23 dezembro 2007
Feliz Natal
14 dezembro 2007
Vértice Grande Reserva 2003
De uma completa falta de informação no contra rótulo destes vinhos, o consumidor mais uma vez envereda por um caminho, onde a prova dos mesmos quase poderia ser denominada «prova cega».
A ausência de um site on-line e de grandes textos na internet, fazem com que a informação seja mínima, não me permitindo apresentar o produtor em causa como seria desejado.
O que me permite deixar opinião são os 3 Vértices provados, e colocados nas provas que se seguem.
Seja então o primeiro vinho em prova aquele que dá pelo nome de Grande Reserva, um vinho que é o Reserva 2003 com mais 12 meses de estágio. Por esta razão passou de um Reserva para um Grande Reserva, o que se diz dele são maravilhas e quando o preço não passou dos 14€ então o melhor mesmo é dar a conhecer este vinho:
Vértice Grande Reserva 2003
Castas: 35% touriga nacional, 35% tinta roriz e 30% touriga franca - Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês - 14,5% Vol.
Tonalidade ruby muito escuro de alta concentração
Nariz a revelar uma bela intensidade, desperta com bastante fruta madura e presença de madeira bem interligada, a definir um grande equilíbrio e sustento para toda a prova, quer em finesse quer em complexidade. O vinho vai-se desembrulhando, essências que recordam moka, caramelo, cacau, baunilha, tudo isto embalado por toque especiado onde se destaca o cravinho e a canela. Fundo com frescura, chá preto envolto em flores muito delicadas, um todo elegante de boa complexidade e elegância.
Boca estruturada, com fresco balsâmico em conjunto de fruta madura e vegetal seco (esteva), mostrando alguma afirmação durante toda a prova com corpo cheio mas elegante, não deixa de ter a mesma elegância que mostra na prova de nariz, afinado, arredondamento de taninos (não todos mas a sua grande maioria) num final ondulante entre o especiado e o mineral. Final de boca de bela persistência.
O preço rondou os 14€ no El Corte Ingles, parece que nesta altura o preço aumentou para 15 ou 16 euros o que mesmo assim não retira nenhum mérito ao vinho em causa. Antes pelo contrário, torna-se um alvo de cobiça extrema e que deveria servir de exemplo em como um vinho de grande qualidade não tem de ter um preço obsceno.
Tem ainda a madeira um pouco vincada, mas naquela forma mais suave e sedosa, pronta a contrabalançar, evoluir e permitir que daqui a uns tempos as sensações sejam mais e melhores... ainda. Outras colheitas provadas: Branco 2004, 2006
17
13 dezembro 2007
Vértice Branco 2006
Vértice branco 2006
Castas: Rabigato, Viosinho e Gouveio - Estágio: 12 meses em barrica - 12% Vol.
Tonalidade amarelo dourado de média/baixa concentração
Nariz com aroma fino e elegante, com madeira muito bem integrada no conjunto dando uma boa complexidade e certo toque de cremosidade. O aroma dominado inicialmente por uma toada de fruta fresca onde a variedade de citrinos acabados de espremer, se mostram com toques florais à mistura. Tudo isto se complementa com um laivo de frutos secos e torrados que paira no fundo, em base mineral.
Boca com entrada bem composta, o sumo que se espremeu dos citrinos mostra-se agora, com uma acidez a dar frescura a todo o conjunto. O corpo é mediano e bem equilibrado, toque de alguma cremosidade dado por um torrado que nos aparece em fundo, complementado pelo mineral que persiste bem no final de boca.
Um vinho sem cair em excessos, com preço a rondar os 13€ mostra-se cordato e muito fresco, promete aquilo que dá e sem grandes deslumbramentos acompanhou condignamente umas Ameijoas à Bulhão Pato. Outras colheitas provadas: Branco 2004, Grande Reserva Tinto 2003
16
Vértice branco 2004
Em prova temos a colheita anterior ao recente 2006, pois na colheita de 2005 não foi lançado Vértice branco.
Vértice branco 2004
Castas: Rabigato, Viosinho e Gouveio - Estágio: 12 meses em barrica - 13% Vol.
Tonalidade amarelo palha de mediana intensidade.
Nariz com aroma a denotar um vinho já afectado pela passagem do tempo, o aroma a palha molhada e algum verniz destacam-se logo no inicio. A fruta fica diluida em parca complexidade, calda de fruta com flores moribundas banhadas por calda de açúcar mascavado.
Boca com ligeira frescura, delgado e com citrinos tocados pelo tempo, está muito debilitado e sem graça que lhe permita dar uma prova agradável. Parco de complexidade, falta corpo e estrutura, tudo se desmorona dentro do copo. Dá uma prova muito sofrida em final de boca simples.
Um vinho que pouca mais vida tem pela frente, a partir deste momento é a completa decadência do artista. Chegando-se à conclusão que é um tipo de vinho que deve ser bebido enquanto jovem podendo beneficiar durante o primeiro ano de vida e aguentar até nova colheita no mercado. Este 2004 aguentou tempo demais, talvez tenha sido problema desta garrafa, mas pode ser do próprio vinho. Convém realçar que caso tenha alguma garrafa guardada, abrir e ver como está de saúde... ninguém gosta de ter fantasmas na garrafeira. Outras colheitas provadas: Branco 2006, Grande Reserva tinto 2003
12
12 dezembro 2007
Herdade dos Grous 2004
O vinho em causa invoca o nome da ave que dá pelo nome de Grus grus, mais conhecido como Grou, que se pode encontrar por terras do Alentejo durante o Inverno.
Com cerca de 1,20m de altura e 2,40m de envergadura, o Grou é uma ave de enorme elegância, destacando-se durante o voo por ter o pescoço muito esticado. A elegância desta ave, parece ser um dos factores que inspirou toda a gama deste produtor, pois é essa mesma elegância que está presente em toda a sua gama.
Como diz um ditado popular «Grous na serra, água em terra», o que para nós pode muito bem ser «Grous na Garrafeira, vinho no copo».
Herdade dos Grous 2004
Castas: Alicante Bouschet 30% , Syrah 15,5% , Touriga Nacional 20% e Aragonez 35% - Estágio: 9 meses em barricas novas de carvalho francês. - 13,5% Vol.
Tonalidade granada escuro com concentração média/alta.
Nariz de bom impacto inicial, conjunto dominado pelo toque de fruta (ameixa)madura com compota em bela harmonia com a madeira. Envolvente, brisa amena de ligeiros torrados, especiarias com cacau e baunilha. Tem tudo isto muito bem integrado, com notas de casca de árvore em fundo e ligeira frescura.
Boca com boa frescura, mais que pronto a beber, fruta presente com taninos muito macios, vinho redondo e suave na passagem de boca. Mostra-se com boa espacialidade e um toque que passa entre o chocolate e o balsâmico com nota de fumo e especiaria em final de persistência média.
Temos um vinho que começa a ser uma aposta séria e segura na consistência que oferece provado quando sai para o mercado ou provado após um tempo em garrafeira. Neste momento temos já nova colheita no mercado, mas optou-se para sentir o pulso a este 2004, o resultado foi mais que positivo, revelando um vinho pleno de harmonia e onde tudo está preparado para dar prazer durante toda a prova. O preço a rondar os 8-9€ num Hipermercado revela a sua grande relação preço-qualidade.
15,5
11 dezembro 2007
Crasto 2006
Com localização privilegiada na Região Demarcada do Douro, é propriedade da família de Jorge e Leonor Roquette há mais de um século. Tal como as grandes Quintas do Douro, a sua origem remonta a tempos longínquos (o nome CRASTO, deriva do latim castrum, que significa um Forte Romano).
As primeiras referências conhecidas referindo a Quinta do Crasto datam de 1615, tendo sido posteriormente incluída na primeira Feitoria juntamente com as Quintas mais importantes do Douro. Um Marco Pombalino datado de 1758 pode ser visto na Quinta.
Logo no início do século XX, a Quinta do Crasto foi adquirida por Constantino de Almeida, fundador da casa de vinhos Constantino. Em 1923, após a morte de Constantino de Almeida foi o seu filho Fernando de Almeida que se manteve á frente da gestão da Quinta dando continuidade á produção de Vinho do Porto da mais alta qualidade.
Em 1981, Leonor Roquette (filha de Fernando de Almeida) e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade e com a ajuda dos seus filhos Miguel e Tomás deram início ao processo de remodelação e ampliação das vinhas bem como ao projecto de produção de vinhos de mesa pelos quais a Quinta do Crasto é hoje amplamente conhecida.
Crasto 2006
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Touriga Franca - Sem estágio em madeira - 14% Vol.
Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz jovem e com a fruta (vermelha) a ter todo o protagonismo em conjunto com notas de especiarias e compota. Mostra veio vegetal em sintonia com aroma que nos remete para fumo e toque mineral de fundo. Sem grande complexidade de conjunto.
Boca de estrutura média, boa frescura com a fruta muito madura a mostrar as suas qualidades, vegetal presente com especiaria, revelando boa sintonia entre a prova de nariz e a prova de boca. No conjunto mostra-se equilibrado, com boa passagem de boca, afinado e fresco, sem grande complexidade, final de boca médio.
É uma belíssima entrada na gama de um dos melhores produtores de vinho em Portugal. O preço ronda os 9-10€ não se mostrando muito acessível para um vinho de consumo a curto/médio prazo.
15
06 dezembro 2007
Vinhos Pinhal da Torre - Revisitada
Elegendo preferencialmente as castas portuguesas, como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Trincadeira, Castelão, Arinto, Fernão Pires, que combinam eficazmente com castas estrangeiras distintas, como o Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, a Pinhal da Torre oferece vinhos de excelência da região ribatejana, que se distinguem pelo seu carácter diferenciado e distintivo.
No centro do Ribatejo, em Alpiarça, a Pinhal da Torre localiza as suas duas quintas: a Quinta do Alqueve, com uma ocupação de 36 hectares, e a Quinta de São João com 22 hectares.
Na Quinta de São João, é concentrada toda a produção de vinhos numa adega histórica, que construída em 1947 é referência em toda a região. A adega está actualmente em fase de remodelação pelo renomado arquitecto Isay Weinfeld, que irá transformar o espaço numa adega singular, que incluirá também um restaurante e uma loja de vinhos.
Informação retirada do site Pinhal da Torre.
Nova Safra 2004
Castas: Cabernet Sauvignon, Trincadeira, Touriga Nacional e Castelão - Estágio: 9 meses em barrica de carvalho francês e americano - 12,5% Vol.
Tonalidade ruby de média concentração.
Nariz que revela um vinho com certa austeridade, remetendo para fruta negra muito madura aliada a chá preto com toque de seiva, torrados e algum fermento. Tudo muito embrulhado e pouco vistoso, numa complexidade ligeira sem grandes euforias.
Boca com estrutura média, corpo algo curto, fruta madura bem presente com toque vegetal dominante. Mostra uma secura vegetal em conjunto com frescura durante a passagem de boca, certo arredondamento em toada directa e sem rodeios. Final de boca de persistência mediana.
Um vinho muito marcado pela madeira e pelo tom vegetal, quem sabe com o tempo isto passe, por agora nós passamos.
13,5
Vinha do Alqueve 2004
Castas: Trincadeira, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Touriga Franca - Estágio: 6 meses em carvalho francês - 12,5% Vol.
Tonalidade ruby de média intensidade e mediana concentração
Nariz de cariz simples e directo, com fruta (morango e framboesa) bem madura ao lado de travo vegetal e ligeiro especiado. Sensação de fumo e torrado em fundo, invoca ligeira baunilha, tudo simples e bem harmonioso.
Boca de entrada a mostrar alguma frescura, parco de complexidade, mostra-se com a fruta balanceada entre o vegetal e a madeira, muito correcto na passagem de boca. Fino e arredondado, de conjunto ligeiro e final de boca médio/baixo.
Com um preço a rondar os 5€ é um vinho pronto para ser servido no dia a dia, dando uma prova de qualidade, afinado e harmonioso.
14
Quinta do Alqueve - Tradicional 2005
Castas: Castelão, Trincadeira, Tinta Roriz, Touriga Nacional - Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês - 12,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta
Nariz a mostrar um vinho com aroma de boa intensidade, algum químico inicial que se esbate para fruta madura, ligeira compota. Invoca especiarias, ligeiro floral com toque de chocolate, café torrado e tosta. Um vinho de perfil morno, alguma complexidade aromática com fumo de fundo.
Boca a dar uma prova de boa harmonia com nariz, frescura sentida, fruta bem madura com baunilha e torrados. Proporciona uma passagem de boca agradável, suave, macio e bem redondo, frescura presente com algum café, fruta madura, ligeiro balsâmico entre vegetal e fumo, final de boca médio/baixo em conjunto que sem primar pela complexidade se mostra capaz de agradar.
Claramente melhor na boca que no nariz, a mostrar que com 12,5% Vol. se conseguem fazer vinhos apelativos, bem desenhados e de bom nível.
15
Quinta do Alqueve Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: estágio em barricas de carvalho francês pelo período de 12 meses e 1 ano em garrafa - 13% Vol.
Tonalidade granada escuro de média intensidade
Nariz para um aroma que nos afasta do que seria de esperar num Touriga Nacional, muito maduro cheio de compota, chocolate e alguma frescura. Mostra-se com algumas notas de café e ligeiro vegetal de segundo plano. Tudo em plano já a mostrar algum distanciamento do provador, afagado até demais para um Touriga de 2003. O conjunto está em queda e convém não esperar muito mais por ele.
Boca entrada fina e de ligeira secura vegetal, ligeiro balsâmico e algum torrado fazem companhia a fruta madura, tudo simples e sem grande dimensão. Final de persistência médio/baixo.
Um vinho que deu a volta pelo lado errado, virou por onde não devia e perdeu-se completamente. A nota reflecte um vinho já em queda.
14,5
Vinha da Nora Reserva 1999
A Quinta do Monte d'Oiro tem, na região, grandes tradições na produção de vinho. A Quinta foi pertença, no século XIX, do Visconde de Chanceleiros, figura ímpar da vitivinicultura portuguesa, sobretudo no trabalho que desenvolveu na luta contra a filoxera. Uma importante parte desta luta concretizou-se na Quinta do Monte d'Oiro através do alagamento de parcelas situadas em quotas baixas, circundantes do curso de água existente.
|
A decisão de modernizar a vinha da Quinta do Monte d'Oiro foi tomada em 1990 tendo-se estudado relativamente às condições ecológicas do local, únicas e irrepetíveis, quais as castas mais adequadas. Após tal estudo, foi escolhida a casta Syrah, cujos bacelos (clones de grande qualidade) foram importados directamente de França, da região das Côtes du Rhone.
A primeira replantação teve então lugar numa parcela com 2,75 hectares de meia encosta virada a sul e de conhecidas potencialidades, denominada "Vinha da Nora".
A vinha foi plantada no início de 1992 e, durante 5 anos, tomou-se a decisão de não produzir quaisquer quantidades por forma a favorecer apenas o desenvolvimento vegetativo da planta. Tal prática permitiu um estabelecimento perfeito da vinha e originou uma primeira colheita (1997) de invulgar concentração e extracto.
Em 2001 e 2002 reconstruíram-se as adegas de vinificação e estágio, munidas com o mais moderno equipamento para que nenhuma condição falte à produção de vinhos de grande qualidade. Informação retirada do site Quinta do Monte d'Oiro.
Castas: 95% Syrah e 5% Cinsaut - Estágio: 15 meses em barricas, 50% novas carvalho francês - 13% Vol.
Tonalidade ruby escuro de média concentração
Nariz a revelar um vinho de aroma fino e delicado, não desperta grandes sensações, prima por um perfil discreto e já a mostrar sinais de cansaço. Fruta vermelha madura aliada a notas de compota, tabaco e vegetal seco com um toque especiado de fundo. Surge ligeira azeitona com toque fumado. Conjunto debilitado e cansado pela passagem do tempo, onde tudo parece querer ir embora sem dizer muito mais.
Boca de entrada fina e equilibrada, mediano de intensidade é directo e harmonioso naquilo que nos mostra. A fruta que ainda tem mostra-se bem conjugada com a madeira, toque especiado com algum mineral em fundo. O toque fumado/torrado surge bem lá no final em jeito de despedida.
Um vinho que já passou claramente o seu melhor tempo de vida, já teve tempo de brilhar ao mais alto, agora sente-se que pouco mais tem para dar. Ao contrário está cansado de aromas, vagos, deambulando pelo copo. Sente-se falta de animo no vinho, mesmo toda a harmonia e equilibrio de conjunto já não tem a mesma envolvência, ficando tudo no fio da navalha. Esta não esperou por mim, fartou-se e foi-se embora sem se despedir...
14,5
Gravato palhete 2005
Em prova temos a nova colheita do vinho palhete deste produtor, neste caso um vinho que vem relançar para o mercado o quase extinto Vinho da Mêda ou Palhete de Mêda.
A saber que um palhete ou palheto é um vinho obtido da curtimenta parcial de uvas tintas ou de curtimenta conjunta de uvas tintas com uvas brancas, não podendo as uvas brancas ultrapassar 15% do total, portanto em caso algum se pode afirmar que estamos perante um Rosé, como foi dito recentemente num Guia da especialidade.
Gravato palhete 2005
Castas: Siria Velha, Rufete, Tinta Barroca,Touriga Franca e Touriga Nacional - Estágio: 3 meses em Inox - 13% Vol.
Tonalidade ruby de média/baixa concentração.
Nariz com boa intensidade, fruta madura (morangos, amoras, framboesas) em primeiro plano com ligeira geleia, fazendo o resto do percurso junto a brisa floral com pendor vegetal a acompanhar. Frescura presente aliada a um toque especiado, em final que remete para sugestões fumadas. Tudo simples e directo, sem grande complexidade mas a dar uma prova bastante agradável.
Boca a dar indicações de um vinho bem estruturado, com acidez a dar frescura que envolve toda a prova de boca. A fruta marca mais uma vez presença desta vez com toque vegetal de segundo plano, final de boca de média intensidade e ligeira secura, deixa ligeira recordação de chá preto no final.
Agora com uma imagem mais retocada que a anterior colheita, este vinho amigo da petisqueira, parece ter sido mais afinado, está ligeiramente diferente, mas mantém a mesma linha que o anterior. É um vinho que merece ser conhecido, tem carácter e mostra-se directo, sem rodeios, bem feito e dá uma prova bem agradável e descontraída. Colheitas já provadas Gravato palhete 2004 e Gravato 2004.
15
PS: Nota actualizada dia 2/5/2009
05 dezembro 2007
Raimat Chardonnay 2006
Foi um trabalho de paciência que levou o proprietário a implantar uma rede de canalização de 100 Km, com água proveniente do degelo dos Pirenéus, de seguida constrói uma aldeia para dar alojamento aos seus trabalhadores, plantou cereais e árvores de fruto para dessanilizar o solo e instalou um completo sistema de irrigação. Apenas depois da completa recuperação do solo, o projecto da vinha avançou.
A primeira adega foi construida em 1918 sendo que em 1988 foi alvo de ampliação, contando hoje em dia com 2.245 ha de vinhedo pertencentes à D.O. Costers del Segre.
Raimat Chardonnay 2006
Castas: 100% Chardonnay - Estágio: inox - 14% Vol.
Tonalidade amarelo citrino algo pálido
Nariz de intensidade média/baixa tal como a sua complexidade que não permite o vinho mostrar-se muito. Tem uma frescura suave aliada a fruta (ananás, pêra) bem madura com toque tropical. Em segundo plano tem uma nuance floral muito sumida com leve acompanhamento vegetal, tudo mais que directo e mesmo muito espremido.
Boca em sintonia com o nariz, um vinho parco em qualidades, simples e correcto, corpo mediano em fraca estrutura. Consegue mostrar alguma fruta embrulhada em toque fresco e pouco mais que isto. Final de boca curto com travo entre mineral/vegetal.
Um vinho que pelo que custou, cerca de 5€, foi uma má compra. O vinho não reflecte o melhor que a casta em causa tem para nos oferecer, dá uma imagem pálida e pouco motivadora, apesar de correcto e bem feito. Pelo mesmo preço ou até um pouco menos, temos vinhos Chardonnay muito superiores feitos em Portugal.
13
Domingos Soares Franco – Alvarinho & Viognier 2005
Domingos Soares Franco – Alvarinho & Viognier 2005
Castas: Alvarinho (85%) e Viognier (15%) - Estágio: Alvarinho parte do mosto foi fermentado em inox, e outra parte em cascos de madeira de um ano, o Viognier ficou quatro meses em madeira com bâtonnage - 12,5% Vol.
Tonalidade amarelo palha com rebordo esverdeado
Nariz com aroma fino, sem grande complexidade mostra-se com chá branco e toque ligeiramente melado. A fruta (ananás, carambola, citrinos) aparece madura em boa harmonia com brisa torrada muito amena, com fundo de chá branco em final ligeiramente mineral. Todo o conjunto a mostrar-se sem grande vivacidade, algo cabisbaixo e sumido, a parecer que tem tudo preso por arames.
Boca de entrada fina e estruturada, tem uma envolvência de boca que nos deixa um pouco a sensação de vazio. Aqui perde claramente para o nariz, tanto em largura como em comprimento, corpo delgado e algo apático, fruta sumida com destaque para ameixa branca e citrinos. O final de boca não é de grandes elogios pois é curto e sem grandes despedidas.
É um vinho que dá uma prova sem grande interesse, o melhor tempo já passou, talvez devesse ter sido provado na altura do lançamento. Aqui não temos mais nada a fazer.
14
04 dezembro 2007
Herdade da Comporta
Em prova duas novas colheitas:
Herdade da Comporta Branco 2006
Castas: Antão Vaz e Arinto - Estágio: Inox - 13% Vol.
Tonalidade dourado de média intensidade.
Nariz directo, inicialmente com a fruta (tropical e citrino) um pouco anestesiada, que se vai mostrando ao lado de toque floral com vegetal. O toque final é mineral num conjunto que de nariz não se mostrando muito exuberante, dá uma prova consistente e agradável.
Boca de boa entrada, marcando a entrada com acidez presente a dar boa dose de frescura, fruta madura presente com toque de vegetal, um bom conjunto deste lote que já tem fama em terras fronteiriças.
Provadas duas garrafas, a primeira mostrou-se com um toque de farmácia um pouco desagradável, o resultado final deste vinho é um conjunto simples e bem feito. A permitir uma prova simples e agradável. Preço algo desajustado face à qualidade.
14
Herdade da Comporta Tinto 2005
Castas: Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Touriga Franca - Estágio: Carvalho - 14% Vol.
Tonalidade granada de média concentração
Nariz a mostrar-se com uma boa intensidade, fruta madura com ligeira compota, floral presente em sintonia com baunilha, especiarias e fumo de fundo. Equilibrado e de mediana concentração de aromas, pouco complexo assenta-se num perfil mais directo e equilibrado, onde a fruta se dá bem com a presença da madeira.
Boca a mostrar ligeira austeridade na entrada, progressivamente na boca dá-se uma acalmia, frescura com vegetal e fruta, polimento a meio palato. Conjunto que nos remete para um consumo a curto/médio prazo para lhe poder tirar todo o proveito.
É um vinho que vem um pouco fora do nível da anterior colheita aqui provada. Não deixando de ser um bom vinho, começa a entrar num padrão tão visto e revisto nos dias de hoje. Colheitas provadas anteriormente 2004 e 2005
15
28 novembro 2007
Fiuza Premium Branco 2006
A família Mascarenhas Fiuza é herdeira de uma tradição secular na Viticultura e na produção de vinhos. Já possuidor de vinhas situadas no Ribatejo, na região demarcada de Santarém, e plantadas com castas exclusivamente portuguesas, nomeadamente Touriga Nacional, Aragonês, Vital, Castelão e Fernão Pires entre outras. Quando adquire a Quinta da Granja, Joaquim Mascarenhas Fiuza decide plantar castas de origem francesa, sendo elas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Neste conjunto de vinhas são produzidos vinhos de monocasta francesa e vinhos com castas portuguesas. Da parceria entre Joaquim Mascarenhas Fiuza, produtor de vinhos, e Peter Bright, enólogo australiano, nasce a empresa Fiuza & Bright.
Tonalidade amarelo citrino de leve dourado, concentração média.
Nariz com aroma que desperta a curiosidade, fugindo claramente do que se costuma apanhar nos vinhos nacionais. Remete para citrinos ligeiros, tangerinas e lima, com toque de manga e maracujá bem maduros, leve melaço e uma abertura muito fresca para se envolver no abraço de uma tosta suave e aconchegante. Por momentos temos a sensação de alguma cremosidade, sem grande complexidade, mostra-se um pouco fugaz na maneira como se mostra, em leve mineral de fundo.
Boca com frescura na entrada, fino e elegante, fruta presente com ligeiríssima cremosidade, contudo é um vinho que ao chegar ao alto, desaparece quase dem deixar rasto da sua presença na boca. Como cartão de visita deixa um toque vegetal muito sumido e nada mais que isto, a sensação que deu é de termos acabado de beber um copo de água do luso. Final de boca é como a presença de boca, fraco.
Foram apenas 4500 garrafas deste vinho, uma dupla de castas que não é normal andar de mão dada, talvez por isso tenham pedido o divórcio e o descalabro se dê durante a prova de boca. Se prometia algo de interessante no nariz, na boca deitou tudo por terra. Os 8€ que custou não me fazem voltar a ele novamente.
15
27 novembro 2007
Quinta dos Aciprestes Reserva 2003
Nos dias de hoje pertence à Real Companhia Velha, a "Quinta dos Aciprestes" estende-se por mais de 2 Km sobre a margem esquerda do Rio Douro, na zona do Tua. Facilmente identificável pelos seus seis Ciprestes, árvores localizadas junto à Casa da Quinta, e pela caracterização paisagística do local, enquadrada por vinhedos dispostos na vertical, destacando-se a ausência dos tradicionais socalcos, fruto dos recentes trabalhos de reconversão das vinhas.
Como resultado dessa recente transformação, 90% das vinhas existentes são plantações recentes e no sistema de vinha ao alto, o que permitiu a mecanização de uma grande parte da propriedade.
Quinta dos Aciprestes Reserva 2003
Castas: Touriga Nacional e Touriga Franca - Estágio: estágio prolongado em barricas de carvalho Francês e Americano - 14% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração alta.
Nariz a indicar um vinho de boa intensidade e complexidade aromática, sente-se esteva e a fruta bem madura (amoras, cerejas), um toque de rosmaninho e alfazema complementam o conjunto. Em sintonia com a fruta temos uma madeira muito bem integrada, apresentada com frescura de conjunto, balsâmico presente, com baunilha e moka, especiarias, cacau, torrados. Tudo muito bem casado e equilibrado sem cair em exageros ou altas concentrações, antes é fino e elegante com um final de toque terroso/mineral.
Boca com entrada firme, um vinho que se mostra seguro de si, confiante, fino e equilibrado no seu conjunto, com a madeira em grande ligação com a fruta. Tudo bem estruturado e com corpo pleno de harmonia, balanceado pelas especiarias e torrados, pelo cacau e por algum balsâmico. Com toda esta finura no trato, a passagem de boca só pode ser aveludada e com ligeira frescura, final de bela persistência.
Um vinho que pelos 8-9€ que pedem por ele é uma aposta a seguir muito de perto, um valor seguro que merece ser conhecido, bebido em boa companhia e até esquecido durante uns anos na garrafeira. O prazer esse está assegurado.
16,5
Quinta das Baceladas 2003
É na Quinta das Baceladas que Pascal Chatonnet e Francisco Antunes, fazem o Quinta das Baceladas, um vinho feito a partir das castas Merlot e Cabernet Sauvignon, mas também uma quantidade limitada de Baga.
Quinta das Baceladas
Castas: Merlot, Cabernet Sauvignon e Baga - Estágio: 12 meses barricas novas carvalho francês - 14,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta
Nariz com aroma de média intensidade, fruta bem madura com traço de ligeira compota e especiaria. A ligação com a madeira mostra uma qualidade acima da média, baunilha, cacau, caramelo, torrado e toque de tabaco. Temos um conjunto que se mostra delicado e de boa complexidade, lembra por breves momentos outras paragens. No segundo plano temos vegetal presente ainda que num registo mais seco e leve balsâmico, em companhia de uma pequena brisa floral suave, que acaba em mineral e fumo.
Boca de entrada frutada e fresca, bem estruturado e com leve especiaria. A madeira mostra-se presente em grande sintonia com todo o conjunto, cunho torrado com ligeiro vegetal em fundo. Tem elegância desde a entrada ao seu final, num perfil moderado, equilibrado e muito bem feito, dá muito prazer com final de boca de média persistência.
É daqueles vinhos que colheita após colheita consegue sempre dar enorme prazer durante a sua prova, consistente, equilibrado e muito harmonioso. Não vira a cara a um estágio na garrafeira, por ventura vai permitir arredondar e ficar ainda mais apetitoso. Um vinho com um preço a rondar os 8-9€
26 novembro 2007
Pasmados 2005
O Pasmados é proveniente duma área limitada que é a Quinta dos Pasmados, uma propriedade com 18 ha. Situados 5 km a Oeste de Azeitão. Era originalmente conhecido por Tinto Velho J.M. da Fonseca e obteve o seu nome actual nos anos existente em Azeitão.
Pasmados 2005
Castas: Touriga Nacional (56%), Syrah (24%) e Castelão (20%) - Estágio: 10 meses carvalho francês - 13,5% Vol.
Tonalidade granada de tonalidade média e média concentração.
Nariz com boa intensidade, fruta madura presente e ligeira frescura, sente-se um vinho jovem cheio de vigor. Directo e de ligeira complexidade, redondeado no seu conjunto, baunilha e compota, tabaco e caramelo, com fumo de fundo. Conjunto final muito bem acomodado e de fácil abordagem.
Boca de boa entrada, estrutura elegante e com frescura bem doseada, fruta madura com cacau, leve mineralidade em fundo. Corpo mediano, de boa harmonia com final de boca de boa persistência.
Conjunto afinado e prazenteiro, dando prazer imediado a quem prova, sem complicar consegue conquistar a quem dele se aproximar. O preço rondou os 5€
15
Kopke 2005
Fazendo um aparte e chamada de atenção, pois este é mais um vinho onde as informações de interesse tal como castas ou mesmo estágio do vinho em causa, que o consumidor tem sempre interesse em saber, são aqui mais uma vez esquecidas. Curiosamente a destacar uma certa moda de tudo o que é casa de Vinho do Porto começar a lançar vinho de mesa.
Ou seja, é tinto, é Douro e é para beber.
Kopke 2005
13,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de média concentração.
Nariz a revelar aroma jovem e frutado, com destaque para fruta vermelha em ligeira compota. Em conjunto toque de cacau com alguma especiaria, com sensação terrosa no segundo plano.
Boca com boa entrada, sem grande estrutura é bem feito e de alguma elegância. Corpo mediano de complexidade reduzida, fruta e cacau presentes com esteva seca no final de boca em persistência média/baixa.
Não é costume eu centrar atenções nas notas que este ou aquele vinho foi alvo na revista ou guia X, costumo apenas provar e dar a minha nota, independentemente do que o vinho em causa tenha tido nos outros lados. Neste caso, a compra foi feita através da sugestão da nota atribuida em duas revistas da especialidade, nota que indicaria um vinho Muito Bom e a um preço que rondando os 4€ seria então uma excelente compra.
O resultado final é tudo menos um vinho MUITO BOM, é um vinho bem feito mas com tudo aquilo que tantos outros apresentam nos dias que correm. Correcto, bem feito, mas que não deslumbra, falta mais densidade, mais complexidade, mais vinho, para ser considerado um vinho muito bom.
14
22 novembro 2007
Conceito Vintage 2005
O vinho que agora se apresenta, é uma novidade da autoria da enóloga Rita Marques, é daqueles vinhos que não precisa do passado para se afirmar no presente, é um vinho do presente com um pensamento futuro. Se já tinha lançado um tinto e depois um branco, Conceito branco 2006 que foi alvo de prova aqui no Copo de 3, eis que surge um Conceito Vintage 2005.
Conceito Vintage 2005
Nariz a mostrar-se imponente e sereno, sente-se um bloco frio, com a fruta bem madura e de bela consistência, dá a sensação de cheirar uma taça cheia de amoras e cerejas bem maduras. Perfumado (violetas) com especiarias bem integradas, erva seca (chá preto), chocolate preto com ligeiro torrado em fundo. Deixa no fundo frescura e uma lembrança de mineral, xisto molhado, tudo em grande finesse de conjunto, afinado e sem imposições deste ou daquele aroma.
Boca é delineada quase por gps, quem prova não tem maneira de se enganar no meio da complexidade que apresenta e de uma estrutura invejável. A fruta passa marca presença num corpo de bela complexidade, frescura e elegância/arredondamento, qualquer semelhança com o Conceito Branco ou Conceito Tinto não é coincidência, é pura realidade pois sente-se aqui um cunho muito pessoal. Especiaria com calda de fruta, chocolate preto, geleia e um final intenso e pleno de finesse. Tudo isto se conjuga com uma consistência e densidade que vai permitir evoluir durante muitos e longos anos.
Um perfil de Vintage que não é muito normal encontrar, ainda bem, mostra-se mais pronto a beber mas com muito tempo para se mostrar. É um conceito que vale a pena conhecer e ter bem guardado.
18,5
20 novembro 2007
Quinta de Foz de Arouce - Vinhas Velhas de Santa Maria 2005
Um vinho da autoria do famoso enólogo João Portugal Ramos , que vem de uma parcela que se chama Vinha de Santa Maria e que se apresenta agora com a nova colheita.
Quinta de Foz de Arouce - Vinhas Velhas de Santa Maria 2005
Castas: Baga e Touriga Nacional - Estágio: 14 meses em meias pipas de carvalho francês
Tonalidade granada escuro de média/alta concentração.
Nariz de boa complexidade, fechado/compacto e de pouca exuberância inicial. Fruta negra madura aliada a madeira de grande nível com baunilha, torrado e cacau. Toque especiado com floral (violetas) e vegetal bem presente num segundo plano, em que no fundo um ligeiro balsâmico se mostra algo dominante.
Boca a denotar um vinho muito bem estruturado, ligeiramente em bruto e a indicar que precisa de tempo para se mostrar no seu melhor. Tem toque de frescura, especiarias, fruta madura, tosta, secura vegetal com ligeira adstringência no final, de persistência média.
Um vinho com tempo pela frente, já mostra entrosamento entre Baga e Touriga, num conjunto a mostrar sinais de grande classe. Precisa de tempo em garrafeira para afinar todo o seu conjunto, o preço é elevado com uma produção reduzida.
17
16 novembro 2007
Marquês de Borba Reserva 2004
A primeira vindima realizou-se em 1992 e nos anos que se seguiram o vinho foi elaborado em instalações arrendadas, sendo 1997 o primeiro ano em que foi vinificado nas novas instalações. A construção da adega em Estremoz, no Monte da Caldeira, iniciou-se em 1997, tendo sido ampliada em 2000.
Este nome incontornável do vinho em Portugal, tem como topo de gama no Alentejo o Marquês de Borba Reserva, um vinho que dispensa muitas apresentações face à alta qualidade que apresenta sempre que sai para o mercado. Uma entrada para o mercado com o pé direito com o magnífico Reserva 1997 projectou esta marca muito alto, foi depois lançado um 1999, 2000 e 2003. Em prova temos então o novo Reserva 2004, ainda na fotografia com rótulo provisório que deve estar quase a sair para o mercado.
Marquês de Borba Reserva 2004
Castas: Trincadeira, Aragonês, Alicante Bouschet e Cabernet Sauvignon - Estágio: 12 meses em meias pipas de carvalho francês. - 14% Vol.
Tonalidade granada muito escuro de concentração média/alta
Nariz a mostrar um vinho que se mostra já muito bem, pleno de harmonia com alguma solidez/concentração nos aromas que apresenta, baunilha abraça frutos vermelhos (amora, morango, cereja) muito maduros e de bela presença, mesmo com alguma compota de grande qualidade. Nota-se um trabalho de grande nível entre fruta e madeira como vem sendo apanágio deste vinho. É com algum tempo de copo que se desdobra em aromas que lembram café, couro, cacau e especiarias. No fundo envolvido por alguns torrados, e suave vegetal/balsâmico em final.
Boca com bela estrutura, frescura bem presente num vinho a mostrar arredondamento, finesse de conjunto a dar prazer, fruta presente com compota, especiado, torrados, café e caramelo. Mostra-se com bom equilíbrio de conjunto, corpo de boa complexidade e espacialidade. Tem ligeira secura vegetal no final de boca, que mostra persistência média/alta.
Temos então o regresso de um clássico da planície Alentejana, um vinho que vem marcando cada vez mais um estatuto entre os melhores, o que merece plenamente na minha opinião.
De todas as colheitas já provadas tenho o 1997 como o melhor de todos, seguido de muito perto do 2000 e agora este 2004.
17,5
15 novembro 2007
La Vinya del Vuit 2003
Estes 8 jovens enólogos (Sara Pérez, Ester Nin, Nuria Pérez, Montse Mateos, René Barbier Jr, Iban Foix, Julian Basté e Philippe Thevenon) são responsáveis pelos vinhos de algumas das mais prestigiosas adegas do Priorato mas decidiram ter um vinho só deles. E assim nasceu o projecto La Vinya del Vuit, ou a Vinha dos Oito com a colheita de 2001, onde dominam as castas Cariñena e Garnacha.
Em destaque para além do vinho está o rótulo, criado por artistas catalães tem na sua representação o Sexo (Sexe) que se pode reparar no jogo de palavras no rótulo principal onde o 8 faz de X. A criatividade mais uma vez ao dispor do mundo do vinho, e mais ainda quando se repara no contra rótulo onde a alusão aos 8 produtores se faz notar com 4 rapazes e 4 raparigas.
La Vinya del Vui 2003
Castas: Cariñena (90%) e Garnacha (10%) de vinhas com 60-80 anos - Estágio: 20 meses barricas novas carvalho Allier - 13,5% Vol.
Tonalidade ruby muito escuro de concentração média/alta.
Nariz onde se sente um vinho com frescura ao primeiro contacto, com o aroma inicial a fazer lembrar uma bancada de granito molhada. Entra então a fruta muito madura e concentrada, temperada com especiarias e toque de ligeiro licor de cereja presente. Não vacila e mostra-se sólido, com torrado em ligação a chocolate preto e lá no fundo uma ligeira azeitona preta. O fundo mostra-se completo com sensação de moka e ligeiro mineral.
Boca a indicar um vinho de bela estrutura, frescura presente, ligeiramente encorpado e cheio de força, algo explosivo no palato a preencher bem o espaço. Tudo isto com alguma harmonia e complexidade. A fruta marca também presença com alguma compota, especiaria e cacau, lá no fundo o toque de bombom ginja mostra-se em sintonia com toque mineral, com persistência final média/alta.
Sao 2300 garrafas com um preço que ronda os 80€ por garrafa, temos um perfil de vinho que opta por uma solidez de conjunto, mostra corpo cheio de força em vez de um perfil fino e delicado, mas que consegue dentro da sua envergadura ter harmonia.
17,5
14 novembro 2007
Domaine Zind Humbrecht Tokay-Pinot Gris Heimbourg Vendange Tardive 1994
Nesta famosa região temos 3 tipos de vinho, o Appelation Alsace Contrôlée que é o vinho base da região e pode incluir todas as castas da zona. Temos depois o Appellation Alsace Grand Cru Contrôlée onde apenas 4 castas ditas 'nobres' fazem parte (Riesling, Muscat, Tokay Pinot Gris e Gewurztraminer), e ainda temos o Appellation Crémant d'Alsace Contôlée. Os vinhos desta região contam ainda com 2 menções complementares, Sélection de Grains Nobles feito a partir de (Riesling, Muscat, Tokay Pinot Gris et Gewurztraminer) atacados por "botrytis cinerea", e ainda a menção Vendanges Tardives (Riesling, Muscat, Tokay Pinot Gris et Gewurztraminer).
Como nota extra convém dizer que Pinot Gris é nome de casta e tokay-pinot gris é nome de vinho, e segundo nova lei a partir de 2007 a menção Tokay foi interdita nestes vinhos.
O vinho em prova é proveniente do Domaine Zind Humbrecht, um dos melhores Domaines da Alsácia, fundado em 1959 conta com 40ha de vinha, distribuida entre Grand Cru a vinhas isoladas que dão o seu nome ao vinho.
Neste caso temos um vinho produzido a partir de uma vinha específica de 4ha (Heimbourg) com uvas Pinot Gris colhidas tardiamente.
Domaine Zind Humbrecht Tokay-Pinot Gris Heimbourg Vendange Tardive 1994
Castas: Pinot Gris - 13,5% Vol.
Tonalidade dourado que lembra latão, bonito e glicérico.
Nariz fresco e cativante, belíssima complexidade e concentração aromática, floral em conjunto com fruta muito presente (citrinos, pêra, pêssego) com presença de alguma calda a dar sensação adocicada, que apesar de presente se mostra com muita elegância. Casca de laranja e limão, canela e cravinho com uma sensação de chá(infusão) com fundo ligeiro mineral e petrolado. Tudo isto em grande ensemblage permite desfrutar de um conjunto de enorme elegância e profundidade.
Boca de entrada muito composta, estrutura de grande arquitectura, preenche a boca no seu todo, guloso, acidez presente a dar uma bela frescura durante toda a passagem de boca. Mostra mais uma vez equilíbrio dos seus componentes, tudo muito bem perfilado e polido, onde tem de estar está. Notas de flores, chá, mineral, fruta passa com alguma calda e um final, se é que o tem, digno dos maiores elogios. No palato ainda se dá a mostrar um toque de frutos torrados com petrolado.
19
Château Le Bon Pasteur 1999
Entrando em Bordéus, rumamos para Pomerol, uma das mais famosas sub-regiões (appelation) de Bordéus e também a mais pequena de todas, que curiosamente não conta com uma classificação oficial dos seus vinhos. É daqui que saem vinhos como Le Pin ou Pétrus, nomes que que fazem parte dos sonhos de muitos e da realidade de uma minoria.
É aqui que se encontra o Château Le Bon Pasteur, pertencente ao famoso enólogo Michel Rolland, conta com 7ha de Merlot e Cabernet Franc inseridas no Caminho de Santiago de Compostela, a vieira no rótulo apenas o confirma.
Château Le Bon Pasteur 1999
Castas: Merlot (80%) e Cabernet Franc (20%) - Estágio: 18 meses barricas novas - 13,5% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta.
Nariz que se apresenta inicialmente algo confuso, o vinho precisa de abrir e ainda mal acordou do seu sono profundo. As sensações que nos transmite vão desde fruta negra muito madura com toque de licor, a chocolate preto, fumados e alguma austeridade com químico presente. Passa o tempo e tudo melhora, o vinho ganha outra vida e tudo aparece mais solto e agradável. Sorvo agradável de baunilha com geleia e muita especiaria sem esmagar o restante, envolto em frescura e finesse, bouquet de grande nível, respira-se qualidade em todos os lados do copo.
Boca com entrada firme e muito bem estruturada, fruta madura com geleia daquela bem feita onde a fruta se mostra de excelente qualidade e o açúcar não domina, fina tosta e aquela sensação de alguma cremosidade do batido de baunilha com café e cacau. Tem espacialidade na boca, ocupa o seu espaço mas com nobreza, tudo muito bem composto e ensaiado, é fino e muito elegante em final de boca que quase não acaba e nos abana com uma frescura muito agradável.
Pensa-se que Compostela vem de Campus Stellae (Campo de Estrelas), e é neste caminho que o Château Le Bon Pasteur está inserido e muito bem, digo eu. Por tudo o que mostrou e pode ainda vir a mostrar é vinho com brilho próprio e que mostra ser alvo de dedicação de quem o faz e merece a mesma dedicação de quem o prova. São vinhos como este e tantos outros, que nos dão grandes lições durante e depois da sua prova, neste caso é como gastar 50€ bem gastos.
18
12 novembro 2007
René Engel Grands-Échezeaux Grand Cru 2000
É aqui que fica o Domaine René Engel, que ficou com o nome do seu criador, René Engel nascido em Vosne-Romanée em 8 de Março de 1894. Em 1949 o seu filho Pierre Engel toma o lugar do pai que se retira e conduz o Domaine até 1981, ano em que viria a falecer. O seu pai René ainda iria viver mais 5 anos até 1986. Surge na sucessão um dos quatro filhos de Pierre, Philippe, que viria a tomar conta do Domaine até 2005, ano em que a tragédia se abate sobre ele. A grande preocupação deste senhor do vinho era deixar um herdeiro que continuasse a arte que já vinha de família, o que não chegou a acontecer.
O Domaine tem aproximadamente 7ha de vinha, de onde para este Grands-Echézeaux apenas contribuem 0,5ha com 75 anos aproximadamente.
René Engel Grands-Échézeaux 2000
Castas: Pinot Noir - 13,5% Vol.
Nariz a mostrar-se fechado e a pedir que o deixem respirar para se mostrar convenientemente. Certo é que mostra-se apenas o que a idade lhe permite pois ainda tem muito que dar. Por agora mostra-se com bela densidade aromática, inicialmente mostra-se com couro, algum animal que se vai embora com algum tempo e paciência, dando lugar a fruta madura (ameixa, amora, cassis) com algumas notas fumadas juntamente com toque de musgo. Ligeira brisa especiada passa entre a complexidade que parece esconder algo mais. Leve cacau e fundo mineral. Tudo em grande equilíbrio e finesse, mas sempre em boa complexidade e concentração.
Boca de entrada fina e complexa, vai em crescendo na boca com frescura presente e correcta, um vinho muito bem balanceado nas suas vertentes, harmonia da estrutura que ampara todo o vinho. Num plano aristocrático mostra já algum arredondamento mas diz que tem pernas para durar, já com grande espacialidade tal como profundidade. Em fundo um toque terroso muito subtil mas ao mesmo tempo interessante, num longo final de boca.
Alia concentração a harmonia, algo que merece ser conhecido, e com uma margem de progressão em garrafa muito grande. Frescura sentida em conjunto que marca pela sua diferença e pelo belo conjunto que mostra.
18,5
11 novembro 2007
Domaine de la Janasse - Châteauneuf du Pape ‘Chaupin’ 2004
Este Domaine foi criado em 1973 por Aimé Sabon, contando actualmente com 50 ha de vinha distribuidos por Châteauneuf du Pâpe, Côtes du Rhône, Côtes du Rhône Village... uma variedade de solos que permite uma variedade de aromas, sabores...
É em Châteauneuf du Pâpe que encontramos uma região seca, onde os solos são quase dominados por cascalho, de estrutura argilo-arenosa com calcário presente.
Domaine de la Janasse - Châteauneuf du Pape ‘Chaupin’ 2004
Castas: 100% Grenache - 15,4% Vol.
Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta
Nariz a mostrar um vinho de bela concentração de fruta bem madura (frutos do bosque, cerejas) dando a sensação de comer uma mão cheia das mesmas, aqui não se precisa de compota ou geleia pois a ligeira doçura que apresenta é directamente da fruta num estado de maturação muito bom. No fundo mora a sensação de se terem muitos potes de especiarias abertos numa sala, com nota de algum licor. Final de fumo e ligeiro mineral em conjunto que se mostra com uma grande elegância e complexidade de aromas, notável no seu todo.
Boca que nos mostra desde o primeiro contacto um vinho muito bem estruturado, de boa densidade na boca, enche as medidas sempre com um auto-controle notável. Tem boa profundidade, elegância de conjunto, com uma passagem de boca fresca, onde a fruta com toques de ligeiro vegetal seco, mineral e alguma especiaria se mostram em grande sintonia em final prolongado.
É um vinho que se mostra de grande nível, cheio de nervo e concentração a nível de aromas e sabores. Com um background de grande nível, tem larga vida pela frente, para melhorar, afinar e desenvolver os seus encantos. Os seus 15,4% Vol podem muito bem assustar o mais incauto, curiosamente é algo que não se sente durante a prova, o que torna este vinho num perigo.
18
10 novembro 2007
Excellent Moscatel Roxo
Excellent Moscatel Roxo Castas: 100% Moscatel Roxo - Estágio: barricas usadas de carvalho francês - 18% Vol.
Tonalidade topázio com rebordo esverdeado, glicérico e com notável viscosidade.
Nariz de aroma impactante, de elevada concentração de aromas remetendo de imediato para a casta. Fruta (citrinos) com casca de laranja e floral, toque melado acompanha em sintonia todo o conjunto. Especiarias ligeiras (canela) com torrados suaves completam este conjunto pleno de complexidade e frescura.
Boca de entrada gentil, doçura inicial com toque de fruta passa embalada por uma acidez que lhe dá uma frescura que percorre toda a prova. Tem presença na boca, untuoso, gordo e ao mesmo tempo equilibrado entre todos os seus componentes. Persistência final de grande amplitude e profundidade.
O moscatel roxo é uma casta em vias de extinção, os esforços para a revitalizar tem sido muitos e ainda bem. Este é mais um exemplo onde o Moscatel Roxo faz das suas, a conhecer sem dúvida alguma, o preço é alto mas a Excelência tem de se pagar de alguma forma.
18
09 novembro 2007
Dona Berta Rabigato Reserva 2006
É aqui que há cerca de 25 anos, este apaixonado pelo mundo do vinho se veio estabelecer, terra dos seus antepassados e onde desde muito novo assistiu à plantação do vinhedo e ao processo de vinificação, concretizando assim um velho sonho.
Em prova a nova colheita do Rabigato Reserva, que junta uvas provenientes de vinhas com cerca de 150 anos (pré-filoxéricas) com uvas de vinhas novas.
Dona Berta Rabigato Reserva 2006
Castas: 100% Rabigato - Estágio: Inox - 13% Vol.
Tonalidade amarelo citrino com rebordo esverdeado
Nariz de bela intensidade, mostra complexidade num conjunto cheio de alma e concentração de aromas. Travo de fruta madura e de grande qualidade (pêra, pêssego, citrinos) despertando com algum tempo em copo. O vinho de momento não se mostra tão bem como o fará após mais algum tempo em garrafa, mas mesmo assim mostra-se em grande forma, geleia dá leve noção de adocicado. Mineral presente e dominante no segundo plano, com leve sensação de fumado no final.
Boca com entrada a revelar uma belíssima estrutura, tudo no sítio, corpo cheio e de algum arredondamento. Na passagem de boca dá um grande prazer durante a prova, mostra uma acidez viva a dar grande frescura aliada a mineralidade, fruta presente com vegetal (relva). Podemos dizer que a presença deste vinho na boca é marcante, um comprimento no palato acima da média e muito agradável, tal como o seu final de boca que é médio/alto no que toca a persistência.
São vinhos cheios de personalidade, onde o terroir se dá a conhecer, tal como o facto de poder conhecer/provar vinhos como este é algo que deveria acontecer mais vezes por parte do consumidor. A verdade é que as modas mandam em muito sítio, aqui ainda reina a personalidade e a diferença. Atrevo-me a chamar a este vinho o último dos moicanos... que se entenda como quiser. Colheitas provadas anteriormente: 2006
17