Copo de 3: dezembro 2013

30 dezembro 2013

Vale da Mata Reserva 2009

Depois de já aqui ter provado o colheita 2009 do Vale da Mata (nome de uma pequena vinha na encosta da Serra de Aire, nas Cortes, Leiria), chega a vez do Reserva do mesmo ano. É um vinho da região demarcada de Lisboa, produzido por Catarina Vieira (Herdade do Rocim), cujo preço sensato ronda os 18€ e que merece toda a atenção. Prima pela frescura, elegância na boa concentração da fruta limpa e bastante saborosa, bem interligada com madeira que surge de forma suave, amanteigado ligeiro com baunilha seguido por balsâmico de fundo. Todo ele envolto numa bela complexidade, muito bem delineado com corpo cheio de sabor que nos preenche o palato, fresco e frutado. Um vinho onde a madeira apesar de presente se mostra cooperante e nada cansativa, todo ele portanto muito pronto a beber com bastante satisfação. 92 pts

22 dezembro 2013

Feliz Natal



O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

Colecção Privada Domingos Soares Franco Espumante Moscatel Roxo Rosé 2012

Será certamente o exemplar mais exótico provado nos últimos meses, na verdade este espumante oriundo da José Maria da Fonseca consegue dotar-se qual ave do paraíso de algo diferente e que nos prende a atenção num conjunto aromático muito picuinhas, pouco exuberante, quase que perfume de menina. Um toque de lichia, meloa e floral suave, água de rosas, envolvente e muito simpático. Na boca mostra frescura, corpo delicado indo ao encontro da prova de nariz, diferente muito diferente, por isso mesmo o preço ronda os quase 15€ e valerá sempre a pena para apreciadores de espécies exóticas. Bebeu-se alegremente a acompanhar uns quantos acepipes na base de uma boa conversa. 89 pts

21 dezembro 2013

Vale da Capucha Reserva branco 2011

É vinho com entrada directa para o meu top 10 dos melhores brancos nacionais abaixo de 10€, o Vale da Capucha Reserva 2011 (Lisboa) cativou-me desde a sua primeira prova num evento da especialidade. Foi de tal maneira que tive de voltar a provar em casa e entender um pouco melhor o que então me tinha caído no copo. Maioritariamente Viosinho com 53%, complementa-se com Arinto e Antão Vaz, num todo bem fresco com travo mineral de fundo, preenchido por fruta (branca, citrinos, leve tropical) suculenta e bem fresca, folha de limoeiro e flores brancas. À sua volta paira madeira de bom nível, nada que incomode, apenas o torna um pouquinho mais confortável, com calda do ananás a aparecer após algum tempo de copo. Boca a condizer, belo travo cítrico-mineral de fundo, num vinho que ainda se mostra muito novo e em fase de arrumações, podemos sentar e beber um copo mas será certamente lá mais para a frente que terá algo mais a dizer. Um reparo de acordo com o meu gosto pessoal era ter um bocadinho mais de acidez e certamente o nível era outro. 91 pts

17 dezembro 2013

PSI 2010

Um vinho criado por um "tubarão" da enologia do país vizinho, o nome Pingus não deixará ninguém indiferente tal como o nome do seu criador Peter Sissek. Pois não faz muito tempo (colheitas) que decidiu lançar um novo projecto para a rua, o nome é PSI, vem das letras do nome do criador (P)eter (SI)ssek, a vontade de lançar um vinho mais terra a terra, a fugir às concentrações dos seus primos, mais frescura, mais fruta, com parcelas escolhidas aqui e ali dos associados a este projecto. Se poderia ou não  ser mais barato a coisa deixa de interessar quando o factor dos cerca de 30€ que pedem por ele não se reflectir minimamente no que nos cai no copo. Na realidade o vinho fica muito aquém para quem o compra, dá vontade de praguejar, roça mesmo a sensação de se ter enfiado um grande barrete e na prova que deu num recente almoço deu motivos para não apetecer voltar a ele.

Toda a prova que dá centra-se na fruta, vermelha, com muito morango, framboesa, cereja e companhia limitada, muita fruta madura mas pouco definida e amontoada num todo onde a madeira pouco se faz notar, o problema a meu ver é que toda esta simplicidade em forma de harmonia e frescura fica-se por aqui... falta nervo, carácter, nesta altura passam-me pela memória inúmeros vinhos feitos nos mais variados pontos de Portugal que por muito menos €€€ nos dão muito mais prazer. Culmina com uma prova de boca que apesar da presença sumarenta e opulenta da fruta banhada por uma boa acidez com que dá entrada, a madeira mostra-se aqui ligeiramente mas acompanhada de especiarias, depois começa a estreitar-se num final que termina espaçado e algo frouxo que quase que nos deixa apeados. No final é vinho que não nos trás nada de novo, não consegue transmitir sequer uma pitada de emoção ao provador... a não ser lamentar os quase 30€ que pagou. 89 pts

15 dezembro 2013

Terras do Suão Reserva 1985

A Cooperativa Agrícola de Granja foi fundada em 1952, hoje com 60 anos de vida, terá sido o patinho feito das Cooperativas Alentejanas, aquela cujos vinhos mais passaram ao lado dos copos do consumidor. Terá tido o seu momento mais alto, no que concerne à produção de vinhos, no final da década de 1980 com o prémio de Campeão do Mundo, numa competição que decorreu na Ex-Jugoslávia. Prémio que à boa maneira Portuguesa se elevou aos píncaros como sempre se faz e prolongou a fama e preço do respectivo nos anos seguintes. A adega fica situada na margem esquerda do Guadiana e a fazer fronteira com grande parte do lago de Alqueva, a existência de bastantes vinhas em pé-franco, nomeadamente de Moreto, que estará na base deste Terras do Suão Reserva 1985.

Na sua caminhada para os 30 anos de vida, este vinho foi uma alegre surpresa no copo. A fruta que mostrava ainda alguns sinais de vida, madura e limpa, acompanhada por muita compota com toques de licor de frutos do bosque e couro. Um bouquet à justa mas que para a idade que tem se mostra muito bem, numa prova de boca fina e macia, com sumo da fruta a dar passagem a travo de cacau morno, boa frescura num todo elegante e a mostrar apontamento seco no final de boca. A nota final reflecte a clarividência que denotou durante toda a prova, sem grandes atropelos, amontoados ou desmoronamento... direi mesmo que foi bom enquanto durou. 88 pts

11 dezembro 2013

Alves de Sousa Memórias

O conhecido produtor Domingos Alves de Sousa (Douro), comemorou recentemente 20 anos (1992-2012) de um percurso vínico invejável. Que melhor maneira para celebrar do que lançar no mercado um vinho que fosse o espelho dessa sua dedicação ao longo dos anos, um vinho único e muito especial (não tem ano de colheita) que é fruto de um lote dos melhores anos e das melhores vinhas do produtor. Ficou por apurar por completo a história, que a dose de mistério aguça a curiosidade, mas anotado ficou que entre 2003 e 2009 foram incluídos vários lotes, que teve como resultado 1500 garrafas magnum com preço a rondar os 160€.

De aroma complexo ainda que algo amontoado e com falta de esclarecimento, profundo e coeso, muito apertado, com muito para mostrar ao longo do tempo que nos rodopia no copo com base na fruta vermelha rechonchuda, compota, cacau, bálsamo e café. Apesar disto tudo o vinho é fino, pouco ou nada extraído e assente numa base elegante. Boca com passagem saborosa de estrutura firme, frescura e persistência, leve bálsamo com secura final. Lado a lado com o Quinta da Gaivosa 2008 a escolha recaiu sobre este segundo. 93 pts

10 dezembro 2013

Luís Pato Pé Franco Vinha das Valadas 2011

É o mais recente "brinquedo" a sair da adega de Luís Pato (Bairrada), o novo irmão do Quinta do Ribeirinho Pé Franco, a dar pelo nome de Vinha das Valadas Pé Franco. O que os difere será o solo onde as vinhas de Baga estão instaladas, na Vinha das Valadas é argilo-calcário enquanto que no Ribeirinho é arenoso. Numa manhã em que o produtor carinhosamente nos brindou numa inesquecível vertical de Quinta do Ribeirinho Pé Franco e Vinha Formal, culminou com a apresentação deste novo "brinquedo" que vai ser caro e raro. Destaca-se o rótulo numa clara piscadela de olhos ao mercado Asiático é mais que visível nos detalhes do rótulo, mais uma vez a genial veia comercial de Luís Pato a trabalhar. Está previsto um aumento de produção mas teremos de esperar por novo lançamento, no entanto deste 2011 apenas foram engarrafadas 23 magnuns e 20 garrafas... coube a honra de abrir a nº2.

Numa passagem pela sala de barricas onde se provou entre outros aquele que vai ser o Ribeirinho Pé Franco 2011, a comparação com este Valadas foi obrigatoriamente alvo de conversa entre todos os presentes. O vinho aproxima-se mais a um Barrosa no estilo do que de um Ribeirinho Pé Franco, os barros fazem aqui toda a diferença, a Baga torna-se gulosa e o vinho fica mais macio sem perder estrutura e energia, direi em tom de brincadeira que ficou mais Alentejano. Muita finesse de aroma, mais pronto a beber e menos aguerrido que o Ribeirinho, sedutor com frescura, complexidade muito boa com toques de fruta (mirtilos, cereja ameixa preta) bem madura acompanhada por toque de mocha café, ligeiro fumado com ervas aromáticas em fundo. Na boca explosão de sabor, estruturado e com toque de chocolate a envolver a fruta muito limpa numa passagem cheia de glamour e frescura que o guia num fundo cheio de nervo e que lhe vai proporcionar longa vida em garrafa. Enorme evolução no copo, um vinho que se bebe e volta a beber e quando queremos mais um copo já acabou... 95 pts

Lima Mayer 2 Tintos 2009

É a mais recente novidade do produtor Lima Mayer (Monforte), um vinho que resulta na junção de dois tintos, duas castas tintas, Alicante Bouschet e Petit Verdot. Enquanto a primeira já conhece os cantos à casa, leia-se Alentejo, a segunda começa a adaptar-se muito bem, aqui o resultado é excelente e o vinho resulta em pleno com muita coisa bonita para nos mostrar. Não vem à conversa saber se este é ou deixa de ser o topo de gama do produtor, deixo esse lugar para o Lima Mayer Reserva. 

Aqui o que temos é um vinho já muito pronto a beber com um inegável travo morno que o Alentejo lhe confere, conquista no imediato pela facilidade de prova, pelos encantos dos seus aromas, tudo com muito prazer, fruta gorda e sumarenta com toque de geleia, madeira de qualidade aporta travo de baunilha, cacau, especiaria, todo ele embrulhado numa boa capa de frescura. Na boca é amplo, muito sabor com bela presença da fruta doce e suculenta que explode de sabor, cacau e pimenta, nunca deixa de ser elegante, boa frescura com final longo e uma estrutura que lhe permite andar aí pelas curvas do tempo. A única coisa que não agrada são os quase 37€ que pedem por ele, sem mostrar razões a meu ver para custar três vezes o Lima Mayer colheita (12€). 93 pts

10 Sugestões de Natal: Livros

Sugestões de Natal e são logo 10 livros para começar, livros que tenho por casa, exemplares que em algum momento me serviram e servem de inspiração, com os quais aprendi e continuo a folhear e a utilizar vezes sem conta. Alguns já cá moram faz alguns anos, outros são novidades recentes, todos eles diferentes e em alguns casos autênticas bíblias sobre o tema que abordam.Seis livros são de gastronomia, abordam cozinhas que aprecio e que replico vezes sem conta aqui por casa, mais ou menos ricos em fotografia os textos valem ouro, em todos eles as receitas funcionam na perfeição. O primeiro de todos e um dos que me acompanha para todo o lado é o Moro: The Cookbook (há o segundo volume), livro feito pelo donos de um restaurante com o mesmo nome, cuja cozinha se inspira em Espanha, Marrocos e Oriente Médio, uma fusão de sabores e saberes com muita informação pelo meio sobre diversos ingredientes. Desde o exemplo mais clássico e intemporal da cozinha Indiana de Madhur Jaffrey até Marrocos pelas mãos da escritora Paula Wolfert com um livro que se transformou numa pedra basilar de todos os que gostam de cozinha Marroquina, passando pelo guru da cozinha Thai, David Thompson autor do livro Thai Food, numa viagem ao mundo dos sabores da cozinha de rua Tailandesa. Ou que dizer do descontraído Jamie Oliver que consegue naquele que é o seu melhor livro captar a essência da cozinha Italiana, rico em imagens e receitas que nunca nos cansamos de repetir uma e outra vez, tal como o mais recente livro no mercado o Kitchen Memories que na onda de Jamie Oliver nos transporta para uma cozinha simples e reconfortante. Sobre os restantes livros, Uncorked leva-nos a descobrir o mundo por dentro de um copo de Champagne enquanto que Taste Buds é um livro fascinante na abordagem que faz sobre o tema do gosto e das combinações entre vinhos e comida, um livro feito por génios. Para o fim ficam dois livros mais técnicos, um de harmonizações do mais completo que tenho em casa e o Professional Chef é simplesmente A OBRA obrigatória para quem quer realmente saber o que anda a fazer na cozinha.



 

08 dezembro 2013

Domaine des Baumard Quarts de Chaume 2006

É um dos segredos mais bem guardados no que a vinho doce diz respeito, nas vinhas de Chenin Blanc plantadas ao longo do rio Layon (Loire), fica um local muito especial, a appellation Quarts de Chaume. É daqui que sai o topo de gama do Domaine des Baumard, num local com condições favoráveis ao desenvolvimento da Botrytis, aqui na colheita 2006. Famoso e ao mesmo tempo controverso o Domaine des Baumard conseguiu com este vinho criar um verdadeiro monstro sagrado com poucos rivais à altura, basta provar o 2005 para se entender aquilo que falo. Um vinho que podendo ser bebido no imediato vai durar e ganhar bastante com o tempo em garrafa, o prazer esse está mais que garantido com  todo o detalhe e rendilhado associado às mãos de um dos grandes mestres. Paga-se um preço a rondar os 45/50€ depende da colheita em causa por uma garrafa de 0.75cl que vale cada cêntimo tendo em conta a excelência com que nos presenteia.

Delicado e preciso, fruta muito pura e madura (alperce, pêssego, clementina, manga) envolto em calda fina e cheio de frescura com toque evidente de botrytis, flores, enorme complexidade de fino rendilhado, invoca sensação de untuosidade. Apetece cheirar uma e outra vez sem parar, na boca entra macio e envolvente, conquistador com sabor e frescura, guloso, lascivo, harmonia e finesse, mineralidade a dominar o pano de fundo. Muito puro, muito singelo mas com belíssima presença de todas as suas componentes onde dá primazia a uma fantástica harmonia de conjunto. Bebe-se até ao fim da garrafa, ficamos a olhar para os amigos e sorrimos, olhamos para o copo e despejamos a última gota, grande vinho. 95 pts

04 dezembro 2013

Lello Reserva 2009

É tinto Duriense Reserva de 2009, produzido pela Sociedade de Vinhos Borges e tem um preço a rondar os oito e pico euros. Gosto da imagem tipo cavaleiro negro, escuro a invocar fruta negra compacta e sumarenta, compota, leve torrado com toque de rusticidade que lhe percorre a alma. Complexidade comedida, é vinho terreno e que não almeja aquilo a que não foi talhado para chegar. É por isso e apenas só um vinho com qualidade acima da média, onde se sente um Douro muito presente cuja prova não disfarça e só lhe fica bem. De resto a conversa do costume, acompanha bem pratos com bom tempero, pernil de porco no forno por exemplo. 89 pts

Pasmados branco 2009

A todos os que possam questionar qual o branco topo de gama do produtor José Maria da Fonseca, a resposta é Pasmados branco, este mesmo que agora nos chega ao copo. Estranhamente ou não, (Viosinho (50%), Arinto (30%) e Viognier (20%) de 2009, este vinho apenas é lançado (PVP: 7,49€) após um período mínimo de dois anos durante os quais fermenta, estagia e repousa nas caves do produtor. 
Um que vinho que se sente diferente no primeiro contacto devido à normal evolução que já leva no tempo, muita fruta madura (pêra, alperce, limão) com geleia, petrolina ligeira, sensação de untuosidade, frescura, notas de estrela de anis num misto de fina e delicada complexidade. Na boca é um vinho onde a fruta se destaca acompanhada por um toque untuoso e bem coberto por uma acidez que lhe percorre todo o palato, secura sentida no final que lhe aguça a voracidade na mesa, embora com toda a sensação de cremosidade com notas de evolução chame por peixes nobres no forno ou com um Queijo de Azeitão a acompanhar. 91 pts

03 dezembro 2013

Quinta da Bica branco 2012

É a mais recente colheita do Quinta da Bica(Dão) branco a entrar no mercado, aqui 2012, com lote repartido entre Encruzado e Verdelho. Claramente diferente do que habitualmente se encontra no copo, é branco fresco e de enorme candura, onde a fruta (melão, lima) nos guia de mãos dadas com flores, erva cidreira e uma delicada carga de ervas aromáticas. Na boca é envolto em sabor marcado por fruta e leve tisana de ervas, mediano no corpo, com final seco, delicado e com uma mineralidade que lhe assenta lindamente. Um branco que gosto e recomendo, que tenho em casa e gosto de servir à família e aos amigos. O preço ronda os 5,40€ e coloca o vinho com uma relação preço/satisfação muito boa. 91 pts
 
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