Copo de 3: novembro 2005

24 novembro 2005

PÊRA MANCA 2001

Eis uma grande novidade, uma nova colheita Pêra Manca 2001 tinto vai sair para o mercado em meados de Dezembro.
São mais ou menos 20 mil garrafas a sair para o mercado, apesar de este ano a venda se limitar apenas para os distribuidores, sendo que o vinho sai da adega a 46,20€... caixa de 3 a 138€ o preço que se pede por uma garrafa normalmente.
Mais uma vez os ficam a ganhar os distribuidores, que belo Natal vão têr estes senhores, e perdem os consumidores, que vão ter de pagar mais que certo o dobro ou triplo por cada garrafa.
Por outro lado, o Clube Pêra Manca vende uma caixa de 3 garrafas a quem comprar em conjunto o Pêra Manca Branco e o Cartuxa... é de louvar esta simpática atenção por parte dos responsáveis.

23 novembro 2005

PROVA Terras d´Uva Branco 2004

Após a prova do Terras d´Uva Tinto 2004, aparece agora em prova a versão branco, elaborado a partir das castas Antão Vaz e Perrum, apresentando-se com 12,5%.
Mostrou-se com uma tonalidade amarelo muito pálido, de fraca concentração, quase incolor.
Na prova de nariz, sobressai com grande intensidade a Antão Vaz, exuberante e com muita fruta tropical bem madura, (ananaz, líchia) algum pêssego, pêra, notas florais, um aroma meloso, quase que adocicado, com um ligeiro toque mineral.
Na prova de boca tem boa entrada, corpo médio/fraco com notas de fruta (pêra, ananaz) acompanhada de alguns florais, com final mineral. Tem acidez a dar frescura ao conjunto, que se mostra fresco e agradável, com final de boca médio. Este vinho mostrou-se com boa relação preço/qualidade. 14

22 novembro 2005

PROVA Conde de Vimioso 2004

Vinho produzido pela Falua Vinhos, a empresa Ribatejana do Eng João Portugal Ramos.
Elaborado com as castas Trincadeira, Aragonez, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, teve ainda um estágio em madeira de carvalho durante 6 meses, apresentando-se com 14%.
Cor granada de concentração mediana, na prova de nariz, mostrou-se
com uma boa entrada a fruta negra bem madura, acompanhada de algumas notas de especiarias (pimenta), leves aromas do estágio de madeira (fumo, leve baunilha) , notas vegetais (pimento) e lá no fundo ainda a presença de notas florais.
Boca, tem corpo mediano, com uma boa entrada, equilibrado com a prova de nariz, a fruta a marcar presença acompanhada de notas vegetais (pimento), leve adstrigência e uma acidez correcta que dá leve frescura ao conjunto. Tem um final de boca mediano e apimentado.
Este vinho tem uma boa relação preço/qualidade, e para quem não quer gastar muito dinheiro, já que ronda os 4€, é uma boa escolha.
14,7

18 novembro 2005

Barricas, uma questão de madeira...

Hoje em dia facilmente se constata que não encontramos um tinto de renome mundial que não tenha estagiado em madeira. Também se costuma diz que por trás de um grande vinho está sempre uma grande barrica, e claro um grande enólogo.
Obviamente que neste campo temos de prestar atenção aos vinhos brancos, pois temos exemplos de brancos de nível mundial que não passam por madeira.

Tudo isto começou à muito tempo no tempo dos Celtas (inventores do Barril) quando o transporte de vinho se começou a fazer dentro de depósitos de madeira, após longas viagens o vinho ia estagiando e adquiria os gostos e aromas desse mesmo estágio pelo que as pessoas começaram a gostar do resultado na altura ainda casual, repetindo e melhorando então o processo do estágio até aos nossos dias.
A madeira utilizada nestes casos é a madeira de Carvalho (Quercus), árvore da família das Fagaceae com mais de 300 espécies de Quercus espalhadas pelo mundo. Podemos encontrar várias espécies num mesmo País, onde o Carvalho Americano normalmente é da espécie Quercus alba, podendo também ser Quercus rubra, na Europa temos Q. sessifolia, Q. pedunculata, Q. robur (Limousin), Q. petraea entre outros.

O principal factor na qualidade de uma barrica, como se deve calcular é a qualidade da madeira com que é feita, e o Grão, e a sua porção na madeira. O grão na madeira quanto maior foi a sua concentração, menor é o impacto da madeira e dos seus sabores no vinho (este factor é um dos mais importantes na qualidade da madeira e também no preço da barrica e normalmente varia entre os 22mm e os 27mm), outro factor a ter em conta é a secagem natural, no caso das melhores madeiras podem ter um período de secagem natural ao ar, durante cerca de 30 a 36 meses, e também que essa qualidade seja constante no seu fabricante, algo conseguido apenas pelas grandes Tanoarias de renome mundial, com grande capacidade de armazenamento e secagem de madeira.
Para se fazer um vinho de topo, o estágio em madeira é mais que obrigatório, sendo a madeira responsável por parte do preço final de um vinho, devido ao valor das melhores barricas utilizadas nos mesmos, e também pelo trabalho que as mesmas requerem para serem feitas.

A diferença enquanto um vinho topo de gama tem estágio em barricas novas, que mudam todos os anos, os vinhos de entrada de gama ou gama média podem ter estágio em madeira de segundo ano ou por diante.
Recentemente surge o fenómeno das aparas ou cubos de madeira (em que nos mesmos pode variar o tipo de madeira como o tipo de tosta).

Mas o estágio numa boa barrica, é meio caminho para um grande vinho, enriquecendo o vinho com taninos extras, responsáveis pela longevidade do mesmo. Dependendo da utilização das barricas, quer seja em fermentações alcoólicas, malo-lácticas, ou o simples estágio, do sucesso de um vinho depende o bom ou mau recurso da barrica, muito tempo vai ofuscar a fruta, pouco tempo não vai dar em nada. Quanto mais estruturado e mais concentrado o vinho, mais ele suporta e interage melhor com a madeira. Para vinhos mais leves e fracos de corpo que não iriam aguentar com uma barrica nova, visto que a carga de taninos secos da madeira seria enorme comparando com os taninos da fruta mais suaves, ao ponto de a madeira ofuscar por completo a fruta, são utilizadas aparas ou cubos de madeira que são largados nos depósitos de inox, dando a estes vinhos alguma complexidade que de outra forma não iriam ter.


É este o jogo que se tem de fazer, sempre com a ideia de que o objectivo é conseguir aromas e sabores com mais complexidade e mais oxigénio, que durante o estágio é o principal causador da evolução dos aromas.
Tudo devido a que o vinho dentro de uma barrica, só recebe oxigénio, que passa através dos micro-poros da madeira, sendo este mesmo oxigénio o responsável pela lenta oxidação que muda a cor dos vinhos, os tintos ficam mais escuros e violáceos; os brancos mais escuros e dourados, mas esta oxidação também afecta os aromas, onde a fruta evolui para aromas mais compotados.
Atendendo a este factor, o tipo de madeira a ser escolhido tem uma grande importância no tipo final de vinho, sendo que por exemplo uma barrica de Carvalho Limousin deixa passar muito mais oxigénio, ao contrário do Carvalho Americano, Allier e Nevers em que a porosidade é menor. Convém explicar que Allier ou Limousin não é um tipo de madeira, mas sim o nome das florestas de França de onde a madeira vem, entre outras florestas conhecidas em França como Tronçais, Nevers, Bourgogne e Vosges.


Então podemos concluir que um vinho com estágio em madeira, não se mostra tão frutado como um de inox, que o nível da queima influência os aromas a madeira, outros dos aromas que está ligado à presença de madeira no estágio do vinho é o aroma fumo/torrado, que depende da Queima da barrica, que pode variar entre Light, Medium, Medium-Plus ou Heavy, normalmente a queima mais pesada serve para corrigir erros na madeira, e marca excessivamente os vinhos.

O aroma a madeira deve-se então à presença de um composto volátil cis-metil-octalactona que existe em todas as espécies de carvalho, variando a sua concentração de espécie para espécie e por sua vez da localização da mesma.
Nos vinhos brancos temos ainda um processo que se pode utilizar durante o estágio em madeira, chamado batonnage, palavra francesa que significa mexer com um baton... este processo serve para melhor dissolver as moléculas, juntar os aromas primários com os da madeira, para que o vinho fique mais suave, a battonage é realizada uma ou mais vezes por dia e pode durar alguns meses, dependendo do perfil que o enólogo quer dar ao vinho.

Como curiosidade aparece em 1980, das mãos do Sr Vincent Bouchard, o tampão em Silicone que podemos encontrar a selar as barricas nos dias que correm, que veio substituir os trapos enrolados ou mesmo os pequenos pedaços de cortiça ou madeira, que tantos problemas davam aos produtores.

Os principais aromas de um vinho com estágio em madeira, são: Baunilha, aparas de lápis, fumo, café, tostados, tabaco, caixa de charutos, coco...

Dentro tipos de Carvalho mais conhecidos a nível mundial, temos algumas variações a nível de aromas e de características:

Carvalho Francês é mais suave com aromas e sabores mais finos, destaque para as especiarias e dá uma maior estrutura e longevidade ao vinho. Dentro dos vários tipos de Carvalho Francês contamos com:



Limousin (li-moo-sahn) : A maior área, encontra-se com mais facilidade nos produtores de Cognac. Dá cor ao vinho (amarelo dourado) e perfuma rapidamente o vinho com grande finesse. Pouco agressivo no palato, com uma elegante baunilha presente.

Nevers (ne-vere) : Juntamente com Allier é uma das melhores madeiras a ser utilizada nas barricas. Contribui com especiarias, se não for o suficientemente tostado pode mostrar-se agressivo com a carga de taninos.

Allier (ah-leay): Das melhores madeiras. Liberta o seu perfume com grande finesse, algumas especiarias, ideal para brancos e tintos.

Tronçais (tron-say) : Entra na concorrência com Allier e Nevers, liberta o seu perfume mais lentamente que o Allier, oferece um maior nível de finesse no palato. Tem o grão mais junto que todos os outros o que explica a percentagem de baixa extracção nos vinhos.


Vosges (voej) : Oferece um aroma suave e doce a baunilha que complementa a fruta, de textura macia no palato.

Carvalho Americano: Mais comercial e agressivo (com mais taninos), capaz de se sobrepor à fruta mais facilmente, tem 2,5 vezes mais baunilha que o Francês, é mais aromático, aparecendo por vezes mais doce lembrando côco ou piña colada.

Temos ainda outros tipos de madeira, como por exemplo o Carvalho Búlgaro, Carvalho Russo, Carvalho Checo, Carvalho Português...

Fontes :
http://www.bouchardcooperages.com/australia/index.html
http://elmundovino.elmundo.es/elmundovino/ http://www.frenchoakbarrels.com/index.asp

15 novembro 2005

Vêm aí os vinhos Light... chamados LIR

Notícias recentes indicam que uma empresa francesa, consegue transformar qualquer vinho, numa bebida com apenas 6% de álcool, sem que se perca o aroma, o sabor ou o carácter do mesmo. Chama-se LIR porque o vinho é submetido a um processo chamado de Lirização e porque em França a lei não deixa chamar vinho a uma bebida com menos de 8% de álcool, este processo que demorou 4 anos a ser desenvolvido e com um custo de 1milhão de euros, faz com que o vinho fique com metade do álcool, e das calorias, através de um processo de separação molecular sem ultilização de produtos químicos.
Este novo LIR, promete ser coisa séria, e talvez uma nova revolução no mercado do vinho quem sabe, será esta a futura moda no vinho mundial ?
Até que ponto o vinho rosé fresquinho no Verão como os conhecemos será substituido por um LIR ROSÉ, com menos álcool e todo o sabor ? Ou quem fala de rosé, fala de branco.
Para quem não gosta de beber antes de conduzir, está aqui uma boa solução.

Para mais informação consulta o site oficial do LIR: http://www.the-lir.com

11 novembro 2005

11 de Novembro Dia de São Martinho

Hoje é dia de São Martinho vai à adega e prova o vinho, na tradição popular São Martinho é o "amigo" dos bons bebedores e há quem lhe chame - com todo o respeito - o santo patrono dos bêbados! Manda a tradição que no dia de hoje se faça o dito Magusto de São Martinho, mas o costume do Magusto, que tradicionalmente começava no Dia de Todos-os-Santos, é simultaneamente uma comemoração da chegada do Outono e um ritual de origem religiosa: o dia do Santo Bispo de Tours (São Martinho) está historicamente associado à abertura e prova do vinho que foi feito em Setembro, com castanhas assadas e água-pé. Comemora-se o dia, mas será que as pessoas sabem quem foi São Martinho ?

Também conhecido por S. Martinho de Tours, nascido em território do império romano - Sabaria na antiga Panónia, hoje Hungria, entre 315 e 317, foi o primeiro santo do Ocidente a ter a sua biografia escrita por um contemporâneo seu - o escritor Sulpício Severo. Martinho era filho de um soldado do exército romano e, como mandava a tradição, filho de militar segue a vida militar, como filho de mercador é mercador e filho de pescador devia ser pescador. Martinho estudou em Pavia, para onde a família foi viver, e entrou para o exército com 15 anos, tendo chegado a cavaleiro da guarda imperial. Serviu na guarda imperial até aos 40 anos, altura em que foi ao encontro de Santo Hilário, bispo de Poitiers, que lhe conferiu ordens sacras para entrar na vida religiosa, tendo sido nomeado Bispo de Tours.
No calendário litúrgico, o dia de S. Martinho celebra-se a 11 de Novembro, data em que este Santo foi a enterrar, no ano de 397. Segundo a igreja, «São Martinho é o primeiro dos Santos não Mártires, o primeiro Confessor, que subiu aos altares do Ocidente".
Durante toda a Idade Média e até uma época recente, São Martinho foi o santo mais popular de França; é aliás, o Apóstolo das Gálias. O seu túmulo em Tours, transformado numa Basílica no século V, era o maior centro de peregrinação de toda a Europa Ocidental. Graças à sua generosidade e humildade, e também fama de milagreiro, foi um dos santos mais queridos da população.
O facto do dia do seu enterro coincidir com a época do ano em que se celebra o culto dos antepassados e com a altura em que termina a faina agrícola contribui para a componente festiva e popular das celebrações, que assim integram os produtos das colheitas e também um forte espírito de solidariedade.


O Verão de São Martinho
Um dia aconteceu um facto que o marcou para toda a vida. Numa noite fria e chuvosa de Inverno, às portas de Amiens (França), Martinho, ia a cavalo, provavelmente, no ano de 338, quando viu um pobre com ar miserável e quase nu, que lhe pediu esmola e Martinho, que não levava consigo qualquer moeda, num gesto de solidariedade, cortou ao meio a sua capa (clâmide) que entregou ao mendigo para se agasalhar. Os seus companheiros de armas riram-se dele, porque ficara com a capa rasgada. Segundo a lenda, de imediato, a chuva parou e os raios de sol irromperam por entre as nuvens para que nem o pobre nem o soldado ficassem com frio. Assim, todos os anos temos o Verão de São Martinho.


Neste dia também temos em destaque a Castanha:
A História: Pensa-se que a castanha assada seja uma invenção de pastores e lenhadores há mais de mil anos, quando nas noites frias se aqueciam à fogueira e ali cozinhavam as castanhas colhidas nas proximidades. Assadas, cozidas ou transformadas em farinha, substituindo o pão na ausência deste, sempre foram um alimento bastante popular, cujo aproveitamento remonta talvez à pré-história.
Por saborosas que sejam as castanhas assadas, a verdade é que actualmente não passam de uma guloseima da época. E feitas as contas, os nossos antepassados haveriam de se pasmar com a falta de criatividade na sua utilização... Na verdade, as castanhas chegaram a ser a grande base da nossa alimentação na Idade Média, muito utilizadas em sopas, guisados e cozidos, e até na preparação de pão e biscoitos e em épocas em que os cereais escasseavam.
Se as castanhas são dispensadas do seu regime alimentar por causa da calorias, não sabe o que está a perder! Apesar de muito calóricas, estão recheadas de nutrientes que trazem vários benefícios à saúde, como as gorduras mono-insaturada e poli-insaturada, vitaminas e minerais, destacando-se os glícidos, o potássio e as vitaminas C e B.
Mas há mais, estas oleaginosas, fazem parte do selectivo grupo de frutos ideais para emagrecer. Estudos indicam que, quando aliadas a uma dieta, auxiliam na perda de peso, pois são ricas em gorduras monoinsaturadas, responsáveis por manter o nível de açúcar no sangue estável e activar o metabolismo da queima de gorduras.
Graças à sua composição rica em fibras, proteína, cálcio, ferro, potássio, zinco, selênio, vitamina E, ácido fólico, entre outros, as castanhas actuam no equilíbrio da tiróide (evitando oscilações de peso); previnem tumores; fortalecem o sistema imunológico e protegem contra a acção dos radicais livres. São ainda poderosas na prevenção de doenças cardíacas.

In:http://mulher.sapo.pt/Xt91/619276.html

E falando um pouco sobre Água-pé:
O água pé é o resultado da água lançada sobre o bagaço da uva, donde se retirava o pouco de mosto que aí se mantinha. Esta bebida pode ser consumida em plena fermentação ou, depois disso, adicionando-lhe álcool.

E já se dizia que Dos Santos até ao Natal, é um saltinho de pardal !

10 novembro 2005

Copo de 3 no Encontro do Vinho e Sabores 2005 PARTE II

Dia 7 de Novembro, Segunda-feira e um dia mais calmo, dedicado a profissionais do ramo. Este foi um dia onde se provaram grande vinhos e onde principalmente se tentou ficar com uma ideia de outros tipos de vinhos que não os nossos.

Inicialmente foi feita uma prova bastante didática, sobre os vinhos de França região Borgonha da casa JOSEPH DROUHIN uma das principais casas da região, onde foram provados 3 vinhos brancos e 4 tintos, dominando a casta Pinot Noir nos tintos e o Chardonnay nos brancos, sendo que um vinho da denominação Chablis só pode ser feito com a casta Chardonnay.

BRANCOS


JOSEPH DROUHIN CHABLIS 2001 : Proveniente da zona que lhe dá o nome, Chablis, este vinho 100% Chardonnay com estágio em Inox. Mostrou-se muito pálido de côr com toques esverdeados, e também de aromas, com um perfil mais frágil e tímido que outros Chardonnays provados, interessante como introdução a estes vinhos.


JOSEPH DROUHIN CHABLIS Premier CRÚ 2003 : Também este feito com Chardonnay e com estágio em Inox. Mostrou-se com uma tonalidade ligeiramente mais concentrada, mais aromático e concentrado de aromas, tem mais corpo e uma acidez mais marcante, com final ligeiramente seco. Mostrou ser muito bom vinho. De notar que um Premier Crú é um vinho de gama média alta, em que a designação indica a primeira colheita.


JOSEPH DROUHIN LAFORET BOURGOGNE CHARDONNAY 2001 : Este vinho é de outra zona da Borgonha, neste caso Côte-de-Beaune , e também este é elaborado com Chardonnay. No caso deste vinho as uvas vêm de todas as outras zonas, o que lhe permite misturar os «terroirs» e tentar ganhar o melhor de cada um. Mostrou-se mais concentrado, com leve amarelo dourado, no nariz é aromático, com fruta em destaque, alguns frutos secos, mel e algum vegetal, tudo muito harmonioso, na boca corpo mediano, acidez a marcar e dar frescura ao vinho que agradou e se mostrou com bom nível.

TINTOS

JOSEPH DROUHIN LAFORET BOURGOGNE Pinot Noir 2003 : Feito com a casta mais conhecida da Borgonha, com estágio parcial em Madeira e Inox, este vinho mostrou-se com uma leve tonalidade Ruby, de ligeira concentração, com aromas muito limpos e directos a frutos silvestres(bagas). Muito ligeiro na boca, o vinho é suave e delicado, com muita fruta e acidez a dar frescura ao vinho, o que o torna bastante agradável. Para começar não esteve nada mal e mostrou-se bastante interessante esta proposta.

JOSEPH DROUHIN BEAUJOLAIS-VILLAGES 2003 : Vinho da zona de Beaujolais, feito com a casta Gamay. Mostrou-se com uma tonalidade ligeiramente mais escura, mais aromático no nariz, com frutos silvestres, toque floral. Na boca mostrou-se um pouco mais vinho que o anterior, com equilibrio e frescura, e um final de boca médio.

JOSEPH DROUHIN CHAMBOLLE-MUSIGNY Premier Cru 2000 : Mais um vinho elaborado com Pinot Noir. Mostrou uma bonita tonalidade Ruby, no nariz mostra-se com fruta vermelha e alguns aromas florais, leves notas do estágio em barrica, com tudo muito fresco e no seu sítio. Na boca mostra-se muito elegante e sedoso, com a prova de nariz bem presente e com estrutura equilibrada. Um vinho que é mais elegância do que força, a mostrar-se com grande qualidade.

JOSEPH DROUHIN CLOS DE VOUGEOT Grand Cru 2000 : Acabando em beleza, um Grand Crú que na Borgonha significa um topo de gama. Tem estágio em madeira e é elaborado com Pinot Noir. Este vinho que mereceu prova atenta, mostrou uma tonalidade ruby escuro, com aromas iniciais de fruta do bosque (bagas), vai abrindo suavemente com o tempo, para aromas delicados do estágio em madeira, com tudo muito elegante e sem grandes concentrações, os aromas estão lá mas tudo calmo e com qualidade. Na boca tem uma entrada fresca e elegante, mostrando um equilibrio de se tirar o chapéu, harmonia entre boca e nariz, num vinho com uma passagem na boca muito elegante, taninos presentes mas suaves, e uma persistência final muito boa. Sem dúvida um grande vinho que me marcou muito como estreia nos vinhos da Borgonha.

Depois de uma explicação bastante cuidada por parte do responsável, a viagem foi pelos vinhos da mais que famosa casa Australiana, PENFOLDS, de onde vem o mítico GRANGE. Foram provados os seguintes vinhos:

PENFOLDS BIN 407 CABERNET SAUVIGNON 1996 : Este 407, é o irmão mais pequeno do Bin 707, um dos melhores vinhos desta casa. Falando sobre este 407, tem 14% e estágio em madeira de carvalho francês e americano durante um ano. Mostrou-se com tonalidade granada escuro, já com rebordo alaranjado o que revela alguma evolução do vinho. No nariz está presente a casta, com a madeira muito bem integrada no conjunto. Na boca tem uma entrada forte e ao mesmo tempo elegante, com tudo muito bem integrado e de belo nível, final de boca médio e mentolado. Foi uma boa entrada nos vinhos de qualidade Australianos.


PENFOLDS BIN 128 SHIRAZ 1996 : Desta vez em prova um Shiraz, vindo de Coonawarra, com estágio em carvalho francês. Mostrou-se com 13,5% e uma tonalidade granada mais concentrado, em que o passar do tempo já se nota na leve tonalidade laranja no rebordo do vinho. Em nariz de primeiro impacto notas especiadas (pimenta) e fruta vermelha e negra bem madura, ligeiro floral, tudo ainda muito fresco e animado, com algumas notas de torrados e algum chocolate vindo do estágio em barrica. Na boca está no nível do nariz, com fruta e torrados em destaque, acidez a dar alguma frescura ao vinho, com final médio/longo um pouco mentolado. Os quase 10 anos não incomodaram este vinho, que pelo que se vê está em forma. Apreciei bastante este tipo de Shiraz.


PENFOLDS BIN 389 CABERNET SHIRAZ 1996 : Passando para um blend de Cabernet com Shiraz, temos este 389, que tem estágio em madeira de carvalho americano, e como curiosidade, tem estágio em algumas das barricas em que esteve o Grange. Neste BIN 389, tenta-se obter a elegancia do Cabernet com a nobreza do Shiraz. Apresenta-se com 14% e uma tonalidade granada de médiana concentração, com uma prova de nariz com fruta (bagas) bem maduras em destaque, que se ligam muito bem com aromas a baunilha, especiarias, algum pimento lá no fundo. Na boca tem corpo mediano, com destaque para a fruta, algum pimento, e pimentas. Tem alguma adstrigencia com a acidez a dar frescura ao vinho. Vinho agradável, mas em nota pessoal, gostei mais do anterior.


PENFOLDS RWT 1999 : Provar um topo de gama Australiano, digamos que não é todos os dias, este RWT, que quer dizer Red Winemaking Trial, é o terceiro vinho da casa Penfolds, a contar com o Grange e depois o BIN 707. Este RWT, tem estágio em carvalho francês, com 13,5% e uma tonalidade granada escura muito intensa. A nível de nariz, é um luxo de aromas, com fruta madura de excelente qualidade, com destaque para bagas vermelhas e negras, em plena harmonia com notas de especiarias e balsamicos, com um leve floral lá no fundo, tudo numa roda viva de aromas, em que se juntam a pouco e pouco as notas de cacau, café e torrados, uma maravilha o trabalho com a madeira. Na boca, tem uma entrada muito boa, fruta a marcar presença num vinho com corpo mais que presente mas controlado. Acidez no ponto a dar uma frescura muito agradável, tudo em completa harmonia, taninos suaves, a fruta junta-se com especiarias, ligeiro toque mineral, e um final mentolado. Final de boca muito intenso, num vinho de nível mundial. Pergunto se não fosse o Grange, este seria o melhor Syrah do Mundo ? Fiquei rendido.

Foram ainda provados dois vinhos Sauternes,

CHÂTEAU RIEUSSEC 1999 : Este vinho é um Sauterne com S grande, elaborado a partir das castas Sémillon, Muscadelle e Sauvignon,14% e uma tonalidade dourada, brilhante e glicérica. De aromas é um impacto enorme, com fruta em calda, especiarias, frutos secos, alguns torrados do estágio em madeira. Na boca mostrou-se complexo, fresco e com harmonia entre a prova de nariz e boca, final de boca muito grande.

BARON PHILIPPE SAUTERNES 2002: Mais um Sauterne, desta vez um pouco menos concentrado de tonalidade, amarelo dourado. Nariz é aromático, com fruta e notas florais, algo mineral, e faltando alguma concentração de maior nível. Na prova de boca, perde em relação ao nariz, mostra-se algo com falta de açucar em final mediano. Um vinho que não deixou saudades.

Depois de estas maravilhosas provas, o Copo de 3 agradece a simpatia e atenção prestada e pelo acompanhamento e explicação detalhada durante toda a prova .

Passando depois para outro lado do mundo na Adega Algarvia com o destaque para a Itália, muito bem explicados pelo Sr responsável que guiou muito bem o Copo de 3 durante a prova dos vinhos Italianos, a que fica aqui o meu agradecimento pela atenção prestada, e explicação de cada um dos vinho Italianos, mostrando-se estes de grande nível desde a gama mais simples aos mais complexos. Os vinhos provados foram os seguintes:


TORMARESCA BOCCA DI LUPO 2002 : Vinho da região de Apulia - Castel del Monte, vinho elaborado com as castas Aglianico e Cabernet Sauvignon, estágio em madeira, e 14% com uma tonalidade granada escuro. Na prova de nariz mostrou-se aromático, com notas de especiarias, fumo, fruta vermelha e negra, aparecem com o tempo notas balsamicas (mentol) algum café, torrados, ligeiro álcool no fundo que não atrapalha a prova. Na boca mostrou-se encorpado e poderoso, de bom nível a corresponder com a prova de nariz, vinho que ainda precisa de tempo para se harmonizar, mas que já dá uma bela prova.


MARCHESI ANTINORI SANTA CRISTINA 2004 :
Vinho da zona de Toscana, pelo que me foi dito, tem uma produção superior ao 1.000.000 de garrafas, produzido com 90% Sangiovese, 10% Merlot, com estágio e madeira e apresenta-se com 14%. Tonalidade ruby de fraca concentração, nariz com destaque a fruta negra madura acompanhada de algumas leves notas derivadas do estágio em madeira, com final a especiaria. Na boca tem corpo mediano, harmonioso, bem feito, ligeira e suficiente acidez para lhe dar frescura. Tem um final especiado com persistência média. Um vinho muito bem feito e agradável, adequado para acompanhar um bom fuzzili.


MARCHESI ANTINORI PÈPPOLI CHIANTI CLASSICO 2003 : Desta vez passamos para um vinho Chianti Clássico, elaborado com as castas 90% Sangiovese, 10% Merlot and Syrah, com estágio em madeira, este vinho que se apresenta com 13,5%, e uma tonalidade ruby de concentração mediana. Na prova de nariz entrada a fruta vermelha de boa qualidade e alguma baunilha e especiarias, com um fundo de aromas vegetais muito bem colocados sem ser a mais. Na boca tem uma boa entrada, com o conjunto a resultar bastante equilibrado, ligeira adstrigencia/secura final que em nada prejudica o vinho. Parece ser vinho destinado a acompanhar comida, tal como foi explicado, os vinhos Italianos são em geral feitos com esse objectivo. Bastante agradável este Chianti.


TOMASSI 2000 AMARONE DELLA VALPOLICELLA CLASSICO : Desta vez a zona é Valpolicella, de onde sai este vinho, elaborado com as castas, Corvina Veronese 65% Rondinella 30%Corvinone 5% e tem um estágio de cerca de 2 anos e meio em barrica. Este vinho com 15% mostra-se com uma tonalidade ruby escuro. Na prova de nariz, mostrou-se com entrada de fruta vermelha madura muito boa e bem colocada, notas da madeira bem integradas no conjunto, caixa de charutos, cacau, café, especiarias, num perfil aromático quente e sedutor. Na boca mostrou corpo, bem interligado com a prova de nariz, elegante e sedutor, com final de boca muito bom e guloso. Um grande vinho, que me impressionou pela sua harmonia sedutora apesar de ter 15%. Assim se entende a razão pela qual a Itália é responsável por alguns dos melhores vinhos do Mundo.


MARCHESI ANTINORI The Pian delle Vigne - Brunello di Montalcino - 1999: Para acabar em beleza um vinho da zona de Brunello di Montalcino, elaborado a partir da casta Brunello, com estágio em madeira, apresentou-se com uma tonalidade ruby muito carregado e intenso. Na prova de nariz, pimenta, muita e boa fruta negra em compota, licor de ginja, tabaco, chocolate e baunilhas, acompanham umas notas florais de fundo, tudo muito complexo e cheio de força. Mostrou-se na boca equilibrado, elegante e bem feito, taninos presentes e sedosos, tudo muito bem colocado, num vinho de alto nível, com final muito longo. Um grande vinho que me agradou bastante.

Foram provados ainda mais alguns vinhos interessantes, para completar esta pequena volta ao mundo por parte do Copo de 3:

Pewsey Vale Vineyard - Eden Valley Riesling 2003 : Este Riesling apresenta-se com uma tonalidade amarelo de fraca intensidade, de pouca concentração, no nariz aromas de muita fruta, limão, lima acompanhados de uns aromas especiados, com fundo mineral. Na boca é muito fresco, com a fruta a aparecer, juntamente com um final mineral e uma acidez no ponto a dar a frescura certa ao vinho. Grande Riesling Australiano.

Bassermann-Jordan Forster Jesuitengarten Riesling Spatlese trocken 2004: Este Jardim dos Jezúitas Riesling vem da Alemanha, tonalidade cítrica de fraca concentração, no aroma fruta bem presente juntamente com leve especiado no final. Na boca a acidez toma conta do assunto dando frescura ao vinho, fruta presente, mas no final de boca é um pouco curto apesar de frutado. Bom Riesling.

M. Chapoutier Australia Mount Benson Shiraz 2000: Vinho biológico, com estágio cerca de um ano em carvalho francês, tem uma tonalidade granada, na prova de nariz entrada a fruta (bagas), ligeira especiaria com destaque para a pimenta e umas suaves e discretas notas derivadas do estágio em madeira.Na boca é suave e redondo, sem muito para contar, muita fruta e alguma especiaria fazem com que seja um vinho fácil e simpático.

Redbank Fighting Flat Shiraz 2002: Tonalidade ruby escuro, com nariz frutado, toque floral em conjunto com algum balsamico (mentol), abre para torrados, café e cacau, derivados do estágio em madeira. Na prova de boca mostrou-se bem equilibrado de sabores, com equilibrio entre nariz e boca, final especiado e mediano. Um vinho que se destaca pela elegancia do conjunto. Muito bem.

Redbank The Fugitive Cabernet Sauvignon 2002: Tonalidade ruby escuro, muito concentrado, no nariz mostra notas de fruta negra, aroma a eucalipto que se junta com ligeiros torrados da madeira, baunilha. Na boca mostra-se com corpo mediano, equilibrio, fresco, final médio com ligeiro mentolado. Um vinho interessante.

Redbank The Widow Jones Viognier 2005: Tonalidade amarelo dourado de fraca intensidade com rebordo esverdeado, mostrou-se muito floral na prova de nariz, com aromas frutados (laranja), juntamente com algum mel e baunilha, no fudo tem ligeiro toque amanteigado. Na boca mostrou-se com corpo mediano, muito bem a nível de sabor, fruta com mel, saboroso, com acidez a dar frescura, tem um final médio/longo.

Neethlingshof Sauvignon Blanc 2005: Este vinho de estranho nome vem do Continente Africano, mais propriamente da África do Sul. Com tonalidade amarelo intenso e brilhante de fraca concentração e rebordo esverdeado, mostrou-se impactante na prova de nariz, com muita fruta tropical (ananaz), erva fresca, pimenta e ligeiro mineral. Na boca tem boa entrada, corpo mediano, com boa acidez mas mostrou-se muito verde, talvez um pouco verde a mais para o meu gosto, a lembrar espargos verdes no final longo. Um estilo diferente desta casta.

Para finalizar uma prova da gama 2002 do Marquês de Grinon - Domínio de Valdepusa, produtor da zona de Toledo que eu gosto bastante, fica então uma breve análise dos seus vinhos de 2002:

Marques de Grinon Domínio de Valdepusa Syrah 2002: Tem estágio de barrica nova e semi nova de carvalho francês, tem 15% com tonalidade granada intenso de boa concentração. Na prova de nariz é muito expressivo, com os aromas a saltarem do copo, fruta madura, especiarias, aromas vegetais, florais (violetas), surgindo depois os torrados, baunilha, cacau, café e leve bombom de ginja. Na boca é expressivo de corpo com acidez no ponto, harmonia entre nariz e boca, com final de boca longo, um vinho Syrah de grande nível.

Marques de Grinon Domínio de Valdepusa Cabernet Sauvignon 2002 : Estágio em barrica de carvalho francês durante um ano, apresenta-se com ruby escuro, prova de nariz a dar entrada com especiarias e aromas vegetais, ligados a uma fruta vermelha madura, com alguns torrados e baunilhas a marca ligeira presença. Na boca mostra bom corpo, mas ainda alguma adstrigência pelo que deve ser guardado mais um tempo. Um bom Cabernet.

Marques de Grinon Domínio de Valdepusa Petit Verdot 2002: Este é considerado um dos melhores Petit Verdot de Espanha, a vindima é nocturna, e tem estágio em carvalho francês. Tem uma tonalidade granada de intensidade média, na prova de nariz tem uma entrada muito mineral, seguidos de notas vegetais e alguma fruta vermelha, tudo muito bem ligado. Alguns balsâmicos a dar frescura ao aroma, juntam-se a ligeiros torrados, café, baunilha e cacau do estágio em madeira. Tem muita harmonia de nariz, que continua na prova de boca, onde temos fruta ligada com cacau, e ligeiro mentolado no final. A acidez está no ponto, o que faz com que este vinho seja uma pequena maravilha a não perder.

Depois dos estrangeiros uma passagem para terras lusas, foram provados os seguintes vinhos:


Marcolino Sebo Trincadeira 2003: Depois de provada a colheita 2002, que se mostrou muito bem, eis que temos nova colheita. Este 2003 mostrou-se dentro do perfil do 2002, mas um pouco mais equilibrado e com um pouco mais de concentração. Uma boa aposta, apesar de ser um vinho que pouco vejo à venda.

Marcolino Sebo Rosé 2005: De surpresa, eis que me dou a provar um Rosé de 2005, talvez seja este o primeiro de 2005 a sair para o mercado, mas o que interessa isso quando a qualidade está presente e o vinho se torna agradável ? Elaborado com Castelão e um pouco de Aragonez este rosé é cativante a nível de aromas, com uma boca fora dos excessos de fruta e gomas, muito bem com acidez no ponto, um belo rosé sem dúvida, vamos ver como se aguenta até ao Verão de 2006, mas a leve ponta de álcool que ainda mostra, pode dar esperança ao vinho.

Marcolino Sebo - Visconde de Borba Reserva: Mais uma boa surpresa deste produtor, bom nariz com boa da fruta e bom trabalho com as madeiras, falta um pouco mais de harmonia de conjunto mas o vinho está guloso neste momento.


Coop Portalegre 50 Anos : Vinho lançado para comemorar os 50 anos desta Coop. O vinho mostrou-se muito concentrado de tonalidade e aromas, com madeira ainda por se ligar no restante conjunto, revelou uma adstrigencia que em nada agradou, talvez precise de tempo, assim espero. De momento é mais bonito por fora que por dentro, vamos ver se com o tempo se inverte a situação.

Nunes Garcia - António Maria 2002 - O topo de gama em Homenagem ao amigo deste produtor de Moura. Vinho encorpado, poderoso, um Alentejano de raça da zona de Moura, quente de aromas, tudo muito bem colocado, segue a grande qualidade do Reserva 2001, dentro de estilo mas muito melhor. Vendido a 100€ a caixa de 3, parece que não aguenta muito tempo por aí. Uma curiosidade, vai começar a venda de vinho a garrafão neste produtor, pelos que tinha conhecimento é um vinho de bela qualidade... e quem avisa...

Cor Dão 2004: Muito aromático, com fruta e aromas florais no nariz, boca com fruta bem colocada e fresca, um vinho muito bem conseguido, a ser vendido por um preço excelente, parece que o Dão está a lançar vinhos baratos de muito boa qualidade, este pelas mãos do mágico do Dão, Álvaro Castro.


Dourat 2002: Fruto da união entre Douro e Priorat, surge este Dourat, elaborado com a Touriga Nacional da Quinta das Tecedeiras, e com a Garnatxa Roja dos Viñedos de Ithaca, com estágio em madeira durante quase um ano. Tonalidade granada escuro, nariz com entrada muito frutada (frutos silvestres), especiarias, ligeiro floral, abre para aromas torrados, café, cacau, mentol em fundo mineral. Na boca tem bom corpo, com presença das notas da prova de nariz, com acidez a dar ligeira frescura ao vinho. Taninos presentes que pouco incomodam, com final longo e fresco com leve sensação mentolada e ao mesmo tempo apimentada. Grande vinho, de uma ligação de duas zonas de Top.

ENCONTRO 1: Este vinho feito pela Quinta do Encontro, está ainda em estágio, com rótulo provisório, vai ser o topo de gama desta casa, mostrou-se muito pujante com muita fruta e madeira ainda por ligar, mas pelo que deu para provar a coisa promete.

Quinta da Pacheca Reserva 2003: Tinto muito sério, com bons acabamentos em todos os níveis, madeira com trabalho muito bom, boa ligação com a fruta, temos um vinho guloso, mas com equilíbrio entre os aromas, sem excessos de chocolate, café e companhia. Uma grande aposta para o próximo ano.


Quinta do Crasto Xisto: Uma novidade com rótulo ainda provisório, classificado por JPM como um dos melhores do ano, este vinho tem um equilíbrio fora do comum entre fruta e madeira, é fruto de uma ligação Douro com França, aqui respira-se alta qualidade, foi um dos grandes vinhos deste Encontro.


Crasto Touriga Nacional 2003: Depois de um Touriga Nacional 2001 que foi classificado com 96 Pontos pelo Parker, olhamos para este 2003 com as mesmas esperanças, pois mas as coisas não são bem assim, e este 2003 não se mostra ainda à altura do 2001. Não deixando de ser um belo vinho, mas não tão exuberante a nível de aromas ou corpo como o anterior. Esperemos um tempo a ver se acorda... senão sempre teremos um belo Touriga.

Crasto Tinta Roriz 2003: Um vinho de se tirar o chapéu tal como o anterior, mas que em minha opinião consegue ser mais expressivo, e mostrando o enorme potencial para vinhos de elevada qualidade desde produtor.

E foi mais um Encontro que acabou, este ano mais dedicado aos vinhos Estrangeiros, com o objectivo de se conseguir têr e também dar, uma visão mais ampla dos Vinhos do Mundo, 2006 vai ser mais um ano com grandes vinhos, onde as colheitas 2003 e 2004 prometem muito... para o ano cá estaremos de novo, até lá boas provas.


O Copo de 3 agradece a colaboração do fotógrafo Carlos Pinto.

Copo de 3 no Encontro do Vinho e Sabores 2005 PARTE I

E pronto chegou o Encontro mais esperado por todas as pessoas que gostam de vinho, desde os mais curiosos até aos mais entendidos, eles estão todos lá de copo na mão, a provar os belos néctares que vão sair para o mercado ou que já estão no mercado, é o Encontro com o Vinho e Sabores... e o Copo de 3 esteve lá.

Sábado dia 5 de Novembro:

Com uma pequena viagem pelos Vinhos do Mundo, começou com uma prova de 3 tipos de Chardonnay de 3 países diferentes, Chile, Austrália e Argentina, sendo os vinhos em prova:

Trivento Golden Reserve Chardonnay 2004 Argentina: Tem uma tonalidade amarelo dourado com rebordo esverdeado, mostra-se muito aromático, com fruta tropical, leve massa-pão do estágio em madeira, mais untuoso na boca que os outros vinhos da prova, um belo vinho, sendo este o que mais se destacou na prova.

Casillero del Diablo Chardonnay 2004 Chile: Apresentou-se com tonalidade leve e dourada, boas notas a fruta tropical leve recordação de maçã verde, especiarias e baunilha do leve estágio em madeira. Final de boca é médio/longo com a boca igual ao nariz e leve mineral no final. Muito bem este vinho Chileno faltando um pouco de corpo para o meu gosto pessoal.

Rosemount Diamond Chardonnay 2003 Austrália: De uma tonalidade mais carregada, vinho com estágio em inox, mostrando-se mais simples e directo em aromas do que os restantes, mostra bom nível mas não deixa de ser um vinho simples e agradável.

Passando para a Nova Zelândia provámos um Villa Maria Sauvignon Blanc 2004... aroma à casta num vinho bem equilibrado e bem de boca e nariz. Muito apelativo e de bom nível.

Passagem por França com um Rosé de La Chavaliere 2004, diferente da moda tuga de rosés super frutados, este mostrou-se elegante e com uma prova de boca muito distinta. Rosé muito harmonioso e cheio de classe.

Breve salto pela Áustria de onde veio um Schloss Gobelsburg 2003 Grüner Veltliner Steinsetz, de destacar para quem não sabe que Grüner Veltliner é a casta com que se faz este vinho, e é a casta responsável por parte dos grandes vinhos da Áustria, alguns deles desta mesma casa. Este vinho mostrou-se muito mineral e fresco com nível de acidez bem marcado... tem um corpo que aguenta o vinho durante toda a prova, belos aromas, um tipo de vinho completamente diferente dos nossos, de grande categoria e que me agradou muito.

Da Áustria ainda form provados os famosos KRACHER, elaborados a partir das castas Chardonnay e Welschriesling foram provados o Kracher Traminer Auslese 2003 mais simples que se mostrou interessante mas a pecar no final de boca, e o Kracher Beerenauslese Cuvée 2003, muito mais intenso e com um final de boca muito superior ao Auslese, notas de muita fruta, floral, mel, tudo em excelente equilibrio de nariz, com uma prova de boca ao mesmo nível com a acidez no ponto a dar a frescura adequada para que o vinho não se torne enjoativo, um grande grande vinho doce.

Mais ao lado,a Hungria com os famosos e lendários Tokaji, neste caso os vinhos da famosa casa OREMUS propriedade da Vega Sicilia, onde deu para provar:
Oremus Tokaji Late Harvest 2002 : muito bem na prova de nariz, bastante bom a nível de aromas com fruta, mel, floral, mostra-se fresco e elegante mas peca um pouco no final de boca e no corpo, ainda tendo em recordação o anterior Kracher.
Oremus Tokaji Aszú 3 Puttonyos 1983: com uma tonalidade âmbar muito limpa e brilhante, mostrou-se bem no nariz, com fruta (pêssego), mel e leve toque especiado, na boca tem bom corpo, boa acidez mas a faltar alguma doçura.
De lembrar que estes vinhos são elaborados a partir das uvas Aszú, uvas estas que tem a chamada podridão nobre (Botrytis Cinerea), dentro da quantidade de açúcar, podemos classificar com 3, 4, 5 ou 6 Puttonyos, onde 3 puttonyos implica adicionar 75 kg de pasta Aszú a 136 litros de mosto.

Quase a chegar a Portugal, passamos ainda pela vizinha Espanha, em que metemos em prova 3 grandes vinhos:

Pintia 2002 : Da região de TORO, 14,5% vai no segundo ano este vinho das Bodegas Vega Sicilia, tem um perfil muito mais domesticado que a colheita de 2001, o que o torna mais fácil de beber neste momento, o que não implica que com mais um tempo de garrafa fique melhor. Feito com Tinta de Toro, aromas com muita fruta e torrados da madeira, cacau, café... Tem uma boa prova de boca, com fruta equilibrado entre nariz e boca, harmonioso. Persistência final muito boa a lembra café com cacau e algum fruta. Belo vinho e o segundo da prova.

Aalto 2001 : Ribera del Duero, 100% Tempranillo com 14%, este vinho perdeu qualidade devido a que as melhores uvas foram para o AALTO PS, mas estamos frente a um vinho que se mostra com boas entradas de fruta madura, alguns torrados acompanhados de um leve caramelo. Na boca mostra-se um pouco adstrigente, com acidez a dar frescura a um vinho que mostra qualidade. Dos 3 vinhos em prova foi o que se mostrou mais fraco.

Alion 2001: Ribera del Duero, 100% Tinta Fina, 14%, um vinho que só ganha com o tempo, cada vez se encontra melhor, no nariz o aroma distinto e elegante, ao mesmo tempo complexo, com notas derivadas do estágio em barrica a juntarem-se à fruta de grande qualidade. Torrados suaves, com fruta madura, cacau, café, leve especiarias com um toque mentolado. Na boca tem o nível do nariz, muita fruta com os aromas a cacau, café, vinho elegante e sedoso na boca, com uma persistencia final alta e de grande nível. Sem dúvida o melhor dos 3 em prova, e um vinho que não deixa ninguém indiferente. Os 95 Pontos do Sr Parker ficaram então explicados.

Acabando a viagem pelos vinhos estrangeiros, é tempo chegar a Portugal.
A primeira prova foi o melhor branco da prova feita pelo Encontro do Vinho, o Esporão Private Selection Branco 2004, que eu sou grande apreciador, mais um vez mostrou um grande nível, muito bem afinado com muito bom nariz, tem o trabalho de madeira muito bem feito, guloso, e ao mesmo tempo a acidez faz com que seja fresco, um vinho que me lembra a primeira colheita de 2001... um grande branco. Os outros premiados foram o tinto Cortes de Cima Touriga Nacional 2003 e o Espumante Quinta de Cabriz.

De passagem para os Tintos, e começando pelo Alentejo:

Dona Maria Reserva 2003: Muito boa entrada de nariz, com madeira e fruta muito bem trabalhadas num conjunto mais que apelativo, sensual e muito tentador, peca ainda um pouco na boca pois vai querer dormir um pouco mais, para harmonizar todos os seus atributos, a coisa promete.

Dona Maria «Amantis« 2004 - amostra casco - Vinho que se vai situar no meio da gama, está com muito bons aromas de nariz, tem potencial o Amantis, e na boca o perfil de amostra mais que presente.

Herdade dos Grous Reserva 2004: Este vinho foi o vencedor da Talha de Ouro da Confraria dos Enófilos do Alentejo, muita gente pensa que a Talha foi para o seu irmão mais novo, mas não passa de um erro, o premiado foi este, e mostra com todas as suas virtudes e qualidades o porquê da escolha.

Grou 2004: Novo produtor da zona de Cabeção, quando provei este vinho e não me pareceu um Alentejo mas sim um Douro, mas é mesmo Alentejo, e temos uma pedra preciosa em bruto à espera de ser lapidada, se lá vai chegar só o tempo o pode dizer... por agora está ainda tudo por se juntar e harmonizar mas mostrou-se muito bem.

Breve passagem pelos vinhos da Malhadinha, com prova do Malhadinha Tinto 2004 ainda em amostra, mas que parece ser melhor vinho que o 2003, provou-se também a novidade Pequeno João ainda em amostra e que tem a particularidade de ser apenas engarrafado em garrafas de 375 ml mas é um vinho que segue a qualidade do produtor, e também do Aragonez, este que se arrisca a ser o melhor exemplar desta casta por terras do Alentejo.

Deixamos as terras do Alentejo e com breve paragem pela Estremadura, no Farol daquela zona, Quinta do Monte D´Oiro.

Madrigal 2004 - Feito com a casta Viognier, apresenta-se com 14% de tonalidade amarelo dourado de fraca intensidade, no nariz é fabuloso, uma delícia, mas na boca este vinho perde muito para o nariz, muito equilibrado com acidez muito bem colocada a fazer deste Madrigal um caso muito sério... caso fosse tão exuberante na boca como no nariz.

Colheita 7 de Outubro - Respiremos bem fundo e mergulhamos neste líquido de tonalidade dourada, aromaticamente bem melhor que o Madrigal, este vinho parece um SPA para o nariz, na boca tudo bem colocado, harmonioso, equilibrado, com notas de infusão de mel que se instalam suavemente na memória, sem dúvida um vinho excelente...

Quinta do Monte D´Oiro Reserva 2001 - Finalmente um Reserva que eu gostei... pensei que tinha algum defeito na lingua mas este vinho curou-me... está com um trabalho muito bom de madeira, tudo muito bem, elegante, suave, harmonioso, tudo muito bem e tudo muito grande. Talvez o melhor Reserva desta casa.

Seguindo viagem, destino Douro:

Muxagat Branco 2004: Boa prova de nariz, com boa entrada, muito aromático e com perfil mineral.

Muxagat Tinto 2003: Está um vinho engraçado mas que não me despertou muita curiosidade.

Brunheda Vinhas Velhas 2003: Ainda está a acordar, mas vai ser coisa séria, o nível de qualidade lembra o Vinhas Velhas de 2001.

Vale da Corça 2001: Topo de gama desta casa, um ano em garrafa só lhe fez bem, e afinou para um conjunto muito mais elegante, poderoso de aromas mas tudo muito bem colocado no nariz. Prova de boca gulosa e madeira de muito bom nível.

Aneto 2003: Muito bom nariz com uma excelente evoluçao em copo, o trabalho de madeira está lá e muito à frente... tem tudo aquilo que eu gosto num vinho, um Douro sem exageros. Na boca está muito equilibrado, lembra um pouco o 4 Ventos Reserva 2001, tudo com grande perfil num grande vinho de Portugal e claro está, do Douro.

Charme 2004 -amostra- Pois provar este vinho é algo que não se esqueçe ainda por mais quando o nariz é um mimo, e ainda estamos com um vinho em amostra... mas pronto, é um Bouquet que respira Charme, ainda melhor que o 2002, e na boca é melhor nem dizer nada.

Batuta 2003: Já anda por aí, está bom, está mesmo muito bom com um perfil diferente do Charme mas não se podem comparar estilos diferentes, é um vinho de alto nível, este par de jarras assusta pela sua elegancia, cada um com seu estilo mas sem dúvida alguma que são dois dos melhores vinhos de Portugal... pronto eu calo-me.

Quinta do Vallado Tinta Roriz 2003 : o melhor Tinta Roriz que provei no Encontro, a casta no seu explendor máximo, sinceramente está redondo, taninos muito bem integrados no vinho que dá um prazer no nariz enorme, o tabalho com a madeira, os torrados, baunilhas, pontas de cacau e café, esses caramelos de leite... hummmm.


E pronto, este foi o primeiro dia do Encontro, muita coisa ficou por provar, e espero voltar com mais novidades, na segunda parte Segunda dia 7 de Novembro.

08 novembro 2005

PRÉMIOS ENCONTRO DO VINHO 2005

Como já vai sendo costume, e com algum motivo de brincadeira, aqui ficam os prémios do Encontro com o Vinho e Sabores 2005.

PRÉMIO VIVA O DESARMAMENTO MUNDIAL: Com esta campanha o Douro este ano não apresentou BOMBAS de alto efeito, pelo que nós agradecemos.

PRÉMIO ONDE ESTÁ O WALLY: Foi impressão minha ou o produtor dos vinhos Foz de Arouce não esteve presente ?

PRÉMIO EU É QUE SEI... Para um conhecido, que após grande concentração a provar um vinho diz : -Tem aqui umas notas a mais de madeira ???
Resp- Não. Não. O vinho só tem estágio em INOX.

PRÉMIO DISTRIBUIDORES DE SIMPATIA: Dois são os premiados, a VINALDA e a VINHO E COISAS / UVA, que mostraram uma enorme simpatia e atenção,que disponibilizaram para as provas temáticas efectuadas pelo Copo de 3. Os meus agradecimentos.

PRÉMIO INFILTRADO: Continuo a não entender o que faz o Stand do Single Malt Club num Encontro destinado a Vinho e Sabores mas pronto...

PRÉMIO GUROSAN: Para todos aqueles que se empenharam em empurrar, lutar, e finalmente encher um copo inteiro de vinho na montra dos melhores vinhos do Encontro, e que no final lá se iam partindo os copos.

PRÉMIO PINGUINHAS: CAVES TRANSMONTANAS... Desde os que nos servem um copo quase cheio, aos mais normais, ou mesmo aqueles que apenas deitam um pouquinho, neste caso no meu copo foi deitado uma porção micro de Vértice 2003, aquilo que em muitos outros serve para avinhar o copo, produtor este que rapidamente virou costas ao assunto e se foi embora.

PRÉMIO VIVO LUXO: Quando todos os outros produtores estão em barraquinhas iguais os Senhores da Sogrape como dinheiro não falta, eis que aparecem com um Stand de se tirar o chapéu, falta dizer que alguns dos seus vinhos não estão de acordo com a qualidade do Stand...

PRÉMIO O OUTRO QUE TRABALHE: Quando perguntei ao rapaz de um stand se podia provar um dos vinhos, simpáticamente fui informado que os vinhos não eram da sua responsabilidade e não me podia servir... deu para rir, mas nunca mais lá meti o copo.

VINHOS:

PRÉMIO VOLTA PARA A TUA TERRA: Grão Vasco Alentejo

PRÉMIO MELHOR TINTA RORIZ: Quinta do Vallado Tinta Roriz

PRÉMIO AMOSTRA MAIS CHARMOSA: Charme 2004

PRÉMIO MAIOR ZURRAPA: Este prémio não foi atribuido devido à elevada qualidade dos vinhos provados.

PRÉMIO ATÉ TE LAMBES: KRACHER CUVÉE BEERENAUSLESE


PRÉMIO ATÉ QUE ENFIM LÁ GOSTEI: Quinta do Monte D´Oiro Reserva 2001

PRÉMIO BRANCO MAIS BRANCO NÃO HÁ: Esporão Private Selection 2004 Branco

PRÉMIO VÁ PARA FORA CÁ DENTRO: Quinta do Crasto XISTO, e Quinta do Monte D´Oiro Colheita 7 de Outubro.

PRÉMIO ELA POR ELA: Alentejo e Douro, cada vez mais, os maiores e melhores produtores de vinho em Portugal, o sufoco nas outras zonas é mais que real.

PRÉMIO VINHOS SURPRESA LÁ DE FORA: Tinto PENFOLDS RWT 1999 e Branco Eden Valley Riesling 2003 Pewsey Valley Vineyard

05 novembro 2005

PROVA Quinta dos Grilos Branco 2004

Depois de provado e confirmada a grande aposta em termos de relação preço/qualidade que é o Quinta dos Grilos Tinto 2003, desta vez em prova temos a versão Quinta dos Grilos Branco 2004, elaborado pela Dão Sul a partir das castas Encruzado e Cerceal Branco, apresentando-se o vinho com 12,5%.
Mostrou uma tonalidade citrina muito leve e de pouca concentração, denotando um vinho com estágio em inox.
Na prova de nariz mostrou uma entrada com aromas florais e alguma fruta, tem um aroma fresco e limpo, de boa intensidade. Na boca mostra-se com corpo mediano, entrada fresca e viva, com acidez bem colocada dando a frescura correcta ao conjunto, que se mostra simples mas eficaz com final médio e alguma mineralidade. Este Quinta dos Grilos tem uma boa relação preço/qualidade, tal como a sua versão tinto. 14,5

04 novembro 2005

Um Copo de 3 com Nuno Morais

Mais um entrevistado no Copo de 3, desta vez falamos com o Nuno César Galvão Carita de Morais, 24 anos, natural de Elvas e Estudante do 4º ano da Licenciatura em Engenharia Agronómica (Ramo de Viticultura e Enologia) no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa. Neste momento faz parte da actual direcção da APJE, sendo Vice-Presidente com função de Relações Públicas.
Decorreu assim a entrevista:

- Copo de 3: Boa tarde Nuno, preparado para a entrevista ?
- Nuno Morais: Boa tarde, sim porque não !

- Copo de 3: Como entraste no mundo do vinho ? E o gosto pela prova quando foi ?
- Nuno Morais: A minha chegada ao mundo do vinho é bastante recente, uma vez que foi quando entrei para o Instituto Superior de Agronomia (ISA), que me despertou o “bichinho” sobre a viticultura e pelo vinho em geral. O gosto pela prova começou bem mais cedo, por estranho que pareça; desde miúdo que sempre gostei de andar a enfiar o nariz nos cozinhados da minha Mãe e de provar tudo o que desconhece-se, como o vinho por exemplo.

- Copo de 3: Já alguma vez bebeste um copo de 3 ?
- Nuno Morais: Já à algum tempo, quando era mais gaiato.

- Copo de 3: Que papel tem o vinho na sociedade hoje em dia ?
- Nuno Morais: Eu creio que o vinho na sociedade hoje em dia, tem um papel importante e preponderante na agricultura do nosso País, embora também creio que, hoje em dia se está a chegar ao um ponto de saturação de mercado, ou seja, existe uma superprodução de vinho para o consumo existente no mercado, pelo qual não sei se não será necessário, principalmente os médios produtores terem um pouco de atenção, em relação a esse ponto.

- Copo de 3: É melhor provar sozinho ou em grupo ? Tens grupo de prova ?
- Nuno Morais: Sem duvida nenhuma, prefiro provar em grupo do que sozinho, não só pelo aspecto “social”, mas também pelo aspecto sensorial que varia de pessoa para pessoa e que nos leva a conseguir caracterizar melhor um vinho em questão. Não, não tenho nenhum grupo de prova fixo.

- Copo de 3: Que opinião tens dos críticos nacionais ? E estrangeiros ? Identificas-te com algum ? Porquê ?
- Nuno Morais: Sem querer meter a foice em ceara alheia, a minha opinião sobre os críticos nacionais não é má, muito embora creio que por vezes não é totalmente imparcial a crítica de vinhos associados a grandes casas e ao invés os “novos” produtores por vezes sofrem críticas severas demais; contudo isto não quero dizer que a crítica em geral seja má, nem pouco mais ou menos, mas por vezes podia ser um pouco mais cuidada…

- Copo de 3: Que vinho escolherias para beber agora ?
- Nuno Morais: Bem, eu sempre achei que um vinho apenas consegue ser “esplendoroso”, se combinado com a correcta iguaria (completando-se mutuamente); mas simplificando as coisas, porque não fugir um pouco do característico (vinhos tintos e vinhos brancos) e escolher, por exemplo, um Inniskillin - Cabernet Franc (Ice Wine), e acompanhado sem dúvida alguma por frutos secos (nozes, pinhões, entre outros).

- Copo de 3: Fazes parte da direcção da APJE, queres falar um pouco sobre essa Associação ?
- Nuno Morais: A Associação Portuguesa de Jovens Enófilos (APJE) sedeada no Instituto Superior de Agronomia (ISA), tem como objectivo dar a conhecer (essencialmente aos jovens) o mundo do vinho, através de provas de vinhos, cursos, visitas a produtores, entre outros aspectos. Neste momento esta nova direcção na qual me integro ainda está numa fase de transição/adaptação, de modo que ainda temos muitas ideias no ar e poucas já programadas. Creio que de momento contamos com cerca de 300 a 400 sócios efectivos. Estamos também a tentar relacionarmo-nos com a Confraria de Enólogos do Alentejo, entre outras associações, de modo a que possamos alargar um pouco a nossa área de intervenção.

- Copo de 3: Como encaras o papel dos jovens enólogos em Portugal ? A integração no meio dos mais velhos e conhecidos é fácil ?
- Nuno Morais: Creio que o papel dos jovens enólogos é bastante importante, como em qualquer outra profissão, pois é neles que se encontra o futuro, neste caso, da viticultura e enologia do nosso país, são eles que vão continuar e se possível melhorar tudo aquilo que até agora se tem feito. A integração no meio, se por um creio ser fácil por outro também creio ser bastante complicada, ou seja, se por um lado os jovens se integram facilmente no meio, por outro lado o produto/resultado dessa integração não é bem aceite por aqueles que já estão no meio à mais tempo.

- Copo de 3: Como estudante de enologia, e futuro enólogo, qual a região em que mais gostavas de trabalhar em Portugal ? E lá fora ? Porque as escolhas ?
- Nuno Morais: Eu creio que poder um dia vir a fazer aquilo que gosto, já uma recompensa extraordinária, mas como bom alentejano que sou, adoraria trabalhar no “Alentejo do meu coração”, embora também me atrai bastante a possibilidade de um dia poder trabalhar na região do Douro. No estrangeiro, gostava por exemplo de poder trabalhar na Nova Zelândia, Austrália, mas não por muito tempo; saudades…

- Copo de 3: O que achas do Alentejo não ter uma Licenciatura em Enologia quando é a região que mais vinho produz em Portugal ?
- Nuno Morais: Creio que não é pelo facto de o Alentejo produzir mais vinho que qualquer outra região de Portugal que deveria ter uma Licenciatura em Enologia, mas sim porque o Alentejo apresenta características que poucas regiões do País apresentam para esse tipo de ensino, que exige uma vertente bastante prática e que em Lisboa ou no Porto não se conseguem. A Universidade de Évora, por exemplo tem condições extraordinárias para o ensino em Viticultura e Enologia numa das propriedades da Universidade, nomeadamente a Herdade da Mitra, mas também o facto de no Alentejo existirem grandes e médios produtores com os quais se pode tirar muito partido, e que a meu ver se consegue uma vertente muito mais prática dos cursos e que se traduz numa melhoria tanto para os “futuros profissionais” como para o ensino em geral. “O que acha de um médico acabar o curso sem nunca ter visto sangue?” A situação é a mesma.

- Copo de 3: O futuro está nos varietais ou nos vinhos de lote? A moda varietal já passou ? Tens preferências ?
- Nuno Morais: A meu ver a moda dos varietais não passou, mas parece cada vez mais que está de volta. Creio que com os vinhos de lote, quando bem feito o lote, se consegue um vinho muito mais equilibrado e com uma maior harmonia muito maior, que por vezes com um varietal não conseguimos (atenção eu sou perdido por varietais de Touriga Nacional).

- Copo de 3: Na tua visão qual vai ser a próxima moda ? E a região com mais para dar ? Porquê ?
- Nuno Morais: A próxima moda não sei qual será, embora a região que creio que terá mais para dar será o Alentejo, se as condições climáticas ajudarem… Devido a que neste momento tenho a sensação que é a região vitivinícola do nosso País que apresenta as condições tanto ecológicas como climáticas, mais favoráveis para uma produção de vinhos com um elevado padrão de qualidade. Também porque, do meu ponto de vista, temos muitos vinhos alentejanos de uma gama media/média-alta, embora tenhamos poucos vinhos que possamos considerar como excepcionais, não se devendo à falta de talento ao nível da região nem dos produtores/enologoas, mas sim (na maior parte, não na sua totalidade) uma elevada aposta em altas produções, ao invés (por exemplo) da região do Douro que na sua maioria aposta na qualidade acima de tudo.

- Copo de 3: Em Portugal devemos apostar mais em castas estrangeiras ou nacionais ? O que falta às nossas castas para serem tão bem vistas como a Chardonnay ou o Cabernet, Merlot...?
- Nuno Morais: Creio que devemos apostar em ambas. Em relação às nossas castas serem mais ou menos bem vistas que as estrangeiras, creio que acima de tudo se deve á questões de adaptação/produção de determinadas castas aos climas vigentes em determinadas regiões. Por exemplo a recente entrada da casta Syra nas vinhas/vinhos nacionais, a meu ver deve-se a que foi homologada recentemente para o nosso País e que é uma casta com umas capacidades produtivas associadas a um padrão de qualidade bastante elevado, o que levou a que muitos dos nosso produtores optassem pela introdução desta casta nos seus vinhos. Por sua vez já tínhamos assistido a uma situação similar à alguns anos atrás com o Cabernet Souvignon.
Em resumo umas melhores produções aliadas a uma alta qualidade.

- Copo de 3: Com que tipo de vinho te identificas mais ?
- Nuno Morais: Com nenhum em especial, desde que seja um vinho equilibrado tanto ao nível olfactivo como gustativo.

- Copo de 3: Existe o vinho perfeito ?
- Nuno Morais: Não, porque cada pessoa tem os seus gostos, e “gostos não se discutem…”

- Copo de 3: Vinho que mais te impressionou nos últimos tempos ? E a maior desilusão ?
- Nuno Morais: O vinho que talvez me impressionou na temporada passada talvez foi o Malhadinha 2003 da Herdade da Malhadinha a Nova. Desilusão algumas, embora nenhum em especial.

- Copo de 3: O nosso é que é bom ou lá fora também há bom vinho ?
- Nuno Morais: Lá fora também existem bons vinhos e não são poucos.

- Copo de 3: Achas que o vinho está a ficar todo igual ? O que fazer para mudar ?
- Nuno Morais: Não creio que o vinho esteja a ficar todo igual, mas sim que cada dia que passa existe mais vinhos, e acima de tudo muitos vinhos de grande qualidade.

- Copo de 3: O vinho está caro ?
- Nuno Morais: Muito.

- Copo de 3: Enólogo que mais gostas ?
- Nuno Morais: Não simpatizo com nenhum em particular, embora hoje em dia, é praticamente impossível não se fazer uma referência ao Eng. Paulo Laureano ou Luís Pato.

- Copo de 3: Qual a garrafa mais cara que compraste ?
- Nuno Morais: Não faço a mínima ideia.

- Copo de 3: Quantas garrafas tens em casa ?
- Nuno Morais: Não tantas quanto gostaria…

- Copo de 3: Que castas escolhias para fazer um vinho, que região e que nome lhe davas ?
- Nuno Morais: Quanto às castas talvez utiliza-se a Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Tinta Roriz, relativamente à região possivelmente o Douro ou o Alentejo, o nome não tenho ideia nenhuma neste momento.

- Copo de 3: Um conselho para alguém que agora entra neste mundo ?
- Nuno Morais: Deixem-se apaixonar por este mundo, o resto vem por acréscimo.

- Copo de 3: Obrigado.

PROVA Terras D´Uva 2004 Tinto

Novo produtor do Alentejo, Henrique Uva da zona de Beja na Herdade da Mingorra.
Produzido com as castas Trincadeira, Aragonez, Cabernet Sauvignon e Castelão, apresenta-se com 13,5% e uma tonalidade granada, muito limpa e de concentração média/baixa.
No nariz tem uma entrada com fruta vermelha madura (amora, frambuesa), aromas vegetais ( leve toque a pimentos ) e alguns florais, tudo muito composto e sem grandes concentrações, com leve ponta de alcool no fim. Na prova de boca, mostra-se com corpo mediano, entrada equilibrada com notas de fruta a marcar presença, leve adstrigência que em nada incomoda a prova, persistência final média, com acidez a dar frescura num vinho simples e agradável. Preço a rondar os 3€ num vinho simples e directo, sendo uma boa escolha para consumo diário sem grandes pretensões. 13

03 novembro 2005

PROVA Marcolino Sêbo Trincadeira 2002 D.O.C.

O primeiro varietal Trincadeira do mês, é a primeira colheita deste produtor Alentejano da zona de Borba. Este Trincadeira teve vinificação em inox com maceração prolongada e temperatura de fermentação controlada. Com estágio em barricas de carvalho americano, com uma produção total de 6.666 garrafas e com 13%.
Na prova de nariz mostrou inicialmente fruta vermelha bem madura, toque floral, com o tempo vai abrindo para aromas fumados, leve tabaco acompanhado de um pouco de cacau, notas verdes, especiarias (canela, gengibre).
Na boca, mostrou um corpo médio, com uma boa entrada a fruta, equilibrado, algumas notas derivadas do estágio em madeira, final especiado e fresco com persistência média.
Parece que ainda vai aguentar mais uns tempos na garrafeira, mas está de momento um vinho bastante agradável e acima do normal, com um preço que ronda os 6€, talvez lhe falte um pouco mais de concentração para se tornar algo mais sério. 15

02 novembro 2005

UM COPO DE 3 de... TRINCADEIRA

Durante os próximos tempos vai ser incluida uma nova rubrica intitulada UM COPO DE 3 de...
Assim durante cada mês, vai-se destacar uma casta, com provas de alguns dos vinhos extremes dessa mesma casta, com o objectivo de assim dar a conhecer os diversos tipos de vinho que essa casta produz pelas várias zonas produtoras de vinho em Portugal e quem sabe lá por fora.
Assim cada mês, a informação essencial de cada casta será colocada no Copo de 3, tal como as Notas de Prova dos Varietais.

Para este mês de Novembro, a casta escolhida foi a TRINCADEIRA
Fica aqui pois então alguma informação sobre a mesma:

Trincadeira - A paixão pelo calor


A nobre Trincadeira

É uma casta de videira das mais prestigiosas entre o vasto elenco do património vitícola das variedades nacionais e a tradição dos seus méritos levou-a a povoar os vinhedos de várias regiões. Percorrendo o País de Norte para Sul encontramos a casta com importante presença nos encepamentos do Douro, na Estremadura, no Ribatejo, na Península de Setúbal, no Alentejo e no Algarve.
A importância relativa da variedade não é constante de região para região, assumindo maior relevância em primeiro lugar no Alentejo, depois no Douro e finalmente no Ribatejo.
Conhecida em tantas terras de Portugal, era inevitável o aparecimento de vários sinónimos para designar a casta e assim é conhecida por:
Murteira – Dão
Trincadeira Preta - Alentejo e Ribatejo
Tinta Amarela - Douro e Trás - os - Montes
Mortágua - Torres Vedras e Alenquer
Preto Martinho - Arruda e Bucelas
Espadeiro ou Murteira - Setúbal
Crato Preto - Algarve
Castiço - Aveiras de Cima

Para o caso da casta que vimos abordando foi adoptado o nome TRINCADEIRA e admitido como único sinónimo Tinta Amarela pela côr das folhas quando jovens.

Uma casta difícil e sensível

Um dos aspectos mais salientes da morfologia externa da Trincadeira, é a sua folha jovem, Amarelada, donde lhe advém possivelmente o sinónimo Tinta Amarela, que se compreende perfeitamente ao olhar a paisagem dos pâmpanos numa parcela em contra-luz. A sua folha adulta é pentagonal, média, com cor verde de aspecto viçoso e saudável. O cacho é médio/grande e compacto na maior parte dos casos e o bago arredondado, médio/grande e negro-azul.
A película é pouco espessa, com polpa não corada e suculenta.

A Trincadeira possui algumas características que a tornam culturalmente difícil, é uma cultivar vigorosa, algo irregular na produção ao longo dos anos, mas que podemos considerar de bom rendimento, sobretudo se se utilizar para a propagação vegetativa material proveniente de Seleccção Clonal.
Poda-se geralmente em poda curta e em cordão bilateral, mas no caso de material menos fértil é aconselhável vara e talão. Dadas as particularidades da casta, a poda tem de ser muito criteriosa por forma a estabelecer-se uma vinha bem equilibrada quanto ao vigor e produção e as videiras com vegetação pouco densa. Cargas deficientes provocarão excesso de vigor, consequente agravamento dos problemas sanitários e retardamento da maturação. Cargas excessivas ocasionarão massas vínicas abundantes, mas de inferior qualidade.
Os porta enxertos mais indicados deverão ser pouco vigorosos e de ciclo curto, para não retardarem o momento da vindima.
É muito sensível às doenças criptogâmicas em especial ao oídio e às podridões - cinzenta e ácida, os cachos chegam a apodrecer no inicio da maturação e a pingar o suco dos bagos para o chão. É esta podridão ácida que mais preocupa, pelos prejuízos que acarreta e não sendo uma doença de todo nova, experimenta crescente virulência, muito associada à Trincadeira, seja no Alentejo no Ribatejo ou no Douro.
Quem não conhecer ou identificar esta variedade e queira fazer uma pequena experiência, passeie-se em finais de Agosto, ou princípios de Setembro, por entre uma vinha misturada de castas.
Vá olhando para o chão, por baixo das videiras.
Se encontrar pingos côr de vinho no chão - por vezes mesmo pequenas poças ou “riscos” quase contínuos de pingos, não tem nada que enganar, ou é Trincadeira, se os bagos forem médios, ou Baga, se os bagos forem miúdos.
Voltando à doença e no estado actual do conhecimento que é ainda incipiente, constata-se a presença associada, como causa ou efeito (?), duma mosca drosófila que põe os ovos no interior dos bagos e transportará nas patas bactérias acéticas. Da postura resultam larvas - às centenas ou milhares, que consomem e desorganizam a estrutura da polpa do bago, apodrecem os bagos e contaminam os vizinhos. Das bactérias resulta o desenvolvimento de acido acético - responsável pela azedia e elevação da acidez volátil e em casos graves, chega mesmo a haver um forte cheiro a azedo nas vinhas atacadas e os vinhos daí resultantes estarão condenados à destilação por nascerem com acidez volátil da ordem dos 0,8 a 1,2 g/l.

A selecção clonal

Decorrente da importância e mérito da casta, a Rede Nacional de Selecção da Videira iniciou em 1986, os trabalhos correspondentes à primeira fase do respectivo melhoramento genético e sanitário, com a prospecção de 271 pés-mães em vinhas do Alentejo, Douro, Estremadura, Pinhel e Ribatejo.
A segunda fase desenrolou-se a partir da enxertia duma colecção em Almeirim, onde foram feitas múltiplas observações e avaliações que culminaram com a eleição dos 40 melhores clones segundo o rendimento.
Na terceira fase ,estes 40 clones foram enxertados em dois campos de experimentação clonal - um no Cartaxo e outro em Reguengos, e as avaliações incidiram sobre o rendimento (5 anos), o açúcar e a acidez total (4anos), e a riqueza antociânica (3 anos).
Nesta fase, que se inicia 5 a 6 anos após o começo dos trabalhos, os campos de experimentação clonal são simultaneamente campos de multiplicação, que permitem, desde logo, o fornecimento à viticultura de garfos para enxertia - material policlonal, ou selecção massal de clones, propiciador de excelentes ganhos qualitativos e quantitativos em relação à anterior população da casta.
A elevada variabilidade genética encontrada, permitiu seleccionar um novo grupo de 12 clones, integrando os melhores em cada um dos quatro parâmetros referidos e os melhores no conjunto. Este grupo, já com uma grande pressão de selecção e bastante restrito, tem sido alvo de aprofundados estudos, incluindo microvinificações e indexagens para despiste de vírus considerados nocivos para a vinha . A caracterização cultural e enológica de cada um desses 12 clones encontra-se em fase de conclusão e de entre eles deverão sair cerca de 6 para serem submetidos, já em Outubro próximo, a homologação pelos competentes Serviços do Ministério da Agricultura .
Ter-se-ão passado 15 anos de um trabalho altamente meritório - feito em tempo quase record, mas a Viticultura Nacional passará a dispor de material de propagação vegetativa de Trincadeira, com outro gabarito genético e sanitário, o qual contribuirá para o alargamento da importância da casta e para a subida qualitativa dos seus vinhos.
Em resumo a Selecção Clonal da Trincadeira encontra-se em fase adiantada e o aparecimento de clones seus no mercado, acontecerá dentro de dois ou três anos para satisfação dos adeptos deste tipo de material.
Por nossa parte continuaremos a preferir o material policlonal saído da Selecção Massal de Clones, que achamos ser mais interessante para a Viticultura Nacional, enquanto garante de maior variabilidade da casta, de melhor adaptação à diversidade das ecologias próprias de cada região, de regularidade de produção e constância do perfil enológico.
A uva e o vinho

É na vertente enológica que a Trincadeira se afirma como grande casta, em nosso entender será mesmo uma das melhores no panorama nacional e igualmente uma das que, só por si, possui melhor perfil para a elaboração de vinhos elementares.
Não é de certeza uma casta para utilização indiscriminada em qualquer região, mas plantada no local que lhe convenha e cultivada a preceito, produzirá a contento da mais elevada qualidade. Costumamos dizer na gíria - ... “é uma noiva dificil de levar ao altar”... mas quando as uvas chegam sãs e bem maduras à adega, faz vinhos notáveis.
As melhores uvas de Trincadeira são provenientes de rendimentos nunca superiores a 60 hl/ha e estando livres de podridões e no ponto desejado de maturação (grau provável superior a 13º) proporcionarão vinhos naturalmente graduados, ricos em substancias fenólicas, com boa acidez, grande intensidade e bem equilibrados.
Com alguma frequência podem aparecer aromas estranhos, a sulfídrico, durante a fermentação, pelo que será aconselhável não prolongar os tratamentos com enxôfre nas vinhas além do pintor (fase em que os bagos tomam a sua cor definitiva) e proceder a um acompanhamento apertado aos finais de fermentação.
Os grandes Trincadeira possuem características particulares bem identificáveis; têm uma bela e carregada cor granada enquanto jovens e rubi mais tarde, são complexos e densos de fruta no aroma e sabor, estruturados e encorpados; lembram frutos vermelhos (ameixa preta e compota) e também especiarias (canela e cravinho).
Os taninos embora abundantes, são suaves e firmes pelo que os vinhos rapidamente se tornam redondos e aptos para o consumo enquanto jovens. Por outro lado, em razão do seu corpo e estrutura, revelam especial vocação para estágio em madeira, resultando muito valorizados na ligação ao carvalho nacional ou, melhor ainda, ao carvalho francês ; nesse caso virão a ser magníficos vinhos de guarda.

Trincadeira, não é para todos

A valia enológica da Trincadeira, num contexto de clara alteração dos encepamentos por parte dos viticultores portugueses, pode convidar à sua cultura em várias regiões.Cuidado!... Trata-se duma casta com sensibilidades e exigências superiores ao comum!A sua expressão qualitativa só se afirma em pleno nas regiões de certa aridez - solos pobres com ligeiro deficit hídrico a partir do vingamento e clima seco e quente ao longo da maturação.
São portanto de evitar as regiões da orla marítima, ou onde a influência atlântica seja sensível, igualmente as zonas baixas e húmidas e os aluviões frescos.

In "Revista de Vinhos", nº130, Setembro de 2000 e elaborado pelo Engº Agrónomo e técnico de viticultura Luis Carvalho.

DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
RAMO JOVEM
Ápice vegetativo aberto, com pigmentação antociânica generalizada de fraca intensidade e com fraca pilosidade aplicada.
FOLHAS JOVENS
Amarelas com placas bronzeadas e com fraca pigmentação antociânica. Página inferior com média pilosidade aplicada e fraca erecta entre as nervuras e fraca pilosidade aplicada sobre as mesmas.
PÂMPANOS
Verdes nas 2 faces dos nós e entre-nós. Olhos sem pigmentação antociânica.
GAVINHAS
Distribuídas em 2 ou menos nós sucessivos e muito curtas.
FLOR
Hermafrodita.
VIGOR
Forte.
PORTE
Horizontal.
ÉPOCA DO PINTOR
Média.
FOLHA ADULTA
Média, pentagonal e quinquelobada. Página superior verde escura, com perfil irregular, médio empolamento, enrugada e ondulação generalizada. Dentes médios e convexos. Seio peciolar com lóbulos sobrepostos e a base em V. Seios laterais superiores abertos com base um U. Página inferior com fraca pilosidade aplicada entre e sobre as nervuras. Pecíolo mais curto que a nervura principal mediana e glabro
CACHO
Médio e compacto. Pedúnculo médio e com forte lenhificação.
BAGO
Médio, não uniforme, obovóide e com secção transversal regular. Epiderme negra-azul com média pruína. Película espessa e hilo pouco aparente. Polpa não corada, mole, suculenta e de sabor especial. Pedicelo curto e de difícil separação.
GRAÍNHAS
Com forte dureza do tegumento.
SARMENTO
Achatado, estriado-costado, amarelo e glabro.
 
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