Faz bem pouco tempo, seria uma das zonas que mais passava ao lado do consumidor, falava-se de um Dão adormecido, perdido e esquecido no tempo, apenas lembrado pelo que já tinha sido e não pelo que era na altura... mas tudo mudou para melhor e ainda bem.
É nesta onda de renovação e de qualidade, que a Vinícola de Nelas SA. lança para o mercado a sua gama alta, os vinhos que recebem todos os mimos na adega e que ficam com as melhores uvas, são eles os Quinta das Estrémuas.
Quinta das Estrémuas Reserva 2003
Castas: Touriga Nacional, Alfrocheiro, Tinta Roriz e Jaen - Estágio: 9 meses carvalho Francês e Americano - 13,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz a apresentar uma intensidade média, sem grande complexidade, fruta (cereja, amoras) bem maduras, alguma geleia presente, acompanhadas de ligeira nuance vegetal/floral e especiaria, em segundo plano surgem aromas do estágio em barrica muito bem integrados no conjunto, baunilha e tosta ligeira com fumo de fundo em companhia de bons balsâmicos.
Boca com entrada fresca e com boa estrutura, equilibrado e sem grande largura de boca, sensação de doçura inicial muito redondo e aprumado, o tal aveludado tão característico do Dão, boa passagem de boca com fruta bem presente e ligeiro balsâmico num final que se mostra de persistência média.
Um vinho feito com as quatro castas do Dão, não se mostrando de grandes complexidades mostra-se equilibrado, fresco e bem feito, tem tudo para agradar e revela-se muito amigo da mesa, conhecedor de inúmeras ligações gastronómicas, aguenta-se bem durante a prova sem tremer, não se esquece do que tem para mostrar e recebe quem o prova de taninos abertos.
Preço que ronda os 6€ num vinho que ainda vai evoluir um pouco mais em garrafa.
15,5
Quinta das Estrémuas Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 11 meses carvalho Francês - 13,5% Vol.
Tonalidade granada escuro de concentração média.
Nariz de boa intensidade, não se mostra muito ao início, talvez até com alguma austeridade com toque químico, abrindo com o tempo para um vegetal ligeiro que domina inicialmente a prova, com a fruta bem madura (frutos silvestres) a ficar para segundo plano, aliada a uma boa dose de frescura, a madeira marca ao de leve a sua presença, com torrados e baunilha, suave cacau e tabaco de enrolar, revela grande harmonia dentro do seu enquadramento, sem tirar protagonismo aos aromas de fruta e violeta que surgem em final.
Boca a mostrar um corpo bem estruturada, corpo de complexidade média, a frescura invade a boca com balsâmicos socorridos de toque vegetal que termina em fruta bem madura, passagem de boca com suavidade a deixar ligeira secura no final de persistência média/alta.
Um belo exemplar de Touriga Nacional, a jogar mais no campo da harmonia e do equilíbrio, não fosse ele da terra que o viu nascer, o preço indicado ronda os 7€
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Quinta das Estrémuas Touriga Nacional 2004
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: 11 meses carvalho Francês - 15% Vol.
Tonalidade granada escuro de concentração média.
Nariz a revelar uma boa complexidade, inicialmente com alguma austeridade com aroma químico presente mas que desaparece com o passar de algum tempo, a mostrar boa intensidade aromática que desperta e prende a atenção, fruta (frutos silvestres) muito madura e de grande qualidade com uma brisa floral (violetas) bem presente. A componente balsâmica marca presença em segundo plano durante toda a prova, num perfil que não enjoa e com a frescura bem medida, surgem especiarias (canela), a ligação com a madeira faz-se muito bem, notas de baunilha bem envolventes, tosta suave, cacau em pó, tabaco, ligeira sensação de adocicado esbatida no fundo, os 15% não mostram sinais de vida e ainda bem
Boca de bela entrada, bem estruturada com arredondamento e sedosidade na sua passagem, fruta de grande qualidade presente ao lado de ligeiro vegetal, especiaria, baunilha e cacau. A acidez marca presença desde o início da prova, dando uma bela frescura ao conjunto, a tudo isto junta-se a componente balsâmica bem mais comedida mas de belo efeito que acompanha desde o principio até a um final de persistência média/alta.
Um vinho claramente diferente da versão 2003, não se encontra mais doçura mas neste caso encontramos bem mais acidez o que o torna bem mais apelativo e interessante, os seus 15% não chegam a incomodar durante a prova, incomodam talvez no final da prova mas isso é outro assunto. Um vinho que prima pela frescura e elegância do seu conjunto sem nunca deixar de lado uma boa dose de complexidade, boca de grande categoria dentro dos padrões da zona, mostrando sinais que ainda tem muito mais para mostrar, e vale bem a pena esperar por ele.
Um belíssimo vinho a mostrar que o Dão está vivo e de parabéns
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