Copo de 3: Independent Winegrowers´ Association - Prova de Vinhos

01 julho 2009

Independent Winegrowers´ Association - Prova de Vinhos

A Independent Winegrowers' Association (IWA) realizou no passado dia 2 de Junho, no Hotel Ritz Four Seasons, a segunda prova de vinhos para a imprensa, realizada em Portugal.
Estamos perante um projecto sólido, que nasceu pela necessidade imperiosa de criar agrupamentos de empresas do sector vitivinícola que assegurem de forma mais eficaz a promoção conjunta dos seus produtos.
O alto standard de qualidade, a elevada consciência ambiental, uma produção totalmente vertical, reuniu na mesma iniciativa as empresas Casa de Cello, Domingos Alves de Sousa, Luís Pato, Quinta do Ameal, Quinta da Covela, e Quinta dos Roques. Trata-se de um Special Interest Group onde os membros participam em acções conjuntas mantendo a sua autonomia empresarial ou comercial.

Apresento algumas breves notas sobre alguns dos vinhos que tive a oportunidade de provar:

Casa de Cello

Quinta de San Joanne Espumante Reserva 2002
Lote de Arinto com Avesso, mostrando bolha fina com aroma a mostrar alguma complexidade, avelã, vegetal seco, torradas, algum mineral, tendo sinais de alguma oxidação. Boca de boa persistência com corpo consistente e equilíbrio no vai não vai, onde um sabor a limão envelhecido se destaca, com delicada sensação de cremosidade e frescura. Deu melhor prova no ano passado, é beber o que se tenha e esperar nova colheita. 15 - 15,5

Quinta de San Joanne Superior 2007
Alvarinho e Malvasia Fina, perfazem o lote do topo de gama dos brancos desta casa, contrariamente ao que seria de esperar encontro sempre neste vinho um conjunto pouco expressivo naquilo que seria de esperar, fruta madura com toques minerais suaves, e ligeira hortelã assim esbatida em fundo. Incompatibilidades quem sabe, mas são já bastantes garrafas bebidas e provadas a confirmar uma e outra vez a mesma sensação. 15,5 - 16

Quinta de San Joanne Vinho Verde 2008
Avesso e Loureiro, conjunto onde se sente mais a segunda casta, frescura com notas a lembrar chá branco, citrinos, tropical e floral/vegetal com mineralidade. Na boca tem acidez bem presente dando boa dose de frescura na boca, mediana espacialidade, citrinos bem presentes. 15 - 15,5

Quinta de San Joanne Escolha 2004
Avesso, Alvarinho e Chardonnay, fazem um vinho que se apresenta com ligeiro toque petrolado, fruto de evolução positiva em garrafa, capaz de mostrar ainda vida na fruta madura (tropical, citrino) que apresenta, floral e mineralidade. Boca prazenteira, com macieza e acidez mais domada, em corpo mediano. 15,5 - 16

Porta Fronha 2006
Tinta Roriz com Touriga Nacional, sem muita complexidade, apresenta aroma de licor de groselha com alguma cereja, frescura de aroma com compotas e violetas. Boca de concentração média /baixa, perfil frutado e com ligeira secura vegetal. 14,5 - 15

Quinta da Vegia 2006
Tinta Roriz com Touriga Nacional, onde se destaca a fruta madura que jorra por todo o lado, a par de notas florais que ajudam a perfumar o copo, mas com uma madeira a aconchegar de forma suave todo o conjunto, embora de mediana complexidade. Um vinho com a sua dose de complexidade mas sempre fresco, elegante e com algum sedução à mistura. 15,5 - 16

Quinta da Vegia Reserva 2006
Touriga Nacional com Tinta Roriz, Um vinho pleno de harmonia, entre fruta e madeira, não consegue esconder os seus encantos, conjuga madeiras e fruta de uma forma muito própria, com a volúpia das notas florais da Touriga Nacional que predomina no lote, sempre guiado com frescura bem por perto. É um daqueles vinhos que se pode apelidar de sedutor, muito elegante quer a nível do conjunto aromático ou na prova de boca. A não perder. 16,5 - 17

Alves de Sousa

Branco da Gaivosa Reserva 2007
É a segunda colheita deste branco, mostra-se bem melhor que a primeira colheita, com o ano e algumas orientações de adega que teve, para melhor, também a darem uma ajuda significativa. Apresenta-se digamos que guloso, cativante, simpático, a fruta madura e fresca envolvida naqueles toques derivados da madeira mas sem excesso. Depois é dizer o que se cheira e sabe, untuosidade, flor de esteva e anis, relva cortada e o pêssego, alia uma mineralidade que se comporta lindamente com as leves nota derivadas da madeira por onde passou. Comportamento em boca à altura da prova de nariz. 16 - 16,5

Alves Sousa Reserva Pessoal Branco 2005
É a nova colheita deste peculiar vinho, que me conquistou desde a sua primeira colheita em 2001, ainda falta tempo para sair para o mercado (final do ano), aparece menos glicérico e gordo do que nos acostumou, está bem mais fresco e leve na sua estrutura mas sem perder o carácter e cunho que o liga aos seus antecessores. 16,5 - 17

Quinta da Gaivosa 2005
Um clássico do Douro que já assistiu em colheitas anteriores a um ligeiro refinamenteo do seu perfil, onde antes as uvas eram transformadas em conjunto, agora são separadas por lotes permitindo assim refinar e optimizar a qualidade do produto final. Mineral deambulante por entre a fruta que se sente muito madura e empireumáticos de gabarito, tudo em grande harmonia e encerrando uma belíssima complexidade. Boca ampla mas composta, com ajustamento à prova de nariz. Um vinho com alma Douro. 17,5 - 18

Quinta Vale da Raposa Grande Escolha 2006
Touriga Nacional, Tinto Cão e Sousão, num conjunto com alguma austeridade no seu conjunto, mais uma vez um vinho que pede tempo, a fruta de caroço é madura, cerejas e vegetal com toques de chocolate preto (daquele com elevada percentagem). Boca apresenta ligeira secura vegetal, embora se apresente mais elegante do que a prova de nariz fazia esperar.
16,5-17

Quinta Vale da Raposa Touriga Nacional 2007
Uma Touriga fresca e especiada, mostra-se um pouco menos coeso que em anteriores versões, violetas com a fruta por vezes a parecer entalada pelas estevas do monte, madeira a dar refinamento e toque de alguma complexidade, num conjunto que apresenta ligeira austeridade. 16 - 16,5

Tinto Doce Colheita de Natal 2007
As vinhas velhas foram vindimadas a 21 de Dezembro de 2007, naquele que eu considero o vinho mascote da Alves de Sousa. Pela tonalidade faz lembrar um abafado tinto, com notas de marmelada, flores, alguma fruta em passa (ameixas, tâmaras) e tem um interessante toque de especiaria doce (canela, cravinho) num todo que se mostra acolhedor e bastante tentador, seja na prova que dá em nariz ou em boca. 16,5 - 17

Luís Pato

Vinha Formal 2008
Extreme da casta Bical, boa intensidade com toque vegetal/floral assente em fundo mineral, fruta branca (pêra e maçã). A madeira quase não se dá por ela, numa prova de boca com boa dose de frescura, aliada a uma mineralidade. 16 - 16,5

Quinta do Ribeirinho Pé Franco 2006
De fina e requintada complexidade, madeiras enceradas com aroma de vegetal seco, fumado, mineral, especiado, tem um ligeira sensação de vinagrinho que percorre o final, ligado a um caramelo fundido muito suave. É daqueles vinhos que tem uma personalidade muito prórpia, aliás como se diz, vê-se pelo nariz. De evolução nobre durante toda a prova, finesse na boca, frescura muito sentida e assente em laje de pedra fria e húmida. Prova de boca complementa a prova de nariz na sua plenitude. Um grande vinho com muito muito tempo pela frente. 17,5 - 18

Quinta do Ameal

Quinta do Ameal Loureiro 2008
Um 100% Loureiro de grande frescura ao nível de aromas com claro domínio para as notas vegetais com louro em destaque, erva/relva molhada, fruta ligeira (tangerina e anona com uma incursão no campo do tropical) em fundo mineral. Boca plena de frescura, num conjunto jovem e cheio de vivacidade. 15,5 - 16

Quinta do Ameal Escolha 2007
Já com direito a passagem por madeira, este vinho alia a complexidade e arredondamento proporcionado pela madeira com a jovialidade e frescura da casta Loureiro. A beber agora ou a guardar sem receios, tendo em conta a excelente prova que dá de momento o Escolha 2004 (decanter). 16 - 16,5

Quinta do Ameal Espumante Arinto Bruto 2002
Aroma com notas de alguma evolução, palha e frutos secos, ganhou mais patine, flores e citrinos. Com corpo suficiente para acompanhar um bom peixe no forno. Sempre muito equilibrado e sério, boa intensidade ao nível de nariz e boca. 16 - 16,5

Quinta do Ameal Special Harvest 2007
Um vinho feito de uva da casta Loureiro passificada, com aroma a encerrar uma boa complexidade, notas de açúcar queimado, floral suave com toques de mel e alguma fruta (pêssego) em calda, juntamente com passas (tâmaras) a fruto seco (avelã), sentindo-se um conjunto com alguma frescura. Boca agridoce, alguma frescura que permite desfrutar sem enjoo prematuro, não tão presente em boca como seria de esperar. 16 - 16,5

Quinta da Covela

Covela Escolha branco 2007
Lote de Avesso e Chardonnay, a mostrar-se com boa intensidade, flores, fruta tropical e citrinos,vegetal fresco. A mineralidade é ponto assente no final. Complementa-se na boca, com subtil sensação de cremosidade ao início, espacialidade forrada pela refrescante frescura que apresenta, acabando com secura no final. Vinho de personalidade bem vincada, a descobrir. 16 - 16,5

Covela Colheita Seleccionada 2007
Avesso e Chardonnay, nota-se a barrica por onde se refugiou, resulta um vinho fresco com leve mineral, aliando o vegetal do avesso e a fruta da Chardonnay. Junta a cremosidade da Chardonnay aliada à boa dose de acidez do Avesso, em final de boca com sensações de tosta e alguma untuosidade num todo muito agradável. 15,5 - 16

Covela Escolha Palhete 2007
Muita fruta vermelha com o morango bem presente, sumarento, fresco e apelativo, a rama verde mostra-se a meio caminho com toque floral. Boca com corpo mediano, fresca, de boa presença frutada com plena sintonia com a prova de nariz. 16 - 16,5

Quinta dos Roques

Quinta das Maias Malvasia Fina 2008
100% Malvasia Fina, com aroma floral e muitos citrinos em companhia de um ligeiro arredondamento dado pelos 10% que fermentaram em barrica. Boca com toque docinho, a tal piscadela à cozinha mais oriental, retocada pela acidez limonada em espacialidade mediana. 15 - 15,5

Quinta dos Roques Reserva 2006
Fruta vermelha bem fresca e madura com notas de especiaria, flores e alguns toques a lembrar camurça. Boa envolvencia sempre com frescura e complexidade de bom nível, em fundo ligeiramente balsâmico/vegetal. Boca em sintonia com o nariz, frescura, elegância, alguma mineralidade com toques balsâmicos de fundo. 16,5 - 17

Queria deixar os meus parabéns por mais uma excelente prova que me foi proporcionada, com votos de um cada vez maior sucesso em futuras iniciativas. É para mim sempre um enorme prazer, poder privar com os produtores, mentores e criadores, de sonhos que se transformam em momentos de puro prazer. E quando esse prazer pode ser partilhado à mesa com amigos, ou simplesmente discutido, então só se pode deixar uma palavra de agredimento a todos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Joao Pedro, o Alves de Sousa Tinto Doce Colheita de Natal 2007,já está à venda ? provei-o no EVS e fiquei com mta vontade de o comprar

João de Carvalho disse...

Não sei se a mascote da Alves de Sousa será alguma vez colocada à venda... pelas conversas tanto com o Tiago ou mesmo com o Domingos Alves de Sousa, ainda não se sabe bem se virá mesmo a ser comercializado.

Pedro Sousa P.T. disse...

Muitos vinhos foram abertos neste encontro, e eu só tive o prazer de beber um único desta panóplia, mas foi o de 2003. Foi o Qta Gaivosa, e achei um vinho fantástico! cheio de força, mas co elegância à mistura e também com muita "personalida".


Abraço

 
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