São raros nos dias de hoje os vinhos assim, com memória, vinhos cuja história do seu nome não se limita a meia dúzia de anos nem a uma fábula inventada num vão de escadas. Encerra nele próprio a tentativa de reviver tempos áureos que parecem querer voltar à Casa da Passarella sob a batuta do enólogo Paulo Nunes. Os vinhos ali criados têm vindo a saber crescer e o mais importante, a conquistar consumidores um pouco por todo o lado. Este apresenta-se como o branco topo de gama da casa, um 100% Encruzado de fina estirpe, que absorveu toda a frescura da vizinha Serra da Estrela e a mineralidade dos solos graníticos onde está plantado.
Conquista pelo nariz tenso e mineral, a que se junta toda a carga aromática da fruta que nele brinca, limpa e cristalina, citrino maduro em jeito de toranja, lima, depois leve coco, muito nervo que lhe percorre a alma, um devorador de tempo para quem lhe conseguir resistir nesta fase tão boa. A madeira plenamente integrada apenas confere algum arredondamento na prova de boca, bela estrutura, firme e ampla, fresco e com ligeira austeridade mineral, elegante e sério, brinda-nos e com prestação de qualidade do princípio ao fim. Custa cerca de 25€ e encosta-se ao que de melhor a região do Dão nos tem para oferecer. 93 pts
Sem comentários:
Enviar um comentário