Copo de 3: dezembro 2007

23 dezembro 2007

Feliz Natal

O Copo de 3, deseja a todos os leitores deste espaço e respectivas famílias, um Santo e Feliz Natal.

14 dezembro 2007

Vértice Grande Reserva 2003

A aliança da Schramsberg Vineyards & Cellars da Napa Valley, Califórnia, com as Caves Riba Tua e Pinhão no Alto Douro, originaram a fundação das Caves Transmontanas em 1988. Nesta joint-venture, está o desenvolvimento da marca Vértice.
De uma completa falta de informação no contra rótulo destes vinhos, o consumidor mais uma vez envereda por um caminho, onde a prova dos mesmos quase poderia ser denominada «prova cega».
A ausência de um site on-line e de grandes textos na internet, fazem com que a informação seja mínima, não me permitindo apresentar o produtor em causa como seria desejado.
O que me permite deixar opinião são os 3 Vértices provados, e colocados nas provas que se seguem.
Seja então o primeiro vinho em prova aquele que dá pelo nome de Grande Reserva, um vinho que é o Reserva 2003 com mais 12 meses de estágio. Por esta razão passou de um Reserva para um Grande Reserva, o que se diz dele são maravilhas e quando o preço não passou dos 14€ então o melhor mesmo é dar a conhecer este vinho:

Vértice Grande Reserva 2003
Castas: 35% touriga nacional, 35% tinta roriz e 30% touriga franca - Estágio: 24 meses em barricas de carvalho francês - 14,5% Vol.

Tonalidade ruby muito escuro de alta concentração
Nariz a revelar uma bela intensidade, desperta com bastante fruta madura e presença de madeira bem interligada, a definir um grande equilíbrio e sustento para toda a prova, quer em finesse quer em complexidade. O vinho vai-se desembrulhando, essências que recordam moka, caramelo, cacau, baunilha, tudo isto embalado por toque especiado onde se destaca o cravinho e a canela. Fundo com frescura, chá preto envolto em flores muito delicadas, um todo elegante de boa complexidade e elegância.
Boca estruturada, com fresco balsâmico em conjunto de fruta madura e vegetal seco (esteva), mostrando alguma afirmação durante toda a prova com corpo cheio mas elegante, não deixa de ter a mesma elegância que mostra na prova de nariz, afinado, arredondamento de taninos (não todos mas a sua grande maioria) num final ondulante entre o especiado e o mineral. Final de boca de bela persistência.

O preço rondou os 14€ no El Corte Ingles, parece que nesta altura o preço aumentou para 15 ou 16 euros o que mesmo assim não retira nenhum mérito ao vinho em causa. Antes pelo contrário, torna-se um alvo de cobiça extrema e que deveria servir de exemplo em como um vinho de grande qualidade não tem de ter um preço obsceno.
Tem ainda a madeira um pouco vincada, mas naquela forma mais suave e sedosa, pronta a contrabalançar, evoluir e permitir que daqui a uns tempos as sensações sejam mais e melhores... ainda. Outras colheitas provadas: Branco 2004, 2006
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13 dezembro 2007

Vértice Branco 2006

No seguimento da prova do Vértice Grande Reserva, em prova o mais recente Vértice branco 2006

Vértice branco 2006
Castas: Rabigato, Viosinho e Gouveio - Estágio: 12 meses em barrica - 12% Vol.

Tonalidade amarelo dourado de média/baixa concentração
Nariz com aroma fino e elegante, com madeira muito bem integrada no conjunto dando uma boa complexidade e certo toque de cremosidade. O aroma dominado inicialmente por uma toada de fruta fresca onde a variedade de citrinos acabados de espremer, se mostram com toques florais à mistura. Tudo isto se complementa com um laivo de frutos secos e torrados que paira no fundo, em base mineral.
Boca com entrada bem composta, o sumo que se espremeu dos citrinos mostra-se agora, com uma acidez a dar frescura a todo o conjunto. O corpo é mediano e bem equilibrado, toque de alguma cremosidade dado por um torrado que nos aparece em fundo, complementado pelo mineral que persiste bem no final de boca.

Um vinho sem cair em excessos, com preço a rondar os 13€ mostra-se cordato e muito fresco, promete aquilo que dá e sem grandes deslumbramentos acompanhou condignamente umas Ameijoas à Bulhão Pato. Outras colheitas provadas: Branco 2004, Grande Reserva Tinto 2003
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Vértice branco 2004

A prova deste vinho é feita com o objectivo de avaliar o estado de saúde do mesmo, e poder tirar conclusões sobre o seu envelhecimento em garrafa.
Em prova temos a colheita anterior ao recente 2006, pois na colheita de 2005 não foi lançado Vértice branco.

Vértice branco 2004
Castas: Rabigato, Viosinho e Gouveio - Estágio: 12 meses em barrica - 13% Vol.

Tonalidade amarelo palha de mediana intensidade.
Nariz com aroma a denotar um vinho já afectado pela passagem do tempo, o aroma a palha molhada e algum verniz destacam-se logo no inicio. A fruta fica diluida em parca complexidade, calda de fruta com flores moribundas banhadas por calda de açúcar mascavado.
Boca com ligeira frescura, delgado e com citrinos tocados pelo tempo, está muito debilitado e sem graça que lhe permita dar uma prova agradável. Parco de complexidade, falta corpo e estrutura, tudo se desmorona dentro do copo. Dá uma prova muito sofrida em final de boca simples.

Um vinho que pouca mais vida tem pela frente, a partir deste momento é a completa decadência do artista. Chegando-se à conclusão que é um tipo de vinho que deve ser bebido enquanto jovem podendo beneficiar durante o primeiro ano de vida e aguentar até nova colheita no mercado. Este 2004 aguentou tempo demais, talvez tenha sido problema desta garrafa, mas pode ser do próprio vinho. Convém realçar que caso tenha alguma garrafa guardada, abrir e ver como está de saúde... ninguém gosta de ter fantasmas na garrafeira. Outras colheitas provadas: Branco 2006, Grande Reserva tinto 2003
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12 dezembro 2007

Herdade dos Grous 2004

Não faz muito tempo que o grupo hoteleiro Vila Vita, se decidiu expandir para o Baixo Alentejo com um projecto auspicioso. Surge então a Herdade dos Grous, situada apenas a 17Km de Beja, bem perto da Albernoa, num herdade que conta com 70 ha de vinha, entre os quais 20% é de uva branca.
O vinho em causa invoca o nome da ave que dá pelo nome de Grus grus, mais conhecido como Grou, que se pode encontrar por terras do Alentejo durante o Inverno.
Com cerca de 1,20m de altura e 2,40m de envergadura, o Grou é uma ave de enorme elegância, destacando-se durante o voo por ter o pescoço muito esticado. A elegância desta ave, parece ser um dos factores que inspirou toda a gama deste produtor, pois é essa mesma elegância que está presente em toda a sua gama.
Como diz um ditado popular «Grous na serra, água em terra», o que para nós pode muito bem ser «Grous na Garrafeira, vinho no copo».

Herdade dos Grous 2004
Castas: Alicante Bouschet 30% , Syrah 15,5% , Touriga Nacional 20% e Aragonez 35% - Estágio: 9 meses em barricas novas de carvalho francês. - 13,5% Vol.


Tonalidade granada escuro com concentração média/alta.
Nariz de bom impacto inicial, conjunto dominado pelo toque de fruta (ameixa)madura com compota em bela harmonia com a madeira. Envolvente, brisa amena de ligeiros torrados, especiarias com cacau e baunilha. Tem tudo isto muito bem integrado, com notas de casca de árvore em fundo e ligeira frescura.
Boca com boa frescura, mais que pronto a beber, fruta presente com taninos muito macios, vinho redondo e suave na passagem de boca. Mostra-se com boa espacialidade e um toque que passa entre o chocolate e o balsâmico com nota de fumo e especiaria em final de persistência média.

Temos um vinho que começa a ser uma aposta séria e segura na consistência que oferece provado quando sai para o mercado ou provado após um tempo em garrafeira. Neste momento temos já nova colheita no mercado, mas optou-se para sentir o pulso a este 2004, o resultado foi mais que positivo, revelando um vinho pleno de harmonia e onde tudo está preparado para dar prazer durante toda a prova. O preço a rondar os 8-9€ num Hipermercado revela a sua grande relação preço-qualidade.
15,5

11 dezembro 2007

Crasto 2006

Situada na margem direita do Rio Douro, entre a Régua e o Pinhão, a Quinta do Crasto, é uma propriedade com cerca de 130 hectares, dos quais, 70 são ocupados por vinhas.
Com localização privilegiada na Região Demarcada do Douro, é propriedade da família de Jorge e Leonor Roquette há mais de um século. Tal como as grandes Quintas do Douro, a sua origem remonta a tempos longínquos (o nome CRASTO, deriva do latim castrum, que significa um Forte Romano).
As primeiras referências conhecidas referindo a Quinta do Crasto datam de 1615, tendo sido posteriormente incluída na primeira Feitoria juntamente com as Quintas mais importantes do Douro. Um Marco Pombalino datado de 1758 pode ser visto na Quinta.
Logo no início do século XX, a Quinta do Crasto foi adquirida por Constantino de Almeida, fundador da casa de vinhos Constantino. Em 1923, após a morte de Constantino de Almeida foi o seu filho Fernando de Almeida que se manteve á frente da gestão da Quinta dando continuidade á produção de Vinho do Porto da mais alta qualidade.
Em 1981, Leonor Roquette (filha de Fernando de Almeida) e o seu marido Jorge Roquette assumiram a maioria do capital e a gestão da propriedade e com a ajuda dos seus filhos Miguel e Tomás deram início ao processo de remodelação e ampliação das vinhas bem como ao projecto de produção de vinhos de mesa pelos quais a Quinta do Crasto é hoje amplamente conhecida.
Informação retirada do site da Quinta do Crasto.

Crasto 2006
Castas: Tinta Roriz, Touriga Nacional, Tinta Barroca e Touriga Franca - Sem estágio em madeira - 14% Vol.

Tonalidade granada escuro de média concentração.
Nariz jovem e com a fruta (vermelha) a ter todo o protagonismo em conjunto com notas de especiarias e compota. Mostra veio vegetal em sintonia com aroma que nos remete para fumo e toque mineral de fundo. Sem grande complexidade de conjunto.
Boca de estrutura média, boa frescura com a fruta muito madura a mostrar as suas qualidades, vegetal presente com especiaria, revelando boa sintonia entre a prova de nariz e a prova de boca. No conjunto mostra-se equilibrado, com boa passagem de boca, afinado e fresco, sem grande complexidade, final de boca médio.

É uma belíssima entrada na gama de um dos melhores produtores de vinho em Portugal. O preço ronda os 9-10€ não se mostrando muito acessível para um vinho de consumo a curto/médio prazo.
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06 dezembro 2007

Vinhos Pinhal da Torre - Revisitada

Propriedade da família Saturnino Cunha, a Pinhal da Torre reúne o conhecimento e a experiência de gerações dedicadas á vinha e á produção de vinho, para proporcionar momentos únicos de degustação.
Elegendo preferencialmente as castas portuguesas, como Touriga Nacional, Tinta Roriz, Touriga Franca, Trincadeira, Castelão, Arinto, Fernão Pires, que combinam eficazmente com castas estrangeiras distintas, como o Syrah, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot, a Pinhal da Torre oferece vinhos de excelência da região ribatejana, que se distinguem pelo seu carácter diferenciado e distintivo.
No centro do Ribatejo, em Alpiarça, a Pinhal da Torre localiza as suas duas quintas: a Quinta do Alqueve, com uma ocupação de 36 hectares, e a Quinta de São João com 22 hectares.
Na Quinta de São João, é concentrada toda a produção de vinhos numa adega histórica, que construída em 1947 é referência em toda a região. A adega está actualmente em fase de remodelação pelo renomado arquitecto Isay Weinfeld, que irá transformar o espaço numa adega singular, que incluirá também um restaurante e uma loja de vinhos.
Informação retirada do site Pinhal da Torre.

Em prova foram colocados 4 vinhos deste produtor agora aqui colocados:

Nova Safra 2004
Castas: Cabernet Sauvignon, Trincadeira, Touriga Nacional e Castelão - Estágio: 9 meses em barrica de carvalho francês e americano - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby de média concentração.
Nariz que revela um vinho com certa austeridade, remetendo para fruta negra muito madura aliada a chá preto com toque de seiva, torrados e algum fermento. Tudo muito embrulhado e pouco vistoso, numa complexidade ligeira sem grandes euforias.
Boca com estrutura média, corpo algo curto, fruta madura bem presente com toque vegetal dominante. Mostra uma secura vegetal em conjunto com frescura durante a passagem de boca, certo arredondamento em toada directa e sem rodeios. Final de boca de persistência mediana.

Um vinho muito marcado pela madeira e pelo tom vegetal, quem sabe com o tempo isto passe, por agora nós passamos.
13,5

Vinha do Alqueve 2004
Castas: Trincadeira, Tinta Roriz, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Touriga Franca - Estágio: 6 meses em carvalho francês - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby de média intensidade e mediana concentração
Nariz de cariz simples e directo, com fruta (morango e framboesa) bem madura ao lado de travo vegetal e ligeiro especiado. Sensação de fumo e torrado em fundo, invoca ligeira baunilha, tudo simples e bem harmonioso.
Boca de entrada a mostrar alguma frescura, parco de complexidade, mostra-se com a fruta balanceada entre o vegetal e a madeira, muito correcto na passagem de boca. Fino e arredondado, de conjunto ligeiro e final de boca médio/baixo.

Com um preço a rondar os 5€ é um vinho pronto para ser servido no dia a dia, dando uma prova de qualidade, afinado e harmonioso.
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Quinta do Alqueve - Tradicional 2005
Castas: Castelão, Trincadeira, Tinta Roriz, Touriga Nacional - Estágio: 6 meses em barricas de carvalho francês - 12,5% Vol.

Tonalidade ruby escuro de concentração média/alta
Nariz a mostrar um vinho com aroma de boa intensidade, algum químico inicial que se esbate para fruta madura, ligeira compota. Invoca especiarias, ligeiro floral com toque de chocolate, café torrado e tosta. Um vinho de perfil morno, alguma complexidade aromática com fumo de fundo.
Boca a dar uma prova de boa harmonia com nariz, frescura sentida, fruta bem madura com baunilha e torrados. Proporciona uma passagem de boca agradável, suave, macio e bem redondo, frescura presente com algum café, fruta madura, ligeiro balsâmico entre vegetal e fumo, final de boca médio/baixo em conjunto que sem primar pela complexidade se mostra capaz de agradar.

Claramente melhor na boca que no nariz, a mostrar que com 12,5% Vol. se conseguem fazer vinhos apelativos, bem desenhados e de bom nível.
15

Quinta do Alqueve Touriga Nacional 2003
Castas: 100% Touriga Nacional - Estágio: estágio em barricas de carvalho francês pelo período de 12 meses e 1 ano em garrafa - 13% Vol.

Tonalidade granada escuro de média intensidade
Nariz para um aroma que nos afasta do que seria de esperar num Touriga Nacional, muito maduro cheio de compota, chocolate e alguma frescura. Mostra-se com algumas notas de café e ligeiro vegetal de segundo plano. Tudo em plano já a mostrar algum distanciamento do provador, afagado até demais para um Touriga de 2003. O conjunto está em queda e convém não esperar muito mais por ele.
Boca entrada fina e de ligeira secura vegetal, ligeiro balsâmico e algum torrado fazem companhia a fruta madura, tudo simples e sem grande dimensão. Final de persistência médio/baixo.

Um vinho que deu a volta pelo lado errado, virou por onde não devia e perdeu-se completamente. A nota reflecte um vinho já em queda.
14,5

Vinha da Nora Reserva 1999

A Quinta do Monte d'Oiro tem, na região, grandes tradições na produção de vinho. A Quinta foi pertença, no século XIX, do Visconde de Chanceleiros, figura ímpar da vitivinicultura portuguesa, sobretudo no trabalho que desenvolveu na luta contra a filoxera. Uma importante parte desta luta concretizou-se na Quinta do Monte d'Oiro através do alagamento de parcelas situadas em quotas baixas, circundantes do curso de água existente.

A decisão de modernizar a vinha da Quinta do Monte d'Oiro foi tomada em 1990 tendo-se estudado relativamente às condições ecológicas do local, únicas e irrepetíveis, quais as castas mais adequadas. Após tal estudo, foi escolhida a casta Syrah, cujos bacelos (clones de grande qualidade) foram importados directamente de França, da região das Côtes du Rhone.
A primeira replantação teve então lugar numa parcela com 2,75 hectares de meia encosta virada a sul e de conhecidas potencialidades, denominada "Vinha da Nora".
A vinha foi plantada no início de 1992 e, durante 5 anos, tomou-se a decisão de não produzir quaisquer quantidades por forma a favorecer apenas o desenvolvimento vegetativo da planta. Tal prática permitiu um estabelecimento perfeito da vinha e originou uma primeira colheita (1997) de invulgar concentração e extracto.

Em 1998 procedeu-se à segunda fase de replantação da vinha em mais 12,3 hectares, ficando a Quinta do Monte d'Oiro com um total de 15 hectares de vinha. Para além da casta Syrah, utilizaram-se algumas das mais nobres castas portuguesas: Touriga Nacional, Tinta Roriz e Touriga Franca. Completou-se ainda com mais duas castas estrangeiras, Viognier (branca) e Petit Verdot, para futuros lotes específicos.
Em 2001 e 2002 reconstruíram-se as adegas de vinificação e estágio, munidas com o mais moderno equipamento para que nenhuma condição falte à produção de vinhos de grande qualidade. Informação retirada do site
Quinta do Monte d'Oiro.

Vinha da Nora Reserva 1999
Castas: 95% Syrah e 5% Cinsaut - Estágio: 15 meses em barricas, 50% novas carvalho francês - 13% Vol.

Tonalidade ruby escuro de média concentração
Nariz a revelar um vinho de aroma fino e delicado, não desperta grandes sensações, prima por um perfil discreto e já a mostrar sinais de cansaço. Fruta vermelha madura aliada a notas de compota, tabaco e vegetal seco com um toque especiado de fundo. Surge ligeira azeitona com toque fumado. Conjunto debilitado e cansado pela passagem do tempo, onde tudo parece querer ir embora sem dizer muito mais.
Boca de entrada fina e equilibrada, mediano de intensidade é directo e harmonioso naquilo que nos mostra. A fruta que ainda tem mostra-se bem conjugada com a madeira, toque especiado com algum mineral em fundo. O toque fumado/torrado surge bem lá no final em jeito de despedida.

Um vinho que já passou claramente o seu melhor tempo de vida, já teve tempo de brilhar ao mais alto, agora sente-se que pouco mais tem para dar. Ao contrário está cansado de aromas, vagos, deambulando pelo copo. Sente-se falta de animo no vinho, mesmo toda a harmonia e equilibrio de conjunto já não tem a mesma envolvência, ficando tudo no fio da navalha. Esta não esperou por mim, fartou-se e foi-se embora sem se despedir...
14,5

Gravato palhete 2005

É na freguesia da Coriscada no concelho de Mêda (Beira Interior), que fica situada a Quinta dos Barreiros, de onde saem os vinhos Gravato, nome que invoca a batalha do Gravato que teve lugar a 3 de Abril de 1811 a quando da expulsão das tropas francesas de Portugal.
Em prova temos a nova colheita do vinho palhete deste produtor, neste caso um vinho que vem relançar para o mercado o quase extinto Vinho da Mêda ou Palhete de Mêda.
A saber que um palhete ou palheto é um vinho obtido da curtimenta parcial de uvas tintas ou de curtimenta conjunta de uvas tintas com uvas brancas, não podendo as uvas brancas ultrapassar 15% do total, portanto em caso algum se pode afirmar que estamos perante um Rosé, como foi dito recentemente num Guia da especialidade.

Gravato palhete 2005
Castas: Siria Velha, Rufete, Tinta Barroca,Touriga Franca e Touriga Nacional - Estágio: 3 meses em Inox - 13% Vol.

Tonalidade ruby de média/baixa concentração.
Nariz com boa intensidade, fruta madura (morangos, amoras, framboesas) em primeiro plano com ligeira geleia, fazendo o resto do percurso junto a brisa floral com pendor vegetal a acompanhar. Frescura presente aliada a um toque especiado, em final que remete para sugestões fumadas. Tudo simples e directo, sem grande complexidade mas a dar uma prova bastante agradável.
Boca a dar indicações de um vinho bem estruturado, com acidez a dar frescura que envolve toda a prova de boca. A fruta marca mais uma vez presença desta vez com toque vegetal de segundo plano, final de boca de média intensidade e ligeira secura, deixa ligeira recordação de chá preto no final.

Agora com uma imagem mais retocada que a anterior colheita, este vinho amigo da petisqueira, parece ter sido mais afinado, está ligeiramente diferente, mas mantém a mesma linha que o anterior. É um vinho que merece ser conhecido, tem carácter e mostra-se directo, sem rodeios, bem feito e dá uma prova bem agradável e descontraída. Colheitas já provadas Gravato palhete 2004 e Gravato 2004.
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PS: Nota actualizada dia 2/5/2009

05 dezembro 2007

Raimat Chardonnay 2006

Foi no ano de 1914 que Manuel Raventós comprou 3.200 ha de terras, num planalto perto de Lérida, na fronteira com Aragão. Uma compra de terras áridas situadas perto do deserto de Monegros, que na altura seria visto como uma autêntica loucura, visto que o objectivo era plantar vinha. Na propriedade apenas havia um castelo em ruínas e uma árvore.
Foi um trabalho de paciência que levou o proprietário a implantar uma rede de canalização de 100 Km, com água proveniente do degelo dos Pirenéus, de seguida constrói uma aldeia para dar alojamento aos seus trabalhadores, plantou cereais e árvores de fruto para dessanilizar o solo e instalou um completo sistema de irrigação. Apenas depois da completa recuperação do solo, o projecto da vinha avançou.
A primeira adega foi construida em 1918 sendo que em 1988 foi alvo de ampliação, contando hoje em dia com 2.245 ha de vinhedo pertencentes à D.O. Costers del Segre.

Raimat Chardonnay 2006
Castas: 100% Chardonnay - Estágio: inox - 14% Vol.

Tonalidade amarelo citrino algo pálido
Nariz de intensidade média/baixa tal como a sua complexidade que não permite o vinho mostrar-se muito. Tem uma frescura suave aliada a fruta (ananás, pêra) bem madura com toque tropical. Em segundo plano tem uma nuance floral muito sumida com leve acompanhamento vegetal, tudo mais que directo e mesmo muito espremido.
Boca em sintonia com o nariz, um vinho parco em qualidades, simples e correcto, corpo mediano em fraca estrutura. Consegue mostrar alguma fruta embrulhada em toque fresco e pouco mais que isto. Final de boca curto com travo entre mineral/vegetal.

Um vinho que pelo que custou, cerca de 5€, foi uma má compra. O vinho não reflecte o melhor que a casta em causa tem para nos oferecer, dá uma imagem pálida e pouco motivadora, apesar de correcto e bem feito. Pelo mesmo preço ou até um pouco menos, temos vinhos Chardonnay muito superiores feitos em Portugal.
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Domingos Soares Franco – Alvarinho & Viognier 2005

Segundo o que se pode ler aqui: A Colecção Privada resulta da congregação das várias experiências que Domingos Soares Franco tem desenvolvido ao longo dos anos. Estes vinhos com assinatura DSF são criados através da combinação de três factores: a formação do enólogo em Davis (Califórnia) e a influência do seu tio, António Porto Soares Franco; a disponibilidade dos 650 hectares de vinhas da José Maria da Fonseca e a colecção, única em Portugal, de castas nelas plantadas.

Domingos Soares Franco – Alvarinho & Viognier 2005
Castas: Alvarinho (85%) e Viognier (15%) - Estágio: Alvarinho parte do mosto foi fermentado em inox, e outra parte em cascos de madeira de um ano, o Viognier ficou quatro meses em madeira com bâtonnage - 12,5% Vol.

Tonalidade amarelo palha com rebordo esverdeado
Nariz com aroma fino, sem grande complexidade mostra-se com chá branco e toque ligeiramente melado. A fruta (ananás, carambola, citrinos) aparece madura em boa harmonia com brisa torrada muito amena, com fundo de chá branco em final ligeiramente mineral. Todo o conjunto a mostrar-se sem grande vivacidade, algo cabisbaixo e sumido, a parecer que tem tudo preso por arames.
Boca de entrada fina e estruturada, tem uma envolvência de boca que nos deixa um pouco a sensação de vazio. Aqui perde claramente para o nariz, tanto em largura como em comprimento, corpo delgado e algo apático, fruta sumida com destaque para ameixa branca e citrinos. O final de boca não é de grandes elogios pois é curto e sem grandes despedidas.

É um vinho que dá uma prova sem grande interesse, o melhor tempo já passou, talvez devesse ter sido provado na altura do lançamento. Aqui não temos mais nada a fazer.
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04 dezembro 2007

Herdade da Comporta

A Herdade da Comporta é um projecto relativamente recente no mundo do vinho, com cerca de 30 hectares de vinha, situada em solos arenosos e solarengos temperados pela proximidade do oceano, digamos que temos uns vinhos em que à primeira vista se destacam lotes bem conhecidos dos vinhos Alentejanos mas em que as condições climatéricas são bem diferentes, com a enologia a cargo de Francisco Colaço do Rosário.
Em prova duas novas colheitas:

Herdade da Comporta Branco 2006
Castas: Antão Vaz e Arinto - Estágio: Inox - 13% Vol.

Tonalidade dourado de média intensidade.
Nariz directo, inicialmente com a fruta (tropical e citrino) um pouco anestesiada, que se vai mostrando ao lado de toque floral com vegetal. O toque final é mineral num conjunto que de nariz não se mostrando muito exuberante, dá uma prova consistente e agradável.
Boca de boa entrada, marcando a entrada com acidez presente a dar boa dose de frescura, fruta madura presente com toque de vegetal, um bom conjunto deste lote que já tem fama em terras fronteiriças.

Provadas duas garrafas, a primeira mostrou-se com um toque de farmácia um pouco desagradável, o resultado final deste vinho é um conjunto simples e bem feito. A permitir uma prova simples e agradável. Preço algo desajustado face à qualidade.
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Herdade da Comporta Tinto 2005
Castas: Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet e Touriga Franca - Estágio: Carvalho - 14% Vol.

Tonalidade granada de média concentração
Nariz a mostrar-se com uma boa intensidade, fruta madura com ligeira compota, floral presente em sintonia com baunilha, especiarias e fumo de fundo. Equilibrado e de mediana concentração de aromas, pouco complexo assenta-se num perfil mais directo e equilibrado, onde a fruta se dá bem com a presença da madeira.
Boca a mostrar ligeira austeridade na entrada, progressivamente na boca dá-se uma acalmia, frescura com vegetal e fruta, polimento a meio palato. Conjunto que nos remete para um consumo a curto/médio prazo para lhe poder tirar todo o proveito.

É um vinho que vem um pouco fora do nível da anterior colheita aqui provada. Não deixando de ser um bom vinho, começa a entrar num padrão tão visto e revisto nos dias de hoje. Colheitas provadas anteriormente 2004 e 2005
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