Quem anda mais embrenhado nisto dos vinhos sabe que há um pouco por cada lado as revistas que ditam as modas vínicas de cada lugar/País. Se por cá esta cantiga já foi chão que deu uvas no que diz respeito a revistas, pessoalmente deixei de as comprar vai para quase 2 anos e não sinto falta, leio calmamente na superfície comercial e muita das vezes as "novidades" já as conheci ou no meu copo ou nos copos e pingas de outros. Tudo isto para dizer que recentemente saiu uma fornada de notas de prova de vinhos de Portugal da responsabilidade de uma das mais "importantes" revistas do meio a nível global, a Wine Spectator. Esta revista ou chamarei de Eno-pasquim, sediada no mesmo país onde moram "coisas" como a Moodys tem também a apetência natural e pedante de tentar governar o mundo com o que faz, diz e escreve. A sua maior tentativa é com a listinha de final de ano em que elege os melhores vinhos... consequente escalada da procura dos mesmos e dos respectivos preços. Porém as linhas não são direitas e por vezes sabendo-se lá porque motivos as coisas mudam, talvez porque as marionetas provadoras não estejam suficientemente bem preparadas para a nossa realidade, ou até mesmo porque um duvidoso gosto pessoal impera. Relembro que na Wine Spectator nos vinhos de Portugal prova Kim Marcus, relembro também que os vinhos de certas regiões no copo deste senhor nunca foram bafejados com scores à altura das suas qualidades, pergunto porque insistem os produtores dessas regiões em enviar amostras para verem constantemente os vinhos abaixo do registo normal da sua qualidade, registo também que por outro lado Mark Squires também reputado provador e tantas vezes acusado de ser demasiado comedido nas suas notas, consegue com as suas avaliações aproximar-se dos valores normais atribuídos um pouco por todo o lado.
Quem toma atenção às notas, quem prova muitos vinhos e vai reparando nestas coisas não consegue ficar indiferente quando olha para uma lista como esta e repara que por exemplo um Diálogo Niepoort se equipara com 87 pontos a um Pêra Manca tinto ou um Júlio Bastos Alicante Bouschet 2007 que curiosamente ficaram todos abaixo de um Quinta de Cabriz. Ou como é que se atribui os mesmos 90 pontos a um Quinta do Vale Dona Maria 2009 e um Crasto ou Vallado do mesmo ano. Em conversa com um amigo questionava-se que não será estranho que a CARM assim como não quer a coisa deixou de saber fazer bons vinhos ?
Tudo isto cheira mal, parece bater certo apenas para alguns e cheira a manobra de diversão barata. Por outro lado dá a entender que quem prova está encostado à sombra do gosto forçado e pessoal sem que consiga ver mais além. Numa altura em que se depende cada vez mais das exportações ou quando as mesmas têm um peso significativo nas economias de um produtor, não se pode ficar quieto quando se olha e vê que "alguns" vinhos mais parece que foram provados de rajada como que atirados para um campo e massacrados ao som da metralha.Nos dias de hoje temos mais qualidade nos vinhos do que a lista quer mostrar, a realidade dos nossos vinhos está muito longe da realidade que Kim Marcus quer dar a entender... vou por isso estar atento às notas do Mark Squires.