O Projecto
Rota do Fresco consiste na criação de um sistema de visitas a uma selecção de exemplares de pintura mural das capelas, ermidas e igrejas dos cinco concelhos abrangidos neste momento pelo projecto (
Alvito, Cuba, Portel, Viana do Alentejo e Vidigueira), com o intuito de divulgar, preservar e revitalizar esse património integrado. Para isso, foram criadas diferentes
Rotas e
Experiências temáticas subordinadas à matriz da pintura mural alentejana – os “frescos” – nas quais pode aceder a património arquitectónico usualmente fechado, assistir ao vivo às tradições etnológicas, provar a gastronomia regional e perceber a paisagem envolvente. A Rota do Fresco, tem por base a extensão cronológica e espacial deste tipo de revestimento arquitectónico no conjunto destes cinco concelhos, que constitui um excelente exemplo da variedade e da qualidade desta forma de decoração e de catequização religiosa no nossoPaís, bem como do papel particular da região Alentejana na difusão deste género artístico, desde o século XV até aos inícios do XIX. Outro ponto comum a estes cinco concelhos ao nível da pintura mural, é a necessidade em quase todos os exemplares, de uma intervenção de conservação e restauro, bem como de uma intervenção estrutural ao nível dos próprios edifícios que albergam as pinturas.
Incluído na Rota do Fresco de Portel, encontramos o produtor da Herdade do Meio, que não sendo muito recente, é daqueles casos em que se apostou fortemente no mercado a quando do seu aparecimento. Se por um lado a sua imagem sempre foi apelativa, os preços altos que foram sendo praticados desde inicio retiraram muita vontade de compra a um grande número de consumidores. Das tentativas de aproximação aos vinhos, posso dizer que nunca saí satisfeito, um pouco pela qualidade mas mais pelo preço que sempre considerei demasiado alto. Recentemente numa promoção louca da feira de vinhos do Continente (ano passado) os vinhos deste produtor tiveram um desconto que direi, escandaloso, visto ter rondado os 70%, o que sem muitas dúvidas e cheio de vontade em tentar conhecer um pouco melhor estes vinhos de Portel, me levou a comprar alguns exemplares dos quais a primeira prova recaiu sobre o Virtuus 2004
Herdade do Meio Virtuus 2004 Castas: Selecção de uvas de castas tradicionais alentejanas - Estágio: 12 meses em barricas de carvalho francês e americano e mais 12 meses em garrafa - 14,5% Vol.Tonalidade ruby escuro de concentração média.
Nariz mediana no que toca à intensidade de aromas, marcada pela fruta que alterna entre frutos vermelhos e negros (ameixa, amora, framboesa).
Um vinho que aparenta um lado fresco onde as notas de cacau, especiaria e tabaco, se afastam por alguns momentos ao deixar emergir como que rompendo pelo meio, uma ligeira sensação de químico (envernizado), seguida de frescura balsâmica.
Boca de entrada frutada e ligeira frescura com macieza subtil, alguma elegância, mostrando-se menos complexo do que poderia sugerir pela prova de nariz, tendo notável quebra na sua performance.
A secura que mostra derivada dos taninos secos que imortalizados irão ficar ver o tempo passar, irredutíveis no seu lugar. Parece que é na boca que mostra o seu lado mais vegetal e agreste, tem um ligeiro envernizado que quase dando a sensação de estarmos perante outro vinho.
O vinho não custou mais de 5€ numa promoção arrasadora levada a cabo pela feira de vinhos do Continente no ano passado... digo arrasadora porque este vinho anda nos 12€ euros na actualidade e penso já ter visto a algo mais. É um agarra e larga que pelo menos a mim não me convence, pois se nos tenta agarrar pelo que mostra no nariz com alguma ponta de diferença, na prova de boca quebra ao nível do que mostrou em nariz, dando sinais de uma outra faceta onde alguns imortais taninos secos fazem questão de se mostrar. O preço fica por isso mais uma vez desajustado face à qualidade apresentada.
14,5