Copo de 3: 2010

21 dezembro 2010

FELIZ NATAL



O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

16 dezembro 2010

Quinta da Ponte Pedrinha branco 2009

A Quinta da Ponte Pedrinha, de Maria de Lourdes Mendes Oliva Nunes Osório, situa-se na Região do Dão, entre Seia e Gouveia, e está na posse da família desde o Séc. XVIII. A sua vinha, implantada em solos graníticos desde há mais de 30 anos, tem raízes profundas nesta Quinta, raízes que se agarram à terra e à vida das pessoas que nela habitaram, gerando Tradição! Os hectares de vinha que oferecem vida aos seus vinhos dão contornos de rara beleza à paisagem circundante. A tecnologia associada à vinificação levou à construção de uma adega à altura dos pergaminhos dos vinhos que sempre aí se produziram. Estes foram vinhos que sempre me acostumei a ter, a beber e a ver nas prateleiras do Pingo Doce quando aquilo ainda tinha interesse e a feira de vinhos era sobre uns tais Raros e Preciosos... naquele tempo os Ponte Pedrinha faziam parte dos vinhos que costumava beber, depois desapareceu tudo e perdi o contacto, felizmente voltei a encontrar-me com eles num copo. O branco 2009 é feito a partir de 90% Encruzado e 10% Malvasia, com 13% Vol. e um preço de estrondo que ronda os 3€.

Quinta da Ponte Pedrinha branco 2009

Nariz fresco, directo e delicado, mostra as coisas com serenidade, frescura bem patente na fruta fresca e madura, limpa, com limão e lascas de fruto de pomar, sim a bela da maçã, pêra. Coberto de caruma, de vegetal seco a lembrar chá verde, carradas de cascalho cobrem-lhe o fundo, leia-se mineralidade, num conjunto delicado mas bem arranjado, que não se envergonha de ser assim, humilde mas trabalhador.

Boca com entrada fresca e corpo mediano, é quase um peso pluma na elegância do trato e no saltitar pelo copo, ágil e jovem, fresco, fruta de caroço combina com uma bela frescura e novamente tudo aquilo que conhecemos no nariz, vegetal e a tal cama de mineralidade que finaliza com uma boa secura em final de boa persistência.

Longe das modas, longe dos monólitos de fruta, longe do fácil agrado, este vinho vira costas a tudo isso e atira-se de caras ao estilo clássico, à tradição que tanta falta faz e que tantos fazem força para esquecer. Uma lição de que um vinho que custa 3€ pode ser uma aposta mais que viável para um consumo de qualidade e com garantias de uma identidade muito própria. O vinho encerra uma delicada complexidade, nada que o transforme em mais do que ele é, mas penso que gosta de ser assim, pequeno e trabalhador, humilde e conquistador... muito bem. 15,5 - 89 pts

Bajancas branco 2009

Proveniente da Quinta das Bajancas, em Trevões (Douro), propriedade de António Alfredo Lamas, sai este branco do ano 2009, um branco feito à base de Rabigato, Gouveio, Malvasia Fina e Códega do Larinho, com a enologia a cargo da 2PR. O rótulo é bem capaz de ser do mais divertido que tenho visto no panorama nacional, moderno com um claro piscar de olhos a uma clientela mais jovem e irreverente, não podemos esquecer que antigamente os curandeiros realizavam as suas mezinhas nas chamadas Bajancas, o nome do vinho e da Quinta.

Bajancas branco 2009

Nariz com aroma de mediana intensidade, muito directo e com frescura a fazer-se sentir, entrada de rompante de fruta madura (citrinos e pêra verde) com flores brancas e mineralidade (pederneira) em fundo. Esgota-se neste primeiro flash... depois fica como o boneco do rótulo, quieto, parado com os olhos esbugalhados à espera que lhe aconteça alguma coisa.

Boca a mostrar um vinho bem estruturado, corpo de mediana espacialidade com boa dose de frescura, fruta presente (limão, pêra) com algum vegetal  fresco (relva fresca) e a mineralidade a vir ao de cima num final de média persistência.

Um vinho correcto e indicado para o consumo do dia a dia sem quebras de qualidade, com 13,5% Vol, deve ser consumido a curto prazo para tirar o máximo proveito da frescura que todo o conjunto mostra. 14,5 - 86 pts

Guarda Rios branco 2009

Vinho proveniente do Riba TEJO, do produtor Vale d´Algares. Dos 3,5 hectares de vinha em solos argilo-calcários foram escolhidas as castas Chardonnay (34%), Sauvignon blanc (26%), Fernão pires (24%) e Alvarinho (16%) com 35% do lote a fermentar em barricas de carvalho francês com batonnage durante 6 meses, o resto ficou no inox. No final saíram 27000 garrafas, com preço a rondar os 7€.

Guarda Rios branco 2009

Nariz um pouco calado, leve floral com notas de fruta (citrinos, fruto de pomar e leve tropical) e ponta vegetal fresca (espargos verdes). Aroma agradável, directo e sem mostrar grande complexidade,  agradável e bem feito. Sente-se um leve arredondamento em fundo, provavelmente da ligeira passagem a terá tido direito.

Boca com estrutura mediana, alguma frescura no equilíbrio de todo o conjunto, vegetal ligeiramente agreste a lembrar espargos verdes com a fruta novamente ao nível da prova de nariz, madura e bem composta. Dá uma prova de boca satisfatória, com algum arredondado derivado da barrica, num final de boa persistência.

Um vinho bem feito, bebe-se bem à mesa e acompanha descontraidamente e com facilidade larga panóplia de pratos de peixe. Pelo preço, que já não é uma pechincha, pedia-se um pouco mais de refinamento, identidade e quem sabe, distinção. Não terá sido das provas que mais me entusiasmou no que a brancos de 2009 diz respeito. 15 - 88 pts

15 dezembro 2010

FitaPreta branco 2009

A expressão "sentido de origem" é o fio-de-prumo da criação deste FitaPreta branco. Uma edição limitada que nasce da vindima manual de uma vinha pouco produtiva e de uma enologia de intervenção mínima. A produção é reduzida, limitada a 6000 garrafas lançadas em Maio deste ano, um vinho que é uma novidade na gama de vinhos deste produtor Alentejano, um vinho que como já foi escrito, pretende mostrar o que é a região do Alentejo. Elaborado a partir de castas tipicamente alentejanas, a intervenção enológica é praticamente nula enaltecendo os verdadeiros aromas e sabores da região. Um vinho elaborado a partir das castas Antão Vaz (65%) e Roupeiro (35%), sabendo-se que apenas aprendeu a nadar no inox e que se apresenta com 13,5% Vol.


FitaPreta branco 2009

Nariz com frutos citrinos, alperce e o ananás em boa quantidade, mediano na intensidade e na complexidade, alentejano calmo com alguma frescura a contrabalançar as sensações de calda que lhe conferem algum toque mais "morno". O final é marcado por agradáveis e suaves  notas minerais que se misturam com todo o restante conjunto.

Boca com entrada fresca e muito correcta, corpo a mostrar-se centrado no peso da fruta com o pingo da doce calda que dá ao vinho uma sensação de arredondamento e ao mesmo tempo sensação de maior largueza, a acidez limonada porta-se bem e estica até ao final de boca com apontamento de mineralidade, em persistência média.

É um branco do Alentejo bem apresentado, por um lado mostra a casta Antão Vaz de uma  forma eficaz, se bem que com uns toques frescos ao lado da casta Roupeiro, mas no conjunto resulta um vinho bastante agradável a um preço que ronda os 8€. 15,5 - 89

14 dezembro 2010

Versus Síria 2009

Plantadas em solos xistosos e arenitos da sub-região de Figueira de Castelo Rodrigo e temperadas pelo clima continental da região, as uvas seleccionadas da casta Síria deram origem a este branco que agora aqui falo. A casta Síria que aqui se fala é a mesma que no Alentejo dá por nome de Roupeiro, uma casta boa de aromas com o senão de que oxida precocemente e perde consequentemente aquilo que gostava de mostrar... contrariedades da vida que indicam claramente vinhos para consumir em novos, que é assim que muitos devem ser bebidos e apreciados. Porém nos dias de hoje muita gente gosta de guardar de tudo, conseguindo ter em vez de uma garrafeira uma autêntica colecção de monos...

Versus Síria 2009

Nariz a dar uma prova com boa intensidade, mostrando-se de conjunto delicado, fresco e levemente perfumado com flores brancas e fruta madura (citrinos, maçã). Do giro no copo desenvolve leve aroma vegetal fresco (lúcia-lima), apimentado com suave sensação de aconchego, calda de fruta, creme de baunilha.

Boca com frescura a dar bem conta do recado, mostra-se fresco e frutado, novamente com a calda a mostrar-se, que nos dá ao mesmo tempo temos a sensação de um vinho ligeiramente arredondado, macio, harmonioso e equilibrado, sempre num tom fresco com mineralidade em fundo de persistência mediana.

Penso que seja vinho para se tirar partido nos primeiros dois anos de vida, a produção não é muito grande sendo apenas 10700 garrafas, nesta colheita apresenta-se com 13,2% Vol. e com um preço apetecível e direi democrático pois ronda os 6€. Se o vir não lhe vire as costas e de-lhe uma oportunidade, a aptidão para a mesa faz dele uma aposta mais que certeira. 15,5 - 89 pts

11 dezembro 2010

Maria Mansa branco 2009

Vinho branco feito na Quinta do Noval, no coração da Região Demarcada do Douro, proveniente das zonas altas da região, com predominancia das castas Malvasia Fina, Viozinho e Gouveio. Foram engarrafas 10.500 garrafas, mostrando-se com 13% Vol. e um preço a rondar os 6,50€.

Maria Mansa branco 2009

Nariz que me chamou a atenção logo no primeiro instante, não por ser demasiado exuberante, mas sim pelo arrumo e aprumo com que se mostra, desde a fruta de bela qualidade, nas vertentes mais citrinas embora com alguma fruta de caroço e de polpa branca em pouca quantidade, cheiro e rebuçadinho muito leve. O conjunto é fresco e bastante interessante de se seguir, mineralidade a marcar todo o fundo do vinho com sensação de fumado muito ténue, mostrando pelo meio uns rasgos vegetais.

Boca com rasgos de frescura da fruta, muito bom comportamento tal como muito bem delineado, mineralidade, percepção de um pedaço de fruta mais arredondado a meio palato numa bela passagem, muito equilibrado, fresco, corpo mediano em final médio/longo. Sintonia com a prova de nariz, prazenteiro e um vinho que se veio a revelar uma bela surpresa.

Foi aquilo que posso chamar de surpresa, este foi um dos vinhos que nas provas dos brancos de 2009 mais me piscou o olho, gostei bastante da prova que deu a solo e da prova que deu à mesa, polivalente desde a temperatura inicial de serviço até com um pouco mais de calor... deu-se bem com o tempo que passou no copo, agradável, fresco, com alma e saber estar. O preço a rondar os 6,50€ torna-o bastante apetecível e apetece ter mais algumas em stock para ir abrindo. Estranho que se fale tão pouco deste vinho, quer no papel quer na net... 16 - 90 pts

08 dezembro 2010

Crasto branco 2009

É a terceira colheita deste vinho, nesta colheita de 2009, com menos garrafas que na anterior colheita viu passar das 41600 garrafas de 2008 para as 27797 da colheita de 2009. As uvas, provenientes de talhões previamente seleccionados, foram transportadas em caixas de plástico alimentar de 25 kg e sujeitas a uma rigorosa triagem à entrada da adega. Foram posteriormente desengaçadas e prensadas. O mosto prensado foi transferido para uma cuba de inox onde se manteve a uma 
temperatura de 8ºC durante 48 horas até à sua decantação. Seguidamente decorreu a fermentação alcoólica em cuba de inox com temperaturas controladas de 15º C durante um período de 45 dias

Crasto branco 2009
Castas: Gouveio, Roupeiro e Rabigato - Estágio: Inox - 13,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de ligeiro toque esverdeado.

Nariz com boa intensidade, a variar entre uma fruta limpa e bem madura (citrinos, alperce, tropical) em ambiente fresco com um travo de espargo verde, relva cortada e suave floral. Um vinho que se mostra jovem, bastante fresco e aprumado com certa dose de delicadeza, assente em fundo mineral.

Boca de corpo médio, bem estruturado com frescura a percorrer toda a boca, do principio ao fim. Sente-se a fruta madura presente ao mesmo nível do nariz, segundo plano com toque vegetal (espargo), onde a mineralidade se faz notar muito refinada no modo como aparece. Um vinho que agrada bastante, que se bebe e torna a beber, com persistência final média/alta.

Segue a mesma onda/perfil da colheita anterior, pareceu.me mais afinado e refinado, sim e talvez um pouquinho menos Duriense de gema. Sente-se aquilo que se cheira, nada está escondido ou difuso, muito menos aglomerado, direi que o aroma está limpo e bastante "palpável". Compra-se por cerca de 9€ um vinho que não nega a terra que o viu nascer, embora com um piscar de olho bastante lascivo para outras paragens mais novo mundo, é claramente um vinho para se ir bebendo com muito prazer e muito calmamente até à chegada da próxima colheita. 16 - 90 pts

Duas Quintas branco 2009


Dando uma espreita no que a Ramos Pinto diz sobre este vinho, consta que  "O Duas Quintas Branco é um vinho do Douro Superior, elaborado com castas tradicionais (50% Viozinho, 30% Rabigato e 20% Arinto), que exprime o potencial desta região extrema. É um branco estruturado, gorduroso, mas igualmente fino e elegante. As diferenças entre a Quinta de Ervamoira e a Quinta dos Bons Ares, que são a base do blend na busca do equilíbrio, foram levadas ao limite em 2009. Na Quinta de Ervamoira, tivemos uma maturação rápida e elevada com diminuição de rendimento, enquanto que nos Bons Ares, as uvas demoraram a amadurecer e tivemos uma boa produção." Acrescenta-se que apenas 15% do mosto fermentou em cascos de carvalho francês.

Duas Quintas branco 2009

Nariz algo cerrado em si mesmo, precisa de algum tempo em garrafa, vem muito embrulhado portanto. Sente-se uma rispidez mineral (pederneira) que se funde com notas de fruta madura (citrinos, tropical, pêssego), aromas bem coesos e apertados, finura no que mostra agora mas condensado, fresco, flores brancas. Ligeira sensação de arredondamento lá a meio com travo vegetal fresco em segundo plano.

Boca a mostrar um vinho estruturado, encorpado até, arredondado a meio com boa acidez que sabe agarrar a fruta que se mostra aqui ao nível do nariz e todo o conjunto e dar prova prazenteira... mas os 14% com que se apresenta conferem-lhe algum calor incómodo que surge com o aumento da temperatura no copo. Final de boca médio.

A pergunta depois de provar este e outros brancos de 2009, é qual a necessidade de fazer um branco com 14% Vol. quando outros da mesma região conseguiram a "proeza" de lançar vinhos no mercado com 12% ou mesmo 13% ? Talvez o motivo principal pelo qual a nota sai penalizada... o preço ronda os 8,50€ em garrafeira. 15 - 88 pts

Quinta dos Avidagos branco 2009

Branco Duriense proveniente da Quinta dos Avidagos, pertencente à família Nunes de Matos, a firma explora quatro quintas com vinhas localizadas num raio de 5 quilómetros do Peso da Régua, das quais a mais antiga é a Quinta da Varanda adquirida em 1695, sendo uma das mais antigas da região. Mas é na Quinta dos Avidagos e nos seus 19 hectares, beneficiando de uma excelente exposição solar, que as castas Tinta Roriz, Touriga Franca e Tinta Barroca se encontram plantadas por talhões. A idade média das vinhas é de 25 anos, existindo também uma pequena vinha para a produção de uvas brancas na qual predominam as castas Malvasia Fina, Verdelho e Viozinho. O branco da Quinta dos Avidagos, é feito com base nas castas Malvasia Fina, Gouveio e Vital e apresentou-se com 12%.


Quinta dos Avidagos branco 2009


Nariz de mediana intensidade, algo delicado, harmonioso mas sem grande complexidade, perfume suave de flores brancas misturadas com fruta madura (citrinos, melão, pêra verde). É um vinho que transmite frescura, num fundo marcado por alguma mineralidade.
Boca com mediana estrutura, sem grande espacialidade é suave no que mostra, novamente assente na fruta com toque mineral em fundo, num todo em que a frescura sem ser muita, comanda a prova de fio a pavio, final de persistência média/baixa.
É um branco modesto naquilo que apresenta durante a sua prova, mostra-se muito bem feito e capaz de fazer boa companhia por um preço que julgo ser bastante convidativo, cerca de 4€, o que o torna uma bela referência para um consumo diário com qualidade assegurada. 14 - 85 pts

07 dezembro 2010

Loios branco 2009

Em jeito de homenagem aos membros da antiga Congregação de São João Evangelista, conhecidos como Monges de Loios, o enólogo e produtor João Portugal Ramos criou a marca Loios. Esta é a primeira marca dos vinhos de João Portugal Ramos em Estremoz, na sua produção tem por base as castas mais tradicionais da região, neste caso Rabo de Ovelha e Roupeiro, com respectiva passeata apenas por inox apresentando-se com uns agradáveis 12,5% Vol.

Loios branco 2009

Tonalidade amarelo palha de mediana concentração.

Nariz jovem e bem fresco com a fruta madura e limpa, a sentir-se muito bem com citrinos, pêssego e melão, ligeiro tropical com suave maracujá. Não tem muita expressividade apesar de o que mostra, mostra bem, com ponta de vegeta fresco em segundo plano.

Boca com entrada simpática, fresco e frutado, mediano de estrutura o vinho é basicamente a fruta madura e muito limpa com frescura e um ligeiro vegetal fresco pelo meio. A meio da boca parece ter toque de rebuçado de limão, laranja, acidez a marcar presença mas muito correcto dentro da simplicidade que tem.

Quando se fala em vinho para o dia a dia, com qualidade assegurada, este vinho será sempre uma compra a ter em conta, muito correcto na maneira como se mostra e pelo que mostra. O preço ronda os 3,50€ e a facilidade de encontrar faz com que não haja desculpa para se beber mau vinho nos dias que correm. 14,5 - 86

Altas Quintas Crescendo tinto 2007

De uma selecção de uvas da casta Aragonez a que se adicionaram pequenas percentagens de Trincadeira, Alfrocheiro e Alicante Bouschet, obteve-se este vinho que fermentou em balseiro de carvalho francês Seguin Moreau com temperatura controlada e ligeira maceração. Após 6 meses em barrica de carvalho francês e americano e uma filtração grosseira foi colocado em garrafa. Uma maturação em garrafa nas caves da adega, garantiu um vinho mais equilibrado e atractivo, que se apresenta com 14% Vol.

Altas Quintas Crescendo tinto 2007

Nariz de fácil agrado e de bom aconchego, centrado na fruta madura (frutos silvestres e ameixas ) fresca e com alguma geleia, com aquela sensação de arredondamento derivado da passagem por madeira que pouco se nota, sem grandes desvarios, porta-se bastante bem e está bem integrada no perfil com notas fumadas, que se complementam com especiarias, ligeiro vegetal e cacau. Tudo muito bem embrulhado e pronto a beber num perfil "Novo" Alentejo muito bem feito e apelativo.

Boca com entrada fresca e saborosa, boa envergadura mostrando empatia com a prova de nariz, fruta madura e bem fresca, novamente o toque de geleia se faz notar com o amparo da barrica. O vinho tem muito boa presença durante toda a prova, mostrando-se bem delineado num todo muito prazenteiro, especiado, cacau e ligeira secura vegetal no final que mostra uma boa persistência final.

Este produtor é um caso muito sério de sucesso na empatia que os seus vinhos conseguem ter junto do consumidor, não é fácil ficar indiferente aos vinhos Altas Quintas e os Crescendo são um bom exemplo disso. O preço situa-se perto dos 8,5€ mostrando-se de igual modo como o branco... nem caro nem barato, fica no limbo, agora a qualidade e o prazer que dá isso é mais que certo. 16 - 90 pts

Altas Quintas Crescendo branco 2009

Segundo indica a ficha técnica deste vinho, foi desenhado a partir de uma selecção de uvas das castas Arinto, Verdelho e Fernão Pires, dos melhores blocos das vinhas de Altas Quintas. O mosto foi clarificado, de forma estática a 10ºC numa câmara frigorífica, onde fermentou de seguida a uma temperatura de 15ºC. Após esse processo o vinho foi mantido a 8ºC e posteriormente estabilizado e filtrado. O engarrafamento decorreu durante o mês de Fevereiro, para garantir a conservação de todas as suas características organolépticas, num vinho que viu a sua garrafa mudar para melhor, apresentando-se com 13%.

Altas Quintas Crescendo branco 2009

Nariz de aroma fresco com boa intensidade, assente num aroma frutado com citrinos e travo tropical. Mostra-se bem trabalhado no seu cuidado conjunto, harmonioso, jovem e bastante fresco, com flores brancas e vegetal fresco a combinar com algum rebuçado (ligeiramente a recordar sensação de doce) de limão, notas levemente fumadas em fundo com ligeira pederneira.

Boca com uma entrada bem fresca e fulgurante, direi refrescante, plena de sabores cítricos com lima, limão e ligeiramente tropicais, vegetal fresco, boa espacialidade de conjunto que se mostra cheio de energia e com final a dar boa persistência.Complementa muito bem o que se sente na prova de nariz, o que é sempre bom sinal.

Gostei essencialmente pela maneira fresca como se apresentou, a fruta sente-se saudável e madura, limpa, com um conjunto muito bem desenhado que a suporta. Uma belíssima aposta num branco de Serra, feito para agradar a todos mas que não deixa de respeitar a terra que o viu nascer. Custa cerca de 8€ o que o transporta para aquele limbo do não ser nem caro nem barato... 16 - 90 pts

O que acontece se escolherem um vinho sem rolha natural

24 novembro 2010

Foral de Évora... as novas colheitas

O Foral de Évora foi um vinho lançado na colheita de 2000 pela Fundação Eugénio de Almeida numa edição comemorativa dos 500 anos da entrega do foral à cidade de Évora por D. Manuel I. Da primeira colheita foram bastantes as garrafas bebidas em conjunto com amigos, vinho que se mostrava bem feito, diferente e muito apetecível e amigo da patuscada, bom para os dias frios de Inverno e que acompanhava e animava as conversas. O preço que rondaria os 8€ não seria alto não senhor, comedido e que fazia dele um constante parceiro das tertúlias... porém a certa altura "o mercado" resolveu puxar o preço do vinho para cima, houve o esperado afastamento porque o preço já não se mostrava compatível com as vontades do grupo... caiu então no que pior pode acontecer a uma marca, esquecimento, as novidades vindouras de outras paragens foram desviando os olhares, a ganância não do produtor mas de quem o revendia fazia com que cada vez mais o fosso fosse alargando. Passaram com isto várias colheitas até que me chegou às mãos 5 anos depois o tinto 2007 e o branco 2009, matei as saudades e revi bons velhos amigos... o preço esse parece que foi ajustado, mas nunca mais será o mesmo pelo qual comprei e bebi as duas primeiras colheitas.

Foral de Évora branco 2009:  Produzido a partir da casta Assario (Malvasia Fina) que num conjunto que debita 14% , a largar um aroma de média intensidade, fresco com fruta madura a lembrar melão, pêssego e citrinos com toque de rebuçado/mel, sente-se algum arredondamento com toque floral pelo meio. Boca gostosa e fresca, bem frutada com presença de calda de fruta, algum vegetal ajuda a preencher a boa espacialidade que comporta. Final com leve apimentado, o álcool podia ser menos que se agradecia... fora isso estamos perante um belo branco vendido a um preço que ronda os 6,50€ numa boa garrafeira. 16 - 90 pts

Foral de Évora tinto 2007: Lote composto por Trincadeira, Aragones e Alicante Bouschet, brincaram 12 meses em barrica de carvalho francês com mais 12 de garrafa, a debitar também ele 14%. Nariz envolvente com bom aconchego da fruta fresca, alguma nota de geleia, bem madura com a barrica já em plena harmonia com o conjunto, suave tosta com baunilha, café, caramelo leite, num fundo que se esbate em vegetal seco. Boca de boa estrutura, frutado de início, muita harmonia de conjunto, afinado e pronto a beber, frescura a brincar com madeira e doçura da fruta, que em cópia do nariz aparece com uma leve secura vegetal. O preço ronda os 12€ num vinho pronto para a mesa desde já... 16 - 90 pts

23 novembro 2010

Adegga Wine Market de 2010

Conceito: O Adegga Wine Market é um evento de prova de vinhos em ambiente informal na companhia de quem produz o vinho e com possibilidade de compra dos vinhos em prova. Vai ser um evento sem stands e sem gravatas e o espaço vai contar com sofás e música para podermos aproveitar os melhores momentos da prova de vinho. 

Data: 27 de Novembro entre as 14h e as 21:30h.
Local: Teatro Aberto (Praça de Espanha, Lisboa) - metro e muitos lugares de estacionamento gratuito.
Entrada: O evento tem um custo de 7,5€ que inclui um copo de vinho Riedel. Não é preciso inscrição.

Página para o evento: http://www.adegga.com/winemarket
Lista de vinhos: no Adegga.com http://bit.ly/9AiB1c

Produtores já confirmados: Adega Monte Branco, Casa da Darei, Casal Branco, Cortes de Cima, Esporão, Herdade do Portocarro, Herdade dos Lagos, Horta de Gonçalpares, Mark Stephen Schulz, Paulo Laureano, Poças, Quevedo, Quinta de Gomariz, Quinta do Côtto, Quinta do Gradil, Quinta do Mouro, Quinta Dona Matilde, Terra de Tavares, Torre do Frade, Vale d’Algares, Vinhos Douro Superior

17 novembro 2010

Melhor lá fora, esquecido cá dentro...


Nos dias de hoje tem-se a ideia de que um vinho para ser muito bom tem obrigatoriamente de ser caro, caso contrário torcemos o nariz até porque colocar vinho barato na mesa não dá o mesmo status do que meter um vinho que todos sabem custar menos de dois dígitos daqueles rechonchudos. Afinal de contas,certas coisas passam-nos mesmo ao lado quando as temos diante dos olhos e nem sequer lhes damos o  valor que merecem. Para melhor entender o que escrevo basta responder a uma simples questão, quais os 10 melhores vinhos de Portugal ?
Uma simples questão que qualquer um de nós consumidor faz, mas que alguns na hora de responder arranjam sempre maneira de complicar com derivações para salamaleques e entraves para uma resposta que se pretende clara e simples... os profissionais da coisa, aqueles que vivem à conta do mundo do vinho tendem sempre a complicar na hora de decisão sempre a bem da isenção e do não ficar entalado com algum "amigo" esquecido na tal lista, ora isto vem no seguimento de que nessa mesma lista que muitos de nós poderemos fazer ou já fizemos ou lemos em fóruns, blogs, revistas, guias, etc... não contemplaria certamente aquele que foi considerado o 9º classificado no Top 10 de 2010 pela prestigiada revista Wine Spectator. A lembrar que esta foi a segunda vez que um vinho de mesa Português aparece no Top 10, relembro que o Quinta do Crasto Vinhas Velhas Reserva 2005 já tinha aparecido como nº 3, e dois anos depois eis que um outro vinho Português, produzido também na excelência do Douro, o CARM Reserva 2007, surge novamente no Top 10. E então ? Na sua lista dos 10 melhores de Portugal este vinho estava presente ou nem sequer se lembrou, provavelmente nem o chegou a provar pois o preço de prateleira não tem dois pesados dígitos que lhe atribuam uma importância digna de pertencer à sua garrafeira... pois é, mas ficou-se com uns mais que merecidos 94 pontos e tem um preço de arromba a rondar os 9€.A verdade é que mais uma vez se demonstra que aqueles que se destacam lá fora não são os de produções mais limitadas, não são os topos de gama, não são os vinhos exclusivos e ultra limitados que ninguém tem acesso, nem sequer aqueles que os "boys do papel" levam ao colo... os melhores lá fora, os tais que vão aparecendo na Wine Spectator são vinhos acessíveis e democráticos, vinhos que a crítica se esquece na altura de nomear como melhores, vinhos que os eno-snobs se esquecem de nomear nas pseudo-listas, vinhos que o consumidor pode apresentar com a cagança que os cagantes gostariam de ter.

12 novembro 2010

Blogs... a Identidade perdida.

A perda de identidade é algo que acontece na sociedade moderna por n factores, um deles é o mimetismo levado a cabo por determinado número de elementos que a constituem. O gesto fácil para a imitação, aquele gesto de puto birrento que quer o que o menino do lado tem na mão... sim acontece com os adultos e os brinquedos passam a carros, casas, barcos, lcd, viagens e até vinho. O minar das nossas vidas pelas grandes marcas a nível mundial leva a que vamos comprar a roupa quase sempre aos mesmos sítios, etc etc... tudo isto se aplica ao vinho, quando falha a identidade falha tudo e o vinho torna-se um igual a tantos outros. Um vinho igual a tantos outros, é apenas isso, mais um vinho... por vezes os ditos podem ser mais ou menos caros mas no que a qualidade toca nada a acrescentar, o que ali está naquele momento poderia ter sido feito nos mais variados locais que ninguém nota a diferença. São esses vinhos que nos dias de hoje começam a perder o interesse, são esses vinhos que grande parte dos consumidores começa a achar desinteressantes procurando refugio na oferta que lhe garanta a tal diferença, identidade.
Nos blogs a coisa não anda muito diferente, nos dias de hoje há mais blogs de vinhos do que havia quando o Copo de 3 nasceu... basicamente naquela altura a pradaria não tinha ninguém, timidamente os colonos foram chegando e construindo as suas casas, umas mais fortes e robustas que outras, com o tempo alguns mudaram-se e outros sucumbiram, os que ficaram continuaram a ver chegar gente nova com sede de aventura... 
O que falha então nesta pequena aldeia é que, o que poderia distinguir uns dos outros começa a não acontecer e as falsas igualdades começam a surgir cada vez mais, a verdade é que copiar o modelo do vizinho é sempre algo mais rápido do que puxar pela própria cabecinha, deixando de lado a criação de algo genuíno e que poderia garantir interesse e consequentes visitas para si e para o resto da comunidade. Nos dias de hoje começo a ver grande parte da dita "aldeia" tudo muito igual, até na absurda replicação de provas dos mesmos vinhos cuja postagem surge ao mesmo tempo num lado e noutro, coisa que satura os olhos de quem passa certamente... não será altura de se parar para pensar que é na diferença que está a grande mais valia dos blogs ? 
Um blog de vinhos nunca deve ser pensado como uma maneira fácil de se conseguirem umas garrafas de borla só porque a Maria lá de casa não deixa comprar vinho... quem pensa assim nunca irá longe... um blog de vinhos é muito mais que isso, é preciso saber viver o vinho e ao mesmo tempo ser e gostar de ser blogger, uma maneira de estar muito própria porque não podemos esquecer que é o que o blog mostra é o espelho de quem o faz e basta olhar para outras realidades que não a nossa, para vermos que por cá anda tudo muito desleixado, talvez seja tempo de mudar... mas acima de tudo que não se perca a identidade. Eu cá continuarei, sentado na minha cadeira de baloiço, a ver mais uns quantos a sucumbir, outros a partir e mais uns quantos novos a chegar... 

Victorino 2007

Isto é vinho, isto é vinho para se beber...dizia-me certa vez um bom amigo num daqueles dias de grande jornada enófila, o vinho naquela altura nada tinha que ver com este, mas a frase essa serve para muitos outros. Foi também rodeado de amigos que assisti ao lançamento e apresentação deste vinho em Zamora pelo próprio Marcos Eguren, fundador do fantástico projecto Numanthia-Termes na região de Toro, que após venda deste surgiu no mercado com novo projecto de nome Bodegas Teso La Monja (Toro). A vida de uma cepa na região de Toro não é fácil, os solos arenosos cobertos de cascalho não são propriamente dos que mais facilidades concedem à planta, o segredo talvez more em todo aquele cascalho que cobre as vinhas, as cepas centenárias vão-se retorcendo à medida que os anos passam, vão ganhando formas que lembram as mãos do diabo a querer apanhar os incautos visitantes. O respeito esse é transmitido para os vinhos que dali vão saindo, este Victorino foi na altura da apresentação o vinho que mais prazer me deu ao provar... o colossal Alabaster conquista pela opulência e poderio, mas o Victorino tem aquele toque misterioso e ao mesmo tempo fresco e sombrio, ter este vinho no copo é quase que nos transportar para uma arena com um Miura à nossa frente. As uvas 100% Tinta de Toro vieram de Valdefinjas, cepas com 45 anos de idade, plantadas em solos arenosos cobertos do tal cascalho. Podia estar aqui o resto do dia a falar sobre este vinho, sobre este projecto, sobre os seus vinhos tanto os de Toro como os da Rioja, tudo coisinhas muito boas que deveriam fazer parte das garrafeiras dos verdadeiros enófilos, vinhos onde encontramos a pura expressão da uva, fruta limpa fresca e madura, barricas por vezes presentes mas que com os anos se acomodam e deixam vinhos que se tornam pecaminosos. Este Victorino é um desses vinhos, dos tais que me dão um gozo enorme beber e saborear... porque isto, é vinho, isto é vinho para se beber.

Victorino 2007
Castas: 100% Tinta de Toro - Estágio: 18 meses em barrica Carvalho Francês - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro, com leve toque glicérico.

Nariz que se destaca desde logo pela frescura e pureza da fruta negra (amora, groselha) bem madura que nos chega embrulhada num apertado rendilhado de aromas que conferem uma bela complexidade ao vinho. Apesar de algo cerrado naquilo que tem para mostrar, a evolução no copo merece destaque, o vinho dá uma prova bastante boa desde já, a mostrar já bastante equilíbrio entre partes. Notas de fumo, cacau, caixa de especiarias, tabaco seco, caramelo, tudo com sentido de profundidade apesar da leve sensação de austeridade que se sente.

Boca ampla, com fruta bem presente, estrutura firme com boa espacialidade, frescura a embalar todo o conjunto de sensações encontradas na prova de nariz, mais tabaco seco, especiaria doce e no final a sentir-se ligeiramente austero, sinal de que andam por ali uns taninos a pedir tempo... e tempo é coisa que não lhe falta pela frente.

É um vinho muito sério e daqueles que dá um gozo enorme beber já mas que certamente daqui por mais 5 ou 10 anos estará ainda bastante melhor pois tem todos os atributos para uma evolução em grande. O preço deste vinho depende muito de onde se consegue arranjar, este exemplar custou cerca de 30€ o que revela uma excelente relação preço/qualidade. Resta-me esperar pelo lançamento do 2009 que promete ser ainda melhor que este 2007, enquanto isso, vou provando outros vinhos... 17,5 - 94 pts

01 novembro 2010

Coop de Borba Senses


A gama dos mono & bivarietais da Adega Cooperativa de Borba foi renovada, surgem com nova roupagem mais cuidada e apelativa, continuam a ser apostas interessantes com produção de 2.500 exemplares para cada uma das novas versões, um branco e três tintos completam o ramalhete que é a gama Senses aqui colocada em prova:

Senses Antão Vaz 2008 um vinho fresco de aroma tropical, médio de intensidade na sensação da fruta com calda, geleia, mais citrinos e melão, rebuçado de limão e algum floral branco. Tudo muito bem acomodado, conjunto com bom corpo, fruta presente com ponta de calda, acidez presente a dar alguma frescura ao conjunto, que termina com boa persistência. 15 - 88 pts

Senses Touriga Nacional 2008 a mostrar-se escuro com violeta no rebordo, aroma com boa intensidade, fruta em compota com frescura acompanhada por violetas, vegetal sem implicar com madeira afinada, leve fumo de fundo. Na boca acompanha com boa estrutura, fruta presente, madura com alguma austeridade vegetal que aporta secura no final com algum bálsamo vegetal em fundo. 15,5 - 89 pts

Senses Syrah 2008 com aromas de tosta e alguma austeridade química, fruta negra madura com compota associada, especiado e chocolate preto, escuro com grande sintonia de um conjunto com boa frescura. Boca ampla, frescura a acompanhar a fruta madura com secura vegetal (chá), tosta ligeira e final de boca de boa persistência. 15,5 - 89 pts

Senses Aragones 2008 de aroma frutado em tons de vermelho (morango, ameixa) muito ameno com leve caramelo de leite e tosta, apimentado pelo meio num tom simples e mais directo sempre com a barrica em plano mais discreto. Boca de mediana envergadura, o vinho bebe-se muito bem, a saber a frutos vermelhos, secura vegetal com toque fresco em mediana persistência final. 15 - 87 pts

29 outubro 2010

Taylor´s Scion

Corria o ano de 1885, o Imperador Napoleão III pedia um sistema que classificasse os melhores vinhos de Bordéus a serem expostos durante e Exposição Universal de Paris, deste pedido iria nascer a famosa Classificação Oficial de Bordéus de 1855... milhares de quilómetros ao sul, no Douro pré-filoxérico era produzido um tawny ali bem perto da Régua, mais propriamente nas caves de uma família ligada ao Douro, em Prezegueda. Passados 155 anos, com duas Guerras Mundiais pelo meio, é no ano de 2008 que David Guimaraens, enólogo da Taylor’s "encontrou" e provou esta relíquia de família que tinha vindo a passar de geração em geração. Um vinho tão bom que das 3 barricas uma teria sido vendida a Winston Churchill, e que após 155 anos de envelhecimento em barrica, se mostrou em perfeitas condições e com uma "complexidade mágica".
A história completa-se quando em 2009 a Taylor´s compra as duas barricas restantes, e segundo palavras de Adrian Bridge: “A Taylor’s reconheceu de imediato a qualidade absolutamente notável deste vinho e a sua importância histórica pelo que decidiu não o lotar, mas lançá-lo como um vinho de colecção,” pelo que apenas 1.400 garrafas de Scion estarão disponíveis para venda,cada uma delas rondará os 2500 euros, num conjunto luxuoso onde todos os detalhes foram tidos em conta, até uma caixa de madeira que imita os estojos utilizados no século XIX.

“Scion may be one of the last great representatives of a lost viticultural era, the Douro vineyards in pre-Phylloxera days were ungrafted and a different mix of varieties planted from those used today. This Port represents a rare piece of history and is an exciting and very unique offer for consumers.”, Adrian Bridge, Taylor´s Chief Executive Officer

O poder privar com um vinho desta natureza torna-se um momento inesquecível na vida de qualquer enófilo, é algo que nos faz sentir pequeninos, um momento que dificilmente se repetirá tal a raridade do vinho e do acontecimento... ali foi provado, honrado e brindado à memória de todos aqueles que o fizeram, guardaram e trouxeram até nós.

PS: A palavra Scion tem dois significados: o descendente ou herdeiro de uma família nobre e garfo de uma planta, especialmente utilizado para a enxertia.

Taylor´s Scion: Na garrafa é escuro como o breu, largado  no copo recorda caramelo, âmbar, com o primeiro impacto no nariz é colossal e arrebatador... tudo pára à nossa volta como se fosse uma máquina do tempo, e que tempo. Tudo o que é bom de encontrar mora ali, tal é a concentração e complexidade, apesar da delicadeza e finura com que tudo se mostra neste vinho que parece que vamos sendo acompanhados por várias camadas de aromas e de sabores, a cada página... perdão, a cada vez que o levamos ao nariz ou à boca é como se algo novo se fosse juntando ao conjunto já de si bastante complexo e profundo. Sente-se muita frescura no aroma com toques de melaço e fruta cristalizada misturada, café, especiarias diversas, tabaco enrolado na forma de charuto, conjunto com tudo muito limpo bem definido, quase como um mostruário de ourives. Boca com enorme frescura, um corpo na medida certa, o vinho parece que não acaba de se despedir, perdura e perdura, tudo o que encontramos no nariz é transferido de maneira subtil para o palato, sempre guiado por uma acidez excepcional, num vinho em que não consegui dizer que lhe falta mais disto ou daquilo, ou que peca no fim de boca, nada... será isto o vinho perfeito ? 20 - 100 pts

23 outubro 2010

Sexy by Fita Preta

Sexy branco 2009, Sexy Rosé 2009 e Sexy tinto 2009

Sexy é o arrojante e atraente nome que o projecto Fita Preta arranjou para os seus vinhos de entrada de gama. Se o nome por si só já chama a atenção, os rótulos fazem o resto do trabalho, cativando a compra destes vinhos cujos preço cerca de 7€ se revelou, num mais que noutro, sensato para a qualidade oferecida. São na sua essência vinhos para serem consumidos no imediato, num consumo de curto prazo a fim de tirar máximo partido da frescura da fruta que mostram. Os vinhos de consumo a médio e longo prazo desta empresa vão ser alvo de prova mais para a frente.

Sexy branco 2009 : São 10.000 garrafas, vinho feito à base de Roupeiro (50%), Verdelho (30%) e Viognier (20%), apenas 10% passou por barricas novas de carvalho francês. Mostra aroma de mediana intensidade, frutado com nota de fruto tropical, citrinos e alguma fruta de polpa branca, frescura, conjunto compacto e jovem, mistura-se com sensações vegetais onde se destaca aroma a chá e ligeira sensação de arredondamento lá no fundo do copo. Boca com entrada fresca e ligeiramente frutada, mediano em estrutura com passagem agradável e persistência final moderada. 15 - 87 pts

Sexy rosé 2009 : São 15.000 garrafas com Touriga Nacional a meias com Aragonês, em que só conheceram o frio do inox. Um rosé onde se destaca um aroma fresco centrado na fruta vermelha com leve toque floral, entendimento bom entre as castas, tendencialmente para a secura (sem grandes doçuras associadas) o que é sempre bom sinal. Na boca revela boa elegância e frescura, frutado com toque de vegetal fresco a terminar em boa persistência. 15 - 87 pts

Sexy tinto 2008 : São 65.000 garrafas onde o lote é constituído por Touriga Nacional, Syrah, Aragonês e Cabernet Sauvignon. Aroma sem despontar grande complexidade, frutado e jovem, com frutos do bosque e ligeiro travo vegetal fresco a despontar criando uma ligeira austeridade vegetal que se dilui em toque fumado, baunilha a criar algum aconchego. Sensação morna, harmonia de conjunto onde tudo parece querer agradar. Boca com corpo mediano a revelar sintonia com a prova de nariz, macio, frescura ligeira, guloso a mostrar leve doçura da fruta, bastante equilibrado e apetecível. 15,5 - 89

18 outubro 2010

Desnível 2007

Um projecto jovem de dois jovens durienses (Luís Pinto dos Santos e João Lopes Pinto) com um sonho em comum, produzir "vinhos de qualidade, com apelo aos terroirs em que nasceram". Começaram em 2007, um bom ano no douro, por fazer uma pequena brincadeira, juntaram uvas de duas quintas, a vinha do Poralqueire com cerca de 30 anos, situada no Vale da Teja - Vila Nova de Foz Côa (Douro Superior) com grande predominância da casta Touriga Franca, com as de uma vinha com mais de 80 anos, situada na Quinta do Vale do Barco, em Tabuaço (Cima-Corgo). Foi produzido na Quinta da Covada, em Tabuaço, com pisa a pé e estagiado, uma parte, em barricas de carvalho francês e outra em inox. Chegada a fase de escolher o nome e, após muitas tentativas falhadas ora porque já existia uma marca com esse nome, ora porque não conseguiam imaginar como seria o rótulo, etc etc... eis que com a ajuda do "Copo de 3" que deu uma sugestão que agradou imenso: "desnível"! Tem tudo a ver com este caso: 2 vinhas, uma a 350m de altitude, em encosta no Douro Superior e outra a 500m, em socalcos ancestrais no Cima-Corgo. Dito pelos responsáveis pelo Desnível, é um vinho focado no fruto vermelho amplo e expressivo, ganhando complexidade com a leve sensação de tosta, especiaria e bosque, que com a evolução será o suporte de um carácter fresco que caracteriza as duas vinhas. De perfil algo tânico, pede entre 8 meses a um ano de paciência para ser apreciado de modo mais harmonioso. São 2.000 garrafas que ficaram durante 2 dias ao alto, para que a rolha expanda e se adapte ao gargalo, sendo depois deitadas num sítio fresco, moderadamente húmido e sem luz solar. Após o término da vindima de '09 foi iniciada a sua comercialização. O PVP aconselhado ronda os 8 €.


Desnível 2007
Castas: Rufete, Tinta Amarela, Touriga Franca e Touriga Nacional - Estágio: Barrica e Inox - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração

Nariz de boa intensidade, marcado pela fruta limpa e madura em ligação com mato rasteiro, esteva com algum floral ligeiro. Delicada complexidade por vontade do estágio que levou e leva, a barrica porta-se bem, punhado de especiarias, tosta e chocolate preto, em fundo com boa frescura. Parece precisar de mais um tempo, para tudo se arrumar de vez.

Boca com boa amplitude, sente-se fruta, sente-se frescura num conjunto que apesar de algum polimento que o torna desde já bastante agradável pela estrutura que tem mesmo não sendo muito ríspida é a suficiente para o vinho se aguentar com pratos mais temperados, tendo algum arrasto com secura vegetal no final de boca com boa persistência patrocinado por taninos rebeldes ainda por acomodar.

Como "padrinho" deste vinho, tive o prazer de o provar muito antes de sair para o mercado e já me tinha agradado, voltei novamente a ele agora já disponível e melhorou em relação ao que já conhecia. É um vinho do Douro, tem lá aquela marca que os caracteriza, não se confunde ou faz-se confundir com novas tendências... esperando eu por ver como será a sua evolução em garrafa, pois tem acidez e taninos para isso. Como sinto que fiz parte nem que seja um bocadinho deste projecto, dar o nome é sempre algo importante, opto por não atribuir qualquer nota a este vinho.

06 outubro 2010

O Futuro visto pelo Robert Parker

Robert M. Parker, Jr., o mais famoso crítico de vinhos do mundo e a pessoa que mais poder de influência tem no mundo do vinho nos dias de hoje, ignorado por uns e admirado por outros, fez 12 previsões acerca das mudanças que o mundo do vinho irá ter segundo ele no futuro, escreveu tudo isto em Outubro de 2004 na Food & Wine. Passados 6 anos proponho que se relembre o que foi escrito naquela altura e talvez pensar no estado das coisas nos dias que correm... será que há semelhanças com o que foi previsto ? Caminhamos para lá ? Afinal de contas o Sr. Parker tinha razão no que disse ?


1 Distribution will be revolutionized
I predict the total collapse of the convoluted three-tiered system of wine distribution in the United States. The current process, a legacy of Prohibition, mandates that all foreign wines must be brought into the country by an importer, who sells them to a wholesaler, who sells them again to a retailer.
Most U.S. wineries sell to a distributor, who in turn sells the wines to a retailer. It is an absurdly inefficient system that costs the consumer big bucks. This narrowly restricted approach (blame all the lobbyists funded by powerful liquor and wine wholesalers) is coming to a dramatic end-hastened in part by the comparative ease of ordering wine over the Internet.
Differing federal court opinions over the last decade have insured that eventually the Supreme Court will have to rule on whether wineries can sell directly to whomever they wish, whether it is a wholesaler, retailer or consumer. Imagine, if you can, a great Bordeaux château, a tiny estate in Piedmont or a small, artisanal winery in California selling 100 percent of its production directly to restaurants, retailers and consumers. I believe it will be possible by 2015.

2 The wine Web will go mainstream
Internet message boards, Web sites tailored for wine geeks and state-of-the-art winery sites all instantaneously disseminate information about new wines and new producers. Today the realm of cyberspace junkies and hardcore Internet users, these sites will become mainstream in 10 years. A much more democratic, open range of experts, consultants, specialists, advisors and chatty wine nerds will assume the role of today's wine publications.

3 World bidding wars will begin for top wines
Competition for the world's greatest wines will increase exponentially: The most limited production wines will become even more expensive and more difficult to obtain. The burgeoning interest in fine wine in Asia, South America, Central and Eastern Europe and Russia will make things even worse.
There will be bidding wars at auctions for the few cases of highly praised, limited production wines. No matter how high prices appear today for wines from the most hallowed vineyards, they represent only a fraction of what these wines will fetch in a decade. Americans may scream bloody murder when looking at the future prices for the 2003 first growth Bordeaux (an average of $4,000 a case), but if my instincts are correct, 10 years from now a great vintage of these first growths will cost over $10,000 a case...at the minimum. It is simple: The quantity of these great wines is finite, and the demand for them will become at least 10 times greater.

4 France will feel a squeeze
The globalization of wine will mean many things, most of it bad news for the country historically known for producing the world's greatest wines: France. The French caste system will become even more stratified; the top five percent of the estates will turn out the most compelling wines and receive increasingly astronomical prices for them.
However, France's obsession with tradition and maintaining the status quo will result in the bankruptcy and collapse of many producers who refuse to recognize the competitive nature of the global wine market.

5 Corks will come out
I believe wines bottled with corks will be in the minority by 2015. The cork industry has not invested in techniques that will prevent "corked" wines afflicted with the musty, moldy, wet-basement smell that ruins up to 15 percent of all wine bottles. The consequences of this laissez-faire attitude will be dramatic. More and more state-of-the-art wineries are moving to screw caps for wines that need to be consumed within 3 to 4 years of the vintage (about 95 percent of the world's wines). Look for this trend to accelerate. Stelvin, the screw cap of choice, will become the standard for the majority of the world's wines.
The one exception will be great wines meant to age for 20 to 30 years that will still be primarily cork finished-although even the makers of these wines may experience consumer backlash if the cork industry does not solve the problem of defective corks. Synthetic corks, by the way, are not the solution. They do not work and can't compete with the Stelvin screw caps.

6 Spain will be the star
Look for Spain to continue to soar. Today it is emerging as a leader in wine quality and creativity, combining the finest characteristics of tradition with a modern and progressive winemaking philosophy. Spain, just coming out of a long period of cooperative winemaking that valued quantity over quality, has begun to recognize that it possesses many old-vine vineyards with almost unlimited potential. Spanish wineries recognize that they are trapped neither by history nor by the need to maintain the status quo that currently frustrates and inhibits so many French producers. By 2015, those areas that have traditionally produced Spain's finest wines (Ribera del Duero and Rioja) will have assumed second place behind such up-and-coming regions as Toro, Jumilla and Priorat.

7 Malbec will make it big
By the year 2015, the greatness of Argentinean wines made from the Malbec grape will be understood as a given. This French varietal, which failed so miserably on its home soil in Bordeaux, has reached startling heights of quality in Argentina. Both inexpensive, delicious Malbecs and majestic, profoundly complex ones from high-elevation vineyards are already being produced, and by 2015 this long-ignored grape's place in the pantheon of noble wines will be guaranteed.

8 California's Central Coast will rule America
Look for wines from California's Central Coast (an enormous region that runs from Contra Costa down to Santa Barbara) to take their place alongside the hallowed bottlings of Napa and Sonoma valleys. No viticultural region in America has demonstrated as much progress in quality and potential for greatness as the Central Coast, with its Rhône varietals, and the Santa Barbara region, where the Burgundian varietals Chardonnay and Pinot Noir are planted in its cooler climates.

9 Southern Italy will ascend
While few consumers will be able to afford Piedmont's profound Barolos and Barbarescos (which will be subject to fanatical worldwide demand 10 times what we see today), once-backwater Italian viticultural areas such as Umbria, Campania, Basilicata and the islands of Sicily and Sardinia will become household names by 2015. The winemaking revolution currently under way in Italy will continue, and its rewards will become increasingly apparent over the next decade.

10 Unoaked wine will find a wider audience
Given the increasingly diverse style of foods we eat as well as the abundant array of tastes on our plates, there will be more and more wines that offer strikingly pure bouquets and flavors unmarked by wood aging. Crisp, lively whites and fruity, savory and sensual reds will be in greater demand in 2015 than they are in 2004. Wood will still have importance for the greatest varietals as well as for wines that benefit from aging, but those wines will make up only a tiny part of the market.

11 Value will be valued
Despite my doom-and-gloom prediction about the prohibitive cost of the world's greatest wines, there will be more high-quality, low-priced wines than ever before. This trend will be led primarily by European countries, although Australia will still play a huge role. Australia has perfected industrial farming: No other country appears capable of producing an $8 wine as well as it does. However, too many of those wines are simple, fruity and somewhat soulless. Australia will need to improve its game and create accessible wines with more character and interest to compete in the world market 10 years from now.

12 Diversity will be the word
By 2015 the world of wine will have grown even more diverse. We will see quality wines from unexpected places like Bulgaria, Romania, Russia, Mexico, China, Japan, Lebanon, Turkey and perhaps even India.
But I believe that even with all these new producers, the saturation point will not be reached, since ever greater numbers of the world's population will demand wine as their alcoholic drink of choice.

Binomio 2001

Binomio é um projecto de dois velhos amigos: Stefano Inama da Azienda Agricola Inama em Veneto e Sabatino Di Properzio da Fattoria la Valentina. Uma ideia simples que nasceu da convicção de que a Montepulciano é uma uva nativa Italiana com um extraordinário potencial. A vinha de quase 4 ha, situada na região de Abruzzo, de onde nasce o Binomio foi plantada em 1971 com o clone "Africa", localizada a 500 metros de altitude e foi comprada em 1999. O ano de 2002 marca a consolidação da adega com a adição das últimas cubas de fermentação e uma sala de barricas climatizada.
A compra deste vinho foi um completo tiro no escuro, daqueles vinhos que no desconhecido conquistou a atenção pelo conjunto de dois factores, o preço ao alcance ainda que não sendo barato ficou a rondar os quase 30€ e a pomposa nota que teve na imprensa estrangeira (95 pts da Wine Spectator), aqui a responder a todos aqueles que perguntam se devemos ou não seguir as notas deste ou daquele, neste caso a nota serve como mero sinalizador de qualidade, nada mais, resta depois de provar sabermos se concordamos ou não com o score antes obtido. Portanto foi com a vontade de partir à descoberta de novos aromas e novos sabores que certamente nos aguardavam e desconhecendo por completo tanto a casta como o estilo de vinho que nos esperava, que este vinho me veio parar ao copo... e em boa hora foi escolhido e bebido.

Binomio Montepulciano 2001
Castas: 100% Montepulciano - Estágio: 15 meses barrica carvalho Francês novo e segundo ano 50/50 - 15% Vol.

Tonalidade granada escuro, concentrado com leve rebordo violeta.

Nariz com um aroma denso, profundo e concentrado onde não se consegue fugir da sensação de extracção com uma belíssima geleia de fruta em destaque, mas tudo com excelente qualidade e embalado por uma frescura que torna o vinho bastante apetecível sem cair no enjoo, harmonioso e ao mesmo tempo dando sensação que ainda não se desembrulhou ao completo, mostrando por agora notas de groselha negra, framboesa, cereja, tudo limpo e maduro. Atraentes aromas do estágio e da evolução, muita especiaria doce, suave madeira, pimenta preta, cravinho, lavanda e outras ervas do monte, tabaco, chocolate e toque floral pelo meio. Fundo a derreter para bombom de ginja e lá no fundo uma leve mineralidade/terroso onde assenta todo este colosso.

Boca muito bem estruturada, ampla e quase a mastigar a fruta de tão boa que está, madura, suculenta, complexidade que se sente com variados sabores a surgirem, enche o palato, fruto negro, chocolate, especiaria, com os 15% camuflados que nem se notam, um vinho de puro prazer ainda que com muita garra e garrafa pela frente.  O fina de boca é longo e muito persistente, um todo muito acolhedor com fio condutor assente numa bela acidez.


Um vinho potente, maciço, um autêntico portento de força onde a frescura que contém o transforma numa besta controlada e fácil de se gostar. É de 2001 e enquanto continua a crescer e a abrir os braços, outros à sua volta vão vendo o seu fim anunciado... mesmo quando o preço pedido por eles é superior a este Binomio. Neste perfil, direi neste calibre Howitzer... será certamente do melhor que me tem passado pelo copo nos últimos tempos. 18 - 95 pts

04 outubro 2010

Schloss Schönborn Riesling Brut 2006

Numa jornada enófila que fiz na companhia de dois amigos, Pingas no Copo e Pingamor, parou-se em Muge na loja da Casa Cadaval com o objectivo de tentar arranjar o afamado varietal Trincadeira Preta de colheitas mais antigas, convém avisar os mais desatentos que a Casa Cadaval costuma colocar vinhos de anteriores colheitas à venda na sua loja a preços sensatos, o que é sempre bom para o consumidor. Infelizmente o vinho que procurava estava esgotado, resolvi passar os olhos pela restante gama de vinhos existente na loja. Deparei-me na altura com um conjunto de 4 espumantes de nacionalidade alemã. Este facto explica-se facilmente pois a Casa Cadaval é gerida pela Condessa von Schonborn, irmã do Conde von Schonborn que gere os destinos dos vinhos Schloss Schonborn (Rheingau). Na loja podem-se comprar todas essas 4 referências sendo que o Pinot Blanc seja exclusivamente vendido como parte de um pack, optando por comprar o Riesling Brut Vintage 2006, cujo preço rondou os 12€.

Schloss Schönborn Riesling Brut 2006


Tonalidade amarelo dourado de média concentração e bolha média de boa persistência

Nariz de boa intensidade, aroma fresco com fruta madura (alperce, lima), sente-se um suave aroma a gás de isqueiro, com toque de mel e algum fruto seco em fundo. Muito agradável de cheirar, tudo bem embrulhado em mineralidade conseguindo manter a boa forma durante bastante tempo.

Boca onde se faz sentir uma agulha fina, todo ele se mostra bem fresco, acidez bem presente com frutado de início no toque de limão, alperce num conjunto que mostrou média estrutura, algo redondo com secura sentida no final, perdendo ligeiramente algum refinamento e vigor com o tempo no copo, mostrando uma boa persistência final.

Foram poucos os contactos que tive com espumantes feitos à base da casta Riesling, dos que provei este foi sem dúvida o melhor de todos. Com o tempo que passou por ele mostrou que a evolução foi positiva o que lhe conferiu uma fina e delicada complexidade, refrescante e bastante agradável de se cheirar e beber. Uma verdadeira surpresa que deu vontade de voltar a provar muito em breve. 91 pts

03 outubro 2010

Bucellas Arinto 2009

Distribuído em supermercados e hipermercados, com preço recomendado de venda ao público de 3,99€, e ainda em Restaurantes e Garrafeiras. A marca Bucellas tão conhecida pelas suas famosas medalhas está diferente: mais moderna e qualitativa, com várias mudanças realizadas ao nível da garrafa que agora se apresenta com garrafa renana, um rótulo mais limpo, menos elementos mas com os que tão bem caracterizam esta marca (o ouro e as medalhas), e a nova cápsula dourada e preta com a assinatura Caves Velhas Signature.
O vinho em causa é um 100% Arinto, a casta rainha da região de Bucelas, com uma produção de 160.000 garrafas a cargo do enólogo Osvaldo Amado.


Bucellas Arinto 2009
Castas: 100% Arinto - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo citrino de baixa concentração.
Nariz a cheirar a fruta fresca com boa intensidade, destaque para lima e limão, melão com toques de leve doçura da fruta, em conjunto com vegetal em destaque e envolto em boa dose de frescura, sensação de ligeira mineralidade em fundo.
Boca com frescura citrina bem viva, lima e limão, mediano na largura e um pouco melhor na profundidade, acompanha a qualidade da prova de nariz o que é sempre muito bom sinal, aqui a frescura está bem presente a ligar-se com a fruta que se sente limpa mas sem que a sua presença seja muito acentuada e algum vegetal. Conjunto equilibrado e com harmonia, mostrando no final alguma secura com boa persistência.
Mostrou juventude e mostrou frescura durante toda a prova, um Arinto que não merece o esquecimento a que os vinhos desta região estão sujeitos, merecem toda e mais que merecida atenção , até porque o preço faz com que seja bastante acessível e a qualidade bem apetecível. 15,5 - 89 pts
 
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