Poderia enumerar vários vinhos de várias regiões, mas vou optar por destacar apenas um dos muitos e de preço bem acessível, mas que é capaz quando se prova e bebe de nos fazer esquecer por completo o que custou (ronda os 8€ numa grande superfície comercial).
De facto os vinhos do produtor Couteiro Mor (Montemor o Novo - Alentejo) ou Sociedade Agrícola Gabriel F. Dias e Irmãs Lda. , são daqueles exemplos que convém seguir bem de perto porque raramente falham quer na qualidade apresentada quer no preço praticado.
Seja nos entradas de gama com os Couteiro Mor, passando pelo Colheita Seleccionada, Reserva até ao topo de gama Vale de Ancho, qualquer um destes vinhos é sempre uma escolha acertada, tendo em conta o preço pedido e o patamar onde se encontram.
Neste caso optei por abordar o Reserva, que por sinal é um dos mais recentes a sair para o mercado a par do Espumante.
O Reserva pertence ao grupo de vinhos que não tendo todos os encantos e recantos daquela complexidade que esperamos encontrar num topo de gama (alguns topos falham aqui redondamente), é sempre uma escolha que resulta em pleno para um jantar sem grandes pretensões onde se convidaram uns amigos e onde apetece beber algo com mais substância mas que não se transforme de imediato no alvo das atenções por parte dos convivas, é chato quando um vinho remete para canto os donos da casa.
Castas: Aragonês, Alicante Bouschet e Touriga Nacional - Estágio: 6 a 8 meses em carvalho francês - 14% Vol.
Tonalidade granada escuro de média/alta concentração.
Nariz de perfil maduro e redondo, com harmonia e ao mesmo tempo a mostrar intensidade, tudo assente numa boa dose de fruta (morango, amora, ameixa) com toque compotado. Melhora com o tempo no copo, a madeira por onde passou mostra grande entendimento com o conjunto, elegante, sóbrio e de sopro morno. Desperta para cacau, café, vegetal de cariz balsâmico ainda que ligeiro e alguma pimenta preta.
Boca de bom volume, mostrando-se desde já muito afinado, redondo e prazenteiro. A fruta marca presença, ao lado de uma frescura que se esperava sentir para que o vinho não caísse na tentação de tantos outros, o puro enjoo da fruta sobre madura. Este pelo contrário conjuga a boa fruta com as notas de café, cacau, especiaria e tostado no final. A despedida é firme e suave ao mesmo tempo, com cunho balsâmico tal como na prova de nariz.
É um vinho que pode ser bebido desde já com bastante prazer, diga-se de passagem que pela prova que deu e dá, não se deve guardar por muito mais tempo. Falta-lhe talvez um pouco mais de refinamento e classe, mas isso será algo que fica reservado para o topo de gama da casa, o Vale de Ancho.
Acompanhou muito bem umas migas com carne do alguidar. Foram produzidas 39956 garrafas, cabendo a esta o número 11811.
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