Este vinho faz parte daquele grupo em que provando a primeira vez quando recém lançado no mercado, se entende que precisa de tempo em garrafa, não muito mas apenas o suficiente para que o binómio vinho/madeira fique mais harmonioso. Foi o que aconteceu com este Quinta do Couquinho Grande Reserva 2007, o nome não será novidade para o ouvido de alguns, fez parte do conjunto de vinhos dos Lavradores de Feitoria mas em 2004 decidiu-se envergar por um caminho próprio e eis que surge o projecto independente. A enologia fica a cargo de João Brito e Cunha (vinhos Ázeo) num vinho que me conquistou da primeira vez que tomei contacto com ele. Naquela altura a madeira dava mais nas "vistas" do que neste momento, em que tudo parece estar mais sereno e a possibilitar uma prova de elevado nível satisfatório... há coisas que gosto nisto dos vinhos e uma delas é sorrir após provar, quando tal acontece é sinal que o que ali está à minha frente me deixa feliz.
E como podem reparar a foto foi retirada de um site Wine-is que também se orienta à base de codes vínicos, parece moda e todos querem ter o seu, acabando por baralhar consumidores ou nem isso, pois a maioria nem sequer quer saber pois vivem na completa ignorância sobre o funcionamento dessas "coisas"... mas centremos no vinho que é bem mais interessante.
A prova foi mais uma vez cega, juntei um grupo de vinhos da mesma região, mesmo ano e resolvi provar e dar a provar a um conjunto de amigos interessados na coisa, por entre nomes mais ou menos sonantes dos ouvidos enófilos, este foi dos que mais agradou e ao ser revelado terá sido o que mais passou de mão em mão... pelo simples facto de ser o menos conhecido, o menos bebido e provado e até aquele que apenas se conhecia da altura em que dava nome a um vinho de um conjunto de lavradores de tal feitoria. Agora tudo mudou, afinal tudo muda, o vinho mostra-se como é, um Douro muito bonito, pleno de coisas boas, a fruta limpa e cheia de curvas com vigor necessário para se aguentar na passada do tempo, tem alma vincada, foi criado em lagar, foi mimado nas vinhas velhas que lhe deram origem, todo ele foi depois transformado com ajuda a nova tecnologia, um aliar antigo a novo que confere um perfil distinto. Depois são notas florais, fruta (cereja, ameixa, morango), camurça naquela sensação de aconchego e morninho, aroma profundo com boa dose de frescura, fresco, vigor, estrutura, harmonia, leve vegetal e especiaria a condimentar toda esta complexidade que se vai desenrolando no copo durante o tempo que rodopia no copo. A boca complementa a nota artística, grande entrada a saber a fruta bem sumarenta e suculenta, a madeira serve de base sem incomodar, boa amplitude, frescura, estruturado com final de persistência média/alta num vinho de puro prazer. Não será dos mais caros ou raros vinhos do Douro, mas é certamente dos que mais prazer me proporcionou nos últimos tempos... 93 pts