Copo de 3: outubro 2013

30 outubro 2013

Monte dos Cabaços Colheita Seleccionada branco 2011

Os vinhos da produtora Margarida Cabaço são vinhos com personalidade bem vincada, num simples desenrolar de conversa a forma apaixonada com que nos fala dos seus "meninos" dá para entender que por detrás dos seus rótulos moram vinhos com uma identidade muito própria e isto nos dias de hoje tem mais valor do que se possa imaginar. Em foco o Monte dos Cabaços Colheita Seleccionada branco da colheita de 2011, relembro aqui a primeira colheita (2005),  lote de Antão Vaz, Arinto e Roupeiro mantido no frio do inox até saltar para dentro da garrafa.

Sem ser muito exuberante, é um vinho sério que mostra uma boa quantidade de fruta bem madura, limpa, fresca e saborosa, lembra limão, maçã verde, toranja, lima, folha verde de limoeiro e flores brancas. Fundo dominado por mineralidade, um vinho de boa complexidade onde se sente o nervo, com belíssima frescura/acidez na boca, muito bem estruturado com boa harmonia de conjunto. O tempo está a ser bom conselheiro, o vinho mostra-se cada vez refinado, a fruta amadureceu e começa a estar envolta em calda, presença boa no palato em final de boa persistência. O preço que ronda os 5/6€ será motivo para o ter mais vezes por perto. 91 pts 

Monte dos Cabaços Reserva 2005

Este Monte dos Cabaços Reserva 2005 foi-me apresentado pela primeira vez no Restaurante São Rosas (Estremoz) a convite da produtora e proprietária do espaço, Margarida Cabaço. O vinho conquistou-me na altura pela frescura, complexidade e vigor que debitava no copo, quanto mais rodopiava mais atractivo se tornava. Desde então tem sido um vinho que tenho acompanhado com alguma regularidade, mostrando uma evolução muito bonita, relembro que por 15€ podemos ter um belíssimo vinho na nossa mesa.

Gosto e destaco neste vinho a facilidade com que nos cativa, sem deixar por isso de ser um  tinto sério, que combina vigor e frescura, com uma limpeza da fruta que se destaca no nariz e saboreia na boca. Amplo e de bela complexidade a mostrar muita fruta vermelha bem sumarenta envolvida em compota, madeira por onde passou durante 12 meses está integrada e resta-lhe a serenidade que apenas o tempo lhe pode dar. Tem arcaboiço suficiente para acompanhar pratos de caça ou umas saborosas bochechas de novilho estufadas em vinho tinto. 92 pts
Bochechas de Novilho estufadas em vinho tinto by Restaurante São Rosas

28 outubro 2013

Lopo de Freitas Bruto 2009

Desde 1937 que a empresa Caves do Solar de São Domingos, produz espumantes, aguardentes velhas, aguardente bagaceira, vinhos Bairrada e Dão. Lê-se também no site do produtor, que os vinhos tem sempre um rosto. Alguém cuja experiência, sabedoria e perseverança são determinantes para a qualidade do produto e satisfação do consumidor. Nas Caves do Solar de São Domingos esse rosto é, desde 1970, Lopo de Sousa Freitas, a quem dedicamos este vinho espumante.

Um Reserva Bruto 2009, feito à base de Cerceal (70%) e Chardonnay (30%) com preço a rondar os 16€. Depois de ter provado do mesmo produtor o Blanc de Blancs, este foi um salto em frente e uma belíssima surpresa face à qualidade que mostrou. Fino e delicado, toque citrino em companhia de maçã, leve rama verde, sensação de boa cremosidade que envolve todo o palato, muita finesse aliando-se a ele a recordação de tarte de limão. Seguindo a máxima de que mais vale um bom espumante do que um mau champagne, temos aqui um belíssimo exemplar do que é um grande espumante nacional que merece ser conhecido e bebido em boa altura e em boa companhia. 93 pts

25 outubro 2013

Manoella 2011

Por via de herança, a Quinta da Manoella no Douro é agora administrada pela Wine&Soul, reconhecido produtor do vinho Pintas (Douro). Ora com a Manoella 2011 (cerca de 12€) a coisa até começou bem, é atrevida na voluptuosidade da fruta esmagada e muito madura que escorre docinha pelo rebordo do copo, uma receita que se repete, perfumado por notas de violeta e esteva, apinhado de tostas e baunilhas a lembrar  vinho muito novo tirado da barrica, taninos a saltitarem na língua envoltos em boa frescura. Na boca tem boa presença, abdica de austeridade para se entregar a curvas mais femininas, pena que toda a qualidade apresentada até aqui fique beliscada (reflectindo-se na nota final) quando o álcool chega e se instala de mansinho no nariz e no final de boca. É aquela sensação de estarmos a receber festinhas e de repente levamos uma chapada... certo, há pessoas que gostam.

PS: No dia seguinte voltei ao vinho, servi mais um copo, até certo ponto parecia que nos conseguíamos entender, mas aquele ruido do álcool em pano de fundo mesmo que não o chegue a dominar, incomoda-me. Enquanto vasculhava os apontamentos lembrei-me dos primeiros Quinta da Manuela que tinha provado, olhei para esta nota e sorri, ele há coisas que não mudam... 88 pts

23 outubro 2013

100 Hectares Superior 2011

Vinho que já se encontra à algum tempo no mercado, custa cerca de 10€ e é um projecto recente que já aqui tinha sido abordado quando provei o branco. Lote composto por Touriga Nacional(30%), tinta Roriz (40%) e Touriga Franca (30%), com o aroma inicial perfumado com muitas violetas, ao mesmo tempo morno, rechonchudo com fruta redonda e sumarenta num toque bem doce que se vai apoderando do copo à medida que a temperatura aumenta. A barrica (tosta, baunilha) a fazer-se sentir, arredonda o vinho e dá-lhe aquele toque convidativo, por vezes enjoativo, especiarias em fundo, com o tempo no copo o álcool começa a espreitar com os seus 16% Vol. Tem um bom volume de boca, muito puxado na fruta, carrega o palato de sabor maduro e gordo, vale alguma frescura que por ali passa e o salva da derrocada total mesmo quando no final somos empurrados por um bando de taninos de facas afiadas. As sensações aqui repetem-se e lembro-me de outros casos semelhantes, tornando a afirmar que não é obviamente este o Douro que gosto e procuro. 87 pts

22 outubro 2013

Monte da Ravasqueira Reserva 2011

Volto a falar de um vinho produzido pelo Monte da Ravasqueira (Arraiolos), desta vez o Reserva 2011 onde se juntou Touriga Nacional (54%) e Syrah (46%), o preço final ronda os 10€ num vinho que tem tudo para agradar. Para todos os que acham o preço elevado olhe-se para este vinho como um bom exemplo que se abre num jantar ou almoço especial, aniversário, Páscoa, Natal... daqueles momentos em que apetece e merece que se abra algo de muito bom mas cujo preço seja sensato. 

E é nesse caso que se começa a falar deste vinho, na maneira como mostra a sua bonita complexidade, na facilidade com que se dá a entender e torna tão fácil a sua abordagem, pleno de harmonia, com muita fruta madura, cacau fino, compota de ameixa, especiaria, bálsamo ligeiro e aconchegado pela tosta e baunilha suave da madeira. Com uma passagem de boca equilibrada, fruta com chocolate, boa presença no palato a marcar toda a sua passagem com frescura bem integrada, final longo e de boa persistência. O dia era de festa e foi o escolhido para acompanhar um assado de borrego no forno. 91 pts

Caves São Domingos Blanc de Blancs Bruto 2010

Não é o tipo de vinho mais consumido aqui por casa, na realidade quase que está ausente do elenco que costuma desfilar pela mesa, mas nos últimos tempos a tendência parece estar a mudar e procuro cada vez mais um bom espumante/champagne/cava para acompanhar a refeição. A escolha recai sempre sobre o estilo "bruto", neste caso elaborado pelas Caves São Domingos um Branco de Brancas da colheita 2010 feito a partir de Bical e Maria Gomes. Não será dos exemplares mais elaborados ou complexos deste produtor, como por exemplo o Lopo de Freitas, mas é um espumante de qualidade que se mostra elegante e fresco, flores brancas e fruta madura (maçã, limão) juntam-se num conjunto repleto de vivacidade e harmonia, nada cansativo mostrando-se com boa presença de boca, acidez que revigora o palato tornando-o muito versátil à mesa com preço tentador que ronda os 5€. 89 pts

21 outubro 2013

Domingos Soares Franco Colecção Privada Syrah/Touriga Francesa 2011

Das últimas criações a entrar no lote da Colecção Privada do Enólogo Domingos Soares Franco, uns pequenos ensaios que todos os anos nos brindam com vinhos diferentes e em alguns casos bem ousados. Desta vez juntou-se Syrah (95%) com a Touriga Francesa(5%), resultou um vinho guloso, com boa frescura e bastante apetecível, mediana intensidade que mostra fruto maduro e cheiroso, muitas bagas escuras, ameixa e chá preto. Perfumado por toque de hortelã, o vinho carregado de fruta macerada mostra uma boa complexidade, embalado numa frescura que o guia do princípio ao fim. Boca a condizer com o que já foi dito, mediano corpo com passagem saborosa e muito agradável, ponta de secura no final de boa persistência. 91 pts

17 outubro 2013

Dominio del Bendito El Primer Paso 2011

Conheci o Dominio del Bendito (Toro) em 2009, durante um pequeno tour que fiz juntamente com um grupo de amigos pela região de Toro. Conheci então o Anthony Therryn, um bom amigo cuja genialidade junta-se a uma apaixonada forma de viver o mundo do vinho. Se conhecer o vigneron ajuda e de que maneira a melhor entender o seu trabalho, calcorrear aquelas terras onde moram as cepas ajuda também a entender a razão de ser dos seus vinhos. Um trabalho meticuloso que se realiza com a Tinta de Toro, onde a fruta é a estrela da companhia e o trabalho com madeira é sempre no sentido de ganhar complexidade e não de vincar o vinho. 

Este vinho era o que antes se designava "Roble", surge como El Primer Paso... para entrar no mundo dos vinhos de Anthony Therryn e vale bem a pena. Explosão de aromas no copo, fruta gorda (amoras, groselha preta), ampla e madura (confere ligeiro toque doce), muito limpa tornando-se envolvente, provocadora, apetecível, com complexidade (baunilha, café, especiaria regaliz) num fundo que se sente fresco. Cheio de sabor, harmonia e uma bela acidez, encerrado numa estrutura ampla com vigor e ao mesmo tempo embala a prova com uma passagem macia, massaja o palato com coisas boas e rechonchudas mas ao mesmo tempo frescas, com potencia muito bem controlada. Decantado meia hora e servido com um pernil de porco assado no forno, batata a murro e cebola caramelizada. Por 12,25€ vale cada cêntimo se tivermos em conta o prazer que dá de momento sem virar a cara a mais uns anos de garrafa.. 92 pts 

Carta Gastronómica do Alentejo

Clicar na foto para Download do documento.
A Turismo do Alentejo, ERT apresentou no passado dia 9 de Julho, a Carta Gastronómica do Alentejo, um trabalho desenvolvido no âmbito do projecto “Alentejo Bom Gosto” pela Confraria Gastronómica do Alentejo.
A obra – que reúne mais de 1100 receitas representativas dos sabores e saberes tradicionais de toda a região – mas também informações sobre os produtos utilizados e como confecciona-los, e inclui textos introdutórios sobre a gastronomia alentejana, da autoria de vários especialistas, resulta de um profundo e extenso levantamento do receituário, história e enquadramento cultural do território.
Segundo a Turismo do Alentejo, a Carta assume-se como uma bíblia da gastronomia regional, um trabalho pioneiro e singular no país que vem dar resposta a um desejo antigo de críticos e gastrónomos, para além de contribuir para o trabalho de estruturação do produto turístico gastronomia e vinho, a terceira motivação de visita ao território.


15 outubro 2013

Homenagem DLR 2011

Na saudável irreverência e genialidade que Luís Pato mostra ter para criar verdadeiras obras de arte, lá mais para a frente irei dar destaque a outras tantas, destaco este branco não comercializado feito em homenagem ao ilustre jornalista do Público, David Lopes Ramos, um apreciador dos vinhos brancos da Bairrada, pela subtileza e complexidade que só os grandes vinhos proporcionam, que infelizmente já não se encontra entre nós. 

Um branco bairradino feito a partir da casta Cerceal da Bairrada, plantada na Vinha Formal, que vai envelhecer por mais de uma década sem grandes problemas e que não poderia deixar de passar em claro. Numa breve busca nas minhas notas, este branco destaca-se na linha dos melhores provados este ano, o que me leva a questionar se a partir deste vinho não irá nascer uma nova marca deste produtor. O aroma é complexo, fresco e perfumado, com boa exuberância e uma delicada envolvente de notas de fores brancas e amarelas, pederneira, geleia de alperce bem fresca, fruta muito limpa e de grande qualidade, profundo e muito coeso. Na boca é amplo, arredonda e depois explode com sabores de fruta e flores, mineralidade a forrar o fundo, belíssima acidez que lhe percorre todo o corpo, sempre com muito nervo e a mostrar que está feito para durar muitos e longos anos. 95 pts

14 outubro 2013

José de Sousa 2011

O "Zé" mudou de camisa, adaptou-se aos tempos modernos e veio morar para a cidade, muito para lá dos que sempre o conheceram e dele têm gratas memórias. Alentejano de gema tem vindo a adaptar-se aos tempos que correm, continua no entanto fiel às origens. Sempre o conheci com um saquinho de figos secos e uma onça de tabaco de enrolar no bolso, botas marcadas pelo barro da Herdade onde nasceu, o "Zé" é um tipo porreiro, sem grandes complexos e sempre bem disposto, grande amigo da petisqueira. Por mais anos que passem por ele, por mais que mude de camisa não perde o sotaque bem vincado, nem  vira cara às suas origens (nasceu em Reguengos de Monsaraz). Afinal de contas são estes amigos que gostamos de ter como companheiros de mesa, nunca nos deixam ficar mal vistos e proporcionam bons momentos de convívio. Da última vez que nos encontrámos foi em 2011, falou-me da Grand Noir, da Trincadeira e da Aragonês, sempre bem disposto a conversa durou toda a refeição. Se o virem por aí não hesitem em dar-lhe uma palavrinha... 89 pts

11 outubro 2013

Lustau Manzanilla Papirusa

Depois de uma tarde de brincadeira no parque com o meu filho, chego a casa com um saco de mexilhões frescos à minha espera e prontos a saltar para o tacho. Será dos bivalves aquele que mais consumo, a panóplia de formas como se podem cozinhar fazem deles uma constante à mesa aqui por casa. No frigorífico quase sempre está um vinho de Jerez, para ser servido bem fresco e do mais recente lançamento no mercado, desta forma aproveita-se ao máximo a frescura e delicadeza dos seus aromas e sabores.

Neste caso é da Emílio Lustau, fundada em 1896 por Don José Ruiz-Berdejo, uma Manzanilla cuja média de idade em Solera ronda os 5 anos. Mostra-se de forma clássica e como manda a regra, sem complicar é das melhores dentro do seu estilo. Intensa, fina, definição de aromas muito salutar com salinidade que se sente logo de inicio em companhia de notas de "flor", flores secas, maçã, amêndoa levemente torradas. Boca muito elegante com uma salinidade suave, secura e ao mesmo tempo ligeiro arredondamento dado por sensação de untuosidade, complexo, estruturado e muito bem balanceado no peso e frescura, final de fruto seco persistente. O preço ronda os 10€ num autêntico tanque de combate à mesa, acompanha desde sushi até peixe frito, marisco... com a magia de que se utilizado na cozinha catapulta o resultado final para níveis muito altos de prazer. 93 pts

10 outubro 2013

Maximin Grünhauser Herrenberg Riesling Kabinett 2007

Não me canso de falar sobre aquilo que gosto, não é a primeira vez nem sequer a última que elogio os vinhos Maximin Grünhauser, propriedade da família Von Schubert (Mosel). Em regime de monopólio, os 19 ha da parcela Herrenberg dominada pela ardósia vermelha dão origem a vinhos mais suaves, fruta mais presente e redonda com acidez menos presente do que os vinhos mais austeros e minerais nascidos na parcela vizinha de nome Abtsberg. Vinhos onde o rendilhado de aromas parece fruto da mais alta costura, nada parece falhar e dão sempre um gozo tremendo a quem os bebe, feitos para apreciar e sorrir, ganhando complexidade e refinando aromas e sabores na passada do tempo são vinhos assim que uma vez provados e conhecidos se torna complicado não querer voltar a ter nova experiência.

Belíssima envolvente de conjunto, na sua tonalidade de limão maduro, mostra ao início aquele toque de borracha nova de pneus, rodopiando dá lugar a fruta roliça e cheirosa. Sempre muito elegante, delicado na mineralidade, tudo aqui mais airoso e menos austero que o Atsberg, fruta de caroço (pêssego, damasco) madura e sumarenta que se mistura com citrinos (limão), pelo meio uma sensação de calda de fruta. A mesma calda suave está presente na boca, misturando-se com boa dose de frescura, corpo muito elegante e ao mesmo tempo com elevada persistência. Um vinho que desaparece rapidamente da garrafa, perfeito para final de refeição com uma sobremesa delicada à base de fruta. 92 pts

07 outubro 2013

Bembibre 2005

Escrevo sobre aquele que é uma boa referência no que a vinho do Bierzo diz respeito, denominação onde a casta Mencía domina sobre os tintos, o Domínio de Tares decidiu brindar os consumidores com este miminho, o Bembibre (25€), aqui na colheita de 2005. Por detrás da pesada e imponente garrafa, esconde-se um vinho cativante, envolto num rendilhado de aromas, delicado mas muito bem estruturado. Treinou arduamente durante 15 meses em barrica com posterior descanso de outros 15 meses em garrafa, o tempo de repouso até à data apenas lhe fez bem, o vinho que hoje rodopia no copo mostra sinais de maturidade, vinho adulto, pronto a beber, para alguns terá passado o ponto ideal uma vez que nele procuram a fruta mais selvagem e exuberante. E se por acaso fecharem os olhos e se lembrarem de um qualquer bom Jaen do Dão, daqueles que encaixam neste perfil, encarem isso como natural e sorriam pois as semelhanças existem mesmo.

Quanto ao vinho, vem todo ele embrulhando em fruta (mirtilo, cereja, ameixa) bem sumarenta, ameixa passa, especiarias várias, aromas limpos com tosta suave, tabaco, fumado. Sabor carregado de fruto negro (cereja, framboesa), amplo com alguma secura a dar sinais de firmeza, todo ele proporcional (principio meio e fim) e muito elegante com frescura ainda a percorrer todos os recantos. Final persistente a lembrar bagas de pimenta vermelha, sempre com aquele recorte mentolado presente. Decante-se com meia hora de antecedência, sirva-se em bons copos a acompanhar uns bifes de novilho com cogumelos gratinados. 92 pts

02 outubro 2013

Cardeira 2010

Nas deambulações pelos vinhos que vou provando, calhou a vez ao Cardeira 2010, proveniente do Alentejo ali bem perto de Borba (Herdade da Cardeira). O tinto com preço de 7,60€ mostrou-se com leve químico no início,  coisa que lhe passou com o rodopiar no copo, destapa a fruta preta suculenta e madura, num conjunto que se sente com boa frescura, aromas de tabaco, flores, vegetal de rama, tudo moldado num conjunto de pequena complexidade. Na boca marca o palato o sabor de uma fruta cheia de sumo, travo de compota, apelativo sem grande largura ou comprimento, digamos que é mediano na espacialidade mostrando-se com final de persistência média. Sente-se aqui o travo de um vinho do Alentejo, sente-se aquele arredondamento que fará as delícias dos apreciadores do estilo, ainda há um Reserva que será alvo de atenção mais à frente. 89 pts

Vale dos Barris Moscatel branco 2012

O vinho que se segue entra a tarde e a más horas, deveria ter sido colocado no início do tempo mais quente porque na sua essência mora aquilo a que se pode apelidar de vinho de Verão ou até de esplanada. Provei este vinho num jantar de família, foi-me dado a provar pelo meu irmão, que pouco ou nenhum tempo perde com vinhos mas não deixa de ser esquisito e exigente na qualidade, no vinho e em tudo. Relembro que este branco da Adega de Palmela não chega a custar uma moeda de dois euros, penso que fica na casa dos 1,89€ que o coloca com uma relação preço/satisfação muito alta.

Naquele final de tarde foi servido bem fresco a acompanhar umas entradas, conquistou pela abordagem que poderei classificar de bem disposta, cheiroso e boémio, carregado de aromas festivos, soltos e alegres, farripas de laranja e limão, pétalas de rosa, tudo convidativo sem enjoar. Boca em harmonia com a prova de nariz, frescura com presença de fruta sumarenta, num vinho simples e bastante directo com boa presença no palato. Terá sido toda esta facilidade na abordagem, o querer beber e não ter vontade de andar de roda do copo, algo que me soubesse bem após chegar da praia e que fosse bom companheiro de comida tão simples como uma salada de frango e laranja, que o transformou num dos  vinhos que mais bebi este Verão.
 
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