início mas nada que não passe com tempo, revela frescura e delicadeza de conjunto, nota-se certo arredondamento no nariz, fruta vermelha bem madura com ligeira lembrança de marmelada, notas de madeira (móvel antigo) e aroma a lembrar resina, frutos secos (pinhão) ligeiro pendor vegetal com balsâmico muito suave presente em 2º plano, tudo muito arrumadinho e a dar uma prova que mais uma vez se mostra diferente do que se costuma encontrar por aí.
Boca a mostrar um corpo ligeiro mas muito bem afinado, bem harmonioso de entrada macia e redonda, frutado com presença de frutos vermelhos (morango, amoras, groselha), frescura presente durante toda a prova, ligeiro torrado de fora discreta que se prolonga até uma mineralidade, final com toque tímido de balsâmico com alguma resina.

Ora aqui temos um vinho que não se prova todos os dias, é uma belíssima lição para quem o prova, um vinho que não me passou ao lado como tantos outros, este mostra que tem algo apenas seu, talvez seja o tempo e a tipicidade que lhe corre na alma, muito agradável e delicado, difícil não gostar, uma finesse e um bouquet diferentes.
Quantos vinhos de Ramisco já conhece ? Então que espera...
16,5

O segundo vinho provado é um Arenae Malvasia 2005, um vinho elaborado a partir da casta Malvasia de Colares (casta nobre e autóctone da região, plantada em pé franco, nos característicos solos arenosos da região demarcada), com uma produção de 4800 garrafas de 0,5 l.

Arenae Malvasia 2005
Casta: Malvasia de Colares - Estágio: breve estágio em madeiras exóticas. - 12% Vol.

Tonalidade amarelo de leve dourado com recorte citrino, ligeiramente glicérico.
Nariz de bela intensidade, não invade o nariz mas também não se esconde, acima de tudo muito correcto e bem interessante de se seguir durante a prova, sugestão de fruta tropical (ananás) citrinos (toranja e limão) em conjunto com notas de mel bafejado por um mar floral de boa intensidade a dar frescura ao conjunto (por momentos lembrou chá de tília), surge aroma a maçã assada coberta de açúcar, suave mineralidade presente que dá entrada a nova vaga de aromas derivados do estágio em madeira, em fundo ligeira presença de frutos secos, torrados e fumo, tudo muito bem integrado num conjunto de belo efeito.
Boca com corpo bem estruturado, bom recorte apesar de mediana complexidade, mel, flores, mineral, acidez presente a dar boa frescura durante toda a prova, tem boa vivacidade com um final de persistência média.

O vinho mostra-se bastante interessante na prova de nariz, muito certinho e aprumado com vontade de dizer aquilo que sabe, mas diz de maneira correcta e sem atropelos, perde um pouco na boca, falta algum comprimento mas nem todos os vinhos têm de ser iguais e este não é... o preço ronda os 8€ para um vinho que merece ser conhecido e divulgado, aqui as modas passam ao lado.
15,5

01 março 2007

PROVA Vinhos Gravato

É na freguesia da Coriscada no concelho de Mêda, que fica situada a Quinta dos Barreiros, de onde saem os vinhos Gravato, nome que invoca a batalha do Gravato que teve lugar a 3 de Abril de 1811 a quando da expulsão das tropas francesas de Portugal.
Esta pequena viagem pela Beira Interior leva-nos a encontrar um varietal Touriga Nacional e um vinho palhete, neste caso um vinho que vem relançar para o mercado o quase extinto Vinho da Mêda ou Palhete de Mêda.
A saber que um palhete ou palheto é um vinho obtido da curtimenta parcial de uvas tintas ou de curtimenta conjunta de uvas tintas com uvas brancas, não podendo as uvas brancas ultrapassar 15% do total.

Gravato Palhete 2004
Castas: Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Barroca, Rufete e Rabisgato - Estágio: Inox e 3 meses de garrafa - 13,5% Vol.

Tonalidade ruby de mediana baixa concentração e algo diluído.
Nariz com aroma frutado de boa intensidade, fruta (frutos vermelhos) bem madura em primeiro plano com ligeira geleia e algum vegetal a acompanhar, bem directo e sem rodeios, boa frescura presente aliada a uma pitada de especiaria com aragem floral, com o tempo faz lembrar ligeiramente o bolo inglês acabado de sair do forno.
Boca de boa estrutura, boa acidez a dar boa dose de frescura ao vinho durante toda a prova, a fruta marca mais uma vez presença desta vez com toque vegetal de segundo plano, final de boca de média intensidade e ligeira secura, deixa ligeira recordação de chá preto no final.

Temos então um vinho completamente diferente do que normalmente se encontra, conjuga o corpo e estrutura de um vinho tinto com a acidez de um vinho branco, a casta Rabigato marca presença, num conjunto que sem ser muito complexo deixa uma boa recordação aliada a um bom equilíbrio de conjunto, sem dúvida uma boa experiência, o valor indicado para este vinho é de 5€.
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Gravato 2004
Castas: Touriga Nacional - Estágio: 1 ano em inox mais 6 meses de garrafa - 14% Vol.

Tonalidade granada quase retinto.
Nariz de boa intensidade, mostra-se um vinho algo fechado com floral (violetas) e algum químico de início, com a passagem do tempo surge a fruta (ameixa, frutos silvestres) a marcar presença com ligeira sensação de compota, especiado, toque vegetal com balsâmico e fumo em fundo, frescura de conjunto que se mostra algo introvertido mas a dar uma boa prova neste momento.
Boca a mostrar-se bem estruturada, frescura patente com fruta madura, entra macio mas no final apresenta ligeira secura vegetal derivada de alguns taninos ainda por domar, mentol, com final de boca médio/longo de boa persistência.

Um vinho a mostrar uma Touriga ainda com vida pela frente, apesar de dar uma boa prova neste momento, a rondar os 9€ é um vinho que ainda se encontra em fase de ascensão pelo que vale a pena esperar por ele, temos mais um produtor a entrar com o pé direito, vale a pena ficar atento a futuros lançamentos.
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