O vinho espumante nunca teve tão bom aspecto como nos dias de hoje, aliás, o nosso espumante nunca esteve tão bom como está nos dias de hoje. No meio de tudo isto ainda há quem chame Champagne a tudo o que mostra ter "bolinhas" no copo, basicamente serve-se um espumante da Bairrada e ouve-se na mesa que o Champagne é muito bom... o que em muitos casos até é verdade porque a qualidade apresentada é nalguns casos superior ou igual a muito Champagne genérico. Também não deixa de ser verdade que chegou a um ponto em que os produtores a nível nacional entenderam que era bem ter no seu portefólio um espumante, enfim, se o vizinho faz eu não faço porquê ? E o boom foi-se dando um pouco de norte a sul, muita marca e em alguns casos pouca uva. Não querendo falar em casos pontuais e centrando apenas nos grandes casos que temos por cá, Murganheira será sempre aquele que se venera e logo atrás colocarei as Caves Transmontanas onde o Engº Celso Pereira (foto acima) elabora os Espumantes Vértice. Não vale de muito contar a história como tudo começou, interessa dizer que são Espumantes personalizados, sérios mas com leve toque de irreverência, o politicamente correcto no caso, mas que se transformam em parceiros de mesa de uma forma digna de registo.
Recentemente tive oportunidade de provar as novidades no que a espumantes diz respeito das Caves Transmontanas, o Vértice Rosé 2010, Vértice Cuvée 2009 e Vértice Millésime 2007:
O primeiro a que saltou a rolha foi o Rosé 2010, mostrou-se claramente o mais jovial e catita dos 3 em prova, muita frescura no aroma com framboesa, morango e cereja vermelha, perfeito para canapés ou num tempo mais quente a virar para a salada de rúcula com fio de azeite e salmão grelhado com "salsa" cocktail. Há por ali algo, leve herbáceo, que me inclina para o ligar com qualquer coisa à base de tomate, mas nunca agressivo, suave tal como a sensação de mousse que apresenta na boca, quem sabe umas finas fatias de mozarella fresco com tomate cherry e meia folha de mangericão...
O vinho foi o primeiro a ser provado e servido posteriormente, nota-se uma dosage mais elevada no açúcar, mais gulosinho e como tal é quase sempre o favorito das senhoras, feito numa base de 75% Touriga Franca com Gouveio e Malvasia Fina, num preço que considero bastante apelativo de 10,80€. De todos os exemplares em prova talvez seja aquele que se mostra mais no imediato, mais descontraido e apropriado para a conversa informal entre amigos, independentemente de tudo gostei. 90 pts
De seguida foi provado o Vértice Cuvée 2009, um degrau acima do anterior, mais sério e um pouco mais complexo, sóbrio e a apontar para um serviço que implique estar sentado à mesa... as notas ácidas de maçã e o aroma que faz lembrar broas de manteiga, mas é a vivacidade com que entra no copo que o faz destacar, tanto em nariz como em boca, ganha qualquer coisa com toque de fruto de polpa branca a fazer lembrar pêra. Embora mais sóbrio tem também aquele punch mais agreste e ácido da maçã que juntamente com a acidez lhe dá uma bela vivacidade durante o tempo que o temos no copo. Escolhi ligar o dito cujo com umas ameijoas à bulhão pato, que no final são regadas com um pouco de limão, acidez suficiente para aguentar as ditas cujas e uma refeição feliz e contente com um espumante de grande nível que a todos deliciou. Também tentei a ligação com Açorda de Bacalhau e ovo escalfado, desde que o Piso não seja fortemente carregado no alho a combinação torna-se bastante interessante. Aqui o lote muda substancialmente, às anteriores junta-se agora Rabigato, Gouveio, Viosinho e Códega, castas brancas na ordem dos 68% enquanto o restante é Touriga Franca, preço a rondar os 10,80€. 91 pts
Para o fim ficou o melhor de todos, Vértice Millésime 2007, aquele que despertou mais atenções e paixões, de certo modo um Espumante que bate o pé a muito Champagne que custa o dobro ou mesmo o triplo... é bom que se tenha esta noção essencialmente na altura da compra, Moët & Chandon genérico ao pé deste parece gasosa com limão. Aqui a conversa é outra, nota-se desde logo que o aroma é mais complexo, sente-se fina e delicada cremosidade, chamem-lhe biscoito como vem nos manuais, depois um pouco de fruta fresca com fruta cozida, a frescura está presente no ponto certo, mais era exagerada e menos o vinho perdia a piada... mão de mestre portanto. Na boca é prazer e requinte, pelo preço a rondar os 15€ então é de comprar sem medo, bebe-se tão bem sozinho mas não lhe resisti em dar como acompanhamento uma Galinha de Índia com couve, receita tradicional em França que depois vai com o bichano ao forno em cima da couve e fica uma delícia e acompanhou lindamente com este espumante. O lote aqui é composto por Gouveio, Malvasia Fina, Rabigato, Viosinho e Touriga Franca, com as castas brancas a 65% e um preço que ronda os 15,5€. 93 pts
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