Copo de 3: agosto 2007

30 agosto 2007

Taninos... sequestradores de vinho.

Quantas vezes numa nota de prova não se deu com: taninos bem domesticados, taninos bem integrados, taninos maduros, taninos agressivos, taninos redondos, taninos a precisar de se integrar... e no final se ficava a pensar, mas afinal o que são os taninos ?

Os taninos são grupos de compostos químicos polifenólicos, de alto peso molecular, de origem vegetal, provocando na pele integra a sensação de adstringência e na pele sem vida um fenómeno conhecido por curtimenta, que a transforma em couro.
Apesar da sua toxicidade, apenas quando consumidos em doses elevadas, a sua importância na saúde é notável como se pode verificar nas seguintes capacidades: anti-bacteriana, cicatrizante, limpeza de pele, anti-oxidante, antídotos contra venenos e combate ao colesterol.

Centrando o assunto no mundo do vinho, podemos encontrar taninos em toda a planta, desde a raiz até à própria uva (destaque para a pele e a grainha), a madeira onde o vinho estagia também é rica em taninos. É de salientar que a uva tinta tem mais taninos que a uva branca, e convém dizer que nos vinhos brancos o contacto com partes ricas em taninos é muito reduzida, devido a que durante o processo de vinificação, quanto maior for o contacto com engaço, películas e grainhas maior será a presença de taninos no produto final.

Taninos provenientes da pele da uva macerada no mosto, são considerados os mais saudáveis e finos. A parte que nos chega do engaço e grainha dá estrutura ao vinho e possibilitam a sua longevidade.

Taninos provenientes da madeira, derivam do contacto do vinho com madeira, sendo por geral taninos mais agressivos. Responsáveis em parte pelo corpo e estabilidade da cor nos tintos, dada a sua união com as antocianinas (pigmentos), e por características sensoriais que podem chegar a ser a ser negativas para a qualidade dos vinhos quando excessivas, como elevada adstringência e amargor.

Taninos adstringentes são aqueles que se reconhecem por uma impressão de secura, rugosidade e aspereza, sensação esta quase exclusiva dos vinhos tintos. Um vinho com adstringência marcada é um vinho taninoso, musculado. Já um vinho com alta concentração de taninos, será considerado um vinho duro, severo, rude, rústico...
É com o tempo que os taninos tendem a desaparecer, tornando-se menos agressivos, mais doces, sendo um símbolo de longevidade no que toca a vinhos tintos.

Taninos doces e redondos, são os que determinam o momento ideal para um vinho ser consumido. Quando um tanino está bem integrado com as diferentes propriedades do vinho, equilibrado, teremos um vinho sólido e bem estruturado. Ao chegar-se a este ponto o vinho em causa não vai evoluir mais, sendo altura de o consumir, como já tinha sido referido.

Pelo sim pelo não, o enófilo fica a ver os seus vinhos reféns dos tais taninos, pois apenas quando estes amaciam/desaparecem o vinho está no seu ponto ideal de consumo.

16 agosto 2007

O Copo de 3 vai de férias até ao final do mês.
Ficam prometidas algumas novidades para o mês de Setembro.
Até já...

Anselmann Riesling Classic 2006

Vem da Alemanha o próximo vinho, de um produtor que conta com uma larga tradição na elaboração de vinho, o produtor Anselmann, situado na comarca de Pfalz, no vale do Reno (Rhein).

Anselmann Riesling Classic 2006
Castas: 100% Riesling - 13,5% Vol.


Tonalidade amarelo citrino de rebordo esverdeado.
Nariz a mostrar boa intensidade, mostra-se fresco e jovem, com fruta madura (maçã, pêssego) e apontamento de citrinos. Completa-se com toque floral em fundo mineral. Tudo bem arrumado e sempre presente.
Boca com entrada suave e bem estruturada, num vinho que deixa ligeiro rasto na boca. Não chegando a encher por completo, mostra-se mais em comprimento do que em largura. Suave toque melado complementa a fruta algo discreta assim como todo o restante conjunto. Acidez presente mas em falta. Final médio/curto.

Um vinho que custou cerca de 5,50€ a revelar-se mais uma curiosidade no campo dos Riesling do que um caso sério. Vale pela afinação, pela diferença e acima de tudo pela qualidade acertiva que nos consegue transmitir.
14,5

Martivilli Verdejo 2006

Vem de Rueda o próximo vinho, um Verdejo produzido pelas Bodegas Angel Lorenzo Cachazo, situadas em Pozaldez (Valladolid). É nesta D.O. que a casta Verdejo brilha.

Martivilli Verdejo 2006
Casta: 100% Verdejo - 13% Vol.


Tonalidade amarelo citrino com rebordo esverdeado.
Nariz de aroma de bela intensidade aos aromas primários, a fruta (citrinos e fruta branca)encontra-se bem madura com nervo vegetal bem patente. Ligeira complexidade, mostra um toque floram em fundo com frescura bem patente no nariz.
Boca com entrada frutada e de bela harmonia com acidez bem presente, verdor presente com presença de fruta. Peca pela falta de presença na boca e de um final um pouco curto.

Um vinho com um preço a rondar os 5,5€ que se revela uma bela aposta para quem quer conhecer um bom exemplar de Verdejo.
15,5

Miudiño Albariño 2005

É das Rías Baixas (Galiza) que nos chega o próximo vinho, um Albariño produzido pelos Vinos&Bodegas Gallegas.

Miudiño Albariño 2005
Castas: 100% Alvarinho - 12% Vol.


Tonalidade amarelo citrino com rebordo dourado de média concentração.
Nariz de média intensidade, fruta tropical com ligeiro toque melado em companhia de floral. No segundo plano parece ter uma componente vegetal bem integrada no restante conjunto.
Boca com entrada ligeira, estrutura fina e firme, acidez suave com passagem de boca agradável, fruta novamente presente com mineral em fundo.


Pelo preço a rondar os 6€ é um vinho que serve para acompanhar sem problemas uma refeição, mas pelo mesmo preço temos opções bem mais interessantes no panorama nacional.
14,5

Quinta do Alqueve Fernão Pires 2006

Pinhal da Torre é uma das casas de referência no que toca a vinhos do Ribatejo, situada na zona de Alpiarça, conta com duas quintas, a Quinta do Alqueve e a Quinta de São João.
Em prova o novo Fernão Pires, da Quinta que lhe dá o nome:

Quinta do Alqueve Fernão Pires 2006
Castas: 100% Fernão Pires - 13% Vol.

Tonalidade amarelo citrino muito leve, com toques esverdeados
Nariz de boa intensidade, com toque citrino (anona) e tropical (ananás), mostrando ligeira frescura de conjunto. Mostra-se muito correcto, algo simples no que toca a complexidade. Detalhe vegetal ainda que ligeiro ocupa o segundo plano.
Boca com boa entrada, corpo médio, suave e fino, fruta presente com citrinos em destaque, acidez suave em final mineral, de persistência média.


É um vinho correcto no seu todo, não deslumbra mas também não tem falhas. Para os 5€ que custa pedia-se um pouco mais.
14

Quinta do Alqueve Rosé 2005

Dando seguimento às provas dos vinhos Quinta do Alqueve, feitas as apresentações, viramos atenções para um Rosé que se apresente com vedante de rosca.

Quinta do Alqueve Rosé 2005

Tonalidade rosada de suave concentração.
Nariz a revelar um vinho de aroma entre o rebuçado de morango e o vegetal seco, tudo muito sumido e sem muito para nos dizer.
Boca de parca complexidade, passa sem deixar memória, falta fruta e acidez para dar mais alegria a todo o conjunto, ligeiro toque de álcool no final.
Um rosé sem memória, a dizer que o melhor tempo já passou e que temos de esperar pela próxima colheita.
12,5

14 agosto 2007

Lima Mayer 2004

É das terras de Monforte que na Quinta de São Sebastião, são produzidos os vinhos Lima Mayer.
Como vinho estandarte deste produtor, temos o vinho com o nome da casa, Lima Mayer 2004.

Lima Mayer 2004
Castas: Aragonez, Syrah, Petit Verdot, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon - Estágio: carvalho francês - 13,5% Vol.

Tonalidade granada escuro de média/alta concentração
Nariz com aroma inicial de belo impacto, fruta vermelha com boa integração da madeira, em resultado um conjunto harmonioso. Toque de compota junta-se a suave baunilha, tosta e algum tabaco, com o plano vegetal a marcar presença no segundo plano. Final especiado com toque de fumo, tudo isto num conjunto bem integrado e pleno de harmonia entre aromas, a revelar uma boa complexidade de conjunto.
Boca com boa entrada, estrutura firme, com frescura a apresentar a fruta e o toque vegetal. Especiaria ligeira complementa o conjunto de complexidade média, dando uma prova plena de harmonia. Final de boca com frecura, em persistência média/alta.

Um vinho com tudo para agradar, e que não vira a cara a mais um tempo de cave. O preço ronda os 14€ e pode ser comprado em garrafeiras e hipermercados.
16

13 agosto 2007

Subsídio 2005

No seguimento dos vinhos Lima Mayer temos a nova colheita do Subsídio, que pelo que podemos ler no contra rótulo, Subsídio é um contributo.
E é contrariamente à maioria dos subsídios que hoje em dia quase sempre chegam de Bruxelas, este é genuinamente Alentejano, vindo da Quinta de Sao Sebastião (Monforte).

Subsídio 2005
Castas: Aragonez, Syrah, Cabernet Sauvignon e Alicante Bouschet - Estágio: - 13,5% Vol.


Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz a indicar um vinho de perfil fresco e com a fruta vermelha bem madura, toque especiado em fundo vegetal (casca de árvore) com ligeiro toque de fumo.
Boca de entrada correcta e bem organizada na sua estrutura, frutado com toque de especiaria, a revelar-se redondo e afinado. Toque vegetal muito ligeiro em segundo plano, sem chegar a incomodar, em final de média persistência.


Um vinho mais que correcto, a revelar-se um autêntico contributo para um consumo despreocupado e com qualidade. O preço anda por volta dos 5€.
15

Chaminé branco 2006

É uma novidade recente do produtor Cortes de Cima, a versão branco do vinho Chaminé.

Chaminé branco 2006
Castas: Arinto, Antão Vaz, Verdelho e Fernão Pires - Estágio: n/indicado - 13% Vol.

Tonalidade citrino com leve rebordo esverdeado.
Nariz jovem e directo, com sugestões de fruta madura e bem fresca, floral e vegetal. Boa harmonia de conjunto em ambiente perfumado de concentração moderada.
Boca com entrada equilibrada, fruta presente com vegetal ao lado, em conjunto moderado no que toca a complexidade. A acidez marca presença de forma acertiva num vinho com final de boca de alguma persistência.


É um vinho acertivo e cumpridor do seu objectivo, servir à mesa para o dia a dia.
14

09 agosto 2007

Incógnito - Cortes de Cima 2003

Segundo o site oficial do produtor Cortes de Cima, o Incógnito aparece quando Quando Hans e Carrie Jorgensen viram Cortes de Cima pela primeira vez em 1988, souberam logo que este era o sítio que tanto procuraram. Quando viu a paisagem, Carrie lembrou-se logo da sua terra natal, a Califórnia; e o clima mediterrânico, bem diferente do frio da Dinamarca foi do agrado do Hans.
Para começar, eles decidiram fazer coisas diferentes, como plantar castas tintas numa área tradicionalmente de brancas. Deste modo introduziram o Syrah (na altura não aprovado) e um sistema de condução da vinha bem diferente do local. Em 1998, quando engarrafaram o primeiro monocasta Syrah, tiveram alguns problemas na escolha do seu rótulo, uma vez que a casta Syrah ainda não estava autorizada na produção de “Vinho Regional”. Daí o nome “Incógnito”.
Passado todos estes anos o nome ficou e o vinho em prova já é da colheita 2003.

Incógnito - Cortes de Cima 2003
Castas: 100% Syrah - Estágio: 8 meses em barricas de carvalho americano (50%) e de carvalho francês (50%) - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro com rebordo azulado.
Nariz de bela intensidade e complexidade, mostra grande maturação de conjunto com muita fruta madura (frutos silvestres) com apontamentos que recordam marmelada. Os empireumáticos resultantes da passagem por madeira estão bem integrados dando uma bela complexidade a todo o conjunto. Temos então suave baunilha, cacau, ervas aromáticas, especiarias (cravinho, canela) que se fundem em brisa fresca de fundo. No final tem um toque balsâmico, num vinho cheio e a mostrar-se bem guloso e pleno de encantos.
Boca com belíssima estrutura, pleno de solidez, com muita fruta madura bem presente com frescura suficiente. Um vinho cheio, redondo, mostra-se com uma ponta de gulodice, que se colmata com toque balsâmico e especiado. Pronto a seduzir e a encantar, em final longo e persistente.


Um vinho que se desmarca claramente dos restantes vinhos do Alentejo, em que o perfil claramente Novo Mundo se mostra em belo nível pronto a dar grandes alegrias.
Este 2003 parece estar num ponto alto para ser consumido, apesar de um pouco longe das performances de outros tempos.

17,5

Cortes de Cima Trincadeira 2004

Depois da boa experiência que foi a prova do primeiro Cortes de Cima Trincadeira na colheita de 2003, saiu para o mercado a colheita 2004 que vai ser aqui alvo de prova.

Cortes de Cima Trincadeira 2004
Castas: 100% Trincadeira - Estágio: 9 meses em barricas de carvalho francês - 14% Vol.


Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz inicialmente marcado pela passagem por madeira que nos remete para tosta, chocolate preto, a revelar um vinho algo fechado e introvertido. A fruta vermelha madura anda ligada a notas de especiaria e vegetal em segundo plano. A frescura convive com uma brisa morna de fundo.

Boca com estrutura firme, fruta presente com chocolate preto, tosta e componente vegetal a marcar presença. O vinho enche a boca, mostra força e diz que precisa de algum tempo para melhor afinar, tudo em final de persistência média.

Um vinho claramente a precisar de tempo para se melhor mostrar a quem o provar, mas as boas coisas levam sempre o seu tempo a serem feitas...
15,5

Cortes de Cima Aragonez 2003

Se existem varietais que me despertaram desde sempre os sentidos para a casta Aragonez em Portugal, um deles foi sem dúvidas o saudoso Cortes de Cima Aragonez 1998. Aquele que se pode considerar uma entrada com o pé direito por parte deste produtor, situado perto da Vidigueira.
As colheitas foram passando e o vinho foi sendo acompanhado, verificou-se uma grande apetência para uma evolução bem positiva ao longo do tempo. Agora chega a altura de provar a colheita de 2003:
Cortes de Cima Aragonez 2003
Castas: 100% Aragonez - Estágio: 9 Meses em barricas de carvalho Americano (75%)/ barricas de carvalho Françês (25%) - 14% Vol.


Tonalidade ruby escuro de bonita intensidade e concentração
Nariz a revelar um aroma de boa intensidade, com notas de ameixa e morango bem presentes em harmonia com baunilha e toque vegetal que parece estar de passagem. Brisa fresca remata para um ligeiro especiado que se funde em toque de caramelo com sensação de balsâmico no fundo.
Boca a revelar boa estrutura, com boa entrada a mostrar-se arredondado e cheio de fruta madura com vegetal em fundo. Especiado ao de leve, a mostrar já um belo entrosamento entre componentes, baunilha e ligeira frescura num final médio muito agradável.


É sem dúvida alguma um dos melhores exemplares de Aragonez que podemos encontrar em Portugal, não podendo comparar com o prazer que me deu o seu irmão de 1998, dá indicações de estar no bom caminho, resta apenas esperar mais um tempo.
16

Cortes de Cima Syrah 2003

Dando seguimento aos varietais Cortes de Cima, em prova o segundo varietal Syrah desta casa.
Cortes de Cima Syrah 2003
Castas: 100% Syrah - Estágio: 7 meses em carvalho francês e americano - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz a mostrar-se com boa intensidade aos aromas de bagas pretas bem maduras com ligeira compota derivada da boa evolução. Mostra alguma austeridade com toque químico (alcatrão) presente sem ser dominador. Especiarias jogam com toque de torrado e leve baunilha, em harmonia com toque vegetal seco de fundo.
Boca de estrutura mediana, sem grande complexidade e com arredondamento já bem patente. Fruta presente duranta a passagem de boca em conjunto com boa frescura, a dar lugar a uma especiaria (pimenta). Completa-se com toque fumado e vegetal no fundo em tom morno de final médio.

Um vinho que se perde um pouco, talvez pela falta de harmonia entre nariz e boca, mostrando-se bem feito mas com falta de chama para brilhar mais alto.
15,5

01 agosto 2007

Quinta da Esperança 2004

Este vinho é a nova marca dos vinhos Encostas de Estremoz, produtor de Estremoz que desde 2001 nos tem brindado com vinhos de grande relação preço/qualidade. Em destaque o excelente Touriga Nacional 2001 que viria abrir portas para os novos varietais que se podem encontrar do mesmo produtor e que serão alvo de prova mais atenta nos próximos tempos.
Quinta da Esperança 2004
Castas: 70% de Touriga Nacional, 20% Trincadeira e 10% Aragonês - Estágio: 210 dias em barris novos de carvalho americano e francês - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz com aroma muito maduro com fruta (cereja e amora) em bom plano, juntamente com toque vegetal seco. Complementa-se com notas de cacau, baunilha e tosta, frescura presente com especiaria ao lado de balsâmico ligeiro em fundo. Tudo isto a mostrar entrusamento e alguma complexidade, em onda de gulodice e bem apelativo.
Boca de corpo médio, com boa entrada a mostrar polimento de conjunto. Toque vegetal acompanha a fruta bem madura, em travo fresco com torrados, especiaria e novamente leve compota a dar sensação de doce. Um vinho que não se alarga muito mas que mesmo assim se mostra muito correcto. Final de boca de média persistência.

Temos um vinho cheio de vontade de se mostrar e dar a conhecer, é daqueles que de tanto se querer mostrar pode fartar um bocadinho a quem tenha menos paciência. É mais uma entrada com o pé direito num vinho que para o dia a dia está uma aposta mais que ganha. O preço ronda os 5€ nas grandes superfícies.
15,5
 
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