Copo de 3: março 2019

29 março 2019

Barbeito Malvazia 20 Anos Lote 14050

Criado pela Barbeito (Madeira), foram utilizadas uvas de São Jorge e da Fajã dos Padres (20%), para este lote já esgotado no produtor e do qual resultaram pouco mais de 1000 unidades com preço situado nos 170€. Nariz de grande complexidade, refinado e muito elegante este 20 Anos Malvazia mostra-se com aroma floral, ligeiramente fumado com ligeira sensação de untuosidade no caramelo salgado, notas de alperce em geleia. De enorme presença mas com uma frescura fantástica a contrapor a doçura da casta, que lhe dá uma grande vivacidade de aroma e sabor, mantendo no entanto um lado refinado e elegante com um final longo e muito persistente. Alegrará com toda a certeza o final de um grande jantar, sozinho ou acompanhado. 95 pts

28 março 2019

Soalheiro Bruto Nature 2016


É novidade no mercado o primeiro espumante de Alvarinho sem adição de sulfitos, nasce assim o Soalheiro Espumante Bruto Nature. A sua origem no Soalheiro Nature que após filtração fermenta e estagia em garrafas de espumante durante 18 meses. Segundo o produtor é um espumante baseado no método ancestral onde as Pérolas de Leveduras criam o gás muito fino e delicado existente dentro da garrafa e a rolha, especialmente selecionada par o efeito, acompanha o espumante desde a sua criação e fermentação em garrafa até à abertura final. A ausência de sulfitos e de dosagem no final (bruto natural sem qualquer adição) e a permanência na cave, a temperatura baixa e constante durante 18 meses permitiu que este espumante mostre toda a elegância da casta Alvarinho numa perspetiva de maior complexidade e menos fruta.

O resultado é um espumante de boa persistência, menos fruta nos tons característicos da casta com maior complexidade do estágio, notas de fermento, algum torrado, ligeiro floral com tom delicado e muito fresco. Elegante e a encher o palato de sabor, marca bem a sua passagem com os toques de pastelaria mais acentuados, a fruta deixada para segundo plano faz a despedida numa boa persistência. Diferente sem o carácter tão assentuado da casta como os outros espumantes da casa, é no entanto excelente aposta para a mesa a acompanhar peixes de tempero mais delicado. 91 pts

Dom Rafael 2015


Aguça o apetite a qualidade do ano 2015 na Herdade do Mouchão (Alentejo), isto tendo em conta o que nos mostra o Dom Rafael tinto 2015. Um vinho cujo lote de Alicante Bouschet, Trincadeira, Castelão e Aragonez estagiou por mais de 12 meses em madeira com mais uns largos meses em garrafa. Tudo sem pressa, até porque o vinho está cheio de energia, frescura de frutos do bosque com travos ligeiros de especiaria, chocolate negro com ligeiro compotado, muito compacto, boa complexidade com aquela austeridade de quem nos pede mais algum tempo de espera. Na boca é amplo, taninos a darem secura mas grande persistência, num conjunto que se dará bem à mesa com assados no forno bons de tempero, lembrando por exemplo de um assado de borrego. Um salto em frente na qualidade que apresenta, preço a rondar os 10€. 90 pts

27 março 2019

Terras da Gama 2017


Criado na zona de Mação, situado no vértice de três regiões: Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo este vinho é um Ribatejano de gema, criado a partir de vinhedo velho onde brilham as castas Alicante Bouschet e Aragonês. Vinho apenas com passagem por inox, cheio de garra e pujança, muita energia na prova que vai dando ao longo do tempo que rodopia no copo. É vinho para se beber na petisqueira que tem caparro para aguentar uns bons caldos e molhos, carregado de fruta negra bem madura e notas de chocolate preto, amplo e muito coeso. Compra-se por coisa de 4€ e é daqueles vinhos feitos para ser bebido com muito prazer no dia a dia, onde a qualidade está presente e o resultado final é ficarmos satisfeitos porque demos o dinheiro por bem gasto. 89 pts

21 março 2019

Titan of Douro Vale dos Mil branco 2016


Oriundo de vinhas velhas em altitude no Douro, em solos de transição xisto/granito este branco criado pelo enólogo Luís Leocádio, estagiou 16 meses em barricas com agitação de borras finas. Mostra uma complexidade muito delicada e precisa nos aromas, frescura, flores do campo com toque de tisana, esteva em flor, frutos citrinos e de pomar (pêra, alperce), ligeira austeridade mineral (pederneira) num conjunto coeso e de grande qualidade. Muito prazer na prova de boca, com uma acidez que percorre todo o palato, marca o sabor da fruta limpa, ligeira untuosidade que se esbate em notas de levedura muito ligeira. Profundo, complexo e cheio de garra e vida pela frente, custa coisa de 26€ e é daqueles que dá um gozo tremendo no copo mas que irá continuar a brilhar durante muitos anos. 95 pts

19 março 2019

Astronauta Moscatel Galego 2017

Vem do planalto de Alijó o Moscatel Galego (Douro) com que Aníbal Coutinho criou este vinho de preço a rondar os 6€. Um branco fresco e algo contido de aromas, muito preciso e envolto num delicado perfume de camomila, citrinos com ligeiro rebuçado de mentol, todo ele bem equilibrado. Boca a dar uma boa dose de frescura num perfil claramente a pedir mesa, pratos mais delicados na mais alargarda vertente de tapas e canapés que ligam bem com toda a acidez e aromas mais delicados.  88 pts

18 março 2019

A magia das Talhas

O Vinho de Talha é e sempre será um vinho de um povo, um vinho sem terroir, sem castas associadas, acima de tudo é um vinho que carregou e carrega nele a história das gentes. Não fiquemos a pensar que é uma exclusividade nossa, puro engano, afinal este tipo de vinificação veio até nós no tempo dos romanos que a foram deixando um pouco por toda a parte, com eles trouxeram as videiras e a sua arte de fazer vinho, o Vinho de Talha. Esquecida por uns, revivida por outros, a tradição foi-se mantendo até aos nossos dias e não vou arriscar rigorosamente nada em afirmar que o boom do vinho estagiado em barro peca por tardio em Portugal, uma vez que na vizinha Espanha os ensaios e os vinhos lançados para o mercado estagiados em talhas/tinajas de barro já fazem soar as mais altas pontuações dos grandes críticos internacionais. 

Por cá resta-nos acordar do entorpecimento que vivemos, resta afinar arestas e limar conceitos, porque uma tradição não pode sucumbir perante interesses nem ser desvirtuada da maneira como tem acontecido em vinhos certificados onde as talhas em vez de pesgadas são revestidas a epoxi. A cantilena da maneira como o vinho é feita já é por todos mais que conhecida e debitada em playback vezes sem conta. A verdadeira arte por detrás do Vinho de Talha está ralmente nas Talhas, é no seu fabrico onde reside toda  a magia e sem elas, mas acima de tudo sem aqueles que durante séculos as criaram, hoje não teriamos Vinho de Talha nos nossos copos. Das mais pequenas às maiores com capacidades para 8000 litros e que chegam a pesar mais de uma tonelada, aos mais variados formatos conforme a zona de fabrico. Este é um documentário que invoca a memória de todos os que as fizeram e continuam a fazer, uma arte que felizmente não se encontra extinta e que como se pode ver pelo vídeo tem marcado gerações.


17 março 2019

Mamoré de Borba Reserva branco 2017


Se o Mamoré de Borba branco (Sovibor) já é um belo vinho, só podemos ficar satisfeitos quando nos cai este Reserva 2017 no copo, preço ronda os 16€. O lote é Arinto, Antão Vaz e Verdelho/Gouveio que passaram por barrica, dando untuosidade e alguma gordura ao vinho, um bocadinho mais de corpo e presença, mantendo a mesma frescura e elegância que o seu irmão mais pequeno. Precisa de comida por perto, dominado por aromas de fruta de pomar, muito alperce, tangerina, ligeiro floral a perfumar o resto do conjunto numa bonita complexidade. Renova a elegância na prova de boca, com uma boa estrutura e frescura que lhe dão alma e vida para durar largos anos em garrafa. Daqueles brancos para beber sem pressa, com uma sopa de cardos com bacalhau alimado. 91 pts

16 março 2019

Jerez & El Misterio del Palo Cortado

O que bebemos num copo de Jerez não é apenas o resultado da fermentação da fruta, é acima de tudo o peculiar sabor de um sítio mágico onde parece ter sido um local escolhido pelos deuses: Jerez, no sul de Espanha, onde o vinho é criado faz 3000 anos, um local de histórias, lendas e acima de tudo mistérios. Um desses mistérios, é também um vinho mágico: o Palo Cortado.


14 março 2019

Quinta do Cardo Grande Reserva 2014


Há nomes que nos conseguem meter a olhar para uma região face à força da qualidade e diferença dos seus vinhos mas também da qualidade do trabalho do seu marketing e da maneira como comunicam cá para fora aquilo que fazem. Nesta simbiose, que direi perfeita, encontra-se a Quinta do Cardo que orgulhosamente nos mostra o melhor que a Beira Interior nos tem para mostrar no copo nas mais variadas vertentes. O culminar de todo o trabalho surge quando se cria um topo de gama, aquele que enche a alma ao produtor quando nos serve um copo. 

Este é o Grande Reserva da Quinta do Cardo, criado a partir de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Caladoc, 36 meses de clausura onde apenas os vinhos das melhores barricas foram escolhidos para o lote final. O resultado é um vinho de carácter bem vincado, notas terrosas com fruta vermelha fresca e ácida a despontar, esteva em flor, toque especiado com ligeira austeridade. Profundo ao mesmo tempo misterioso, daqueles que gosta de copos largos para se ir mostrando ao longo do tempo em que rodopia. Na boca o festim continua, perfil claramente a pedir comida, um cabrito no forno ou uma empada de perdiz fazem dele um vinho muito feliz, pela sua estrutura e longevidade, temos vinho para largos anos. Ronda os 30€ em garrafeira. 95 pts

11 março 2019

Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador branco 2014


O Paço dos Cunhas de Santar (Dão) é uma construção de estilo da renascença italiana, mandado construir por Dom Pedro da Cunha em 1609. O vinho sempre ali teve direito a berço, mas foi em meados de 2005 pelas mãos da Dão Sul que sairam os topo de gama Paço dos Cunhas de Santar Vinha do Contador, com preço que na altura rondava os 15€ por garrafa. Com o tempo as coisas mudaram, o vinho aumentou a produção, mudou de rótulo e passou a ter um preço que ronda facilmente os 35€ em garrafeira. A qualidade essa está bem presente, num lote em que a base é Encruzado, apoiado na Malvasia Fina e no Cerceal branco com metade do lote a estagiar 12 meses em barricas. Um branco amplo, ainda cerrado de aromas com notas de pederneira, a madeira apenas o arredonda para dar lugar no meio à fruta madura com nota de pão torrado, citrinos variados. Grande elegância com frescura, complexidade com ligeiro fruto seco na boca dando a sensação de alguma untuosidade, que se esbate na fruta mais ácida. Um grande branco do Dão com muita vida pela frente. 94 pts

08 março 2019

Quintas de Borba 2016


O rótulo é recente e chamativo, na loja da Adega de Borba (Alentejo) o preço ronda os 4€ o que se justifica e de que maneira face à qualidade do vinho. O lote é feito com as castas Aragonez, Alicante Bouschet e Syrah, que passaram 8 meses em barricas novas mais 8 meses em garrafa. O resultado é um vinho guloso, com a fruta bem carnuda e suculenta ao comando mas rodeada de notas de especiaria, cacau e balsâmico. Equilibrado no seu conjunto, frescura com porte médio na estrutura que o suporta, dá uma prova de boca a pedir comida regional por perto. Dá prazer a beber e tal como o branco, pelo preço/qualidade é um valor muito seguro para aquele copo ocasional a acompanhar a refeição. 89 pts

Marquesa de Alorna Grande Reserva Branco 2015


Vamos até Almeirim desta vez não para a Sopa da Pedra mas para provar este branco muito especial da Quinta da Alorna e que se apresenta pelas mãos da enóloga Martta Reis Simões como topo de gama da casa. O preço ronda os 20€ por garrafa e o lote das castas que dele fazem parte é um segredo bem guardado, ficamos apenas a saber que o vinho tem uma passagem por madeira nova e usada durate cerca de 8 meses. O aroma é amplo e com toques untuosos de tosta embalados pela frescura da fruta amarela (pêssego, alperce) com um lado mais perfumado e floral a juntar-se ao tom mais amanteigado dado pela barrica. E é neste conjunto de prazer, envolvente, fresco e untuoso que conquista na boca, com grande harmonia e prazer no copo. Um belíssimo branco nascido nas terras Ribatejanas, a pedir por exemplo um bom peixe assado no forno. 94 pts

06 março 2019

Soalheiro Mineral Rosé 2018


No rótulo este Soalheiro Rosé avisa-nos que é Mineral, depois tem a irreverência de juntar Alvarinho com Pinot Noir e o resultado final é de estrondo, um dos melhores rosés que nos pode cair no copo e o preço ronda os 10€. É daqueles vinhos que mal provamos pensamos logo em arranjar espaço na garrafeira para ter umas quantas prontas para o Verão, mais que um rosé é um vinho de desfrute, daqueles que se bebe com prazer e que faz uma grande companhia à mesa. A fruta desfila, airosa com uma brisa fresca a austera de fundo, tem garra e secura, não facilita em nenhum momento mas é nisso que mora o seu encanto, naquele toque de rebuçado de morango e framboesa, com o extra mais citrino da Alvarinho. A harmonia está lá com a delicadeza e tudo o mais, gulodice pura que nos faz beber sempre mais um gole com bichos do mar na grelha ou um sushi mais requintado. 94 pts
 
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