Fui ontem ao evento Vinhos do Alentejo em Lisboa e se por um lado é sempre bom este tipo de eventos, por outro lado não gostei do espaço, local acanhado com gente aos encontrões, muito barulho e fico sempre com a sensação de não existir um número limite de participantes para aquele espaço... tipo discoteca ou restaurante... parece que ali é entrar até não caber mais, a segurança essa que se dane.
Optei por gastar grande parte do tempo na bela da conversa com produtores e amigos da causa que sempre respondem ao chamamento. Do que provei de brancos, notei que se está a perder aquele toque rebuçado, buscam-se alternativas ao "enjoativo" Antão Vaz e começam a aparecer outras aragens muito viáveis. No fundo, notei que os vinhos mostram-se mais secos, com mais acidez, mais interessantes, menos pesados e com menos madeira... longe vão os tempos do Dolium para barrar no pão. Assim por alto gostei muito do Terrenus, Arinto da Malhadinha, Ervideira Perrum, Esporão Verdelho, Amantis e de um Chardonnay penso que o Athayde do Monte da Raposinha.
No campo dos tintos, talvez fruto de uma enologia cada vez mais afinada, as vinhas também contribuem com uma maturidade cada vez maior o que dá melhores caldos e nota-se ou notei no que provei que a torneira das notas compotadas a rodos começa a fechar-se, vinhos com frescura, elegância e que não enjoam após o primeiro copo. Que se fuja daquela receita Nacional de um tal Touriga, não é solução nem sequer salvação.
A conversa estava bastante animada, o tempo para provar vinhos tintos foi curto, não resisti aos novos varietais da Malhadinha Nova, uma novidade com Cabernet Sauvignon sem pimentos, Aragonês cheio de morango fresco, Touriga Nacional macio e cheiroso e um pujante Alicante Bouschet, vamos brincar aos lotes ? Ali ao lado estava Arundel, um vinho que gosto particularmente mas o destaque aqui vai para o topo de gama, coisa pouca, também ele Alicante Bouschet que muito promete pela frescura, qualidade da fruta e estrutura que mostrou. Ainda constatei o excelente trabalho do Rui Reguinga com os seus Terrenus, parece-me que Portalegre começa a despertar do sono em que entrou sem entender a razão. Na mesa José de Sousa, aquele que era o Mayor deixou de o ser, perdeu a chama e encanto dos idos 94 e 97, a conversa que dá é outra o que pouco me agrada. O novo topo de gama daquela famosa casa chama-se J e achei um belo vinho, muito fresco com a fruta a socar o palato com força, envolvente fino e complexo para não falar na questão de que por força Mayor, parece que todo o vinho que dali sai por força tem de beijar o barro das talhas... falta saber se beija mesmo ou se não passa de vontade. Este novo topo de gama não achei que andasse lá muito de molho nas talhas como o pintam, conversa fiada para vender... sirva-se pois mais um copo que ele escorrega bem. O preço que me falaram será de 35€ na porta da adega, quando passar a esquina já estará mais caro certamente...
Pequeno mas temperado aparte, grande número dos produtores presentes já têm o seu azeite, dos que provei gostei bastante e os cuidados com a imagem deste produto é cada vez mais cuidada.
Siga a festa que o palco é curto...
4 comentários:
De facto, o espaço era muito pequeno para tantas pessoas... até nem apetecia voltar atrás, tal a "molhada"..llooll
Quanto aos vinhos, lembro-me desse Amantis, muito bom...
Provei muitos, mas não fui anotando nada... Uma vez que fala no Terrenus, gostaria destacar os vinhos da Herdade do Gamito, principalmente o novo reserva (não sei se a designação será a correcta).
De resto não retive muita coisa nova, além dos tradicionais Bloc 3 e Barron de B da Herdade da Calada, e o meu favorito D. Cosme da Fundação Abreu Callado.
provei uns vinhitos da Encostas de Estremoz tb interessantes.
Um vinho da Lima Mayer tb me chamou a atenção, um monocasta Petit Verdot.. no entanto, segundo os responsáveis, "abrirem" o vinho naquele ambiente não iria resultar numa prova condizente..
Enfim... Quem for à VINI PAX ou à Fil pode continuar o roteiro.
cumps
Bem vindo seja a este espaço, realmente o espaço deixou muito a desejar... logo eu que pensei por exemplo num Convento do Beato onde se costuma realizar outro evento mas com vinhos do Douro. Adiante.
A polivalência das provas é que enquanto uns provam uns vinhos o vizinho prova outros, realmente dos vinhos que menciona conheço bem alguns, Encostas Estremoz tem uma gama muito afinada, preços competitivos e uma qualidade constante de colheita para colheita, destaco o Reserva. Os Baron B já provei e gostei mais, qualquer coisa que por ali mudou que me afastou do perfil dos "novos" vinhos. O vinho D.Cosme tal como os restantes da Abreu Callado serão alvo de prova aqui no Copo de 3, questão de ficar atento.
Quanto ao Petit Verdot Lima Mayer, essa desculpa é do melhor que tenho ouvido, a prova não ser condizente com aquele ambiente haha, mas os outros já podiam ? Enfim.
Encontamos na FIL, abraço
Bom dia...
De facto, tb me pareceu desculpa... mas estou curioso para provar esse petit verdot... provei um Aragones Petit Verdot do JP Ramos e adorei esse vinho....
De resto, Brancos bebi poucos.. reconheço que não me entusiasmam muito ( o tal "Antão Vaz"), mas até tou tentado a provar o Loureiro e Alvarinho da Quinta da Aveleda...
Lembrei-me de outro tinto curioso.. as pessoas que estavam comigo detestaram, eu gostei bastante.. Um Torre do Frade Reserva..deve ser da predominância do Alicante...
Senti a falta de alguns produtores, ou por falha minha, ou deles, designadamente a casa Reynolds..
cumps
a casa reynolds estava lá... se bem que não tive direito a provar gloria nem bco nem tto...
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