Copo de 3: 2019

05 outubro 2019

Herdade do Rocim Amphora branco 2017


Segue as pisadas do Amphora tinto, tanto na qualidade como na apetência que mostra e mostram este tipo de vinhos para acompanhar uma refeição. Neste caso o vinho de talha em branco, criado a partir das castas Antão Vaz, Perrum, Manteudo e Rabo de Ovelha que foram vinificadas de maneira tradicional em talhas de barro pesgadas. O resultado é um branco que nos enche as medidas, gastronómico, fresco, com aromas e sabores bem vincados e limpos, brinca a fruta com os apontamentos vegetais e o lado mais seco e austero com alguma resina e cera de abelha. É uma perdição a acompanhar uns carapaus fritos com migas de tomate. 91 pts

30 setembro 2019

Herdade do Rocim Amphora 2017


Passo a passo a Herdade do Rocim consolidou o seu projecto, é nos dias de hoje uma referência com uma imagem ao nível da qualidade dos vinhos que nos coloca à disposição. Quando pouco se ouvia falar do Vinho de Talha, eis que foi a Herdade do Rocim responsável por um ressurgir de algo "esquecido" e que apenas tinha à altura um vinculo de "artesanato" típico de certas zonas. Com o passar do tempo esse acordar fez despertar outros tantos projectos que hoje nos brindam com grandes Vinhos de Talha. Este que aqui coloco é o Amphora tinto de 2017, um lote de Moreto, Tinta Grossa, Trincadeira e Aragonez cujo processo de vinificação é o tradicional com passagem por talhas. O perfil tem vindo a ser afinado e a cada colheita que passa, muita fruta vermelha com algum vegetal bem fresco, suculento e a puxar para a mesa, mostra-se muito limpo de aromas e com uma fantástica vontade de se beber com um assado de borrego. Ronda os 15€ em garrafeira. 91 pts

28 setembro 2019

Marquês de Borba 2018



Dispensa apresentações este tinto criado por João Portugal Ramos nas terras de Estremoz e que sempre soube manter um perfil de vinho acessível mas ao mesmo tempo com uma qualidade bem acima da média. O preço a rondar os 5€ faz dele uma escolha acertada. Aqui o que se encontra é um tinto marcado pela frescura da fruta, sempre muito limpa e rechonchuda, a passagem por madeira dá um ligeiro toque de complexidade e arredonda um bocadinho os cantos mas continua a mostrar vigor e energia na companhia dos mais variados pratos da nossa gastronomia. 90 pts

10 setembro 2019

Mamoré de Borba Vinho de Talha Branco 2018


Sovibor (Alentejo) afirma-se em três colheitas como produtor de referência no Vinho de Talha tal a qualidade dos vinhos que ali são criados pelas mãos do enólogo António Ventura. Este 2018 foi o melhor branco no I Concurso de Vinho de Talha realizado este ano. O preço a rondar os 22€, destaca-se pela definição de aromas que as uvas de vinhedo velho onde brilha a casta Antão Vaz. Um vinho de memória, a mesma memória e história que as talhas onde nasceu transportam dentro de si. Conjunto que se esbate em notas de cera de abelha a dar alguma untuosidade, tangerinas, flores e tisana. Na boca claramente a pedir comida, marcado pela fruta, novamente o toque ceroso, textura muito marcante com frescura e secura que lhe prolonga o final. 93 pts

05 setembro 2019

Duorum Branco 2018


Se o Tons de Duorum branco já é bom, este Duorum branco então é muito bom, para o preço que se consegue na casa dos 8,50€ e para todo o prazer que nos mete no copo. Este com Rabigato, Arinto, Códega do Larinho e Gouveio, com 30% do lote a fermentar em barrica o que lhe dá um maior aconchego e também uma complexidade que vai um bocado mais além do que o Tons. Abrimos para acompanhar um soufflé de peixe e camarão e a festa ficou garantida, com o vinho a mostrar muita fruta de pomar, cascas de citrinos e ligeiro amanteigado, fundo com ervas de cheiro. Apetece ir bebericando, sabe bem, corpo amaciado pela madeira, a frescura está presente e o vinho elegante consegue manter uma boa prestação ao longo de todo o jantar. No final a garrafa estava vazia, sem dúvida a melhor homenagem que se pode fazer a um vinho. 91 pts

02 setembro 2019

Bridão Reserva 2013


Escolhi este Bridão Reserva 2013 oriundo da Adega do Cartaxo (Tejo), cujo preço ronda os 8,50€ e não sendo a última colheita no mercado é a meu ver um vinho que começa agora a afinar aromas e sabores. Este Bridão Reserva precisa de ar, precisa de tempo de copo e depois de provado mostra sinais que aguenta mais um tempo em garrafa. Um vinho cheio de garra, com aromas de fruta silvestre e toques de chocolate preto, chá, tudo envolto com uma boa dose de frescura que o abraça e não o deixa cair de maneira nenhuma. Vinho para pratos de bom tempero. 91 pts

01 setembro 2019

Vale Barqueiros Reserva 2015

A poucos quilómetros de Alter do Chão fica situada a Herdade de Vale Barqueiros, de onde sai este Reserva 2015 com preço a rondar os 12€. Um vinho maduro carregado de fruta preta com muita compota e cacau, estruturado mas com gordura a dar peso e um tom mais morno dado pelos 12 meses de barrica, aqui os 15% também ajudam. Taninos firmes a darem vida e persistência tal como alguma frescura que o ajuda a equilibrar "as contas" no final. 90 pts

30 agosto 2019

Quinta do Cardo Reserva Caladoc rosé 2016



Por vezes o que temos na garrafa é muito mais que vinho, é também uma identidade e a forma como um enólogo dá voz a uma casta ou parcela de determinada vinha. Este rosé da Quinta do Cardo (Beira Interior) criado a partir da casta Caladoc é disso exemplo. Nos dias que correm é notório que há da parte do consumidor mais exigente uma procura por uma definição/frescura/leveza nos vinhos. Ora aqui temos tudo isso de forma bem medida, um menino bem comportado que sabe estar à mesa. Elegante e com finesse na complexidade, menos concentrado e mais delicado que a anterior versão, que curiosamente gostei mais. Este aqui está muito focado na fruta com notas de bagas ácidas de groselha vermelha, roseiral e uma secura que faz o remate final. 91 pts

29 agosto 2019

Quintas de Borba branco 2018


Um branco já conhecido cá de casa mas que foi com surpresa que o vi ser galardoado na versão 2018 com a Talha de Ouro ao Melhor Branco do Alentejo pelo concurso da Confraria dos Enófilos do Alentejo. Não tardei enquanto não lhe deitei a mão numa incursão à loja da Adega de Borba, onde o preço abaixo dos 4€ o torna uma verdadeira tentação. O calor apertava e as gargantas ao almoço pediam um branco fresco, frutado com toques de flores e uma acidez mais atrevida, nota-se o magano do Verdelho ali a vincar bem o perfil do branco, mais um toque de Roupeiro e Arinto para que o moço não fosse lá ficar triste sozinho. Assim que a modos o branco foi escorrendo bem fresco com uma acidez capaz de nos ir compensado o palato pelas comezainas que iam vindo da cozinha para a mesa. Terá sido o branco do Verão, pelo preço e pelo prazer que dava e continua a dar à mesa, quanto aos prémios, esqueçam lá isso. 90 pts

28 agosto 2019

Monte das Servas Escolha branco 2018


Este é o branco que serve de entrada de gama para os belíssimos vinhos a que a Herdade das Servas (Estremoz) nos tem vindo a acostumar ao longo de mais de uma década. Com a reformulação de rótulos e também da gama de vinhos, veio a mudança da enologia agora a cargo de Luís Serrano Mira e Ricardo Constantino. Este é o Monte das Servas Escolha 2018, branco feito a partir de um lote de tradicionais castas Alentejanas com 10% de Semillon. Bebido por mais que uma vez ao longo deste Verão que passou, custou cerca de 5€, mostrou-se focado na fruta fresca e madura ainda que muito esbatida num conjunto algo difuso, que é salvo por uma acidez que o arrebita ligeiramente e não o permite por momentos cair no esquecimento. 88 pts

27 agosto 2019

Ponte branco 2018


A Ponte das Canas, uma ponte medieval localizada na Herdade do Mouchão (Alentejo), deu nome a um dos icónicos vinhos do produtor, o Ponte das Canas. Agora com nova roupagem o vinho passou a ser designado apenas como Ponte. A novidade é o surgimento do Ponte branco 2018, um vinho da casta Verdelho que já por ali teve fama no ano de 1908. Numa tentativa de reviver esse vinho utilizou-se menos de um hectare de vinhedo e em 2015 fez-se uma enxertia sobre a casta Perrum com cerca de 20 anos. Nasceu assim um branco de grande qualidade, enorme frescura que envolve numa belíssima definição da fruta com travo citrino e de anis estrelado, tal como o vinho que ganha um tom mais roliço e devido aos seis meses de barrica. A produção foi pouca, cerca de 1500 garrafas a coisa de 18€ cada uma. 94 pts

18 agosto 2019

Hugo Mendes Lisboa branco 2018


O desejo de ter um projecto próprio por parte do enólogo Hugo Mendes já vem de longe. Conseguiu materializar o seu sonho com a colheita do Lisboa branco 2016, nesta fase já encontramos a colheita de 2018 num branco que procura dar a conhecer aquilo que segundo o enólogo será ou seria um possível perfil de um branco de Lisboa. Assim nasceu com base na casta Fernão Pires com toques ligeiros de Arinto e agora em 2018 com uma pitada de Vital. Com preço a rondar os 15€ é um branco ainda a pedir tempo de garrafa, o mesmo tempo que o enólogo sempre vincou ser necessário para os brancos que cria. Ficamos é com a certeza de que o vinho melhorou desde a sua primeira colheita. Este 2018, mais sério e menos trémulo, mostra mais nervo e ao mesmo tempo mais definição, mas já se deixa beber com pratos de temperança forte, neste caso acompanhou em grande um torricado de cachaço de bacalhau. 92 pts

15 agosto 2019

Herdade do Rocim Rosé 2018


Ano após ano continua a ser uma das escolhas no que a vinho rosé diz respeito, pareceu-me mais refinado este 2018 em relação ao 2017. A qualidade aliada a um preço que ronda os 8€ faz deste Rosé da Herdade do Rocim um dos eleitos da minha mesa. Feito a partir da casta Touriga Nacional com a riqueza e detalhe a que nos acostumaram por aqueles lados, o vinho deixa a fruta falar de forma solta e desinibida, muito franca num conjunto cativante com muita qualidade e a dar muito prazer no copo e na boca. Fresco, saboroso e com uma secura final que liga tão bem com uma escolha alargada de pratos e pratinhos. 92 pts

12 agosto 2019

Monte de Seda 2018


A poucos quilômetros de Alter do Chão fica situada a Herdade de Vale Barqueiros de onde nos chega este seu Monte de Seda tinto da colheita de 2018. Um vinho com preço a rondar os 4€ a mostrar-se muito focado na frescura da fruta que surge bem vincada tanto no aroma como no sabor. Algum vegetal na boca a dar secura mas de imediato a fruta a ligar bem com ligeiras mais gulosas de compota e algum cacau que lhe dão algum peso e sabor. Correto e muito amigo da mesa. 88 pts

05 julho 2019

Couquinho Superior branco 2018


A Quinta do Couquinho fica localizada no Vale da Vilariça (Douro Superior) e pertence à família Melo Trigo há mais de dois séculos. O nome dos seus vinhos surgiu associado nos primeiros lançamentos aos vinhos da Lavradores de Feitoria, empresa da qual a Quinta do Couquinho foi sócia fundadora. Apenas em 2002, os vinhos ganharam marca própria. Este vinho surge pela mão do enólogo João Brito e Cunha que escolheu as castas Viosinho e Rabigato oriundo de vinhas velhas. Resulta num branco elegante e com uma bela frescura de conjunto onde se destaca um dominante travo de vegetal fresco acompanhado por algum floral e um tom mais mineral e fumado em fundo, dando à fruta o segundo plano. Uma frescura que perdura na boca num conjunto sempre muito equilibrado e preciso, ao mesmo tempo sem excessos e com um bom final. Ronda os 11€ por garrafa e será uma aposta interessante para peixe com alguma gordura passado pela grelha. 90 pts

21 junho 2019

Quinta de Baixo Poeirinho Baga 2015


Da glória que viveu no passado, a Bairrada tem vindo lentamente a tentar cativar a atenção dos consumidores. Nos últimos anos é de assinalar a tentativa de revitalizar a região, com alguns novos nomes a surgirem no panorama Bairradino que se vieram a juntar a nomes sonantes daquela zona e com isso alguns dos seus produtos foram ganhando algum destaque. Este vinho é disso exemplo, da famosa Quinta de Baixo, agora nas mãos da Niepoort. Aliado ao carácter bem vincado que mostra ter, tem o preço que por estas bandas ainda não se compara por exemplo aos Douro da mesma casa, a festa pode ser muito interessante como é o caso deste Poeirinho 2015 cujo preço ronda os 27€. Um vinho que dá um tremendo gozo no copo, pleno de fruta vermelha, expressiva com tom austero a mostrar ligeiro vegetal fresco acompanhado de alguma caruma. Corpo coeso e expressivo, ao mesmo tempo preciso e harmonioso, cheio de vida e sabor, fresco e com nervo que o suportará longos anos em garrafa. Neste momento é um deleite com umas burras estufadas. 95 pts

18 junho 2019

Monsaraz Premium 2014


Sobressai ao falar-se dos vinhos da CARMIM o perfil clássico a que o Reguengos Garrafeira dos Sócios nos acostumou ao longo de décadas. Este Monsaraz Premium vem mostrar um perfil mais moderno, mas ao mesmo tempo requintado e sedutor. O vinho em causa passa por madeira que o marca sem alarido, apenas o suficiente para envolver com elegância, aconchegando a fruta bem carnuda e suculenta em tons negros e silvestres, o cacau com notas de licor de cereja e café. Boca cheia de sabor, bom volume e marcante no palato com rasto suculento da fruta, as notas de mocaccino a aveludarem e arredondar os cantos. A frescura presente dá-lhe vida e profundidade, um belíssimo tinto com preço a rondar os 25€. 94 pts

Domaine des Herbauges Château de la Pierre Muscadet Côtes de Grandlieu Sur Lie 2018



Ora um branco vindo de França, mais propriamente do Loire, criado a partir da casta Melon de Bourgogne. O produtor é o Domaine des Herbauges e o vinho nasce no Château de la Pierre a partir de uma vinha velha com idade a rondar os 70 anos de idade. Apenas estagiado em inox, com batonnages periódicas entre 8 a 14 meses, até ser lançado no mercado. É um branco muito focado na fruta com tom tropical e raspas de citrinos, boa frescura a embrulhar tudo com fundo mineral. Boca com a fruta a mostrar-se logo de inicio, certinha, limpa e a conferir bom travo para terminar fresco e seco. Uma daquelas compras perfeitas para acompanhar uns mexilhões ao natural, uma sardinhas assadas, umas conquilhas ou uma salada de polvo, tudo possível por um vinho de perfil clássico bem divertido de se ter no copo e que se deixa beber com bastante satisfação. Preço a rondar os 3,99€. 90 pts

17 junho 2019

Quinta do Ameal Escolha branco 2016


A Quinta do Ameal (Ponte de Lima) é sinónimo de vinhos brancos de altíssima qualidade onde disponta a casta Loureiro. Este é o Escolha, lote fermentado em barrica usada que acaba por ganhar uma complexidade extra, porque a longevidade essa já é uma garantia dos vinhos deste produtor. Apareceu-me com uma nova roupagem, muito puro de aromas e sabores, fiel ao que sempre foi e a mostrar os atributos com que facilmente cativa os consumidores, equilíbrio, uma belíssima frescura e um extra de corpo ligeiramente mais cheio a pedir uma boa caldeirada. São 16,50€ num daqueles brancos que é um prazer ter no copo e na garrafeira por muito tempo. 93 pts

07 junho 2019

Romano Cunha 2010


Os vinhos de Mário Romano Cunha (Mirandela) são vinhos com uma vontade muito própria onde podemos afirmar como dizem do lado de lá da fronteira, com os taninos bem postos. São vinhos onde o tempo é que manda, por isso não se estranhe que depois da colheita de 2009 tenha saido o 2008 e só agora o 2010, preço na casa dos 20€. Um tinto que invoca castas como a Tinta Amarela, Tinta Roriz e Touriga Nacional que estagiaram em madeira por algum tempo. Quando olho para estes Romano Cunha não consigo deixar de me lembrar dos Ultreia (Bierzo) também criados por Raúl Pérez. 

A qualidade da fruta sempre muito elegante, fresca e com grande definição aromática, aliada a uma madeira que soube fazer o seu trabalho, afinando e dando suporte a um conjunto amplo e muito agradável. Bonita a complexidade, com notas de cacau, flores e vegetal fresco, explodem as frutas silvestres com elegância e frescura, saboroso e com boa intensidade, evolui de forma calma e serena no copo. Está para durar e encantar, haja coragem para as manter guardadas. 94 pts

31 maio 2019

I Concurso de Vinhos de Talha 2019 - Vencedores

No passado dia 25 de Maio, decorreu nas instalações da Sovibor o I Concurso de Vinhos de Talha 2019. O Concurso contou com a presença de 31 vinhos e teve como objectivo escolher o melhor de cada categoria, Branco e Tinto. Foi unânime a decisão final do júri que ditou como vencedores: 

MELHOR VINHO DE TALHA BRANCO
Mamoré de Borba Vinho de Talha Branco 2018

MELHOR VINHO DE TALHA TINTO 
Mamoré de Borba Vinho de Talha Tinto 2018





I Concurso de Vinhos de Talha 2019

O Júri (esquerda para a direita): João Canena, Joaquim Arnaud, João Alabaça, Pedro Hipólito, Gilberto Marques, Francisco Brito, João de Carvalho (organização), Carlos Janeiro, Pedro Mota, Paulo Amaral, Sandra Alves, Rita Tavares (organização), António Ventura e Luís Sequeira.


O vinho de talha é uma paixão que me acompanha vai para mais de 20 anos. A um grande amigo que já partiu, devo grande parte deste entusiasmo e deste saber que tão pacientemente me foi passando nas longas conversas que tinhamos. Mas com o tempo ficou sempre um desejo que finalmente consegui transformar naquilo que foi a maior prova de Vinhos de Talha feita até hoje e que contou com 31 vinhos de produtores de todo o Alentejo, o I Concurso de Vinhos de Talha, realizado no passado dia 25 de Maio nas instalaçãos da Sovibor (Borba).

O Concurso foi um sucesso onde a principal regra ditava que apenas vinhos oriundos de talhas pesgadas poderiam participar. A prova foi cega e bastante animada, com muito debate entre provadores, muita partilha de opinião face à alta qualidade de todos os vinhos que participaram. Os melhores de cada mesa foram apurados para a finalíssima, com cada jurado a dizer qual o seu preferido e a contagem feita por todos, assim nunca haveria enganos e o vencedor seria claro e inequívoco. No próximo post irei divulgar quais os dois vinhos que foram considerados Melhor Vinho de Talha tinto e Melhor Vinho de Talha branco.

Quero deixar um agradecimento muito especial ao Sr. Fernando Tavares à Rita Tavares e ao Engº Antonio Ventura que tornaram possível tal acontecimento, um obrigado à Joana Garcia (Queijaria Monte da Vinha) ao Joaquim Arnaud (Charcutaria) e ao Fontainhas Dias (Fotografia). O último agradecimento vai para todos os que gentilmente acederam ao convite para fazerem parte do júri. Para o ano há mais.

30 maio 2019

Soalheiro ALLO 2018


Do produtor dos vinhos Soalheiro (Vinho Verde) sai a nova colheita do ALLO, Alvarinho e Loureiro, cujo preço bem catita se situa perto dos 5€. A relação preço/satisfação é de elogiar uma vez mais, o vinho mostra-se num nível de qualidade a que sempre nos tem acostumado, sem falhas, nariz exuberante e cativador para depois dar uma prova de boca com uma frescura capaz de harmonizar com pratos de peixe ou marisco numa qualquer mesa em dia de mais calor.  90 pts

16 maio 2019

Cistus Reserva 2015


Produzido na Quinta do Vale da Perdiz (Douro) perto de Torre de Moncorvo localizada já no Douro Superior, tem o lote dominado pela Touriga Nacional seguida da Tinta Roriz e da Touriga Franca. Passou 17 meses em barricas. Um vinho com preço a rondar os 10€, intenso e carregado de fruta madura com evidente toque de licor a envolver todo o conjunto, envolvente com notas de chocolate preto e um travo de esteva em flor confere alguma rusticidade no fundo. Na boca é a fruta madura e com compota, doseado na frescura em companhia de alguma austeridade em pano de fundo. Os 15% que apresenta fazem-se notar com o tempo no copo, passando uma rasteira e o vinho fica algo desequilibrado perdendo a boa postura inicial. 89 pts

09 maio 2019

Mamoré de Borba Vinho de Talha branco 2017


A Sovibor (Alentejo) renasceu e rejuvenesceu a sua alma cinquentenária, as suas instalações foram totalmente renovadas e as novidades surgem em cada recanto. A aposta no Vinho de Talha foi total e o resultado é surpreendente pela qualidade que os vinhos desde a primeira colheita apresentaram. Este é a segunda edição do Branco, preço a rondar os 22€, que nasce a partir de vinhedo velho onde brilha a casta Antão Vaz. Um vinho capaz de invocar memórias, conversas e mesmo recordar pessoas que o tempo já levou, um vinho de memória, a mesma memória e história que as talhas onde nasceu transportam dentro de si. Pesgadas com resina de abelha, processo mais dispendioso e menos duradouro mas que não marca tanto o vinho como as antigas pesgagens, muitas vezes a "sequestrarem" os vinhos com aromas e sabores mais vincados e menos apetecíveis. 

Aqui o que encontramos para além da pureza da fruta de caroço já com alguma calda, é a frescura que se esbate em notas de cêra de abelha a dar alguma untuosidade, tangerinas, flores e tisana, ligeiro fumado. Na boca claramente a pedir comida, marcado pela fruta, novamente o toque ceroso, textura muito marcante com frescura e secura no fim a pedir umas iscas ou uns pezinhos de coentrada. 93 pts

07 maio 2019

Quinta do Côtto Vinha do Dote 2015


Cada vinho conta uma história diferente, a história deste Quinta do Côtto (Douro) começa na vinha velha com mais de 80 anos que lhe dá origem, a Vinha do Dote. Uma vinha que chegou à família Champalimaud via dote de Rosa Carolina Pinto Barreiros, aquando do seu casamento com António Montez Champalimaud, em 1865. Rosa viria a fundar, em 1922, a empresa Montez Champalimaud Limitada. Em sua homenagem, esta vinha velha foi cuidadosamente recuperada e batizada, simbolicamente, como Vinha do Dote. Posso dizer que o vinho é tão bonito como a história da vinha que lhe dá origem, um tinto estagiado 15 meses em barricas usadas e ronda os 20€. Dotado de um aroma muito fresco, perfumado com notas de frutos vermelhos, leve terroso com sinal de austeridade, complexidade fina num todo delicado e a dar muito prazer, especiarias, cacau, tudo bom de cheirar e beber. Boca com sinais de presença da fruta de grande qualidade, equilibrio dado pela madeira, frescura e final persistente. Daqueles vinhos que dá gozo tremendo beber à mesa com um guisado de javali. 92 pts

06 maio 2019

Herdade do Rocim branco 2018


Da Herdade do Rocim (Alentejo) sai o primeiro branco da colheita de 2018, feito a partir das castas Antão Vaz, Arinto e Viosinho. Desde a anterior colheita que no rótulo surge a figura da Linária, uma planta endémica da Cuba alentejana e que se encontra em perigo de extinção. No que ao vinho diz respeito, pareceu-me ligeiramente melhor que o 2017, com uma elegância e ao mesmo tempo uma frescura que se combinam num misto de austeridade da fruta ainda jovem e suculenta, mas ao mesmo tempo com nervo, travo vegetal, sem quebras num final saboroso. Um branco pronto para a mesa e que acompanha em grande uns mexilhões à la marinera. O preço ronda os 7,50€ no que revela ser uma excelente aposta agora que o tempo quente se começa a fazer sentir. 91 pts

05 maio 2019

Canena Vinho de Talha branco 2017


Nascido na Quinta da Pigarça, em Cuba (Alentejo), criado com mestria em ancestrais talhas de barro, devidamente pesgadas. Na alma leva as castas Roupeiro, Antão Vaz, Arinto e Rabo de Ovelha, sendo neste caso um branco de 2017 onde a bonita tonalidade alaranjada invoca no imediato memórias de outros tempos. Complexidade e frescura notáveis num branco que debita muitos aromas da boa evolução, cêra de abelha, resinas, tons de fruta de caroço (alperce) e citrinos maturados, a envolvente é quase que rodeada de ervas de cheiro, flores de esteva, num conjunto com uma acidez que lhe dá uma vivacidade e vertente gastronómica tipica dos vinhos de talha. Novos tempos em que em vez de o vinho ser servido em jarro vindo da talha, vem em garrafa e ronda os 10€. A qualidade e a memória está toda bem presente, tal como o cariz gastronómico. Sirva a acompanhar uns rins com miolos e faça a festa. 92 pts

02 maio 2019

Astronauta Moscatel do Douro

Da parceria entre o enólogo Aníbal Coutinho e a Adega de Alijó, nasce este Moscatel Galego Dourado, fruto de um lote de vários anos. O preço mais uma vez a tornar apelativa a compra, ronda os 8€, e o que temos na garrafa é um Moscatel do Douro alegre, fresco e cheio daqueles aromas que invocam compotas de laranja, leve tropical mas com floral pelo meio. É um vinho com corpo mediano mas envolvente e que conjuga bem a frescura com o toque doce sem ser em demasia, perfeito para aqueles dias de calor a acompanhar uma boa torta de laranja. 89 pts

28 abril 2019

Herdade do Rocim Grande Reserva Brut Nature Rosé 2014

Pode não acreditar mas no Alentejo a produção de Espumante Bruto Natural remonta às Caves Montes Claros (Borba), fundadas em 1893 e que veriam o seu fim com a marca a ser vendida quase um século depois. O projecto de que falo é bem mais recente, a Herdade do Rocim (Alentejo) solidificou a sua imagem ao longo das colheitas com base na consistência de uma qualidade acima da média dos seus produtos. Neste caso o destaque vai para o espumante topo de gama, pouco mais de 725 garrafas, todas elas numeradas (esta foi a nº316) deste novo espumante do Rocim. Apresenta-se como o topo da sua gama e o preço ronda os 28€, o Grande Reserva Rosé é criado a partir da casta Touriga Nacional, que estagiou sobre a própria borra cerca de 36 meses até ao seu dégorgement. Rico em detalhes tal como a identificação do nº da garrafa junto à rolha, à alta qualidade e muito prazer que nos proporciona no copo. É de facto um belíssimo espumante nascido e criado em pleno Alentejo, pleno de fruta vermelha cheia de vida e muito saborosa, ligeiro brioche e massa fina, num fundo com austeridade e frescura que limpam por completo o palato. Boca com a fruta a estalar de sabor, cremoso mas ao mesmo tempo rijo e de grande final. 94 pts

27 abril 2019

Conciso 2015


A casa Niepoort instalou-se no Dão mais precisamente na Quinta da Lomba, onde cria este Conciso, que pretende ser segundo o produtor uma interpretação de um Dão fino e elegante, um vinho que mostra todo o potencial e carácter de uma vinha muito velha. Ora a vinha é muito velha, plantada em solo de granito na encosta da Serra da Estrela com castas misturadas onde a Baga e Jaen são predominantes. A vinificação é feita em lagar com parte de engaço, estágio posterior de 20 meses em tonel velho de 2,500 Litros. Vinho com preço a rondar os 25€ repleto de aromas a invocar o Dão num estilo mais clássico, cheio de frescura e elegância e muito amigo da mesa, grande presença na boca com aromas de bagas silvestres, caruma, ligeiramente terroso e especiado no final, longo e muito persistente. Bebe-se com enorme prazer a acompanhar um assado de borrego no forno, com taninos finos mas acutilantes capazes de atacar a molhenga do assado. 94 pts

Marquês de Borba Vinhas Velhas 2017


A gama Marquês de Borba Vinhas Velhas surge como um recente upgrade na gama Marquês de Borba Colheita, criado com as castas Alicante Bouschet, Aragonez, Castelão e Syrah, pisadas em lagares de mármore e estagiado posteriormente 12 meses em barricas de carvalho americano e francês. O génio criativo de João Portugal Ramos soube desde sempre criar vinhos do agrado dos consumidores, este apenas o vem confirmar uma vez mais e mostra-se em Alentejano de gema com uma frescura que lhe aguça os sentidos, aromas e sabores. Muito focado na fruta gulosa e suculenta, complexidade delicada com boa evolução nos aromas, especiarias, couro e tabaco mas também uma leve carga vegetal fresca de fundo. Daqueles tintos que faz um brilharete à mesa com um arroz de pato, ronda os 13€ e tem estofo para durar mais uns bons anos em garrafa, como todos os vinhos criados nesta adega. 91 pts

25 abril 2019

Vidigueira Vinho de Talha branco 2018

Novidade da Adega da Vidigueira (Alentejo) elaborado a partir de vinhas velhas com as castas Antão Vaz, Perrum, Síria, Manteúdo, Diagalves e Larião. Parte das talhas são pesgadas e outra parte revestidas a epoxi. É um branco claramente diferenciável do que por norma nos escorre para o copo, de aromas a invocar cêra de abelha, resina, ligeira esteva em flor com aromas de frutas (citrinos, fruta de pomar) maduras e passa de uva branca. Na boca mostra-se amplo e com sabor vincado onde brilha a fruta, novamente o travo de levedura e cêra dá sensação de untuosidade, um pouco mais de complexidade num conjunto com uma bela frescura. São 10€ na loja da adega por um branco muito cativante e claramente a pedir mesa com perfil gastronómico muito apurado para um prato de iscas, rins, moelas, burras... 92 pts

Titan of Douro branco 2017


Voltamos ao Douro, ali no Sopé da Serra do Reboredo (1.000 metros de altitude), em Paredes da Beira, no ponto de maior altitude do Douro e nas encostas do Rio Távora, é onde nasce este Titan of Douro. Criado a partir das castas Rabigato, Gouveio e Verdelho é um branco com grande robustez, mesmo alguma austeridade onde a fruta (citrinos, pêra e alperce) se mostra bem sólida e madura. As estevas em flor e a resina das mesmas marcam o fundo, austeridade vincada num corpo muito compacto a pedir pratos de bom tempero como uma caldeirada à fragateiro. Preço a rondar os 8,90€ em garrafeira. 91 pts

20 abril 2019

Elpídio Superior Bruto 2013


Novidade das Caves do Solar de São Domingos (Bairrada) este espumante Elpídio Superior Bruto 2013 com base nas castas Arinto e Chardonnay. Espumante com preço a rondar os 12,50€, apresenta um conjunto elegante onde a fruta de pomar se mistura com tons citrinos, ligeira tosta no fundo a dar sensação de cremosidade. Muito prazer no copo num espumante atraente e que agrada muito na prova que dá, ligeira a mousse na boca que se esbate na frescura citrina bem marcante no final. Bom para acompanhar uns simples pastéis de bacalhau acabados de fazer.  90 pts

19 abril 2019

Adega de Vila Real Premium branco 2016

Daqueles vinhos comprados em promoção numa superfície comercial, custou menos de 4€ e chamou no imediato a atenção por ser um 2016. Este branco do Douro, oriundo da Adega de Vila Real (Douro) é criado a partir das castas Viosinho, Malvasia Fina e Gouveio. Agrada no imediato pelos aromas frescos, ligeira calda presente da fruta citrina com toranja, tropical e uma ligeira baunilha. É delicado, fresco e muito equilibrado, boa presença de boca com sabor e boa presença. Pelo preço não lhe podemos exibir mais do que aquilo que nos mostra, muito correcto e a dar prazer à mesa. Mesmo apesar de ser um 2016 está aí para as curvas, sem notas de evolução que lhe belisquem a performance. 88 pts

05 abril 2019

Outono de Santar Colheita Tardia 2013


O Outono de Santar (Casa de Santar) começou como Vindima Tardia, agora apresenta-se com novo rótulo ostentando Colheita Tardia. O interior também mudou e para melhor neste vinho oriundo do Dão com 90% Encruzado e 10% Furmint. Estágio de 12 meses em barrica de segundo ano. Com preço a rondar os 19€ é um vinho de tons melados com a fruta cristalizada (citrinos) e alperce já em calda a dar sensação de doçura, tudo muito fresco com toque de gengibre fresco a invocar a presença de botrytis. Elegância com toque de açúcar queimado na boca, envolvente e untuoso, ligeiro no trato, saboroso e com bom final de boca. 91 pts

Marquês de Borba branco 2018


Depois do Vila Santa, João Portugal Ramos (Alentejo) criou a marca Marquês de Borba, lá para o ano de 1997, que no imediato conseguiu pela consistencia e qualidade conquistar o seu lugar junto do consumidor. Do lote com que se apresentou ao mundo, Arinto, Rabo de Ovelha e Roupeiro, apenas reteve a casta Arinto, hoje contamos com Antão Vaz e Viognier e também com uma nova roupagem, mas o mesmo preço a rondar os 5€. Ano após ano o lote tem sido afinado, o resultado é este branco com aroma de boa intensidade onde brincam a fruta em tons citrinos e tropicais bem maduros e frescos com o lado floral, ligeiro rebuçado de limão a dar um toque mais guloso. Boca com equilibrio, frescura e a mostrar uma auteridade muito ligeira no final de boca que sempre o acompanhou. O Marquês de Borba continua igual a si próprio. 89 pts

04 abril 2019

Monte Branco 2015


A zona de Estremoz já deu provas mais que suficientes para ser considerada um local de excepção para produzir grandes vinhos. Todos os topos de gama da zona de Estremoz tem algo em comum, a frescura e a robustez associada a um tom austero e inicialmente terroso, este grande Monte Branco com preço a rondar os 35€ não lhe foge à regra. Neste caso falo do topo de gama criado por Luís Louro na sua Adega do Monte Branco (Alentejo) situada perto de Estremoz. Um vinho que tem o Alentejo bem vincado, com um lote feito a partir de Alicante Bouschet e Aragonez a estagiar 1 ano em barricas. Para o meu gosto é demasiado novo para ir à mesa, é vinho que precisa de descansar mais um bocado na garrafa apesar de ser da colheita de 2015. Grande concentração, frescura a dar muita vida ao conjunto que se mostra coeso e amplo, firme e conquistador. Muita fruta escura com tons vegetais mais secos e ervas de cheiro em fundo com nuance de balsâmico. Da barrica pouco ou nenhum sinal, integrada e com o afinamento suficiente do conjunto sem o marcar demasiado. Saboroso e de sabores vincados, vigoroso e carnudo, pede tempo de garrafa ou então pratos de tempero forte, uma presa ibérica no carvão ou uma feijoada de javali por exemplo. 95 pts

02 abril 2019

Quinta do Cardo Vinha Lomedo Síria 2015

Segunda edição deste branco oriundo da Quinta do Cardo (Beira Interior) onde brilha em exclusivo a casta Síria, proveniente de uma única vinha, a Vinha Lomedo. O estágio prolongou-se durante 22 meses com "batonnage" regular, dando-lhe uma graciosa complexidade no nariz, leve untuosidade com a fruta madura em tom citrino em plano de destaque, acompanhada de notas de ervas de cheiro. O fundo é austero e mineral, sinal de juventude e de coesão que se faz notar na boca, onde mostra firmeza com grande frescura e equilibrio entre fruta e madeira. O preço ronda os 20€ e o tempo em garrafa só lhe vai fazer bem, mas pode ser bebido neste momento que é puro prazer à mesa. 94 pts

01 abril 2019

Casa de Santar Vinha dos Amores Blanc de Noir Bruto 2014


Nasce na Casa de Santar (Dão) este espumante 100% feito a partir da casta Touriga Nacional, apresentando-se com um Blanc de Noir Bruto da colheita de 2014.  Num vinho cujo preço atira para perto dos 25€, domina um aroma com notas de pastelaria, pão torrado, pederneira, ligeiras as notas citrinas acompanhadas de groselhas bem maduras. Sente-se uma ligeira envolvente mais cremosa que se confirma na boca, com ligeira mousse, biscoito com bagas vermelhas a explodir de sabor, amplo e muito bem composto. Elegante e fresco, mas com alguma gordura extra, ganhando algum peso e perdendo na parte da delicadeza. 92 pts

29 março 2019

Barbeito Malvazia 20 Anos Lote 14050

Criado pela Barbeito (Madeira), foram utilizadas uvas de São Jorge e da Fajã dos Padres (20%), para este lote já esgotado no produtor e do qual resultaram pouco mais de 1000 unidades com preço situado nos 170€. Nariz de grande complexidade, refinado e muito elegante este 20 Anos Malvazia mostra-se com aroma floral, ligeiramente fumado com ligeira sensação de untuosidade no caramelo salgado, notas de alperce em geleia. De enorme presença mas com uma frescura fantástica a contrapor a doçura da casta, que lhe dá uma grande vivacidade de aroma e sabor, mantendo no entanto um lado refinado e elegante com um final longo e muito persistente. Alegrará com toda a certeza o final de um grande jantar, sozinho ou acompanhado. 95 pts

28 março 2019

Soalheiro Bruto Nature 2016


É novidade no mercado o primeiro espumante de Alvarinho sem adição de sulfitos, nasce assim o Soalheiro Espumante Bruto Nature. A sua origem no Soalheiro Nature que após filtração fermenta e estagia em garrafas de espumante durante 18 meses. Segundo o produtor é um espumante baseado no método ancestral onde as Pérolas de Leveduras criam o gás muito fino e delicado existente dentro da garrafa e a rolha, especialmente selecionada par o efeito, acompanha o espumante desde a sua criação e fermentação em garrafa até à abertura final. A ausência de sulfitos e de dosagem no final (bruto natural sem qualquer adição) e a permanência na cave, a temperatura baixa e constante durante 18 meses permitiu que este espumante mostre toda a elegância da casta Alvarinho numa perspetiva de maior complexidade e menos fruta.

O resultado é um espumante de boa persistência, menos fruta nos tons característicos da casta com maior complexidade do estágio, notas de fermento, algum torrado, ligeiro floral com tom delicado e muito fresco. Elegante e a encher o palato de sabor, marca bem a sua passagem com os toques de pastelaria mais acentuados, a fruta deixada para segundo plano faz a despedida numa boa persistência. Diferente sem o carácter tão assentuado da casta como os outros espumantes da casa, é no entanto excelente aposta para a mesa a acompanhar peixes de tempero mais delicado. 91 pts

Dom Rafael 2015


Aguça o apetite a qualidade do ano 2015 na Herdade do Mouchão (Alentejo), isto tendo em conta o que nos mostra o Dom Rafael tinto 2015. Um vinho cujo lote de Alicante Bouschet, Trincadeira, Castelão e Aragonez estagiou por mais de 12 meses em madeira com mais uns largos meses em garrafa. Tudo sem pressa, até porque o vinho está cheio de energia, frescura de frutos do bosque com travos ligeiros de especiaria, chocolate negro com ligeiro compotado, muito compacto, boa complexidade com aquela austeridade de quem nos pede mais algum tempo de espera. Na boca é amplo, taninos a darem secura mas grande persistência, num conjunto que se dará bem à mesa com assados no forno bons de tempero, lembrando por exemplo de um assado de borrego. Um salto em frente na qualidade que apresenta, preço a rondar os 10€. 90 pts

27 março 2019

Terras da Gama 2017


Criado na zona de Mação, situado no vértice de três regiões: Beira Baixa, Ribatejo e Alentejo este vinho é um Ribatejano de gema, criado a partir de vinhedo velho onde brilham as castas Alicante Bouschet e Aragonês. Vinho apenas com passagem por inox, cheio de garra e pujança, muita energia na prova que vai dando ao longo do tempo que rodopia no copo. É vinho para se beber na petisqueira que tem caparro para aguentar uns bons caldos e molhos, carregado de fruta negra bem madura e notas de chocolate preto, amplo e muito coeso. Compra-se por coisa de 4€ e é daqueles vinhos feitos para ser bebido com muito prazer no dia a dia, onde a qualidade está presente e o resultado final é ficarmos satisfeitos porque demos o dinheiro por bem gasto. 89 pts

21 março 2019

Titan of Douro Vale dos Mil branco 2016


Oriundo de vinhas velhas em altitude no Douro, em solos de transição xisto/granito este branco criado pelo enólogo Luís Leocádio, estagiou 16 meses em barricas com agitação de borras finas. Mostra uma complexidade muito delicada e precisa nos aromas, frescura, flores do campo com toque de tisana, esteva em flor, frutos citrinos e de pomar (pêra, alperce), ligeira austeridade mineral (pederneira) num conjunto coeso e de grande qualidade. Muito prazer na prova de boca, com uma acidez que percorre todo o palato, marca o sabor da fruta limpa, ligeira untuosidade que se esbate em notas de levedura muito ligeira. Profundo, complexo e cheio de garra e vida pela frente, custa coisa de 26€ e é daqueles que dá um gozo tremendo no copo mas que irá continuar a brilhar durante muitos anos. 95 pts

19 março 2019

Astronauta Moscatel Galego 2017

Vem do planalto de Alijó o Moscatel Galego (Douro) com que Aníbal Coutinho criou este vinho de preço a rondar os 6€. Um branco fresco e algo contido de aromas, muito preciso e envolto num delicado perfume de camomila, citrinos com ligeiro rebuçado de mentol, todo ele bem equilibrado. Boca a dar uma boa dose de frescura num perfil claramente a pedir mesa, pratos mais delicados na mais alargarda vertente de tapas e canapés que ligam bem com toda a acidez e aromas mais delicados.  88 pts

18 março 2019

A magia das Talhas

O Vinho de Talha é e sempre será um vinho de um povo, um vinho sem terroir, sem castas associadas, acima de tudo é um vinho que carregou e carrega nele a história das gentes. Não fiquemos a pensar que é uma exclusividade nossa, puro engano, afinal este tipo de vinificação veio até nós no tempo dos romanos que a foram deixando um pouco por toda a parte, com eles trouxeram as videiras e a sua arte de fazer vinho, o Vinho de Talha. Esquecida por uns, revivida por outros, a tradição foi-se mantendo até aos nossos dias e não vou arriscar rigorosamente nada em afirmar que o boom do vinho estagiado em barro peca por tardio em Portugal, uma vez que na vizinha Espanha os ensaios e os vinhos lançados para o mercado estagiados em talhas/tinajas de barro já fazem soar as mais altas pontuações dos grandes críticos internacionais. 

Por cá resta-nos acordar do entorpecimento que vivemos, resta afinar arestas e limar conceitos, porque uma tradição não pode sucumbir perante interesses nem ser desvirtuada da maneira como tem acontecido em vinhos certificados onde as talhas em vez de pesgadas são revestidas a epoxi. A cantilena da maneira como o vinho é feita já é por todos mais que conhecida e debitada em playback vezes sem conta. A verdadeira arte por detrás do Vinho de Talha está ralmente nas Talhas, é no seu fabrico onde reside toda  a magia e sem elas, mas acima de tudo sem aqueles que durante séculos as criaram, hoje não teriamos Vinho de Talha nos nossos copos. Das mais pequenas às maiores com capacidades para 8000 litros e que chegam a pesar mais de uma tonelada, aos mais variados formatos conforme a zona de fabrico. Este é um documentário que invoca a memória de todos os que as fizeram e continuam a fazer, uma arte que felizmente não se encontra extinta e que como se pode ver pelo vídeo tem marcado gerações.


17 março 2019

Mamoré de Borba Reserva branco 2017


Se o Mamoré de Borba branco (Sovibor) já é um belo vinho, só podemos ficar satisfeitos quando nos cai este Reserva 2017 no copo, preço ronda os 16€. O lote é Arinto, Antão Vaz e Verdelho/Gouveio que passaram por barrica, dando untuosidade e alguma gordura ao vinho, um bocadinho mais de corpo e presença, mantendo a mesma frescura e elegância que o seu irmão mais pequeno. Precisa de comida por perto, dominado por aromas de fruta de pomar, muito alperce, tangerina, ligeiro floral a perfumar o resto do conjunto numa bonita complexidade. Renova a elegância na prova de boca, com uma boa estrutura e frescura que lhe dão alma e vida para durar largos anos em garrafa. Daqueles brancos para beber sem pressa, com uma sopa de cardos com bacalhau alimado. 91 pts

16 março 2019

Jerez & El Misterio del Palo Cortado

O que bebemos num copo de Jerez não é apenas o resultado da fermentação da fruta, é acima de tudo o peculiar sabor de um sítio mágico onde parece ter sido um local escolhido pelos deuses: Jerez, no sul de Espanha, onde o vinho é criado faz 3000 anos, um local de histórias, lendas e acima de tudo mistérios. Um desses mistérios, é também um vinho mágico: o Palo Cortado.


 
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